Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

António Bagão Félix

21 de Dezembro de 2015, 11:01

Por

A pouca-vergonha que continuamos a pagar

Agora foi o BANIF. Pequenos, médios e grandes bancos não resistem. BPN, BPP, BES e BANIF são o rosto visível do iceberg da debilidade do sistema bancário em Portugal. Por diferentes razões é certo, nuns casos criminosas, noutros de incompetência danosa.

Gigantes com pés de barro, por esse mundo fora e também aqui. Consequência directa ou indirecta do primado financeiro que domina a economia e a sociedade, da falta de escrúpulos e de ética empresarial, da visão excessiva do curto-prazo que beneficia os espertos e arrivistas, da incompetência de funcionários transformados em banqueiros e de banqueiros alcandorados a senhores do poder quase absoluto, perante os quais as autoridades democráticas se curvam em constantes salamaleques.

Não escrevo ainda sobre os detalhes da situação do BANIF, da incapacidade preventiva do Banco de Portugal, BCE, CMVM, auditores, raters e revisores, nem das manobras políticas para esconder a podridão. Vou aguardar por mais detalhes para além do que se sabe pelo comunicado somítico do Banco de Portugal e pela declaração selectiva do Primeiro-ministro. Estranhamente tudo num banco que, há 3 anos, tem tido o Estado como detentor da maioria do capital, até com administradores nomeados pelo governo.

Tudo vai à conta dos portugueses. Sempre se invoca o risco sistémico para nacionalizar erros, danos, prejuízos e desfalques privados, assim se gerando outro risco sistémico: o benefício do infractor. Sempre beneficiando do privilégio bancário da intervenção pública pela circunstância de os bancos terem como credores os depositantes. Mas, claro está, alguém já ganhou ou vai ganhar.

Muitos dos responsáveis desta calamidade passam entre os pingos da chuva. Alguns são reciclados para outras prebendas e pavoneiam-se na praça dos interesses. Continuam a achar-se grandes gestores pagos a preço de ouro. Outros vieram encartados pela política para servirem, promiscuamente, interesses estranhos à actividade. Todos se especializaram em capitalistas de passivos. Triste e degradante miséria, num país em que 20% da população é pobre ou em risco de severa pobreza, e o desemprego atinge transversalmente a esperança de muitas vidas.

Comentários

  1. Publiquem os nomes dos gestores do banif, do BPN, do BES, do Banco Bom e do Banco Mau, tou a esquecer-me de algum? Ahhh dos gestores da Santa Casa, para que possamos comparar e investigar as suas contas bancárias e bens pessoais adquiridos desde que começaram a desempenhar essas funções, talvez descubramos mais do que queremos saber….. Um abraço

  2. Obrigado pelo seu “desabafo” dr.Bagão Fėlix
    O senhor é um dos poucos ex-governantes que ainda tenta remar contra esta maré negra que vai dando cabo das nossas vidas
    Bem haja!

  3. Se a surpresa e respectivo prejuízo para erário público advém de uma decisão do novo governo do Antonio Costa não é a este que compete justificar publicamente todos os contornos da sua decisão e expo-la a análise pública,acusando quem tiver de acusar ou defendendo-se de uma má decisão?

    1. Oh senhor Manuel… parece-me que não leu com a devida atenção o artigo do Dr Bagão Félix… então a culpa é do António Costa? Desculpe lá, não tenho paciência para “loiras”… muito menos para “loiros”! Boas Festas

  4. Nao vivo em Portugal ha quase 50 anos, mas sofro muito, mas muito com o que esta acontecer no meu Pais, que vergonha… como e possivel que estes vigaristas, ladroes, corruptos, mafiosos continuem impunes a roubar o POVO
    que e afinal quem paga a conta das vigarices, e incompetencias cometidas por estes bandidos, eles cometem estes
    crimes, e ainda por cima sao pagos depois do acto com milhoes de euros, mas sera que o POVO esta louco, sofre
    de alguma doenca mental, como e que este absurdo e permitido, que justica e esta ? E muito obvio que o sistema
    foi assim organizado para proteger os bandidos, eu nao acredito em nenhum politico Portugues. Todos esses criminosos
    andam a solta, e ninguem vai preso, Vejam o que aconteceu na Islandia, que gente fabulosa, os Portugueses parecem ser espertos mas e so conversa. O bava da Portugal Telecom, recebeu milhoes, o granadeiro tambem pelo trabalho que
    fizeram, fantastico, o salgado quer uma pensao de milhoes, o jardim goncalves recebe 170 mil por mes, e o Povo pobre
    recebe uma refeicao se tiver essa sorte na sopa dos pobres, sera que e possivel este Pais sobreviver ? Onde esta esta
    gente, ninguem e capaz de organizar uma revolucao ? Meus caros compatriotas nao falta muito tempo que em Portugal
    a maioria dos negocios serao todos propiedade de estrangeiros, incluindo os bancos. Aqui onde eu vivo se tivesse acontecido o mesmo ja estavam todos na cadeia, mesmo aqueles com vista do mar na costa de Cascais, e uma farsa o
    sistema politico, todos falam muito em democracia, ate os comunistas que apoiam o tipo da coreia do norte, e o fidel quando ele mandou assassinar oito dos que discordaram dele, mas democracia ! Ja alguem pensou por exemplo que ha muitos negocios que vao a falencia que nao tem recurso, os pobres trabalhadores perdem o pouco rendimento que tinham, o dono fiaca sem nada, nao ha apoios para ninguem, nos bancos e ao contrario, roubam, depositam dinheiro nas
    cayman islands, e noutros sitios bem guardados, e o Povo e chamado a pagar o prejuizo, e intoleravel esta ladroeira, e uma vergonha, acordem, revoltem-se, e tempo de usar a guilhotina, enquanto nao houver ninguem com coragem para
    para mobilizar o Povo para executar esta escumalha, nao vao a lado nenhum, o sistema esta podre, presentemente tenho
    a certeza que muitos Portugueses tem vergonha de dizer que sao Portugueses infelizmente. Um abraco fraterno para os bons Portugueses deste Portugues da diaspora que adora on seu Pais.
    Joao Laranjeira daEira. California

  5. Mais um crime que ficará em total impunidade e muito caro aos contribuintes portugueses.
    Rios de tinta se vão gastar, milhões de doutas criticas com soluções falhadas.
    Eu sabia, avisei … teria resolvido de outra maneira, mas …não me deixaram e .. zás, aconteceu o que eu previra!
    Os chamados nossos banqueiros, os bancários que se tornaram os donos disto tudo, idolatrados pela “classe” politica, tudo mal fazem e nada lhes acontece a não ser receber chorudos salários e arrepiantes indeminizações e pensões!
    Alguns, de insignificante peso politico poderão ser condenados mas sempre com pena suspensa!
    Nunca chegamos a saber com objetividade e isenção, quem são os verdadeiros responsáveis por este descalabro moral, financeiro, social e politico que não para de nos arruinar e desmotivar.
    Ninguém acredita nesta justiça ao menos saber os nomes e interromper a dança das cadeiras!
    Quem quer investir neste paraíso?

  6. nao sou economista, apenas cidadão. O privado é que é bom, o estado é ruim, e a lenha-a-lenha! Mas Pq pergunta o estupido que sou eu… Se os gestores são os mesmos, passam do privado para o público e deste para o privado. Ou será que a função deles é gerir mal o público para desacreditar pergunta o estupido

  7. Só me irrita que o Sr. continue a utilizar a palavra “semítico” a propósito do comunicado do BP. Serão tiques de cristão velho?

    1. Começo por agradecer o seu comentário porque assim posso corrigir o lapso de quem escreve à pressa: queria dizer somítico (ou seja avarento, escasso, forreta, neste caso de explicações públicas) e não semítico. Em todo o caso, talvez não fosse caso para um julgamento tão sumário da acusação de ser um tique de cristão velho. Cristão sou com muita alegria, mas respeito quem não o é. Velho, também segundo a definição estatística. Agora cristão velho não sou. Apensa um velho cristão.

    2. A mim irrita-me ir consoar a casa da sogra e não ter roupa velha e açorda de bacalhau. Irrita-me ouvir o Rui Vitória discursar tentando ser eloquente. Irrita-me p*ntelhos na bu*eta. Irrita-me a irritação com p*entelhos. Irrito-me a mim mesmo. Mas o que me irrita mesmo, mas mesmo, é esta badalhoqueira filha da puti*e, o sentimento de impunidade que a acompanha, os prejuízos que teremos que suportar, mas sobretudo, os prejuízos dos quais a minha bebé não tem culpa alguma e terá que vir a pagar e o mundo em que terá que vir a viver. Filhos de trinta mil p*tas!

  8. Neste descalabro dos bancos,ninguém aponta os erros de muitos governos incentivando os habitantes a gastar,convencidos que isso melhorava a economia.Num país onde muitos se endividavam para passar férias,mais tarde ou mais cedo teria de acontecer.

  9. O Portas, o Passos, a Maria Luís, o Carlos Costa e os respectivos acólitos não tem nada a ver com este descalabro chamado Banif?

  10. Eu não escreveria melhor, concordo em tudo com BF um dos poucos gestores de mão cheia. Por lá andámos há muitos anos, mais de 20, discutíamos então nos conselhos de crédito que a banca, por aquele andar, não tinha futuro mas não acreditámos. E vale a pena perguntar também por que é qua a antiga CEF não foi ao fundo na altura própria, por que é que a supervisão do BdP não acompanhou um barco a meter água por todos os lados e não o trouxe a bom porto quando entendeu que ainda tinha reparação em estaleiro. Não entrou no estaleiro mas continuou mar alto fora e é o que se vê. E não há responsáveis? Mas que país é este, o nosso? E que bando é este que nos envergonha, gente sem ética e incompetente para não me alongar mais nos qualificativos? Corrupção, sem dúvida, uma vergonha, excesso de poder, ambição e ganância, favores, compadrio, interesses inconfessáveis, ninguém vai preso. E não me venham com tretas do partido a ou b, isto é transversal, não é uma questão partidária, é uma questão de interesse público, de competência e ética (ou falta delas), de prestação de contas. Acabe-se com a supervisão, com ela e como tem aguado o BdP perde toda a credibilidade … Até os bons técnicos que tem vão nesta enxurrada. Repito, uma vergonha.

    1. Efectivamente. Para que serve o BdP? Transformado numa burocracia weberiana, o destino de todas as burocracias?
      Os sinais estavam lá, desde o caso BPN. Apenas ninguém quis ver. Com olhor bem abertos.

  11. Eu não escreveria melhor, concordo em tudo com BF um dos poucos gestores de mão cheia. Por lá andamos, há muitos anos, mais de 20, discutíamos que a banca, por aquele andar, não tinha futuro mas não acreditámos. E vale a pena perguntar também por que é qua a antiga CEF não foi ao fundo na altura própria, por que é que a supervisão do BdP não acompanhou um barco a meter água por todos os lados e trouxe a bom porto quando entendeu que ainda tinha reparação em estaleiro. Não entrou no estaleiro mas continuou mar alto fora e é o que se vê. E não há responsáveis? Mas que país é este, o nosso? E que bando é este que nos envergonha, gente sem ética e incompetente para não me alongar mais nos qualificativos? Corrupção, sem dúvida, uma vergonha, excesso de poder, ambição e ganância, favores, compadrio, interesses inconfessáveis, ninguém vai preso. E não me venham com tretas do partido a ou b, isto é transversal, não é uma questão partidária, é uma questão de interesse público, de competência e ética (ou falta delas).

  12. Peço desculpa se este comentario é deslocado mas nao tenho acesso ao artigo. Gostaria no entanto de deixar os seguintes elementos para reflexao. O balanço do Banif a 30-09-2015 mostra Divida titulada no valor de 1795 milhoes e passivos subordinados de 268 milhoes. Isto sugere que uma resoluçao que convertesse esta divida em capital cobriria as responsabilidades que, na soluçao adoptada, vao ficar directamente a cargo dos contribuintes. Porque razao é tao critico resgatar os titulares de obrigaçoes do Banif a expensas dos contribuintes ? Porque razao resgatar os obrigacionistas no valor relativamente modesto de 1.8mM é tao essencial para a estabilidade do sistema financeiro como se lê no comunicado do Banco de Portugal e foi evocado pelo governo (tanto mais que esta será a regra obrigatoria a partir de 2016) ? O comunicado emitido pelo Banco de Portugal é confuso sobre o figurino da “resoluçao” e nao esclarece nada. O governo e o BP têm a obrigaçao de dar uma justificaçao completa e cabal das razoes para a modalidade de resoluçao e venda que adoptaram em alternativa a opçoes que protegiam os contribuintes.

  13. A crise sistémica , a que faz referência, estando na base de toda a degradação a que foi submetido o sistema financeiro e, com maior incidência, o sector bancário, foi percepcionado por gestores e aprendizes de banqueiros, como uma oportunidade única de acumulação , rápida e segura, de mais valias e lucros.A Banca, na sua extrema avidez, por lucros rápidos e fáceis, adoptou comportamentos de risco reservados aos proprietários de casinos, na tentativa de substituir as margens da actividade, sempre em baixa, pela constante descida das taxas de juro, pela venda indiscriminada de produtos de risco elevado, para depositantes incautos, ou pela orientação da carteira de investimentos para operações de duvidosa origem e suspeita proveniência, quase todas votadas ao fracasso.A voracidade da banca privada e a sua concuspiciência são o suplício de Tântalo a que está amarrado o nosso sistema democrático.

  14. Convém notar que, apesar de o estado deter 60% do capital, o governo não nomeou nenhum administrador executivo.
    Um banco com maioria de capital público tinha que estar sob controlo directo e apertado do seu accionista maioritário. Se isto chegou onde chegou foi por exclusiva irresponsabilidade da gestão privada, que gozou de total complacência do poder político.
    Neste, como nos restantes casos, a má gestão foi privada e não pública.

    1. Selectiva, no sentido de que apenas levantou a ponta do véu. Um PM quando fala deve ser rigoroso e completo.Assim, estamos a saber pouco a pouco parte do mistério…

  15. Portugueses deixais de chamar doutores à esses burros que andem a vender Portugal aos bocados e a enpobrecem os portugueses , grandes salarios para eles pequenos salarios para vos todos ,

  16. A extrema esquerda do Louçã e do Ricardo Cabral, a proteger o grande capital (obrigações sénior e depósitos > 100k)!! Ainda não parei de rir!!! TINA!!!!

    1. Caro Capitalista,

      Dispenso os insultos, mas concordo parcialmente consigo neste caso. A solução encontrada – com a qual não tenho nada a ver, note-se -, é desastrosa. E é claro que havia alternativa.

  17. É dificil conceber uma cura para esta doença. Em outras épocas da história, a guilhotina ou o fuzil, com toda a injustiça e arbitrariedade, resolviam o problema, chacinando classes dirigentes e e famílias. Não é isso que desejamos num tempo que queremos civilizado. Hoje em dia, como preconiza Vitor Bento, estamos a caminho de deixar de ter qualquer banco nacional. É uma segunda hipótese de resolver o problema mas incerta porque mesmo os donos estrangeiros falirão e ainda teremos de renacionalizar algumas empresas em nome da segurança, emprego, ativos estratégicos, etc.. Apelo ao que resta da capacidade pensante nacional, … temos de descobrir algum caminho… Também sugiro leiloar os cargos de Administração, que serão entregues a quem gerir por menos ordenado (tipo lota) Como resultado final, pior não fica!

  18. Para quando uma justiça actuante nestes casos?…
    Para quando uma Assembleia da República que produza leis para a República, a defender a coisa pública?…
    Olhe para o que se está a pasar na Islândia!…

  19. A senhora dr.maria luiz albuquerque poderia dar algumas explicações sobre este caso,ou o senhor dr.gaspar….mas longe de mim,querer aborrecer estes senhores.

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