Finalmente, após um longo período de estagnação, a zona euro está a crescer e os fantasmas da crise parecem pertencer ao passado. Mas, na realidade, sopram nuvens negras sobre o futuro da zona euro como se deduz das reformas propostas que estão em cima da mesa.
Donald Tusk, o polaco que é presidente do Conselho Europeu – conselho de chefes de Estado e de Governo da União Europeia – “deu um recado” sobre o que o Conselho Europeu espera do novo Presidente do Eurogrupo, Mário Centeno: dar prioridade à União Bancária e à transformação do Mecanismo de Estabilidade Europeu num Fundo Monetário Europeu que concederia empréstimos, com condicionalidade estrita, aos países em dificuldade. Tanto uma como outra dessas reformas são defendidas pela Alemanha.
As propostas de criação de uma capacidade orçamental comum e de alteração das regras do Tratado Orçamental – mais polémicas por enfrentar a resistência da Alemanha e por servirem melhor o interesse dos países devedores – ficariam para depois, segundo o presidente do Conselho Europeu.
Jens Weidmann, Presidente do Bundesbank e provável futuro presidente do BCE, num discurso no final de Novembro, foi claro sobre as reformas que entende necessárias para a zona euro, bem como sobre aquilo que considera as actuais “deficiências” da zona euro.
Numa analogia infeliz, compara a dívida com a pesca, considerando que da mesma forma que há pescadores que pescam a mais, com a dívida na zona euro, se nada for feito, haverá países (do sul) que se endividam a mais à custa dos restantes (do norte) e é necessário evitar isso.
Considera preocupante que os mercados não estejam a diferenciar o risco dos soberanos e que, por conseguinte, é necessário que a banca da zona euro trate de forma diferenciada a dívida de países soberanos, da mesma forma que ocorre com a dívida privada: dívida soberana de países com menor rating e maior risco deveria exigir mais capital bancário. Note-se que testes de stress à banca já impõem esta restrição pela porta dos fundos, mas é provável que tais exigências passem a entrar pela porta principal, no âmbito das novas reformas da União Bancária.
Não é coisa pequena. A banca de toda a zona euro passaria a ter um incentivo a aumentar as aquisições de dívida pública de países como a Alemanha e a reduzir as aquisições de dívida pública de países como Portugal e Itália. Este tipo de medidas, aparentemente inofensivas, pode bem levar os países do sul à bancarrota.
Weidmann refere ainda que a Comissão Europeia é demasiado política e que não foi capaz de aplicar as regras do Tratado Orçamental de forma objectiva. Defende, por isso, que as regras e sua implementação deveriam ser controladas por uma organização independente. Parece argumentar que deveria ser o Mecanismo Europeu de Estabilidade, futuro Fundo Monetário Europeu, o árbitro, o juiz e o executor das regras do Tratado Orçamental.
A transformação do Mecanismo Europeu de Estabilidade no Fundo Monetário Europeu (FME) suscita preocupações. Weidmann defendeu nessa intervenção uma proposta do Bundesbank, de acordo com a qual, se um país pedisse um resgate ao FME, este imporia a reestruturação da sua dívida soberana, através de uma extensão automática das maturidades, que poderia mais tarde ser seguida por redução da taxa de juro e/ou do capital em dívida. Ora, esse tipo de mecanismo de reestruturação de dívida soberana teria implicações no mercado de dívida de países devedores. E, não faz sentido que seja uma instituição (o FME), que representa os credores e que é ela própria credora, a definir os moldes da reestruturação de dívida de um país devedor.
Estas propostas, a serem implementadas, tornariam a zona euro, cada vez mais, num clube de credores. Mas sobretudo, tornariam a desintegração da zona euro cada vez mais provável e próxima…
“Numa analogia infeliz, compara a dívida com a pesca, considerando que da mesma forma que há pescadores que pescam a mais, com a dívida na zona euro, se nada for feito, haverá países (do sul) que se endividam a mais à custa dos restantes (do norte) e é necessário evitar isso.”- Ridículo! E não esteve lá ninguém presente para lhe dizer que é um hipócrita porque como banqueiro que é, sabe perfeitamente que todo o dinheiro que os países pedem emprestado é criado do nada pelos bancos comerciais. Não tem nada a ver com as supostas poupanças dos países do norte.
É urgente acabar com o monopólio da criação de moeda pela banca e não vão ser os actuais banqueiros e amiguinhos políticos que o vão fazer. É preciso que a sociedade se mobilize para forçar esta mudança!
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Lá se vai o esforço do governo pelo canudo da eurolândia, onde May cada vez mais parece inteligente.
A ideia alemã do Fundo Monetário Europeu é muito útil para países como Portugal. Devemos estar agradecidos, muito agradecidos mesmo. Vai mudar muita coisa. Obriga a contas públicas limpas, impõe escrutínio internacional. Enfim, obriga finalmente a esta “estranha forma de vida” a algo tão antipático e desagradável como seja, finalmente, a ter, cultivar, e apreciar “Rigor”. É uma chatice. Mas quem não está disposto a contribuir para a pandilha que desde 74 já levou a três bancarrotas AGRADECE.
Rigor? Então o gajo mentiu com todos os dentes que tinha na boca. E o pior é que a maioria das pessoas acreditam nestes supostos “especialistas”.
Escrutínio internacional a sério era amanhã de manhã os principais jornais do planeta dedicarem a sua primeira página a explicar que todo o dinheiro que os países, pessoas e empresas pedem emprestado é na realidade criado do nada pelos próprios banqueiros que concedem estes empréstimos.
Então não é isto perverso? Um estado soberano para construir hospitais, escolas e uma segurança social decente não pode criar dinheiro, mas pode pedir emprestado a alguém que o faz em proveito próprio e ainda impõe condições políticas para o fazer. Lindo não é?
Muito bem Nuno, o 44 também nos animava com milongas . Um bom ano e continua assim.
Onde é que está a “milonga” do que eu escrevi?
Caro Nuno, Silva não pode entrar em detalhes sobre “milongas” sem destapar o tabu da criação de dinheiro. Pergunte-se antes como é que a Alemanha está a lidar com a cratera do Deutsche Bank (gigante comparada com os buracos orçamentais até de Portugal)?
A mentira do que conta é que não percebe o mínimo de economia. Não há nada de limpo nas contas que a Alemanha não cumpre. Não há nada de rigor numa moeda de treta cujas regras são alteradas todos os dias.
Se ainda não percebeu que anda a Europa toda a pagar os lucros da banca Alemã à 40 anos, faça as contas e vá estudar.
http://bilbo.economicoutlook.net/blog/?p=37482
O Nuno tem de explicar melhor a questão da criação de moeda pelos bancos.
O que sei é o seguinte e se calhar não chega para explicar tudo:
Seja o banco X que possui um empréstimo à ordem de 1.000.000, o qual é aumentado para 5.000.000. Os novos depósitos são de 4.000.000, só por esta operação. O banco cria uma reserva legal de 20%(800.000) e empresta o resto 3.200.000. Aqui entra o multiplicador monetário que, em suma, é o número 1 dividido pela percentagem da reserva legal e multiplicado pela reserva excedentária. Como a percentagem da reserva legal é de 20% o multiplicador monetário é 5, ou seja, a circulação monetária aumentaria num máximo de 3.200.000 * 5 = 16.000.000, no pressuposto que o banco vai emprestar toda a reserva excedentária. Mas, atenção, existe o reverso da medalha, quando os clientes levantam os saldos ou pagam os empréstimos e o dinheiro em circulação diminui. Fazem-se as contas ao contrário e estamos em presença do chamado divisor monetário. E como seria numa corrida aos depósitos? Foi por isto que o BCE apertou as medidas para evitar a corrida aos bancos?
Mas o que é que você quer dizer com:
Não há nada de limpo nas contas que a Alemanha não cumpre?!
Ó homem, enxugue-se.
Nelson Faria,
Não sei o que é que lhe ensinaram na faculdade acerca da criação de dinheiro. Tanto quanto julgo saber, na maioria das universidades ensina-se (ERRADAMENTE) que os bancos vão emprestando sucessivamente o mesmo dinheiro até um certo máximo, determinado pela tal suposta reserva legal que os bancos são obrigados a manter em caixa.
No entanto e de acordo com o próprio banco central do Reino Unido estas ideias nada têm a ver com prática do sistema bancário, se é que alguma vez tiveram. Deixo aqui o link para o artigo emitido pelo mesmo em 2014, intitulado “Criação de moeda na economia moderna”. Quem não souber inglês pode usar o google translate que é suficientemente razoável para ir traduzindo parágrafo por parágrafo:
https://www.bankofengland.co.uk/-/media/boe/files/quarterly-bulletin/2014/money-creation-in-the-modern-economy
Logo na primeira página deste artigo (ponto 2) pode ler o seguinte:
“Money creation in practice differs from some popular misconceptions — banks do not act simply as intermediaries, lending out deposits that savers place with them, and NOR DO THEY ‘MULTIPLY UP’ central bank money to create new loans and deposits.”
E logo após o início do quadro “Overview” está escrito a negrito:
“Whenever a bank makes a loan, it simultaneously creates a matching deposit in the borrower’s bank account, thereby creating new money.”
E ainda logo a seguir:
“The reality of how money is created today differs from the description found in some economics textbooks:
• Rather than banks receiving deposits when households save and then lending them out, bank lending creates deposits.
• In normal times, the central bank does not fix the amount of money in circulation, nor is central bank money ‘multiplied up’ into more loans and deposits.”
O seu exemplo parte precisamente do pressuposto que os bancos vão “multiplicando” o dinheiro que lhes é depositado, emprestando-o sucessivas vezes. Mas na realidade o que acontece é que o dinheiro emitido pelos bancos é criado pelos próprios e é constituído apenas por promessas de pagamento electrónicas. Você pode tentar transformar essas promessas em numerário ao balcão ou pode simplesmente (como a maioria das pessoas) usá-las directamente para fazer os seus pagamentos.
Tanto quanto sei existe a obrigação de os bancos terem um certo x (diminuto) “em caixa” mas o negócio dos bancos não é emprestar numerário sucessivas vezes, até porque como expliquei o dinheiro emitido pelos bancos não é mais do que promessas de pagamento electrónicas criadas do nada. Para além disso os bancos (especialmente os maiores) costumam ter acesso fácil a linhas de crédito junto do banco central que lhes permitem cumprir sempre essas obrigações e podem ainda contorná-las de outras formas.
Por último diga-se ainda que os bancos não emitem dinheiro apenas quando fazem empréstimos, mas também quando fazem despesa (em benefício próprio ou não). Por exemplo: pagamento de salários, despesas com material, compras de activos financeiros ou propriedades, etc.) – ver parágrafo 2 de https://www.sovereignmoney.eu/circuitism#incomplete
Mas o irritante deste tema é que se tem ofuscado continuadamente o assunto da criação de dinheiro ensinando modelos errados geração após geração. E como se costuma dizer, uma mentira repetida muitas vezes costuma ser tida como verdade. Quase toda a literatura actualmente ensina estes modelos. Pessoalmente, eu acho que esta ofuscação não é totalmente acidental. As actuais elites económicas e líderes financeiros beneficiam-se imenso com a ignorância generalizada e confusão da população. O enorme poder e influência que eles têm sobre políticas, partidos e comunicação social entre outros depende em muito da ignorância generalizada do povo sobre estes assuntos.
Já agora gostava de saber se a universidade onde lecciona Ricardo Cabral também ensina estes modelos.
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Nuno,
Vou continuar a acompanhar o assunto e obrigado pela resposta e pelos esclarecimentos. Também gostaria de saber a opinião do Prof.Cabral.
Ora aqui está a receita. Ninguém percebe é porque não se generaliza a criação de dinheiro a partir do nada e aqui as Tugalêndias – país da esperteza – continua enterrada até às orelhas em DÍVIDA. Sim, DÍVIDA.
Os germânicos são conhecidos há séculos. A ignorância dos políticos e “economistas” é confrangedora.
O sul conhece a barbárie germânica há muito. Já Júlio César fala de uma barbárie tosca em que não se pode confiar nunca.
Em tempo algum a barbárie germânica foi de confiança. Mesmo entre eles são incapazes das mais elementares sociedades, como a história ridícula do “sacro império romano germânico” demonstra.
São pilha-galinhas, rancorosos da vida dos outros e com vergonha da sua própria história (quem não teria vergonha daquele cadastro criminal? Os museus alemães mostram mais o que roubaram no médio oriente do que história germânica… orgulho de pilha-galinhas)
Porque razão uma plebe desde sempre delinquente, desde sempre incapaz de ver além do seu umbigo sujo, iria agora fazer acordos para benefício de uma união europeia?
O que é que levaria os filhos e netos dos nazis a cooperarem positivamente com o resto da europa? Nada, bem pelo contrário, a necessidade de afirmação dos eternos loser vê-se nos passos de delinquência dissimulada dos alemães.
A UE existe porque a Alemanha estava dividida na altura da sua formação. Tinha acabado de perder mais uma vez. A reunificação da Alemanha foi o passo para mais uma (desta vez lenta e dissimulada, mas contínua) destruição da europa pela barbárie germânica.
A história repete-se, porque é sempre a mesma história com os germânicos. Os políticos e os “economistas” são como criancinhas que acreditam que o mundo agora é novo, quando eles é que são novos no mundo devido à sua ignorância pueril.
Quando a alemanha está no cimo a europa está no fundo, e vice versa. Não há qualquer futuro numa união com germânicos. Se quinze séculos não são suficientes para perceberem isso, então repitam mais uma vez a mesma história.
O sul da europa não tem, e não deve nunca ter, de fazer uniões com o centro e norte da europa. A barbárie tem uma cultura diferente.
Em que século é que os germânicos se civilizaram? Nunca. Nunca se civilizaram, agem sempre da mesma forma, mais depressa ou mais devagar, pela guerra, pelo “mercado” ou por outra qualquer delinquência, o padrão comportamental é o mesmo: “Deutschand uber alles” (alemanha em cima de todos).