Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

17 de Novembro de 2015, 08:55

Por

Eu fiquei cinco meses à espera, depois vinte anos no poder, por isso aguentem-se que não tenho pressa

Explicou o Presidente da República: eu, quando primeiro-ministro, estive cinco meses em gestão. A reportagem do PÚBLICO cita Cavaco Silva com todo o detalhe: “’Eu estive, como primeiro-ministro, cinco meses em gestão’, afirmou o Chefe de Estado aos jornalistas, aconselhando-os a irem ver ‘quais foram as medidas importantes que teve que tomar esse governo de gestão’”.

A tal de medida importante terá sido a conclusão da negociação com a China, com a assinatura do tratado que confirmou a devolução de Macau. Quanto ao resto, esta dos cinco meses é uma graçola.

Cavaco Silva lembra que, quando Primeiro-ministro, esteve cinco meses com um governo de gestão entre a sua demissão (um governo minoritário chumbado por moção de censura) e as eleições e consequente tomada de posse do governo seguinte. Estranho seria que o Presidente de então (Mário Soares) tivesse nomeado um governo de gestão de sua iniciativa nos meses até às eleições, acentuando portanto a conflitualidade política (o governo que nomearia se lhe faltasse o tino teria que ir ao parlamento).

Ora, até Cavaco Silva pode descortinar a diferença entre a sua situação anterior e a actual: estava-se então à espera de eleições, agora já se realizaram eleições. Esperar pela decisão dos eleitores ou cumprir a decisão dos eleitores é ligeiramente diferente no que toca aos deveres do Presidente.

De facto, quase cinquenta dias depois das eleições de 4 de Outubro, o Presidente tem agora esta resposta à angústia institucional ou à pergunta comum: aguentem que eu tenho uma vingança a cumprir desde 1987.

O seu argumento para agora atrasar o cumprimento da sua obrigação constitucional, depois das eleições, é que em 1987 teve que esperar pelas eleições. Nada bate certo, pois não?

O homem que nos disse, antes das eleições, que sabia muito bem o que fazer e que tinha todos os cenários estudados e preparados, é o que hoje nos diz que, por causa do que se passou há quase trinta anos, Portugal deve agora esperar pelo ajuste de contas.

Podemos concluir que Cavaco Silva é persistente.

Mas fazia falta um Presidente da República.

Comentários

  1. É o Dr Mário Soares em 87, de quem se estava a vingar? “pequeninos” vingadores – é desta fibra que são feitos os nossos políticos? Ou o actual Presidente é caso único?

  2. Cavaco testa os nervos da Esquerda enquanto deixa a Direita dramatizar o cenário e invocar cortinas de fumo como a inexequível revisão da CRP (mesmo que o PS concordasse, nunca teríamos eleições antes de Maio ou Junho). Sugiro que a Esquerda mantenha o sangue frio que tem prevalecido, não deixando de lembrar sempre que quem está agarrada ao Poder que perdeu é a Direita e que as Presidenciais que aí vêm são tudo menos a feijões. Quanto mais Cavaco faz o frete a Passos e Portas, mais dificulta a vida a Marcelo Rebelo de Sousa…

  3. Cavaco tem na agenda, mais uma vez, ouvir os interesses particulares, dos ricos e poderosos
    Temos a politica refém da economia (dos interesses particulares)
    Como é que temos um Presidente que despreza o interesse geral e o primado da politica ?
    Como é que temos um Presidente que despreza as escassas manifestações da vontade do povo soberano ?
    Como é que pode Cavaco desprezar os resultados eleitorais, e o Parlamento que deles resultou, quando o nosso regime constitucional, nem é presidencial ?

  4. Sim. Faz-nos falta um Presidente que saiba estar acima dos interesses partidários. Que perceba que a Constituição está acima de si. Que recorde que prometeu a todos os portugueses que a iria defender. Que a Constituição não se denomina “Programa eleitoral da Coligação de Direita”. Vivemos tempos estranhos! Democracia é…?

  5. Sim, Petyr Baelish, os rendimentos desses pensionistas e trabalhadores beneficiarão do “governo de Costa”, mas está a esquecer-se de todos os outros trabalhadores e pensionistas. E é pena, porque são a maioria e porque o rendimento de todos os trabalhadores e pensionistas beneficiarião do “governo de Costa”. Chega? Não chega, mas faz toda a diferença.

  6. “… o Presidente tem agora esta resposta à angústia institucional ou à pergunta comum: aguentem que eu tenho uma vingança a cumprir desde 1987.”

    Ui, neste ponto impõe-se a questão: Qual é a pressa, professor? Que angústia? Que receios?

    A verdade é tão verdade hoje como amanhã! Ou, haverá “gato escondido com o rabo de fora”?

    ps.: O último parágrafo não é de Catedrático”…

    1. O Sr. “Luma” usou uma frase de comentário (há uma semana) que eu fiz no seu “ps:” que se referia à precisão de um termo, claramente usado por Louçã para deixar o leitor a pensar. Isto de usar o que outros escreveram preocupa-me e pode enganar o (hipotético) leitor dos comentários. É de evitar.

    2. Pedro Areias

      Peço desculpas pelo “plágio” mas foi acidental…poderia ter sido “académico” ou outro termo qualquer. São coincidências (provavelmente de leituras) mas acontecem. Mais uma vez lamento.

    3. “Aprecio sempre essa costelazinha de censor”.

      Penso que não estou a censurar mas sim a constatar.

      Recomenda-se alguma celeridade é na assinatura de um acordo tri-partido, ou como alguém disse um “casamento” sério para uma legislatura e, pelo ruído audível, essa realidade ainda é supostamente, uma hipótese.

      Entendimentos pontuais rabiscados não é acordo, é propaganda.

    4. Censor é a graçola sobre a “frase de catedrático”. Mas estou certo de que tem em casa um manual que determina o que é que um catedrático está autorizado a escrever. Foi de mau gosto, não foi?

    5. Caro professor…
      O debate de ideias serve para ajustarmos aquilo que pensamos à realidade e, independentemente de divergirmos nas opiniões e até mesmo nas convicções, é sempre um prazer debater com gente esclarecida que permita actualizações constantes.
      Saudações

      ps.: não considerei de mau gosto, aguento-me bem.

  7. Caro Francisco Louçã, concordo inteiramente com o seu artigo e acrescento mais, Aníbal Cavaco Silva tem uma agenda própria, que passa por desgastar a Esquerda, julgando que quanto mais tarde a opinião publica estiver sem um governo, mais votos terá a Coligação liderada pelo actual Primeiro-Ministro em caso de novas eleições, conseguir então assim uma nova maioria absoluta, só que Aníbal tem um problema, é incompetente, sempre o foi como Primeiro-Ministro como é como presidente da República, pode ter sido um excelente professor, não o duvido, mas António Salazar também era uma excelente professor e toda a gente sabe o que sucedeu. Pode ser que o tiro saia pela culatra ao Sr. Silva.

    1. Decerto que tem agenda própria, mas tem também obrigações constitucionais e são superiores, tem razão.

  8. Quem manda? Cavaco, Cavaco, Cavaco.

    Eu observo isto todos os dias em que estou em Portugal: quase não há actividade funcional, trabalho habitual e discreto.

    Há quem mande e quem obedeça. Quem obedece cumpre ordens de quem manda. Quem manda ralha com quem obedece.

    É um País grotescamente hierarquizado.

    Por exemplo, BE e PCP não podem mandar. Porquê? Porque não têm “perfil”. O “perfil” é a fundamental propriedade de quem manda.

    Põem em causa a hierarquia estabelecida.

    Quem não percebe isto arrisca-se a ser eliminado Profissionalmente e pessoalmente.

    Cavaco não nasceu com perfil. Não nasceu a mandar. Mas soube juntar-se a quem nasceu a mandar. Ficou com perfil.

  9. Graças a Deus que temos o Cavaco Silva para nos defender da extrema-esquerda, e da 4ª bancarrota a que nos levariam as medidas defendidas por Louçã e seus correlegionários.

    1. Ó homem, para se salvar disso tudo, já pensou em entregar-se a deus, como disse aquele senhor que chegou a ministro graças (provavelmente) ao Espírito Santo?

  10. Nada, mas mesmo nada do que se tem passado desde as Eleições me parece normal. Algo se passa.
    O narrador não nos dá muitas pistas, mas todo este enredo parece ocultar um outro. Alguém perdeu uma agenda e está a tentar fazer todos os impossíveis para que ela não caia nas mãos erradas. Haverá um monstro escondido debaixo do Castelo?

  11. Caro “Petyr Baelish” O Senhor Presidente talvez se tenha “esquecido” de referir que quando este a presidir a um governo de gestão a AR estava dissolvida ( foi dissolvida a 28 de Abril de 87 e houve eleições a 19 de Julho) é sóooo uma pequena diferença. Compreendo os seus argumentos sobre o aumento de pensões ( argumentos bebidos do Grande Líder Paulo Portas)mas como também deve compreender, ou não, a soberania emana da AR e mesmo que isso o incomode a maioria ( sim, a maioria) do Povo Português não votou “Prá Frente” e como o voto do “Zé Povinho” vale tanto como o voto do Dr Ferraz da Costa lamento que esteja incomodado com a hipótese de um governo do PS com maioria absoluta de apoio na AR.
    Na “Guerra dos Reinos” de que, pelo pseudónimo escolhido é fã, é que a democracia é algo ficcional:)) aqui em Portugal é real!

    1. Caro Frederico Lopes, não sou maniqueísta. O mundo não é uma guerra entre bem e mal, ou esquerda e direita, como preferir. Não vou, nem quero, defender a direita. O argumento do aumento das pensões não foi inspirado em Paulo Portas. Foi inspirado na esquerda. Quando o anterior governo aprovou aumentos minúsculos nas pensões mais baixas, idênticos aos que estão a ser prometidos pela esquerda, a esquerda também ridicularizou esses aumentos com o argumento da bica.

      É claro que sei que a maioria do povo português votou em partidos que se declaram de esquerda. Também sei que os votos valem todos o mesmo. Nem sei por que raio deduziu que eu pensava outra coisa. Além disso, já sou suficientemente velho para saber que as maiorias mudam. Depois desta maioria, outra virá e depois dessa outras haverá.

      Não tenho nenhum desconforto com uma maioria de partidos de esquerda. Incomodam-me os argumentos retorcidos desses partidos. (Para evitar deduções indevidas, declaro que os argumentos retorcidos não são exclusivos da esquerda.) Pelo que vou ouvindo e lendo, não parece que exista de facto uma maioria funcional de esquerda no parlamento. Quando muito, há alguns interesses comuns, a começar com o desejo de Costa ser primeiro-ministro. Só com muita ingenuidade se pode chamar “acordo” às 3 “posições conjuntas” que o PS assinou. Os partidos da esquerda foram incapazes de assinar um documento único, ainda que fosse um desacordo. Parece que nem sequer conseguiram conversar juntos. Nas declarações públicas, para além das promessas de amor, há muitas ameaças. E o namoro só mal começou. O que acontecerá quando percebermos que a realidade é mais complexa do que os contos de fadas? Na Grécia, a brincadeira acabou com o Syriza a fazer tudo aquilo que tinha criticado, com a austeridade agravada e com um plano de privatizações que faria corar de vergonha a direita. Em Portugal, talvez acabe com o BE e o PC na oposição ao governo PS por este estar a fazer “a política da direita” e com o PS a mendigar apoios da direita para poder governar.

    2. Existe, a meu ver, uma incongruência no modo como o jogo político tem sido desenvolvido.
      1º- Nem todos os portugueses votaram. A própria atitude de não votar, tem um significado, vulgarmente e conscientemente ignorado pelas forças políticas em geral.
      2º-Um eleitor consciente, antes de votar, consulta o projecto de governo, e decide perante ele; não pelas caras que compõem as listas, os nomes, ou o emblema que trazem ao peito.
      Assim sendo, o ‘abandonar’ do projecto eleitoral, retira legitimidade ao respectivo partido.
      O correcto (e honesto) no caso de alterações substanciais, seria a consulta aos eleitores. Assim agiu a Grecia, e assim se recusa a agir qualquer um dos últimos n governos portugueses. Incluo neste número, o possível governo de Costa, que apesar de ainda não o ser, já apresentou a recusa de consulta pública.
      Quanto ao “aprendemos a lição” do outro senhor, creio que ainda lhe faltam muitas lições para aprender, entre elas, a humildade, que só honra quem a pratica.

  12. A atitude do sr.Presidente da República é incompreensível,lamentável.Dar como exemplo 1987 não lembra a ninguém .
    Instabilidade não precisamos sr.Presidente da República .

  13. Apelo à Comunicação Social. Sondagem / Inquérito de Opinião:
    – Vamos ajudar Cavaco Silva a esclarecer possíveis “dúvidas” e “enganos”…

    – Ora, se o Presidente ainda tem “dúvidas” que a Democracia é legitimada por “sufrágio”, através do “voto” e da representação da “soberania popular”;
    – Se o Presidente ainda tem “dúvidas” sobre a composição actual da Assembleia da República – do entendimento à Esquerda e do significado da “moção de censura” dirigida ao Governo indigitado de Passos Coelho;
    – Se o Presidente ainda tem “dúvidas” sobre a capacidade de António Costa cumprir os compromissos internacionais (ex. UE, Euro e Nato) que lhe impôs;
    – E, enfim, se o Presidente tem “dúvidas” sobre as competências do seu próprio cargo – logo Cavaco Silva de quem se diz “nunca se enganar e raramente ter dúvidas”…
    Então, talvez a forma mais rápida e simples de podermos esclarecer as “dúvidas” do Senhor Presidente – com o intuito ainda de que possa “recolher o máximo de informação junto daqueles que conhecem a realidade social, económica e financeira portuguesa” – seja propor junto da comunicação social, e instituições especializadas, a elaboração de uma SONDAGEM, ou inquérito de opinião sobre uma amostra alargada representativa do eleitorado, colocando, em termos práticos, por outras mais doutas palavras a questão já avançada pelo Público:

    « – Cavaco Silva deve indigitar António Costa como primeiro-ministro?»
    Ou, «- Cavaco Silva deve manter Passos Coelho por tempo indeterminado à frente de um “governo de gestão”?»

    Isto, até que um Presidente mais competente possa, sem “engano”, melhor decidir o que fazer… Vindo a perspectivar-se, dessa forma, o condicionamento da eleição do próximo «Presidente» à nomeação do «Primeiro-Ministro» da sua conveniência – e concomitante discussão sobre possíveis cenários de dissolução parlamentar e antecipação de eleições legislativas.
    Na dúvida, vamos ajudar o Senhor Presidente a terminar o mandato com a dignidade que o cargo merece!

    1. António Anchas…

      Já pensou em apelar a novas eleições ou a um referendo para os portugueses ratificarem, ou não, a “agremiação esquerdista”?
      Seria conveniente saber se os portugueses concordam ou não com a imposição de um “programa de governo” derrotado nas últimas eleições.

      E porque razão o presidente deve indigitar o António Costa e não o “camarada” Jerónimo (também ele um derrotado)? Ou, porque não, a Catarina Martins (também uma derrotada)?

    2. “Não há maior cego do que o que não quer ver” – adágio popular.

      A cegueira de muitos impede-os de verem o que está à frente dos seus olhos: a Coligação perdeu a maioria que tinha no Parlamento; o Governo de Passos Coelho foi rejeitado no Parlamento; o entendimento à «Esquerda» configura uma nova maioria parlamentar que permite sustentar um Governo socialista – embora, na minha opinião, fosse relevante que a legitimidade do Governo saísse reforçada com o inclusão de elementos do BE, PCP e PEV num novo executivo liderado por António Costa.
      A cegueira de muitos impede-os de ver que também PSD e CDS-PP, antes de formarem Governo liderado por Passos Coelho, concorrem separados. Se bastasse ao PSD apenas ter mais votos que os restantes partidos, por que motivo quereria Passos Coelho negociar pastas ministeriais com Paulo Portas? A razão está na “maioria parlamentar” que sustente a estabilidade na formação de Governo.
      A cegueira de muitos impede-os de ver que o poder do Governo é legitimado pela configuração do poder da Assembleia da República – e que as eleições legislativas não elegem um primeiro-ministro por sufrágio directo, antes a composição do parlamento!
      E cegueira maior é a do Presidente, que recusando olhar Costa nos olhos e não querendo ver o Parlamento, prefere ser levado pela mão “junto daqueles que conhecem [ou pintam] a realidade social, económica e financeira portuguesa” ao seu modo. Vai daí, talvez a realização de uma sondagem ou inquérito de opinião seja a derradeira LUZ no discernimento que falta ao Presidente…

    3. Caro António Anchas…

      “O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas…” Bertrand Russel

      O que diz o adágio popular é efectivamente verdade (nesse ponto estamos de acordo) mas neste caso específico desconfio que o problema não será propriamente de cegueira.

      “… e que as eleições legislativas não elegem um primeiro-ministro por sufrágio directo, antes a composição do parlamento!”
      Ao contrário do que pretendem fazer crer alguns novos “visionários” as eleições consistem na escolha, por parte dos eleitores, de um “programa de governo” que servirá de base para a futura legislatura e ao qual estará, de certa forma, associado um suposto primeiro-ministro.

      A questão da “composição do parlamento” é uma falsa questão, apenas mais uma falácia, porque ela não é mais do que uma consequência secundária da vontade dos eleitores.
      As pessoas votam (por simpatia ou convicção ideológica) nos partidos e na “governação” que os seus representantes prometem, a composição da assembleia é uma consequência dessa mesma votação.

      Independentemente da “constituição” permitir a nomeação de um governo proposto por uma “coligação de conveniências” a imposição de um qualquer “programa de governo” que seja negociado e não tenha sido sufragado carecerá de legitimidade democrática.

      Que legitimidade tem um “programa de governo” rejeitado no acto eleitoral?
      Tendo sido derrotados os três “programas de governo” dos partidos que integram a “agremiação de esquerda” por que razão não se promove o do “camarada” Jerónimo? Sendo todos derrotados qual a diferença na imposição de um ou outro?
      Eu respondo… sobrevivência de alguns! (que será a desgraça de muitos!)

  14. Eu até já começo a ter dúvidas que as eleições presidenciais irão mesmo acontecer, uma vez que aparentemente Cavaco não gosta de nenhum dos candidatos, nem mesmo os candidatos de Direita, como Marcelo ou Maria de Belém, que já se mostraram contra este arrastar da crise política, e que Cavaco e o PSD/CDS querem arrastar para uma crise mais grave, ao não respeitarem a democracia e a Assembleia eleita.

    Eu também começo a desconfiar que Cavaco já não está na posse de todas as suas faculdades, e está cada vez mais longe da realidade. E não sou só eu que desconfio…

  15. Com todos os defeitos que se lhe possam apontar, a democracia Americana tem uma coisa que nos fazia agora muita falta: o Impeachment.

  16. O Louçã não terá sido uma das inúmeras personalidades da esquerda que se indignaram quando Sampaio indigitou Santana Lopes para primeiro-ministro, porque este não tinha sido eleito como primeiro-ministro? Ferro Rodrigues até se demitiu de secretário-geral do PS em protesto. É curioso que agora estas personalidades achem que Cavaco Silva deve assinar de cruz a nomeação de um primeiro-ministro que perdeu as eleições e que tinha dito que quem ganha por poucochinho só pode fazer poucochinho. E quem perde, pode fazer muito? Recordo que, há um ano, o PS até escolheu Costa para ser candidato a primeiro-ministro.

    1. Caro “Baelish” (é tão difícil assinar o seu nome? olhe que não envergonha), sim, recusei a continuidade de um governo quando o primeiro-ministro de então se foi embora sem dizer água vai. Suponho que o meu amigo está orgulhoso da partida de Durão e do grande sucesso da governação de Santana. Mas a situação actual é incomparável: Passos foi indigitado e, porque não tem maioria, não conseguiu formar governo. Agora o presidente tem que decidir se se forma um governo da maioria ou se ficamos sem orçamento de Estado até Outubro de 2016.

    2. Caro Louçã, deixe lá cada um usar o nome que lhe der na gana. Isso não prejudica ninguém. Se puser a lógica maniqueísta de lado, verá que não há nada no meu comentário que lhe permita deduzir que estou “orgulhoso da partida de Durão e do grande sucesso da governação de Santana.” Para que fique escrito: não estou orgulhoso da partida de Durão e acho que a governação de Santana foi mais uma grande trapalhada do que um grande sucesso. O que me preocupa agora são as trapalhadas, contradições e cambalhotas da esquerda. São tantas que o Santana até parece certinho.

    3. Só noto que é estranho ter vergonha do seu nome. Entre pessoas educadas costuma-se assinar com o nome. Mas é consigo. Ainda bem que não acha que o exemplo de Santana deva ser invocado pelo presidente ou pelo PSD.

    4. Prometo que não vou sugerir que o Louçã não é educado. Sem sugerir que não é educado, não é correto dizer que eu “não acho que o exemplo de Santana deva ser invocado”. O caso Santana é um bom exemplo das contradições atuais da esquerda que umas vezes entende que as eleições legislativas também elegem o primeiro-ministro (do ponto de vista da escolha dos eleitores e não da redação da constituição, obviamente) e outras vezes entende que não, conforme é conveniente. Acho que Santana não deve ser invocado como um exemplo de grande sucesso.

    5. Está mesmo perdido no seu passado. Santana foi proposto depois de dois anos de Durão, que fugiu. Tudo diferente em relação à actualidade. Agora houve eleições e não temos governo. Passos foi indigitado e falhou. Falhou. Por isso há duas hipóteses: ou um governo que tem maioria, ou adiar o Orçamento para o final de 2016. Não há mais soluções do que estas.

    6. Aqui ao lado, neste blogue, Bagão Félix expõe mais um exemplo da hipocrisia da esquerda ao comparar as eleições regionais dos Açores com as últimas eleições legislativas nacionais. Tenho a certeza que Louçã também é capaz de explicar que estas duas eleições são completamente diferentes. Aliás, o mundo é suficientemente complexo para que quaisquer dois acontecimentos nunca sejam iguais, o que dá muito jeito à argumentação política. Apesar da política, as analogias existem no mundo e são o ponto de partida da ciência empírica.

      Para o caso de Louçã se lembrar de argumentar que estou muito orgulhoso das virtudes da direita, declaro já que a hipocrisia não é exclusiva da esquerda.

    7. O argumento de Bagão Félix é factualmente rigoroso. O seu parece-me mais ideológico e percebo a sua dificuldade com o simples facto de que Passos Coelho teve mandato para formar governo e falhou.

  17. Grande restaurador da Burguesia do regime depois de Abril e de tudo o que ela tem de mais rapace e predador, Cavaco Silva continua o acólito bem comportado e servil de todos os seus “directórios”, a que se juntaram entretanto os “directórios” Europeus — o país talvez tenha esquecido, mas eu não esqueci o seu vergonhoso “aprendemos a lição” a Joachim Gauck. Não é um homem de Estado, é um manga-de-alpaca.

    1. Não se preocupe. O governo de Costa (o que não ganhou por poucochinho) vai resolver todos os males. Veja lá até vai aumentar os pensionistas pobres em 0,3%!!! Para alguns destes pensionistas já vai chegar para tomar uma bica por mês. Parece pouco? De facto,… não é muito. Em compensação, os funcionários públicos muito bem pagos, como os professores universitários, terão um aumento muito mais substancial.

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