Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

António Bagão Félix

19 de Fevereiro de 2018, 09:07

Por

O Acordo Mortográfico na AR

A petição “Cidadãos contra o ‘Acordo Ortográfico’ de 1990” é amanhã debatida na AR, bem como um louvável projecto de Resolução do PCP, o único que recomenda o recesso de Portugal do AO, outras medidas de acompanhamento e uma nova negociação das bases e termos de um eventual Acordo Ortográfico.

Com base nesta amálgama ortográfica, no que leio e no que até já vi ensinado (!), ficcionei um texto-caricatura para ilustrar este absurdo na nossa língua escrita. A bold assinalei as aberrações endógenas e toda a gama de facultatividades do AO e, em itálico, realcei erros resultantes da total confusão do “pós-acordismo” e todos os dias vistos nos jornais e televisões. Ei-lo:

A receção do hotel estava cheia e o recetor não tinha mãos a medir. Agora que a recessão já não é um fato, ninguém para o turismo. A fila era de egípcios do Egito que não têm o “p” no nome do país porque lhes disseram que a concessão do visto dependia da conceção do mesmo. Entre eles, alguns eram cristãos coptas, perdão cotas.

O hotel tinha dois restaurantes tão suntuosos quanto untuosos: o cor-de-rosa e o cor de laranja (este sem direito a hífens), porque o diretor mandou adotar o AO. Quer dizer, foi uma adoção sem adoçar o citrino. Os coutentes não ficaram contentes.

Um dos egípcios (um ator atormentado) perguntou se havia produtos lácteos dos nossos laticínios. Tudo isto por causa de um “c” que tanto faz parte, como não faz parte do leite.

Outro dos turistas que se havia zangado quis retratar-se e, para isso, resolveu retratar os amigos com uma “selfie”. Um outro rececionista (semi-interno e semiletrado) e que mais parecia um espetador, distraiu-se e picou-se num cato que, esse sim, era um doloroso espetador. Ficou com as calças semirrotas que lhe levariam parte do salário semilíquido.

Outro, por acaso um cocomandante – que tinha sido corréu porque correu no Cairo que era corruto – estava com um problema ótico e queria um médico. Tinha uma infeção que, mesmo sem o “c”, teimava em ser infecciosa. Foi-lhe sugerido ir a um hospital. O turista lá foi e, num dos corredores em forma de semirreta onde cruzou com um marreta, depois de passar pelas zonas infantojuvenil e materno-infantil (outra vez os hífens…), viu uma seta para a esquerda com “doenças óticas” e outra para a direita também com “doenças óticas”. Coisas de arquitetos ou arquitetas. Baralhado, virou para a direita. Foi visto por um oftalmologista quando precisava de um otorrino para o ouvido. Lá está: caiu o “p” ocular, que já tinha sido dispensado no auricular!”. O melhor é o míope ser surdo e vice-versa.

Por causa do facto transformado erradamente em fato, aumentou a gama dos fatos: há o fato tributário que assenta que nem uma luva. Há a união de fato mesmo que sem ele. Há o fato consumado que leva a que a Crimeia seja russa de fato. Os turistas ficaram encantados com tantos fatos no Verão.

Entretanto, foi desligado o interrutor do elevador porque precisava de uma interrupção para uma inspeção.

O diretor do hotel, preocupado, fez uma reunião e ficou de elaborar uma ata que nem ata nem desata. É que o seu corretor ortográfico também não ajudou e por isso pensou pedir ajuda a um amigo corretor da Bolsa. Acontece que, mesmo com tato, não encontrou logo o contato dele. Quando o conseguiu, o corretor ficou zangado dizendo-lhe “eu cá não me pelo pelo pelo de quem para para desistir”. Houve uma grande deceção na secção e, perentoriamente, falou-se numa rutura. No fim, porém, feita a arimética das contas, tudo acabou num pato de afetos.

 

 

 

 

 

 

Comentários

  1. Escrevi no mesmo dia para o Público o seguinte texto que não foi publicado (lá se foi o contraditório!):

    A Cor do Horto Gráfico outra vez…

    Contra o Acordo Ortográfico de 1990 (AO-90), prossegue o Público a sua campanha com a publicação em 20/2/2018 dos argumentos de Bagão Félix nada inovadores. Pelo contrário, insurge-se sobretudo contra a eliminação das consoantes mudas, recorrendo até a argumentos deslocados como, por exemplo, “fato” que nós pronunciamos e portanto redigimos “facto”; ou “corruto” que pronunciamos, logo, escrevemos “corrupto”; ou “suntuosos” que dizemos e grafamos “sumptuosos”; ou “espetador” que continuo a dizer e a escrever “espectador”; e mesmo “interrutor” que digo e grafo “interruptor”.
    A nossa Língua é riquíssima em palavras homónimas, homógrafas e homófonas, o que não impede que nos façamos entender mesmo com sucessivas atualizações ortográficas. Vejamos exemplos vulgares: “O arroto que deste não é deste mundo; eu não arroto assim.” ou “O bar da sede do partido não tem cerveja e eu cheio de sede.” ou “Comes como um bruto; eu não como como tu…”.
    A natureza humana resiste às mudanças nas suas rotinas, mas a Humanidade evoluiu com a sua adequação às novidades. Também critico o AO-90 mas por não ter simplificado mais, corrigindo os absurdos da ortografia como são o uso de vários carateres para o mesmo som: e, i, o, u, g, j, q, c, ç, s, x, z: ou a mesma grafia para pronúncias diferentes: “quente-frequente”; erguido-arguido”.
    Os detratores do AO-90 defendem-se com a etimologia sagrada – o latim. Então vamos ser coerentes e eliminemos todos os acentos, pronunciemos todas as vogais abertas, troquemos o “j” pelo “i” e o “u” pelo “v” e, sobretudo senhores jornalistas, não escrevam nem pronunciem “mídia”, mas “media”!!!

    a) M. Gaspar Martins – PORTO
    :

    1. Vale sempre a pena reclamar. O meu texto acabou por publicado na edição de 11 de março…

  2. O que nunca compreendi neste assunto é como é que não muda a fonética quando se suprimem as consoantes, sob pretexto de que são mudas. Em primeiro lugar, estas consoantes nada têm de mudas, elas têm a função de abrir a vogal que as precede e, suprimindo-as, tornamos a palavra irreconhecível oralmente. Se se mantém a fonética subvertendo a palavra escrita, então o caso ganha contornos de anedota. Quanto ao argumento da unificação da grafia, tenho dificuldade em apreender o que leva um país a sublimar o traço maior da sua identidade. Historicamente, as diferenças linguísticas foram sempre um factor de progresso. A China, que foi e se apresta a voltar ser o centro da inventividade, mantém 3 línguas com origens distintas, faladas no seu próprio território. Todas as cerca de 6000 línguas faladas nos países do sudeste asiático têm origem na China, por intermédio das ramificações e da colonização desses territórios a partir de Taiwan. Que se saiba e apesar das diferenças, por vezes significativas, nunca a China ousou ou achou necessário unificar a grafia, com vista a um entendimento melhor. São as diferenças que operam grande inventividade e desempenho nas relações comerciais e culturais.

    1. Boa pergunta, Sr.Bagão Félix. Se é possível aumentar a coerência das transformações introduzidas, por que não?

  3. A falta de conhecimento leva à ignorância. E isto sim é um facto. Apelo ao autor do texto que o revise e consulte as fontes fidedignas ao escrever sobre os temas. Um facto importante que aqui referiu é um erro. E este erro é no mínimo resutado da falta de conhecimento do autor do texto. A palavra facto não perde, nunca perdeu nem perderá a letra “c” quando referiu erradamente fato. No Brasil diz-se fato porque eles vestem um terno em fato. Logo aí para eles fatos relacionam-se com acontecimentos e ternos vestem-se. Em Portugal vestem-se fatos e factos relacionam-se com acontecimentos.
    Mais uma vez, sempre que se escreve um texto de opinião com o intuito informativo há que consultar as fontes fidedignas. Em último caso consulte o decreto-lei com todas as alterações propostas para não cometer erros nem levar outros ao engano. É conveniente que a comunicação social seja fiável e credível, não inventiva. Ainda que na primeira pessoa.

    1. Está equivocada e não leu com atenção o meu texto. Aponto a palavra fato não como decorrendo do AO, mas de um entre outros erros que resultam da confusão gerada. Por isso tive o cuidado de escrever s bold o que resulta do AO e em italico o que são erros grosseiros que também leio nos media e televisões. Como vê neste caso nao é a falta de conhecimento que leva à ignorância, é a falta de atenção que leva ao seu disparate.

    2. Exmo. Sr. Bagão Félix, que muito respeito por ser quem é,

      Permitir-me-á que discorde da sua opção pela crítica jocosa do AO através dos erros que ele suscita. Erros há sempre, em todos os domínios, e em período de transição então nem se fala. Não creio que apontá-los constitua uma crítica séria ao AO.

      Acreditar-me-á o Sr. Bagão Félix se lhe disser que nunca encontrei até hoje, e já lá vão anos, vinda de quem quer que fosse, nem que intelectuais de renome, a menor crítica realmente séria à nova ortografia?

      Em contrapartida, os argumentos em defesa da mesma são incontornáveis. A ponto de, no meu entender, bem mais do que um acordo internacional, a nova ortografia dever constituir um desígnio nacional. Se os nossos parceiros não querem avançar connosco, avançamos sozinhos (mas parece que afinal já não estamos assim tão sós quanto isso).

  4. Bem, até como meu texto deixa patente, sou um brasileiro. Viajo todo ano a Portugal e uma das minhas maiores delícias é perceber e incorporar as diferenças entre nossos “idiomas” e nossos costumes. Até por isso, não vejo com simpatia um acordo ter o condão de alterar culturas irmãs, mas que, tal como as irmãs, nunca serão exatamente iguais.Mas que nem por isso deixarão de se entender e se amar!

  5. Parece-me que seria desastroso que, num momento em que, com exceçao de Angola, ja todos os países de lingua portuguesa ratificaram e aplicam o Acordo, Portugal adotasse posiçoes unilaterais, abandonasse o acordo, e seguisse orgulhosamente só o seu caminho na ortografia da lingua. Onde atualmente existem na pratica duas formas ortograficas – a portuguesa europeia e a brasileira – passaria a haver tb a africana, sendo provavel que alguns países africanos acabassem por aderir à norma brasileira. Não viria daí mal ao mundo mas nao parece um resultado salutar nem desejável. O acordo nao é perfeito, claro, pode ser melhorado sim, mas é melhor fazê-lo através do dialogo com os outros países interessados, do que orgulhosamente só.

    1. De acordo com a pagina sobre o AO da Wikipedia, Guiné-Bissau e Timor ratificaram em 2009 e Moçambique em 2012.

  6. Também gostei muito do artigo. Até já o pus (puz, em orthographia antiga) no schizophrenicamente moderno Facebook.

    Que coita já não se escrever escholar com o agazinho! Assim, perde-se a etymologia do vocabulo e a lingua portugueza fica completamente desfigurada. Melhor seria continuarmos a escrever em latim, mandando ás urtigas todos os accordos antigos… Proponho um chartaz com os seguintes dizeres:

    .

    A lucta continua:
    graphia moderna para a rua!
    .
    Podemos também começar um abaixo assignado, com a participação de philologos, philosofos, psychologos, psychiatras et alii, para se voltar á orthographia antiga. Para commissario, poder-se-ha convidar, solemnemente, o mui nobre senhor Dom Payo d’Antanho, pae do mui digno herdeiro do reyno.

  7. Dr. Bagão Félix:

    Grande abraço pelo seu notável texto sobre o desgraçado AO, que, como muitos, me recuso s seguir.
    A ironia é ainda uma das maiores armas para pôr o ridículo a nu. É quase a aplicação do velho princípio “ridendo castigat mores”.
    A AR tem a obrigação de levar muito a sério a petição dos cidadãos, para que as atrocidades que o acordo (com minúscula) acoberta possam ser erradicadas e remetidas para o caixote do lixo da História.
    Nunca lhe doam as mãos, meu caro Dr., nem lhe faleça a ironia, para contribuir para o desabar desse tosco edifício, (o AO) construído sem alicerces, à revelia e com atropelo de princípios fundamentais da língua portuguesa, cuja raiz latina é atropelada sem dó nem piedade.

  8. Se Luís Verney estivesse entre nós, quem se atreveria a contestar o AO?

    Para todos aqueles que são sempre contra os ACORDOS ORTOGRÁFICOS, respeitem as vossas ideias e sejam coerentes.

    Façam favor de escrever como no séc. 15. Como quem diz, se fossemos todos do contra teríamos esta bela escrita;

    “Amtonio Leme carta por que lhe foy dado huum escudo tymbrado d’armas novas
    Dom Afomso etc. A quamtos esta nossa carta virem fazemos saber que comsiramdo nos em como ho principe meu sobre todos muito preçado e amado filho de seu propio querer e vomtade por seus serviços fez Antonio Leme cavaleiro de sua cassa nos avemdo respeito aa sua booa vomtade e desejo com que nos veo de Framdes servir em a tomada da nossa villa d’Arzilla e çidade de Tamger com çertos espyngardeyros e homens em huuma hurca em a quall o seu pay Martym Leme o enviou a nos servir na dita guerra e queremdo mais aimda honrrar como theudo somos fazer aos que nos no semelhante bem servem como elle dez desy querendo lhe fazer graça e merçee de nosso propio querer vomtade e poder absoluto queremos e a nos praz darmos lhe huum escudo timbrado de novas armas .s. huum escudo do quall o campo he d’ouro com çinquo merlletas de sable em santoir segundo he comtheudo em este escudo aquy em esta nossa carta patente blasonado e pyntado posto que nos bem em conheçimento somos que elle da parte de seu pay pode trazer armas com deferença mas porque elle verdadeiramente as tenha e possa trazer como chefe dellas sem deferença alguma como aquelle que por seus serviços e mereçimentos gaanhou nos lhe damos as dittas armas novamente para elle e para todos aquelles que delle deçenderem por legitimo matrimonio. E por esta nossa carta mandamos ao nosso primeiro rey d’armas e ofiçiaes dellas que assy o notefiquem e em seus livros registem porque assy he nossa merçee e vomtade e por sua guarda e memoria e seer notorio para sempre como todo passou lhe mandamos dar esta nossa carta por nos asynada e scellada do nosso scello do chumbo. Dada em a nossa çidade de Lixboa a doze dias do mes de Novembro Martym Lopez a fez ano do naçimento de Nosso Senhor Jesu Cristo de mill e iiij lxxj.”

  9. Lamento, mas este artigo de Bagão Félix é ridículo. Não sei onde encontrou ele o “fato” tão apregoado, nem onde ouviu o quá quá do “pato de afectos” . Exercícios ridículos deste teor só descredibilizam argumentos positivos para a correção de algumas zonas do AO.

    1. Não terá lido com atenção o meu texto .Nele escrevi, em itálico, palavras que não constam do AO, mas que, na desordem vigente, são escritas amiúde na comunicação social e até em textos oficiais. Experimente estar com atenção a alguns jornais e canais de televisão. E se o faço é porque antes do AO ninguém se atreveria a escrever fato e pato em vez de facto e pacto.

  10. Há vantagens inegáveis no AO 1990.
    Assunto para crónicas: é complicado ter assunto para encher diariamente um espaço de escrita e qualquer polémica que caia do céu é boa para evitar polémicas chatas como a fome e a fartura.
    Motor para indignações: na falta de indignações complexas há indignações que qualquer um pode seguir e reproduzir, e, sem populismos, ser popular.
    Justificação para as pessoas não entenderem o que está escrito: antes do AO toda a gente entendia claramente qualquer texto e isso era uma pasmaceira intelectual, as pessoas andavam embrulhadas em unanimidade rançosa.
    Ocasiões para o humor: os trocadilhos que tínhamos eram todos reedições do século XIX, já não havia pachorra, as piadas já eram ditas em número de índice.
    A invenção das palavras homónimas: esta inovação do AO1990 está a deslumbrar a comunidade que nunca tinha visto a mesma palavra a querer dizer duas coisas completamente diferentes.
    A produção poética: o AO90 pode muito bem ser a saída para um poesia que permanece dentro de um espartilho ortográfico depois de ter estado séculos dentro de um espartilho formal.
    Introdução de ‘novas’ palavras no discurso. As pessoas que não querem usar as palavras modificadas têm ido aos dicionários buscar outras palavras para dizer a mesma coisa aumentando substancialmente o vocabulário em vigor (das trezentas mil palavras da Língua Portuguesa passamos uma vida inteira em que só usamos duas mil…).
    Fim de mais um fundamentalismo: o fundamentalismo ortográfico combina muito mal com a plasticidade cerebral e no futuro, admitindo que a escrita vai ter algum futuro, este alinhamento milenar de gatafunhos estará também aberto à liberdade fundamental do indivíduo.
    Deve haver ainda mais razões mas tenho trabalho para fazer.

    1. Obrigado por compreender a minha angústia de não ter assuntos tão importantes e por achar que eu devo escrever sobre o que o Senhor pensa. Fico também a saber que a nossa língua é uma questão meramente secundária.

    2. Estou completamente de acordo com o Dr. Bagão Félix. Porque Havemos de mudar o que está bem.
      Olhamos para o exemplo da língua inglesa, falada pelos Ingleses, pelos Norte-americanos e pelos Sul-Africanos. O inglês difere de País para País e todos se compreendem.

    1. Arimética por mais estranho que pareça é uma das facultatividades do AO: aritmético e … arimético!

  11. Revogação imediata deste atentado cultural consubstanciado num acordo que nunca o foi e que é meramente uma jogada geopolítica feita por meia dúzia de gatos pingados, à revelia dos pareceres e da vontade do povo!

  12. Muito obrigado, Caro Senhor Professor ANTÓNIO BAGÃO FÉLIX, Mui Ilustre Professor universitário e articulista.
    Só uma pequena rectificação, para quem está a ler o artigo no dia 19 de Fevereiro:
    a discussão da Petição “Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de 1990″ (n.º 273/XIII/2.ª) será no dia 21 de Fevereiro, quarta-feira.
    Amanhã este artigo será publicado no “Público” em papel e, nessa altura, a indicação estará correcta.

    1. Obrigado Caro Doutor Ivo Miguel Barroso. Não fiz confusão. Guiei-me pelo dia da publicação na edição em papel e, por isso, disse “amanhã”.

    1. Bem sei, mas refiro-me ao dia em que o post é publicado na edição em papel, ou seja hoje, dia 20/2.

    1. Pois eu já vi escrito em jornais portugueses, CORRUTO. E a questão não é a de dizer, é a de escrever.

  13. É um erro grave não avançar rapidamente para o AO com a Lusofinia, pelo menos num último esforço de reunião e homogeneidade linguística. É evidente que arrepia pensar nas barbaridades que isso acarreta, mas que importância tem isso? Isso teria importância para eles, mas para nós, metropolitanos, não nos enganemos: o futuro deve passar sobretudo pelo domínio de uma língua universal, culta, de prestígio, de carácter oficial, de clareza e rigor científico, como o inglês; e então sim, para língua de casa, para as patuscadas, o português.

    1. “uma língua universal, culta, de prestígio, de carácter oficial, de clareza e rigor científico, como o inglês;” o caro Silva é um cómico.

      Claro que se é para descer à barbárie total, nada melhor que a fala dos pré-históricos anglo-saxões.
      Repare no rigor científico do léxico dessa fala pré-histórica germânica, que não sabe sequer o que é coerência lexical e, como é típico dos ignorantes, usa cópias toscas do latim.

      Dente: tooth; dentes: teeth; dentista: dentist
      Carne: meat; carnívoro: carnivorous
      Ver: see; visão: vision…

      Não é impressionante ver como a fala revela o atraso milenar da barbárie germânica? A marca do atraso cultural, da nossa querida idade média, é o uso desse achado arqueológico pré-histórico chamado English.

      O inglês é uma relíquia que revela a tentativa desesperada dos pré-históricos serem civilizados. Civilizados, uma palavra cujo conceito é completamente desconhecido dessa plebe pré-histórica, que confunde cidade com a feira medieval fixa (que é a única coisa que conhecem, e a miséria que existe na nossa querida idade média).

      É ainda mais divertido ver que a actual plebe medieval é tão ignorante que não distingue sequer uma fala pré-histórica de uma língua.

      Não é patusco Silva?

    2. Mas homogeneidade para quê se sempre nos entendemos? A América latina não quer saber de homogeneidade do seu espanhol com o espanhol de Espanha, nem os países anglófonos não querem saber da homogeneidade com o inglês britânico.
      Já agora o que é isso de língua culta, sobretudo com o desinvestimento que tem havido no ensino do português nas escolas. Enfim…

    3. Caro Epicuro: pense só nas voltas ao estômago sentidas pelos eruditos latinos quando o português arcaico como língua neolatina se fazia por impor, e começava a ser gatafunhada pelos labregos lusos medievais. Os latinistas eruditos até arrancavam os cabelos. Porque negar o direito a uma língua com código comum a povos que se querem reunir (ingénua e inutilmente é certo) através de um projecto comum, por muito que isso custe aos nefelibatas puristas? A realidade impõe-se.

      Quanto ao inglês então acho que nem vale a pena contra-argumentar: não há um único artigo científico neste mundo,(nem nenhum tweet…), no presente e no futuro próximo e longínquo, que não seja redigido nessa língua áurea…

      *
      Abraço – aprecio não só a sua visão dos assuntos como a sua escrita hábil.

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