Eis a enésima alteração do sistema de avaliação escolar. Agora com uma inovação: a de entrar em vigor com carácter retroactivo, isto é mudando as regras a meio do jogo e sem sequer haver uma pública e profunda reflexão sobre as vantagens e inconvenientes do anterior e recente modelo. Independentemente da maior ou menor bondade dos propósitos e soluções por que vem passando esta situação, não há sistema que resista a tanta e fulminante mudança.
Este seria um assunto para convocar a sociedade (e não apenas as forças sindicais) para um debate alargado que, de vez, pudesse servir de ponto de partida para uma reforma sustentada e duradoura e um pacto de regime.
Não tenho a pretensão de ter certezas neste domínio. Assaltam-me mais dúvidas e necessidade de ouvir diferentes posições do que sentir o “conforto” da indiferença. Preocupa-me o carácter errático da evolução do segmento mais estruturante do sistema escolar, sem que desenvolva uma séria discussão e se aprofundem soluções estáveis.
Este ano lectivo começou com umas regras e vai acabar com outras, quase sem explicação. O novo e novel ministro da Educação começou por transformar o assunto num frio comunicado. Coisa simples. A sociedade, os pais, os alunos, agentes do ensino passaram ao lado, perante a mudez ministerial. Nunca se tinha tal visto. Aliás ainda o ministro se estava a sentar na cadeira e já o Parlamento, por iniciativa do BE, mandava acabar com o exame no 4º ano. Agora, o titular da pasta já falou, designadamente na AR. Explicação tribunícia que nada esclareceu. Tudo ligeiro e radicalmente imprudente.
Mudam-se os anos de avaliação e transformam-se exames em provas de aferição como quem muda um pneu a um carro. Tudo mecânico, impessoal. O Conselho Nacional de Educação é para inglês ver. Os pais e os alunos são ignorados e limitam-se a prestar vassalagem ao Estado todo-poderoso que não respeita os valores familiares e o planeamento da vida das pessoas. O tempo da política prevalece sobre o tempo da pedagogia. O tempo da política sobrepõe-se ao tempo de família.
Os alunos não podem ficar traumatizados com singelos exames a duas disciplinas, onde aliás a taxa de reprovação (agora retenção…) para quem tem nota interna positiva é quase nula. Melhor será, acha o Governo, eliminá-los e substitui-los por as eufemisticamente apelidadas provas de aferição (mudando, não se sabe porquê, os anos escolares em que se fazem e tornando desajustadas as comparações com as realizados em outros anos lectivos…) que, no que é público, quase nada contribuíram para melhorar o nível dos piores alunos. Uma espécie de ensaio, quase lúdico que tende a nivelar por baixo e a desfavorecer a exigência e o esforço. Li de uma dirigente da Associação de Matemática que “as provas de aferição não precisam de grande preparação”. Esclarecedor, não é? Positiva, porém, parece-me ser a inclusão rotativa de outras disciplinas curriculares nas provas de avaliação, para além do Português e da Matemática.
O certo é que, por estas e outras, muitos alunos chegam ao ensino superior quase “sem saber escrever” e “sem saber a tabuada”. O investimento fundamental no ensino básico é relativizado. Assim não vamos longe.
Estes primeiros tempos da “5 de Outubro” estão já a evidenciar o poder sindical comunista em todo o seu esplendor. Mário Nogueira, o sempiterno e compulsivamente reclamante dirigente sindical, decretou: “este é o tempo certo para estas mudanças”. Mais palavras para quê do novo “ajudante” do ministro?
Ministro e Nogueira deviam era pensar em mandar fazer EXAME a alguns professores que têm tanta capacidade que, a receber pagamentos, se atrapalham a fazer trocos e dizem aos pais que têm que ensinar os meninos em casa. É triste!
Plenamente de acordo com o texto de Bagão Félix. Como é possível um “estrangeirado”, sem peso na área da educação, destruir tudo sem um tempo de reflexão, análise, confronto… depois, sim, deveriam ser feitas as alterações que a grande maioria dos intervenientes no processo educativo apresentassem. Mas não. Goza-se – é o termo adequado – com o trabalho realizado, as expectativas geradas, o planeamento (horas e horas de trabalho e reuniões) feito, etc… tudo isto em nome de que interesses?… das famílias? professores? alunos? sociedade? Julgo que apenas poderá interessar a um jovem “desajeitado” para a área da educação, a alguns eternos “parasitas” dos sindicatos e aos projetos de anarquia que fanáticos desarticulados e bloqueados do mundo real… mas é assim, neste país tão mal servido!
A meritocracia é uma ameaça ao parasitismo de esquerda. Avaliações para quê? Este pais nunca vai mudar, porque seria necessário uma mudança geracional para que isso ocorrece, mas como as novas gerações já vão sendo educadas no facilitismo, o futuro é previsivel.
Esse é um dos principais problemas, sem dúvida.
Tenho escutado e lido alguns comentarios do Sr., e estou um pouco confuso, ou não, depende do ponto de vista.
Foi ministro num governo fantoche, intitula-se uma pessoa de bem, critica , bem e mal, mas esqueceu-se rapidamente do que tentou fazer quando exercia funções no governo.
Tentou destruir o sistema de saude, preparou-se para entregar o nosso sistema as seguradoras, alias conseguido em parte, desbaratando assim uma conquista de todos os Portugueses.
Acho que faria um favor a uma grande maioria dos Portugueses se estivesse calado, pois criticar, quando se teve funções governamentais denota egocentrismo.
As suas opinioes podias dar no seu circulo de amigos, e não publicamente , pois so lhe fica mal, dado que sabemos perfeitamente quais os ideias que defende.
O senhor não é obrigado a ler o que escrevo.E muito menos a comentar.
Já agora, porque acha que o(s) governo(s) de que fiz parte foram fantoches? Ou será que o seu conceito de governo, em democracia, é de só considerar os governos que apoia?
Última nota sobre ignorância: Diz que “tentei destruir o sistema de saúde…”. Sabe que nunca fui ministro da Saúde?
Quem publica os comentários neste blogue? Obrigada
Diz que esta é a enésima vez que se altera o sistema de avaliação dos alunos do básico. Por acaso reparou que o ministro Crato alterou a avaliação dos alunos que já vinha de trás, eliminando as provas de aferição e substituindo-as por exames? Ou porque ele escolheu exames em vez de provas de aferição já está tudo certo, mesmo que ele tenha mudado o sistema de avaliação anterior? Claro que nem tudo deveria ser implementado este ano letivo, porque haverá algumas distorções, mas não é tão dramático como estão a querer encenar. Que o ministro deveria consultar os sindicatos para assuntos que têm que ver com os professores, certo, estamos numa democracia e a negociação faz parte do processo político. Tudo o que tem que ver com alunos, currículos, avaliação, o senhor ministro não tem que consultar sindicato algum, tem que ouvir as associações científicas e pedagógicas, os diretores de escolas que conhecem os assuntos e depois decidir. Deve-se ouvir quem sabe.
E as provas de aferição aferem o quê? Quando um aluno nos questiona: “e isso conta para nota?” (Aos mais crescidos não vamos mentir, dizendo que não.) E ele responde: “Então, tipo, para que vou estudar?” E nós ficamos, tipo…
As aferições aferem os conhecimentos e os desconhecimentos dos alunos para, em seguida, serem analisados os resultados das provas – que vão ser enviados a cada escola deste país – com o objetivo de superar as dificuldades dos alunos, através de novas metodologias e estratégias de ensino. O objetivo das provas é aumentar as aprendizagens dos alunos, de acordo com o que disse acima. Se os alunos nos perguntam: “é para avaliação?”, significa que não está claro para eles que aquelas aprendizagens são úteis, porque… Isto é, o professor tem que relacionar o que está a ensinar aos alunos com o que eles conhecem do mundo, da vida, a utilidade do conhecimento que estão a trabalhar. O que é de lamentar é que os alunos olhem para o conhecimento que estão a adquirir, a assimilar só tem utilidade se for para exame. Só por esta razão, nem precisamos de mais razões, se vê quão perniciosos podem ser os exames: os alunos (e os pais) só se interessam pelo que vai ser sujeito a exame. E a curiosidade, e o gosto por aprender assuntos novos? Toda a aprendizagem está a ser canalizada para realizar exames. E Educação é muito mais do que fazer exames.
Quando o anterior Governo implementou os exames também foi de um dia para o outro sem ouvir ninguém. Nessa altura, também toda a gente vem rasgar as vestes.
Agora que este governo revoga essa medida é criticado.
Preso por ter cão e preso por não ter. Se tivessem mantido os exames vinham dizer que estavam a pactuar com as medidas que criticaram.
Mas que falta de educação! Presumo que seja simpatizante do Podemos espanhol que ontem nos brindou com o triste espetáculo da sua estreia no Parlamento, onde fizeram de tudo, gritos, trajos de mendigos, até deputada houve a amamentar o bébé em pleno hemiciclo. Uma macacada, uma vergonha!
Esta resposta, como se percebe, não é ao texto, mas sim ao comentário abaixo, do participante Fernando.
Dr. Bagão Felix, já reparou que ao afirmar que esta mudança (com a qual concordo, mas considero extemporânea) estragou o planeamento de professores, alunos e pais, reconhece, implicitamente, que os anos de exames são passados na preparação de exames?
É que exames e aprendizagem não são sinónimos. Inadvertidamente, reforçam o argumento da Esquerda, de que é preciso que a Escola ensine o que interessa, em vez de ensinar a passar nos exames.
sem duvida meu caro, este país está de novo a caminho da falência e não é só financeira, hoje os sindicatos,perdão (as extenções armadas do PC ) já mandam mais que o governo. o ministro das finanças não aguenta mais que 6 meses, aliás basta ver a história das 35 h na função pública ainda não sabem quanto custa e já as querem aprovar!!! pobre povo!!!
E há mais sinais para esperar o pior. Em vez dos 10 milhões previstos para pagar ao FMI este ano, só serão pagos 3,3 milhões. Os restantes 6,7 milhões serão gastos para financiar mais défice. Ou seja, o Estado irá aumentar a fatura dos juros para obter uma maior flexibilidade orçamental a curto prazo. A Unidade Técnica de Apoio Orçamental orça em 11 mil milhões de euros até 2019 o preço da correção mais lenta do défice. A tudo isto chama-se empurrar o problema com a barriga, mais ou menos como fez Sócrates. Mas parece que todos já se esqueceram como acabou o banquete socialista em 2011 e ninguém parece ter aprendido a lição.
OH ! senhor FELIX, com que entao sao os cumunistas que governam agora.
Pois é. O senhor evidentemente que preferia ver os seus ( actuais e passados) facistas a dirigir o barco.
Dei-a o beneficio da duvida a quem esta ao leme actualmente. fale depois.
O senhor est muito preocupado pelo facto de os Pais, os encargados de educaçao e mesmo os alunos nao terem sido escutados. Olhe, o senhor lembra-se se os seus ( Coelhos e Portas), escutaram alguem quando decidiram roubar uma parte dos salarios desses mesmos Pais ou as reformas dos avôs ou mesmo o corte pura e simples da bolsas e ajudas familiares desses alunos? Olhe, va dar banho ao cao e tome juizo. meta-se la com a sua cangalha de reacionarios e deixe os eleitos pelo povo trabalhar.
No meio da diferença respeitável de opiniões, ficava-lhe bem ser educado e elegante.
Bagão Félix é um cavalheiro! Valeu a pena passar os olhos pela javardeira para me deslumbrar depois com o asseio!
Sr. Fernando, pelo seu português “dei-a” se vê como vai o português tão maltratado neste paīs !!! Dentro de dois, três anos, sem exames, vamos ver como estará o português !!! Aguardemos, serenamente !!!