Tanto empenhamento de responsáveis políticos nacionais, tantas visitas a decisores europeus para nada. Os argumentos (e os factos) caem em saco roto no meio dos jogos e intrigas da “corte real” do euro.
A Comissão Europeia concede agora, num acto de misericórdia de mau gosto, mais três semanas para apresentar medidas “redentoras” em relação à execução orçamental de 2016.
Uma leitura benévola da situação poderia ser que a Comissão Europeia pretende alterar o seu veredicto (i.e., a recomendação técnica ao colégio de comissários que sejam impostas sanções a Portugal e a Espanha) mas, para que a equipa técnica possa salvar a face, impõe duas ou três historietas de reformas – as tais medidas adicionais, o famoso plano B?
A leitura triste, infelizmente mais provável, é que as acções de diferentes responsáveis europeus inserem-se em coreografias e que o resultado está já predestinado. As palavras de Wolfgang Schäuble insinuando a necessidade de novo resgate a Portugal parecem para aí apontar. A Comissão Europeia gosta de se sentir importante e de mostrar a sua importância. E gosta de ter chefes de Estado e de Governo e outros governantes de países soberanos a “pedinchar” sabendo de antemão que o país será sujeito a uma lógica impiedosa no Conselho da União Europeia em que se discutir a aplicação de sanções…
Nestas condições, afigura-se que a melhor estratégia para o Estado português é ignorar todo este ruído. Não dar qualquer importância, reafirmando, quando directamente solicitado, a posição portuguesa de que não há fundamento para a aplicação de sanções e que o Governo saberá defender a posição portuguesa junto do Tribunal Europeu.
Por conseguinte, parece-me bem a posição do primeiro ministro ao defender esta semana em Lisboa que não são necessárias “nem medidas adicionais, nem planos B”.
P.S.- Republicado às 18:57.
Esta Europa está a dar provas de uma incongruência total. Há ministros a mais, comissários a mais, presidentes a mais, reuniões a mais, frases a mais, ninguém se entende, o que, numa questão que envolve mercados financeiros que reagem ao menor sinal, é de uma leviandade total. Prova que não só o povinho não percebe nada, mas eles mesmos também já não se entendem. Falam da Inglaterra, mas para mim isto da UE não vai longe. Agora foi a Inglaterra, aguardemos os resultados das eleições na França e Alemanha em 2017. Esta geringonça de 27 países não pode andar. Acho que a Alemanha deve sair com o seu euro, e seus satélites na Europa Oriental, e a Europa Ocidental volta a alguma coisa mais palatável para todos, e sobretudo sem o Euro. Resta saber se há competências em Portugal para isso, porque no Banco de Portugal… Mas realmente não há paciência para aguentar um gajo qualquer que foi primeiro ministro da Letónia ou algo do género opinar sobre o que deve fazer o governo português. Ok, obrigado, mas nós já temos os nossos próprios letónios. A Suíça opina sobre o que temos de fazer? Cada um que cuide da sua vida. E os alemães que se entendam com o russos e arranjem um exército para se defender, ou uns rolos de arame farpado.
PS – Sorry, onde se lê letónio, leia-se letão, feminino letã. O Passos Coelho é letão, a Maria Luís Albuquerque é letã, não letoa, nem letónia.
As sanções são apenas um pretexto para forçarem um debate ideológico tendendo a passar para a opinião pública que existe um pensamento único e que quem ousar seguir por diferentes caminhos está condenado.
A CE não quis decidir, mas quis manter o debate e o Ecofin fará o mesmo com outras insistências e outras caras e o jogo continuará sem sanções para ninguém.
A chamada “UE” não existe o que existe é o BCE e o Euro que era para ser uma moeda única e não é nem será jamais. O que o BCE fez com a Grécia é uma vacina contra o BCE e contra o Euro. O único poder real que existe na chamada “UE” é esse poder de fechar os bancos de economias inteiras vergando-as a ceder e a fazer políticas contrárias aos interesses dos seus povos.
Esse poder é contudo inferior ao da identidade das nações. É um poder que agride as nações e desperta os nacionalismos. Na próxima eleição para o Parlamento Europeu, se se realizar, os chamados eurocéticos ficarão em maioria.
Existe um risco efetivo de desintegração da tal “UE”. As nações não suportam e reagem, a prazo, a poderes que as humilham.
Por conseguinte, parece-me bem a posição do primeiro ministro ao defender esta semana em Lisboa que não são necessárias “nem medidas adicionais, nem planos B”.
M. Draghi quando veio ao conselho de estado e falou de reformas, tambem não era para Portugal.
Partilhar uma moeda, ser emissor de uma «riqueza», feita a partir de simples arvores, e não cumprir as regras, ou alhear-se dos principios que regem esta moeda, após ter aderido de livre vontade, vai resultar no mesmo que aconteceu á Grecia, falta de «papel».
É isto que os Portugueses querem?
Concordo plenamente. A impunidade com que operam os órgãos não eleitos da UE (quando é que foi a última vez que alguém na comissão se demitiu devido a falhas na sua actuação? ou acham que o Euro, a crise dos refugiados, etc. são exemplos de sucessos? a união acabou de perder 65 milhões de cidadãos e ninguém em Bruxelas é responsável?), a arbitrariedade das suas decisões (“a França é a França”), os constantes abusos de poder (Banif, agora as sanções), o desprezo pela democracia (derrube de governos em Itália, Grécia… nós a seguir?), etc. etc., isto é insustentável. Temos que parar de dar corda a estes megalómanos. E acima de tudo temos que ter instâncias que defendam os nossos direitos. Está a chegar a hora de ver se os tribunais Europeus estão à altura. Espero que sim, porque se não acho que Portugal terá que seriamente rever a sua posição nesta “união”.