Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

26 de Fevereiro de 2016, 11:08

Por

A tempestade bancária que vai chegando

Os grandes bancos europeus são o elo mais fraco da crise que vai chegando. Depois de terem recebido a quantia astronómica de 661 mil milhões de euros desde 2008 em ajudas públicas, os bancos estão descapitalizados (uma parte dos seus activos vale menos do que o declarado ou, por outras palavras, é tóxica) e têm dificuldades em pagar as suas responsabilidades de curto prazo.

Os gráficos que seguem indicam os sintomas mais flagrantes dessa dificuldade. Nos dois primeiros, verifica como tem vindo a cair o valor dos “cocos” de alguns dos principais bancos europeus: o Deutsche Bank, o Santander, o Unicredit e o Banco Popular (mas o mesmo se aplica ao BNP Paribas). Ou seja, os principais bancos de Espanha, Alemanha, França e Itália estão a olhar para o abismo.

cocos bancoscocos santander

 

 

 

 

 

 

Estes “cocos”, ou capital contingente, são um instrumento de dívida criado em 2013, em resposta à nova regulação internacional, para contornar os restrições que foram então impostas aos rácios de capital. São títulos de dívida que, se ocorrer uma tragédia, são convertíveis em capital. Recebem entretanto um juro elevado, que corresponde à percepção de que o risco é grande.

Como se verifica, o valor destes instrumentos de dívida tem vindo a cair, e são agora negociados com perdas de um quarto do seu valor. Esta queda regista o medo dos investidores, que temem que os juros destes títulos não possam ser pagos.

O problema não é só grego, como se vê pelo gráfico seguinte, da revista Economist. É também das principais economias, desde os EUA à Europa. As cotações bolsistas dos bancos estão a cair e a lançar o pânico nos mercados financeiros, porque antecipam riscos de curto prazo.

grecia e outros

 

 

 

 

 

 

 

A exposição de alguns bancos a estas operações de risco é muito grande, em particular no caso da banca espanhola e alemã. Os três principais bancos espanhóis, BBVA, Popular e Santander, emitiram cerca de 10 mil milhões em “cocos”. Assim, as dificuldades do Santander ajudam a perceber porque é que a intervenção da Comissão Europeia e do BCE no caso Banif, com a anuência do governo português, conduziu uma tão interessante recapitalização do banco espanhol.

Mas é o Deutsche Bank que está em piores lençóis. O quarto gráfico compara os valores do PIB alemão, do PIB europeu e da exposição do DB a produtos financeiros de risco, os mesmos derivados que se tornaram famosos na crise do subprime em 2007-8. Tendo perdido 6700 milhões em prejuízo no ano passado, e tendo sido forçado a aumentar a provisão para litigância judicial em mais 1200 milhões (subindo para 5500 milhões de euros), o DB é hoje o banco europeu mais exposto no curto prazo.

Deutesche

 

 

 

 

 

 

 

Aqui está então o mapa com que devemos discutir o que se vai passar com a banca portuguesa nos próximos anos.

Comentários

  1. Toda a razao José Manuel Ferreira. A falta de educação e cortesia no trato entre as pessoas choca.. No algarve entao, nao sei como é nos outros sitios o “você ” impera. Emtra-se numa loja e logo a emppregada nos trata
    ….você isto você aquilo. Nao quero tratamento especial, mas nao aceito o voce e sempre que posso informo ou…vou-me embora. Mexe-me com os nervos.

  2. Sr. Francisco Louçã, como todos temos vindo a constatar, desde 2008 que muitos cidadãos trabalhadores europeus, por via estatal, têm PAGO COM O SEU ESFORÇO, as calamidades de má gestão dolosa, corrupção, fraudes, etc.. que tanto os Bancos que estão envolvidos, como os governos de cada país envolvido que os permitiu e com a cumplicidade da UE, BCE e FMI.
    O valor exorbitante de 661 mil milhões de euros, daria para tirar da pobreza todos os que dela padecem na UE e sobraria para muito mais!!!!!
    Como é possível que isto tenha acontecido, e ninguém ser responsabilizado?
    Só neste mundo cujos valores estão de pernas para o ar!!!
    Mas temos de fazer qualquer coisa…mas o quê? Obrigada pelo seu artigo.

  3. Não é de estranhar que depois de um período de elevadíssimo crescimento dos ativos bancários, e muita especulação no seu valor, especialmente ocorrido na década que precedeu o início da crise financeira, e da relativa estagnação económica a que se tem assistido despois de 2008, o setor financeiro se debata com um doloroso ajustamento dos seus balanços. Nesse crescimento beneficiaram em grande medida as famílias que nunca na história tiveram tantas facilidades de acesso à aquisição de habitação própria, quer em montantes, quer em condições de taxas de juro. No caso português, estima-se que mais de cento e cinquenta mil milhões de euros de créditos hipotecários figurem nos balanços dos bancos, estando a esmagadora maioria indexada às taxas de referência Euribor, que se vêm mantendo negativas, originando margens negativas que agravam de forma determinante a rendibilidade dos ativos. A política aventureira de concessão de crédito de longo prazo indexado o a um indicador de preço do mercado monetário revelou-se numa ratoeira para os bancos e num acréscimo do risco para os depositantes grandes ou pequenos que, afinal, são quem permite que os bancos continuem com as portas abertas. A ninguém aproveita o colapso bancário. Mas é por isso que há bancos centrais que, em qualquer crise bancária, têm como dever, intervir. Não vemos razão para celebrar um hipotético colapso da banca europeia. Isso não vai acontecer.

  4. Gostaria que abordasse o papel da política monetária actual na insuflação das bolhas cíclicas dos “mercados”.

    Existem vários autores que defendem que aí esta uma base grande de toda a disfuncionalidade do sistema financeiro-económico, visto que 97% do “dinheiro” (aqui no sentido lato como qualquer papel consensualmente considerado como tendo valor) é criado pela Banca Privada quando faz empréstimos, i.e., 97% do dinheiro=dívida.

    São exemplos os grupos de pensamento económico «Positive Money» e «International Movement for Monetary Reform», que sustentam que sem alterações ao mecanismo actual – sem qualquer controlo científico ou soberano – tudo as consequências continuarão imparáveis e incontroláveis.

  5. O BCE em 21.12.2011 emprestou à banca, a 523 bancos, a quantia de 529.531 milhões de euros.
    Mais tarde a 29.02.2012 emprestou a 800 bancos mais 489.200 milhões de euros.
    Em 19.03.2015 injectou mais 97.848 milhões de euros a 143 bancos.

    Num total de 1.116.579 milhões de euros.

    Resta saber se foram apenas os bancos europeus os comtemplados para acertar contas com os 661.000 milhões que menciona.

  6. Há algo que deveríamos atentar.. a nossa banca Mutualista (Montepio) e Cooperativa (Crédito Agrícola) não está citada nas jogadas e vigarices que afligiram os bancos privados. Um exemplo relevante que deveria ser apoiado.

    1. Uma saída para o Novo Banco, diferente da sua entrega aos espanhois, pode passar precisamente pelo setor mutualista e cooperativo. Recuperar as caixas económicas, a partir da divisão do Novo Banco, entidades que já tiveram maior relevância que a atual no país. Em Espanha e em França têm grande importância as instituições financeiras da Economia social.
      Tratando-se de associações e cooperativas, estão a salvo da incorporação em grupos económicos especulativos, nacionais ou estrangeiros.

  7. Boa noite Srº Francisco Louçã, gostaria antes de mais de saber a sua opinião sobre a Europa que considerando a banca portuguesa pequena de mais para poder existir, querer vender e fundir a banca portuguesa á espanhola (como aconteceu no caso do banco Banif comprado pelo Santander com o aval do BCE), sendo a meu ver impossível um pais ter independência ao não ter uma banca nacional.
    Diga-me de sua opinião se faz favor.

    1. Tratar um Professor Catedrático por Srº, reflecte a sua capacidade de intervenção. Para além de querer saber a opinião “sobre a Europa que considerando a banca portuguesa …”. Que raio de pergunta !!!

    2. Sr. Carlos Carvalho, porque é que um professor catedrático não pode ser tratado por sr., ou será que para nos dirigir-mos às pessoas temos de por títulos antes do nome. O cidadão Francisco Louçã, não é mais nem menos que outra pessoa logo por educação poe-se o sr., ou se for Sr. Professor Doutor Francisco Louçã, muda-se alguma coisa?
      Isto só demonstra o atraso em que nos encontramos.
      Bem-haja.

    3. Carlos Carvalho, a questão de Ricardo Cabrita não só é formulada cordialmente como é extremamente pertinente.

      Como o próprio Francisco Louçã indicou, a sua resposta à questão de Ricardo Cabrita pode ser encontrada aqui: http://www.publico.pt/politica/noticia/louca-alertou-para-o-risco-de-espanholizacao-do-sistema-bancario-portugues-1722190

      Manuela Ferreira Leite, por exemplo, responde à mesma questão, aqui: http://www.tvi24.iol.pt/opiniao/passos-coelho/manuela-ferreira-leite-a-nacionalizacao-do-novo-banco-deve-ser-ponderada

  8. A exposição destes e doutros bancos a operações de risco é directamente proporcional à dimensão das próprias instituições bancárias, insufladas por uma vertigem de crescimento que pensam que poderá torná-los em instituições “to big to fail”.Ao mesmo tempo, afastam-se cada vez mais e mais depressa das operações de crédito á economia e à produção de bens e serviços, consumindo cada vez mais verbas em operações financeiras de curto prazo, seja nos mercados de capitais, seja em outras operações de teor especulativo.A falência de um banco como o LB, sorvido pela vórtice da crise de subprime, foi percebido como um suspiro de alívio de toda uma concorrência que se preocupou mais em evitar a criação de mecanismos de controlo e regulação, do que em aprender que o carácter das crises é sistémico e independente do voluntarismo e auto-convencimento, de que o narcisismo neoliberal enferma.

  9. Acho adorável a enorme capacidade para ver tudo em rosa de alguns comentadores como “am”, tal como a integridade quase feirante dos que se obstinam a debater a tragédia do financiamento da economia. Para alguns “os bancos estão mais bem apetrechados para gerir e lidar com o risco, as taxas de juro e…a liquidez(???)”, como se não fosse o risco a única arma que têm exibido nos mercados. Outros pensam levar a banca a fazer mea-culpa, organizando debates e angariando apoios no sentido de reformar um sistema podre que conta, para cúmulo, com a condescendência de metade dos cidadãos e o alheamento da outra metade. O risco tem sido para a banca a galinha dos ovos de ouro, é com ele que têm manietado os Estados e as empresas, criando ambientes de risco com intervenções em áreas em dificuldade, que posteriormente transformam em estados e empresas insolventes, fazendo intervir os hedge founds e outros abutres que virão a fazer chorudos negócios com os estados e empresas falidas. Para que nada se perca, essas instituições e grandes bancos investem em seguros de risco como os Credit Default Swap (CDS) para que o descalabro aconteça mesmo e o mal de muitos se torne a providência de alguns. Em seguida é só fazer circular os valores assim gerados e está criada a capitalização dos grandes bancos e instituições financeiras. Entretanto não se criou riqueza só houve circulação de capitais, a economia real descapitaliza-se, as pequenas empresas definham e asfixiam e as regiões sofrem uma enorme depressão demográfica porque os seus habitantes migram para as grandes metrópoles, falta de capital para fazer funcionar o pequeno comércio e, concomitantemente, as pequenas e médias empresas definham por falta de mão-de-obra e…clientes. O risco é assim o grande mestre da asfixia financeira e que está a minar os próprios bancos mais pequenos, tal como os empresários confiantes de que a banca é idónea e garante um retorno aos seus investimentos e aplicações. Os grandes bancos recusam abrir contas aos empresários que não disponham de um volume de negócio do tipo global, obrigando-os a recorrer aos pequenos bancos. Posteriormente criam condições para tornar esses bancos dependentes de recapitalização estatal e acabam a capitalizar outros bancos maiores, lesando na passada uma legião de empresários e aforradores, descapitalizando ainda mais a economia real. Felizmente promove o debate de ideias e entretém o caos na ordem do dia.

    1. Um “futuro” financeiro, o “derivado” mais antigo que se conhece, é um contrato pelo qual um produtor de trigo por exemplo se obriga a fornecer uma determinada quantidade de trigo a um preço fixo numa data futura a, por exemplo, um padeiro. O agricultor protege-se do risco de baixa do preço do trigo (em caso de colheitas abundantes) e o padeiro protege-se do risco inverso (preço acima do normal em caso de colheitas fracas) que lhe pode ser util caso se tenha comprometido a fornecer pão a preço fixo a comerciantes seus clientes. Os contratos de futuros começaram a generalizar-se na Europa no seculo XVIII mas diz-se que eram ja utilizados na Antiguidade classica pelos romanos que compravam cereais no Egito. Hoje em dia há produtos “derivados” para varios tipos de risco (de preço, de credito, de taxa de juro, de taxa de cambio) e com nomes tanto mais exoticos quanto a sofisticaçao do produto (swaps, futuros, opçoes, etc). Podiamos aboli-los, ou entregar ao estado a gestao dos riscos (e até abolir simplesmente muitos riscos), como podiamos abolir as vendas a prestaçoes ou os cartoes de credito que têm feito a miseria de muitas familias. Há países que o fizeram, mas será que são mais prosperos ou mais felizes assim ? Tenho dúvidas.

  10. Caro Am
    Antes tivesse razão. Estes bancos estão com dificuldades porque andaram a investir ( ? ) em produtos tóxicos o que tinham ( capital) e o que não tinham ( depósitos e empréstimos que subscreveram). Como a economia não arranca e eles não têm forma de reciclar estas dividas nem de as ir dissolvendo nos lucros, elas vão tendo um peso crescente nos activos e nos resultados. Só com uma reestruturação global se saneia o sector bancário europeu

    1. Os bancos fazem muita coisa errada claro, mas quanto ao investimento em produtos toxicos – se se refere aos ABS americanos(asset backed securities, colateralizadas com credito à habitaçao de baixa qualidade/sub-prime (a que se refere F. Louçã) que esteve na origem da crise financeira – nao foi essa a causa dos problemas da generalidade dos bancos europeus nos anos pos-2008. A banca portuguesa, espanhola e italiana em particular nao tinha exposiçao minimamente significativa aos ABS americanos. Os espanhois sofreram sim com o estoiro da bolha imobiliaria em Espanha, os portugueses ficaram de joelhos com a recessao que fez disparar o credito mal-parado (mas é certo que estavam sobre-endividados), e é tb o credito malparado que está a afligir a banca italiana. Em Portugal, o banco Santander Totta creio que apresentou sempre lucros nos anos pos-2008; a Caixa Geral de Depositos tem tido sempre prejuizos. Será que foi entao a Caixa que andou a especular com o nosso dinheiro em investimentos toxicos ?

  11. …a situação da banca (no mundo) é mesmo muito pior (e em aceleração) que aquilo que este artigo de FL nos pinta (creio que por pudor)…restarão as nacionalizações generalizadas, isto, se forem a tempo de salvar este sistema capitalista, em completa autofagia…não não, não se trata de catastrofismo…

  12. Sr. Francisco

    São todos uns especuladores do povo, veja a consequência da queda das taxas,, aumentaram logo os spreads.
    O inverso, um deposito a prazo por exemplo, rende uma quantia ridicula e desajustada.
    Enquanto ganharam milhões, então agora não suportam os prejuízos?
    Mas as empresas e o povo tem de continuar a trabalhar para ganhar uma miseria, faça chuva ou sol, e têm suportar esta gente e a despesa pública incontrolável e inaceitável.
    Ah, e não podia deixar de dizer, a abundância de Corrupção entre muitos outros crimes do Código Penal.

    1. às tantas vai ser necessário levantar uma cerca de arame farpado em volta de muitas instituições supostamente públicas, mas se tivesse havido coragem de começar mais cedo provavelmente, ter-se-iam evitado males maiores! A negligência, por vezes grosseira ou complacência de sucessivos governantes, junto com o Bdp, outro atacado do mal d’inércia e subesrviência dariam um excelente guião para um daqueles “thrillers” arrepiantes de um grande Sr. cinema como Alfred Hichcok. Pena é que os média não se atreveriam a passá-lo em horário nobre!. Mas, também, não sei porque me espanto! Afinal quem são os donos dos média em Portugal?

    2. Sr Baiao, nao se deixe emocionar demasiado com o que leu e resista a juizos apressados. Os bancos aqui citados nao andam a especular com o dinheiro do povo; para isso há empresas especificas – os hedge funds – que gerem o dinheiro dos ricos e a que nós nao temos acesso. O problema é que os bancos sao o espelho do estado da economia (da situaçao das familias e das empresas) e estes bancos estao expostos a muitas economias um pouco por todo o mundo (o Santander no Brasil e Argentina por exemplo) que hoje estao em dificuldades, depois de terem sofrido o embate da crise na Europa. Os bancos estao cada vez melhor equipados para gerir riscos (de credito, de taxa de juro, de cambio, de liquidez) e suportar perdas, mas entram inevitavelmente em dificuldades, incluindo dificuldades de angariar capital junto de investidores privados, quando os fatores de stress se acumulam persistentemente durante muito tempo, e este tem sido um pouco o fado dos bancos europeus nos ultimos sete anos. A situaçao nao é facil e, com a economia mundial de novo a arrefecer, o caso dos bancos tem de ser visto com cuidado. Mas sao cabeça fria e bom senso que fazem falta, nao atear fogos com fantasmas e falsos problemas. Oxalá os politicos e os ilustres economistas dos bancos centrais estejam à altura da situaçao.

    3. Permita-me que o corrija porque parece que os portugueses estão a sofrer uma crescente amnesia sobre as formas de tratamento em português. Se quiser dirigir-se a Francisco Louçã, utilizando o «Senhor» impõem as regras da boa educação e do bom português que se lhe dirigida acrescentando ao «Sr» o nome e o sobrenome, neste caso «Louçã»; ou então trate-o simplesmente por «Sr. Louçã», embora esta forma seja menos elegante e educada, ainda assim é mais cortez e correta do que o insultuoso «Sr. Francisco.»

      Os descuido a que se assiste em Portugal para com as formas de tratamento é profundamente irritante e reveladora «da grosseria que parece estar a invadir o país, sobretudo nas camadas mais jovens. Já para não falar do ridículo uso do título de Dr, em qualquer localou situações, mesmo julgamentos , por juízes que se deveriam pautar pelo estrito tratamento igualitário dos cidadãos e pelas regras de cortesia que o uso da nossa língua impõe. Isto está sempre a nivelar e cada vez mais por baixo no que à cortesia diz respeito.

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