Vi com grande satisfação a nomeação de Edgar Silva como candidato presidencial do PCP.
Dei pouca importância aos argumentos de quem sugeria que se trataria de uma estratégia regional para recuperar votos na Madeira, onde o PCP foi superado pelo Bloco, que elegeu o primeiro deputado de esquerda da história do arquipélago, surpreendendo as sondagens e ganhando o lugar ao CDS. Menos relevância dei aos argumentos que relacionam esta escolha com a preparação do congresso do seu partido e à possibilidade de uma renovação de liderança.
Para mim, Edgar Silva é simplesmente um homem com um trajecto notável, que por isso representa por si mesmo um potencial alargamento da disputa do seu partido. É conhecido que sou suspeito nas avaliações que faço sobre ele, porque sou seu amigo, aliás conheci-o muito antes de ser membro do PCP, quando uma vez me convidou para ir à Madeira fazer uma conferencia no âmbito de uma associação que dirigia, dedicada à protecção das crianças. Foi aí que soube, quando lhe perguntei a profissão, que era padre católico. Voltei a encontrá-lo depois como responsável da Igreja para os jovens, sempre com um trabalho notável. Depois saiu da Igreja Católica e tem sido um bom deputado regional. Tinha portanto tudo para se destacar nesta campanha eleitoral.
Para minha surpresa, no entanto, a sua campanha começou mal, quando afirmou no seu primeiro debate que aceitaria o Orçamento Rectificativo com os 3 mil milhões para o Banif, por “benefício da dúvida”. Sendo da Madeira, onde o Banif tem uma presença importante, Edgar Silva só podia estar bem informado sobre o tema. Sendo do Comité Central do PCP, partido que votou contra o Orçamento, dificilmente se esperaria que se opusesse à posição do seu partido. E, no entanto, contrastou com o seu “benefício da dúvida”, a frase mais ambígua que se poderia imginar, com o “benefício” e com a “dúvida” levando à aceitação de uma medida que recusa.
A partir daí, Edgar esforçou-se por corrigir a afirmação e, para tanto, tornou-se muito agressivo em cada debate. A agressividade é uma prova de fragilidade, não é uma prova de convicção. Ele não se dará conta disso? Que cada interrupção é arrogância, que cada frase disparada em catadupa é confusão? Tornou-se o candidato mais violento, o que dificilmente prende o eleitorado do PCP – lembro que a anunciada fidelidade irredutível dos eleitores do PCP tem fraquejado nas presidenciais, como com António Abreu e com Francisco Lopes – e certamente afasta os outros eleitores.
Finalmente, no debate de ontem correu tudo como se poderia esperar e não poderia ser pior. A Coreia do Norte tinha deflagrado há umas horas uma bomba nuclear. O tema, como não podia deixar de ser, abriu os telejornais. Chegou ao debate entre as candidaturas, como não podia deixar de ser. Edgar tinha que ter uma resposta preparada, como não podia deixar de ser. E enredou-se em afirmações institucionais que só exibiam o seu incómodo e a tentativa de fugir ao assunto, para terminar, à terceira pergunta, com um estranho reconhecimento de que “a democracia não é um privilégio” na Coreia do Norte.
Edgar Silva escolheu ser o candidato que não consegue reconhecer o que qualquer pessoa entende, a começar pelos membros do seu partido, que uma ditadura é uma ditadura. Isso vai persegui-lo na campanha e tenho pena.
Ora, o que é que isto do “privilégio da democracia” quer mesmo dizer? A democracia é um privilégio onde quer que seja? O que falta na Coreia do Norte é um privilégio? Na Coreia do Norte temos uma monarquia hereditária com um culto religioso (o avô nasceu numa montanha mágica, o filho e o neto prosseguem a sua missão na Terra), com uma farsa de discurso comunista que só pode envergonhar os comunistas. Na Coreia do Norte não há o “privilégio” de direito à greve, de liberdade sindical, de direito de opinião, de imprensa livre, de direito a formar partidos. Na Coreia do Norte, Edgar Silva estaria preso toda a sua vida – e ele sabe isso. O PCP não merecia ter-se colocado nesta situação, depois de uma história de luta contra uma ditadura.
Por isso, a resposta não é só errada. Não é só a confissão de uma conveniência política sem justificação de princípios e abdicando da regra da defesa dos povos contra os tiranos. É pior do que isso. É a exibição de que o candidato não conseguiu ser sincero com a sua verdade, que não diz o que pensa neste assunto que afinal é tão decisivo, porque é a escolha entre uma ditadura e o respeito pelo povo.
Que pena, Edgar.
Como parece esquecido do evento desagradável a que me referi, relativo à intervenção da NATO na Líbia, relembro que apenas 11 dos 34 eurodeputados então presentes no grupo da Esquerda Unitária europeia votaram A FAVOR da resolução de 2011 em análise, mesmo depois de a maioria do PE ter imposto a manutenção do famigerado “ponto 10” na
dita cuja. Foram eles Bisky, Kohlicek, Liotard, MATIAS, Mastalka, Mélenchon, PORTAS, Remek, Sondergaard, TAVARES e Vergiat. Marisa engoliu à segunda, cozinhado e acompanhado a preceito – com muito molho, um excelente molho francês, e vinho idem -, o sapo que, com poucas excepções, aquele grupo europeu tinha rejeitado à primeira.
Como pode constatar, Marisa foi acompanhada nesta deglutição pelo Miguel e pelo Rui (Tavares), bem como por apenas mais oito eurodeputados, nenhum deles português, do grupo. Os dois eurodeputados do PCP estiveram à altura da situação, recusando engolir o sapo, tal como a esmagadora maioria (23 em 34) dos eurodeputados da Esquerda Unitária.
Antes de passar à Coreia do Norte, recordo que a caça aos gambozinos é considerada uma prática ancestral e, conforme conta Ferraz (1895) no fim do século XIX, quando alguém concordava em ir à caça dos gambozinos “[…] levavam-na uma noite sombria a um sítio escuro e medonho, e collocavão-na com um sacco aberto ao pé de um buraco, como para agarrar nella os gambozinos, que costumavam sair por ali; e assim deixavam ficar o incauto, às vezes, até pela manhã indo-se embora, sob qualquer pretexto, a pessoa que o lá levou” . Em algumas regiões do País a tradição conta também que se deve levar uma lanterna, a qual, quando se chega ao lugar desejado, é apagada deixado o ingénuo às escuras e saindo logo de seguida quem para lá o levou. Para atestar a antiguidade da tradição, Ferraz comenta ainda que “[…] d’este costume se não contão casos modernos, mas antigos, não se apontando mesmo ninguém que se tenha sujeitado a semelhante caçada”.
Pois é. Não conheço nenhum comunista que apoie o regime instalado na Coreia do Norte e os respectivos dirigentes (não estou a falar do martirizado povo coreano, vítima da ditadura e de sanções que não afectam a casta dirigente). Admito que existam, tal como os gambozinos de que fala Ferraz. Se quiser, pode ir à Soeiro Pereira Gomes uma noite destas, com um bruto saco e uma lanterna. Pode ser que tenha sorte.
Grande notícia, afinal a Coreia do Norte é um gambozino. Bem desconfiava disso, até por um momento pensei que fosse propaganda imperialista, mas afinal o animal existe mesmo.
Caro ex-líder do BE,
Os seus dois comentários às minhas observações não fazem sentido. Sugiro-lhe que respire fundo e que as leia com atenção (o que lá está mesmo escrito, não o que só existe na sua imaginação). Repare que faço duas críticas sérias à candidata do partido de que foi líder, e é a essas críticas que terá de responder, sem tentar fugir às questões e/ou esconder-se atrás do biombo norte-coreano:
1. O facto de Marisa ter votado a favor A FAVOR DA RESOLUÇÃO do PE que “legitimou” a intervenção militar da NATO na Líbia, apesar de o famoso “ponto 10” – justamente contestado pela Esquerda Unitária europeia – não ter sido removido;
2. O facto de, no debate com Edgar, Marisa ter mentido aos portugueses sobre a questão, alegando ter votado CONTRA o que, no fim de toda a discussão, foi votado no PE (que incluiu o dito ponto, por mim transcrito em intervenção anterior).
Conheci pessoalmente o saudoso Miguel Portas e estou convencido que – se fosse vivo e estivesse hoje no lugar de Marisa – ele não cometeria o segundo erro, apesar de ter cometido o primeiro.
Quanto à Coreia do Norte, o regime político lá instalado há longos anos é uma DITADURA e, apesar da retórica oficial, de COMUNISTA nada tem (a única dúvida é se foi assim desde o início, ou se degenerou); o mesmo podemos dizer da Líbia de Khadafi. Contudo, dizer-se que um dado país é uma ditadura é, em bom rigor, um disparate: não é o país que é uma ditadura, é o regime lá instalado, regime de que o povo do país é vítima. Este disparate é indissociável de decisões, com consequências trágicas, como a decisão do PE a que me refiro e que Marisa aprovou mesmo (apesar de manter o “ponto 10”). É preciso perceber que a NATO não bombardeou a execrável ditadura de Khadafi, bombardeou um país chamado Líbia; e que os muitos milhares de líbios que morreram por causa (directa ou indirecta) disso não eram propriamente clones do ditador abatido. Quanto ao PCP, posso dizer-lhe que Álvaro Cunhal pensava mais ou menos o mesmo que eu aqui escrevo sobre este assunto da Coreia do Norte.
Caro Correia,
O Miguel Portas votou exactamente como a Marisa, que disse exactamente a verdade no debate. O facto de ignorar o voto do Miguel mostra que o seu debate é superficial. Votaram contra o regime de Kadafi e votaram no ponto 10 contra qualquer medida que pudesse permitir uma intervenção militar, mesmo que limitada – não se refere a nenhum bombardeamento, mas a uma zona de exclusão aérea (sabe a diferença?).
Quanto à Coreia do Norte, saúdo a sua posição e agradeço a sua inconfidência sobre a posição de Cunhal. Nesse caso, torna-se ainda mais incompreensível a posição de um candidato e de um partido que apoiam essa ditadura “que de comunista nada tem”.
Aqui vai o famoso “Ponto 10”, contestado pelo Grupo da Esquerda Unitária Europeia – a que BE e PCP pertencem – mas NÃO RETIRADO da resolução que Marisa se orgulhava em 2011 de ter votado favoravelmente, ao lado do saudoso Miguel Portas, mas também ao lado de Nuno Melo, Paulo Rangel e “tutti quanti” (estes, em maioria no PE, impediram a remoção do ponto contestado):
“10. Stresses that the EU and its Member States must honour their Responsibility to Protect, in order to save Libyan civilians from large-scale armed attacks; points out that no option provided for in the UN Charter can therefore be ruled out; calls on the High Representative and the Member States to stand ready for a UNSC decision on further measures, including the possibility of a no-fly zone aimed at preventing the regime from targeting the civilian population; emphasises that any measures enacted by the EU and its Member States should be in compliance with a UN mandate and be based on coordination with the Arab League and the African Union, encouraging both organisations to steer international efforts”.
Ponto em relação ao qual a Marisa votou contra. Acha mesmo, AG Correia, que este debate sobre o Kadafi e a Líbia isenta o PCP de explicar o seu apoio à Coreia do Norte. Vamos lá, o senhor sabe…
Afinal, a candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda, Marisa Matias, votou ou não a favor de uma resolução do Parlamento Europeu que serviu para “legitimar” a intervenção militar na Líbia? A questão foi suscitada, no debate na RTP, por Edgar Silva, que acusou a eurodeputada de ter votado a favor. Marisa Matias negou: “Aconselhava-o a ir ver as actas do Parlamento, votei contra e foi voto nominal”.
O “Público” online acaba de divulgar o que a candidata nos vem dizer agora sobre a votação da dita resolução, em Março de 2011: “De facto, a agora candidata a Belém votou favoravelmente” (!).
É certo que, pouco antes da votação da resolução, tinha votado especificamente contra um dos pontos – o ponto 10 – da
mesma, juntamente com outros deputados, entre eles os do PCP. Contudo, apesar de esse ponto ter permanecido na resolução, Marisa Matias acabou depois por votá-la favoravelmente, ao contrário dos comunistas portugueses.
Alega agora que “o voto final tinha a ver com legitimar ou não o regime do Khadafi”: ou seja, votou a favor da resolução, com o ponto 10 incluído, porque não quis “legitimar” o regime líbio. Infelizmente, a aprovação da resolução serviu para “legitimar” a intervenção militar, promovendo-a objectivamente. Atendendo ao banho de sangue que se seguiu e ao caos em que a Líbia continua mergulhada, percebo que a simpática e sorridente Marisa não tenha querido confessar a verdade perante o ex-padre Edgar (e ex-docente da Universidade Católica).
Felizmente – ao contrário da Coreia do Norte e de muitos outros países deste mundo – Portugal não está formalmente submetido a uma ditadura. No próximo dia 24, perante um conjunto de candidaturas ao cargo de Chefe de Estado, vamos poder votar livremente. Nem estou virado para votar na simpática e sorridente Marisa nem no ex-padre Edgar. O mais provável é votar no candidato Nóvoa, assim contribuindo para uma segunda volta sem o “sapo” Maria de Belém para engolir.
Acho interessante a invocação do apoio a Khadafi como justificação do apoio a Kim-Jong-Un. É mesmo este tipod de esquerda que quer?
Aqui vai o famoso “Ponto 10”, contestado pelo Grupo da Esquerda Unitária Europeia – a que BE e PCP pertencem – mas NÃO RETIRADO da resolução que Marisa se orgulhava em 2011 de ter votado favoravelmente, ao lado do saudoso Miguel Portas, mas também ao lado de Nuno Melo, Paulo Rangel e “tutti quanti” (estes, em maioria no PE, impediram a remoção do ponto contestado):
“10. Stresses that the EU and its Member States must honour their Responsibility to Protect, in order to save Libyan civilians from large-scale armed attacks; points out that no option provided for in the UN Charter can therefore be ruled out; calls on the High Representative and the Member States to stand ready for a UNSC decision on further measures, including the possibility of a no-fly zone aimed at preventing the regime from targeting the civilian population; emphasises that any measures enacted by the EU and its Member States should be in compliance with a UN mandate and be based on coordination with the Arab League and the African Union, encouraging both organisations to steer international efforts”.
O que encanita na posição do PCP não é a discussão doutrinária sobre as virtudes do regime da Coreia do Norte. É o PCP não perceber que essa defesa já não interessa para nada: nem para militantes nem para críticos. A isto chama-se obtusidade partidária.
P.S. É óbvio que o Regime da Coreia Do Norte e qualquer outro que prive os seus cidadãos da liberdade é horrendo.
Francisco Louçã: sou comunista, membro do PCP, e não tenho dúvidas em dizer que a Coreia do Norte não é uma democracia de tipo ocidental, não tem eleições livres e, a coberto de uma herança heróica e vitoriosa de luta pela independência, contra o imperialismo, onde assumiu um papel relevante Kim il Sung, mantém um poder dinástico com o qual não concordo e que contraria princípios de democracia participativa inseparáveis do próprio conceito de socialismo. Agora, isso não me impede de perceber que o que está por detrás da crítica feita à Coreia do Norte é, a maior parte das vezes, uma caricatura que pretende pôr em causa, não aquele regime, mas os comunistas e a opção dos povos de derrubarem o capitalismo e construírem sobre os seus escombros uma sociedade diferente.
Tendo a reserva crítica que afirmei, também não tenho dúvidas em reconhecer que a Coreia do Norte defende princípios, com os quais concordo (se os aplica é outra discussão), de resposta universal às necessidades básicas da população -saúde, educação, cultura, entre tantos outros. Que naquele país o estado controla os meios de produção e a economia. Que eles defendem até às últimas consequências o direito de seguir o caminho que entenderem. E também não tenho dúvidas de que é por essas razões -por essa afirmação de independência e emancipação- que são tão atacados. Não por serem uma ditadura. Recordemos que os mesmos que lhes apontam o dedo por falta de democracia e monarquias comunista abençoam a Arábia Saudita ou Israel, absolvendo os seus crimes e tentam trazer para a UE a Ucrânia ou a Turquia onde se ilegalizam comunistas e se perseguem povos inteiros.
Só por inocência, má fé ou desconhecimento se pode achar que a luta contra a Coreia do Norte é sinceramente pela democracia. Ela é contra a construção do socialismo e, com isso nenhum comunista pode pactuar, pelo menos sem denunciar o cinismo e hipocrisia de tal processo.
O PCP sempre defendeu que, da mesma forma que não admitiu ingerências no caminho que decidiu para si em Portugal, também não avaliaria publicamente as opções de outros partidos comunistas e operários. Levou essa posição às últimas consequências, desde, no seu início, deixando de ser secção portuguesa da internacional comunista, até, no pós 25 de Abril, fazendo comícios de amizade com o PCI ou o PCE, partidos que afirmavam uma linha eurocomunista com a qual o partido estava completamente em desacordo. Mesmo conhecendo, e bem, processos com os quais não concordava nos países socialistas, o PCP sempre afirmou coerentemente que cabia aos comunistas e aos povos desses países alterar o que entendessem e construir o seu caminho.
Sendo esta a posição do PCP, conhecida, com que objectivo se coloca uma questão daquela natureza a Edgar Silva, sendo este membro do Comité Central, senão com a pretensão de criar um caso completamente lateral às presidenciais e ao debate político português?
Tanta conversa para dizer coisa nenhuma e seguir a habitual linha das pessoas conotadas com o PCP: rodriguinhos, enrolar enrolar para fugir à questão (será genético entre os membros e simpatizantes do PCP?). A pergunta não era se a Coreia do Norte era uma democracia do tipo ocidental, mas sim se era uma ditadura, até porque, por definição, só há um tipo de democracia, que é aquilo a que chama do “tipo ocidental”. E então, Rui Martins, a Coreia do Norte é ou não uma ditadura? Para o caso de responder, não é preciso ocupar muita largura de banda pois não estamos a discutir a teoria da relatividade… a resposta é do tipo sim ou não.
Pois, caro tripeiro, não partilho a sua visão maniqueista do mundo.
Já era tempo de vocês “camaradas do proletariado” reconhecerem, dizerem às pessoas que não têm nada a ver com os “chenêses”nem com os norte-coreanos .Para bem de nós todos. Ao fim de quarenta anos, já era tempo. Essa lenga, lenga leva quê ? Que os mesmos burros de sempre ,afirmem que os comunistas quereriam Portugal igual à Coreia do Norte.Você queria ?É verdade que os fdp dos sauditas têm uma aliança tácita com os israelitas, e os USA . Verdade . E daí ? O que é que isso tem a ver com a Coreia do Norte ? A Coreia do Norte é um enorme Campo de Concentração ! Você sabe-o tão bem como eu. Nós que temos a mania das comparações parvas , e se você for da minha idade ,lanço-lhe o desafio: Que é que acha ? A vida no tempo do ditadorzeco Salazar ? Ou a ditadura dos “queridos líderes ?
A Coreia do Norte bem pode defender principios como a “resposta universal às necessidades basicas da populaçao” mas quem os poe em pratica com exito é a Coreia do Sul como mostra o lugar cimeiro que ocupa no Indice de desenvolvimento humano das Naçoes Unidas, em contraste com a CN onde, por exemplo, a esperança de vida se fica pelos 70,3 anos contra 81,9 na Coreia do Sul. Face a tamanho descalabro, e à implosao do comunismo em todo o mundo, mandaria a razao e o bom senso (e uma analise marxista suponho) que se pusesse em causa o modelo em que o estado “controla os meios de produçao e a economia” como sendo a raíz do problema, em vez de insistir no argumento de que “o modelo é bom, os politicos é que nao o sabem aplicar”; se assim fosse, e como errar é humano, que garantias nos pode dar o PCP que o mesmo modelo aplicado em Portugal nao seria o mesmo fracasso que foi em todos os paises que provaram o comunismo ? Nenhumas evidentemente. E o PCP intui este problema e é por isso que tem tanta dificuldade em lidar com o caso Coreia do Norte.
Ah… esqueci-me. E não vale a pena ir nessas histórias das URSS, Cubas, Coreias, e outros anti-comunismos primários, só para desviar meia dúzia de votos para a Mariza…
Essas tácticas já são velhas…
Esta crítica generalizada da comunicação social contra Edgar Silva, não é justa. É um homem de resistência que conseguiu ser eleito num ambiente extremamente difícil, num clima de total domínio do PSD na Madeira, e a sua elite dos negócios com o orçamento.
É um homem simples. Um resistente e um lutador, e por isso a sua presença intimida.
Nem todos são talhados para a ribalta e para as televisões. Mas Edgar Silva foi talhado para líder, disso não tenhamos dúvidas.
O sr. Nogueira dá saltos de macaco na esperança de conseguir ter alguma razão que desculpe e esconda que a Coreia de Norte é uma anacrónica ditadura, truculenta e feudal que envergonha qualquer seguidor de um comunismo Marxista. Se, de facto, cada estado ocidental democrático tem faltas e desvios sociais a condenar e a corrigir, querer tapar os olhos às pessoas sobre a realidade norte-coreana evocando essas insuficiências e debilidades, é uma tentativa não só infantil como chega a ser hilariante.
Exemplar a argumentação do Senhor Calvet, que treslê em conformidade com os seus preconceitos e duma concepção maniqueísta da realidade. Nos meus comentários não me pronuncio sobre a Coreia do Norte (nem do Sul). Limito-me a pôr uma série de interrogações. Mas a elas Calvet nada mais tem a opor senão o que diz serem eventuais “saltos de macaco” que me caracterizariam, talvez pretendendo achincalhar-me. Esteja calmo, Calvet, pois fazendo parte da mesma “humanidade”, também tem como antepassados os símios. Nada que deslustre qualquer de nós. E já agora, na sequência de perguntas “cirúrgicas” de certos entrevistadores, serão “democráticos” os processos de escolha do Presidente dos EUA ou do Rei/Rainha nas Monarquias “parlamentares”, designadamente no Norte da Europa ?
A propósito de uma sua resposta a um comentário em baixo. Lamento, Francisco Louçã, que também se revele, atingido por alguma perda de memória coletiva. Alguma vez em 1975, ou antes disso, o PCP lutou por eleições democráticas? Não lutou, conformou-se com isso porque não teve outro remédio. Se o 25 de Abril derrubou um regime ditatorial e abriu todas as possibilidades ao povo português de se organizar de uma forma diferente, temos também que reconhecer que o 25 de Novembro é uma data fundadora da democracia, tal como a temos hoje em Portugal. Essa data determinou que o modelo político de Portugal seria uma democracia com as liberdades cívicas garantidas. A inflexão efetuada nesse sentido confrontou-se com forças políticas como o PCP – é bem que se diga – que, de todo, não desejavam adoptar esse modelo. Pergunto-lhe, Francisco Louçã, que modelo queria essa gente para Portugal? A resposta é muito simples: um modelo baseado na Rússia soviética, no caso do PCP. Vai-me dizer que a Rússia Soviética era uma democracia onde estava garantido o pluralismo político, a democracia ou as liberdades cívicas? Espero bem que não porque só lhe ficava mal. Edgar Silva e todos os comunistas, como provam a maioria dos comentários a este seu texto, são a prova que o PCP não mudou nada desde então. Aceitam a democracia «burguesa» porque não têm outro remédio mas não por qualquer tipo de convicção.
Com todo o respeito, lendo a maioria dos comentários que, presumo, são de eleitores da CDU, chego à conclusão que o PCP está bem pior do que eu imaginava.
Parabéns Francisco Louça, este assunto é absolutamente indiscutivel a pessoas de boa fé e com o minimo de cultura.
As pessoas que não reconhecem o que se passa na Coreia do Norte, estão por um lado a enterrar o PCP que merecia outras pessoas a defendê-lo, mais inteligentes, modernas e cultas.
O que se passa na Coreia do Norte é um caso de estudo futuro, sobre o extremo de miseria surrealista material e moral ao que pode chegar a natureza humana, onde as pessoas se tornam marionetas acéfalas e encurraladas numa escuridão de terror, abandonadas pelo mundo civilizado que na verdade ainda não se dispôs a acabar com um pesadelo inimaginável, nomeadamente para as pessoas que emitem este tipo de comentarios.
Além de preocuparem se com a (falta) de democracia noutros Países era bom que o fizessem também em Portugal… Estão todos calados em vez de aproveitar esta oportunidade para exigir um referendo à UE tal como acontecerá no Reino Unido. Impingiram nos a alienação da nossa soberania 1o com a adesão à UE, 2o com a entrada no EUR e consequente dependência do BCE comandado pelo BundesBank e Governo Alemão. São uns capachos dstes interesses da UE e não defendem os interesses dos seus eleitores. Uma tal alienação de soberania nem deveria ser permitida face à nossa Constituição. No mínimo 2/3 teriam de votar Sim para termos entrado na UE e no EUR.
Sim, devia ter havido um referendo. Mas não acho que a falta de referendo em Portugal explique a Coreia do Norte, em que o Pedro Miguel estaria preso por delito de opinião.
estou velho e baralhado.

qual era mesmo o tema?
E liberdade económica Francisco Louçã, falta lá liberdade económica …
É a Coreia do Norte uma ditadura ? É o monárquico Reino Unido uma democracia? E os republicanos EUA o que serão ? São defensáveis em democracia “instituições” como o Senado ou a Câmara dos Lordes ? A democracia “afirma-se” apenas em processos eleitorais de tantos em tantos anos baseados em condicionamentos à consciência dos eleitores e no show-business? A democracia existe quando toda a política tem como finalidade a protecção mais ou menos encoberta dos grandes senhores do dinheiro e donos disto tudo ? Há democracia sem pão, sem paz, sem habitação, sem educação, sem trabalho, sem direito à vida que não seja apenas respirar ? Na mesma altura na Arábia Saudita foram executados dezenas de opositores ao Regime e as mulheres não têm direitos enquanto Israel nuclear chacina impunemente os palestinianos. Que é na verdade uma democracia ? A dos “coronéis” não é seguramente a dos “sem-terra” e a democracia da minoria e ditadura para a maioria, mesmo que disso não tenham consciência.Há democracia em Portugal e na União Europeia? Se não há, porquê ? Como escreve Brecht nas Perguntas de um Operário Letrado “Tantas histórias / Quantas perguntas”
Suponho portanto que não interessa se na Coreia do Norte não há direito de greve nem direito de formar um partido.
Nada do que escrevi permite o concluir o que me “supõe”. E creio que o Louçã não reduz a aferição da “democraticidade” à mera existência de direitos à greve e a partidos políticos. Os Direitos Humanos são muito mais vastos. A existência/protecção da greve e dos partidos políticos na generalidade dos países da União Europeia é suficiente para considera-los democráticos ? Quais são os Direitos Humanos fundamentais ? pode ser uma questão. Resolvida esta, em que países esses direitos são protegidos e valorizados ? É relevante numa eleição presidencial o candidato – porquê este e não aquele ? – pronunciar-se se este ou aquele país é uma democracia ou uma ditadura? Sem esquecer que há candidatos mais ou menos ”rodados” /treinados no show-off e nos jogos de cintura. Para a “esquerda”, com vários candidatos, quem é o adversário ? A Marzia ? O Edgar ? O Marcelo ? Entre estes três, quais têm possibilidades de passarem a uma eventual 2ª volta, não vencendo logo à 1ª ? Nada se reflectiu sobre os processos que permitiram as eleições de Cavaco Silva ?
(Reenvio o comentário, que, aparentemente, se perdeu)
Mentira. Mentira grosseira. Edgar Silva foi o primeiro e o mais veemente dos candidatos presidenciais a denunciar a solução – expressão que, em debate televisivo, até se recusou a empregar – do Banif com o orçamento retificativo e o despejo de dinheiros públicos para que o Santander ficasse com ele.
Isto numa altura em que, como disse bem, o PCP já tinha manifestado a sua oposição ao orçamento retificativo, que fez aliás os destaques da comunicação social, mas em que o Bloco de Esquerda ainda ia ver, ainda ia por condições, ainda não revelava o seu sentido de voto e só depois, no dia da própria votação, se juntou aos comunistas.
Nunca houve a mais pequena dúvida sobre a oposição de Edgar Silva à alienação do Banif ao grupo financeiro estrangeiro e muito menos à subsidiação com vultuosos fundos públicos dessa operação. Disse-o em todos os debates, em todas as entrevistas, em todo o lado. Só a mais completa desonestidade intelectual pode afirmar, ou insinuar, que estava mal informado da situação e que, por benefício da dúvida, aceitava a solução.
Edgar Silva, ao contrário do autor deste texto miserável, nunca andou a vender a ideia de que a entrega do Banif ao Santander fosse simplesmente uma imposição da Comissão Europeia, como se pode ver na pergunta final do seu post de 30 de dezembro, contribuindo para a falácia de que não havia alternativa e branqueando as responsabilidades do PS.
Francisco Louçã, basicamente na linha do bloco de esquerda, esteve calado até à votação do retificativo, sem a mais leve crítica ao governo PS pelo desfecho que se propunha dar (acusando somente o governo anterior e o banco de Portugal), como se pode comprovar nos seus posts que antecederam aquela votação, mas aparece agora a fazer o pino como se tivesse sido, desde o início, o grande revoltoso (da solução socialista).
O Edgar Silva, o que disse, desde o início, sempre reiterando a sua completa oposição, é que “naquelas que são as atuais circunstâncias, com o benefício da dúvida” “enquanto presidente da república, considerava que, neste momento, se poderia impor como necessário a viabilização deste documento” (no debate com Henrique Neto) ou que “numa situação de benefício da dúvida, numa situação ÚLTIMA” “não poderia descurar a possibilidade de uma viabilização de um documento desta importância, no atual quadro político”, que “NUMA SITUAÇÃO LIMITE, não ponho de parte, esta perspetiva de viabilização” (no debate com Maria de Belém, as maiúsculas são minhas).
Francisco Louçã não entendeu, tal como boa parte da imprensa, para o que admito que tivesse contribuído alguma falta de clareza do candidato, que o Edgar se referia à viabilização da proposta orçamental em última instância (o que expressou de várias maneiras) e que, por benefício da dúvida, no novo quadro político, não abriria uma crise política com recusa de viabilização de um orçamento destes. Recorde-se que, como explicou muito bem no debate com a Marisa, só lhe restaria, se a proposta se mantivesse – e era esse o pressuposto da pergunta, era essa a questão interessante, como proceder face a um orçamento destes –, demitir-se ou dissolver a assembleia da república, quebrando o tal “ciclo novo” a que se refere a candidata de Louçã.
A Marisa, por sua vez, é que afirmou taxativamente, em mais do que numa ocasião, desde logo no debate com o Nóvoa, que nunca promulgaria um orçamento destes, para afinal reconhecer ontem, com o Edgar, que afinal, em caso de reconfirmação da assembleia da república (mais do que provável, pois o PS insiste que não tinha alternativa e o PSD não deixaria de ajudar), o promulgaria.
O “autor deste texto miserável” e quer discutir com ele. Sublinho a sua magnanimidade e abertura.
Quanto ao conteúdo, cito-a: “Numa situação de benefício da dúvida”, “para o que admito que tivesse contribuído alguma falta de clareza do candidato” – para defender assim uma frase indefensável nem valia a pena o insulto anterior. Desejo-lhe bom ano.
É isso, sou uma mulher magnânima e aberta, mas não ao ponto de ignorar as suas mentiras e as suas rasteiras miseráveis.
Quanto à frase, a meu ver é bem menos indefensável do que as declarações da Marisa de que nunca promulgaria um orçamento que contemplasse uma solução como a do Banif, para depois reconhecer que, em caso limite (como diria o Edgar), se a assembleia da república voltasse a aprovar um orçamento desses, o promulgaria.
Com toda a magnanimidade e abertura, desejo-lhe também um bom ano, com os desejos sinceros de maior honestidade.
Não se dá conta de que envergonha o seu partido? Todos estes insultos por causa da dificuldade de afirmar o que é para todos evidente, a começar por si, que a Coreia do Norte é uma ditadura que nada tem que ver com os que lutam pela democracia, a começar pelos comunistas?
Acrescento ainda, a propósito, o seguinte.
Foi muito esclarecedor ouvir a Marisa afirmar que o problema “não é do euro, é da política associada ao euro”, como se a genética da austeridade, do subdesenvolvimento e do empobrecimento não estivesse já toda contida no euro. Como se fosse possível separar a política monetária, financeira, cambial e orçamental do euro do próprio euro. Como se o pacto de estabilidade e crescimento não tivesse nada a ver com o euro. Como se o Tratado Orçamental e a governação económica, que não são mais do que peças da arquitetura do euro, fossem os maus, mas o euro, coitado, fosse bonzinho.
Como se o euro não fosse a mais poderosa máquina de austeridade na Europa.
A Marisa deixou claro que defende a desastrosa permanência de Portugal no euro, que o condena ao atraso, à estagnação, ao desemprego e à precariedade massivas, que não lhe permite nem vencer definitivamente a austeridade nem pôr em prática uma verdadeira política de esquerda.
A Marisa deixou claro que, num hipotético referendo sobre a saída do euro (saída que obviamente teria sempre que ser bem preparada), votaria NÃO. Mais, na verdade, até se recusou a responder se apoiaria um tal referendo, com a desculpa esfarrapada de que o presidente não pode convocá-lo (e se a assembleia da república o decidisse?).
Ficámos conversadas quanto a políticas de esquerda.
Não é preciso perder a cabeça. Ainda bem que sabe como votaria a Marisa num referendo que não existe e que aliás ninguém propôs, nem o seu partido, Leonor Fernandes. Mas é um pouco arrogante tirar conclusões desse tipo, não lhe parece? Lembre-se de que o seu partido não propõe a saída do euro, mas simplesmente “estudar” a saída do euro.
Mas é preciso tudo isto a propósito do seu incómodo com a Coreia do Norte? Não lhe basta dizer que não concorda com aquela farsa abominável que não devia ser apoiada por nenhum comunista?
Percebo que as campanhas suscitem arroubos militantes. Mas o Edgar Silva não merecia isto.
Ó Francisco Louçã, deixe-se de hipocrisias… Só os EUA e sus muchachos é que podem ter (e lançar contra pessoas) a bomba atómica? A Coreia do Norte não é uma democracia, mas daquilo que vejo nas democracias do mundo (cinzentismo, engodo e manipulação que permite sempre ás mesmas famílias políticas a sua renovação), pelo menos não enganam ninguém. As democracias fazem lembrar os Live Aid’s, grandes promessas e espectativas, mas a pobreza continua a crescer, os músicos a promoverem-se e a lucrar com isso e os “democratas governantes” a ficarem com o dinheiro das ajudas. Mas não me admira, pois a hipocrisia é que dá votos e acesso ao poder, nem que para isso se venda a alma ao PS.
O argumento é brilhante.
Quem não foi sincera na sua verdade foi a Marisa Matias, como é bem explicado neste esclarecimento, que me apresto a divulgar.
Marisa afinal votou a favor!
Reponha-se a verdade.
No Parlamento Europeu, em março de 2011, foi votada uma resolução imediatamente entendida como o abrir caminho para uma intervenção militar na Líbia (Resolução RC-B7-0169/2011, de 10/03/2011).
Essa resolução, além do seu evidente caráter geral de ingerência, continha um parágrafo decisivo (§ 10), aí incluido para justificar, legitimar e promover a intervenção militar, inseparável, como no Iraque, do objetivo do controlo do petróleo líbio.
O respetivo parágrafo, ao solicitar aos Estados-membros e à Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança a disponibilidade para a consideração da imposição de uma zona de exclusão aérea (com a justificação demagógica de impedir o regime de atacar a população civil), incentivou e desencadeou a posterior intervenção militar, e a sua cobertura pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, visto que, como todos perceberam, não se poderia impor uma zona de exclusão aérea sem o intermédio de meios militares.
Na verdade, a “zona de exclusão aérea” foi o pretexto para a agressão militar, para os mísseis, a aviação e o bloqueio naval dos EUA, França, Reino Unido, Canadá e da NATO, para o bombardeamento de populações inocentes, o apoio às forças revoltosas, a deposição do regime e a precipitação do país num caos infernal de que nunca mais saíu, de guerra de facções armadas, fundamentalismos religiosos e conflitos tribais, terrorismo e tráficos ilegais, perseguições e generalizada violação dos direitos humanos, repressão dos direitos cívicos e sociais, destruição da economia nacional e vagas massivas de refugiados que, para sobreviver, fogem do país e da guerra, aportando nomeadamente à Europa.
O fatídico parágrafo foi tão polémico que foi previamente votado à parte. A Marisa Matias, tal como os eurodeputados do PCP, votou contra. Mas a posição foi muito minoritária e o parágrafo não foi retirado da resolução.
A resolução, com a inclusão do parágrafo crucial, foi então submetida a votação final e aprovada com o voto favorável da Marisa Matias, que nem sequer se absteve, e o coerente voto contra dos eurodeputados do PCP.
A resolução final aprovada, com o parágrafo aí disposto para abrir caminho à intervenção militar, contou inequivocamente com o voto favorável (nem sequer a abstenção) da Marisa Matias. Ao contrário do que esta afirmou e reiterou no debate televisivo com Edgar Silva, que tinha razão.
(cf. Resolução RC-B7-0169/2011, de 10/03/2011, § 10:
http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?type=TA&reference=P7-TA-2011-0095&language=PT
resultado da votação na p. 6:
http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//NONSGML+PV+20110310+RES-RCV+DOC+PDF+V0//PT&language=PT )
Respeito os militantes que acham que devem repetir a doutrina do partido. Mas, como lembra e bem, a Marisa votou contra esse texto que garante era um “pretexto”. Pode continuar eternamente a fazer o jogo que quiser sobre o assunto, desejo-lhe a maior felicidade.
Como isto vinha a propósito da Coreia do Norte, registo que o silêncio é vergonha. Uma monarquia de fanáticos e tiranos? É isto um aliado para um partido de esquerda? E acha mesmo que se poupa a comentar a bomba nuclear do camarada Jon-Un com um debate sobre a votação na especialidade … sobre a Líbia?
Os comunistas alguma vez lutaram pela Democracia? Não, caro Francisco Louçã. Os comunistas lutaram e lutarão sempre por um sistema de partido único, o do partido deles, claro. Desconfio até que isso para eles é mais importante do que o combate ao capitalismo. Se assim não fosse não teríamos o PCP a defender sempre que pode o regime de Pequim. Regime que além de ser ditatorial, em nome da revolução comunista, coexiste com uma sistema capitalista do mais desenfreado e selvagem ao lado do qual o capitalismo na União Europeia ou nos Estados Unidos é de uma profunda humanidade. O PCP defenderá sempre regimes como o da Coreia do Norte, o da China, o da Venezuela ou o de Cuba ou outros que venham a surgir de ideias marxistas. É por isso que comunismo para mim, nem vê-lo!
Lutou pela democracia quem lutou contra o fascismo e por eleições democráticas. Não sobreponha o seu sectarismo aos factos.
Ó Louçã, e os EUA o que são? A terra da liberdade e igualdade? A justiça do mundo? Deixe-se de hipocrisias… a mim parece-me a terra da manipulação e da mentira que serve para desestabilizar o planeta com a conivência dos “democratas do velho mundo” (incluíndo, cá em Portugal, com o PS do Mário Soares no pós 25 de Abril) para levar a sua avante.
O que é que uma coisa tem que ver com outra? A oligarquia e o imperio nos EUA justificam um país em que os trabalhadores não têm direito à greve nem há liberdade para formar sindicatos? Argumento triste.
Confrangedora a atuação de uma pessoa que deu a sua vida pela proteção dos mais fracos. Aonde quer chegar o PCP com este embaraço quando se fala na Coreia do Norte? E já agora, quando se fala em Angola, China, Cuba, etc…? Hoje em dia, já não há desculpa para fazer de conta que o paraíso existe algures na Terra, a informação rasga todas as barreiras e fronteiras. O comunismo, para mim, continua a ser um ideal maravilhoso, e por isso tem que ser os comunistas os primeiros a denunciar as monstruosidades do tipo da Coreia do Norte. Que pena, Edgar, vou ter que votar na Marisa!
O facto de o PCP ter combatido o regime fascista não o desculpa de sempre ter apoiado as ditaduras chamadas “democracias populares e socialistas”, como a Coreia do Norte, nem de ter tentado amordaçar Portugal com uma em 1975.
Não confunda. Uma luta de um partido no seu país é um esforço de gente concreta que dá provas. A defesa de um regime indefendsável é uma posição de teoria, por razões doutrinárias. Acho-as erradas, mas isso não altera os factos.
A construção da ditadura comunista em 1975, processo em que o PCP teve um papel central, foi um esforço de gente concreta que deu provas de detestar a liberdade.
Não houve nenhuma ditadura comunista em 1975, foram feitas eleições e aprovada uma Constituição democrática. Deve estar a falar de outro país.
É claro que, em Portugal, em 1975, não existiu nada que se parecesse com o terror estalinista. Também não disse isso. Houve um processo de instalação de uma ditadura comunista que, felizmente, foi travado. Até ser travado, existiram muitos traços de uma ditadura que Francisco Louçã não viu ou não quis ver. É fácil encontrar informação relevante procurando no google. Talvez, neste momento, F. Louçã se socorra do argumento de que o google não é confiável. É claro que parte da informação do google não é de qualidade, mas um leitor crítico e com algum tempo para verificar noutras fontes pode ficar bem informado.
Eis alguns exemplos de traços da ditadura comunista: saneamentos na administração pública; controlo, censura e saneamentos na comunicação social (jornais, rádios e tv, o caso República); presos políticos; intimidação da Assembleia Constituinte (o sequestro em novembro de 1975; as ameaças de sobrepôr a “legitimidade revolucionária” à legitimidade democrática); doutrinação nas escolas (eu era estudante de liceu e algumas disciplinas transformaram-se, literalmente, em catequese comunista). Quem foi obrigado a ter catequese comunista, fica a detestar o comunismo para sempre.
O meu aplauso, Ana Silva, porque o neocomunismo do século XXI parecem apostado em nos fazer esquecer ou branquear as nefastas ideias e os horrores políticos do século XX de que são todos eles herdeiros. Podem ludibriar os mais jovens mas não gente da nossa idade que não tem a memória curta.
Acho notável, Francisco Louçã, que se demarque do PCP, no que toca à Coreia do Norte. Gostaria no entanto de salientar que se o PCP «lutou contra a ditadura» em Portugal, como refere, não o fez para instaurar uma democracia pluralista. Lutou sim pela instauração de uma democracia de partido único, comunista claro. As posições de Edgar Silva sobre a Coreia do Norte, contra as quais o Francisco Louçã se insurge, ou sobre a «democracia» de Maduro na Venezuela ou a de Fidel Castro em Cuba, imagino, são perfeitamente coerentes com o que defende e sempre defendeu o PCP, não há nada de estranho nisso.
Há e muito. Quem se opõe à ditadura da Coreia do Norte e não pactua com a da Arábia Saudita ou qualquer violação dos direitos democráticos sabe bem que há uma diferença que é a luta contra o fascismo – essa luta existiu e foi a sério.