Infelizmente, os ataques terroristas em Paris, não estão a dar azo a boas respostas, racionais, próprias de decisores que sabem que a “vingança” é um inútil desperdício de recursos, mas que, a ocorrer, se serve fria.
Mas François Hollande tem desapontado como presidente de França. Quase nada do seu mandato até à data convence. Ficará, para a posteridade, nomeadamente: o apagamento da França como parceiro activo na UE, desapontando a parte da Europa e dos Europeus que esperavam que com a sua eleição pudesse mudar a orientação de política económica austeritária imposta pela Alemanha; o “apoio” que deu à Grécia na hora H; e até as polémicas relativas à sua vida privada!
A reacção aos horríveis atentados de sexta feira 13 de Novembro é típica da forma pouco ponderada como Hollande tem reagido aos desafios que confrontam a França e a Europa e relembram a reacção de responsáveis dos EUA, notavelmente o seu vice-presidente Dick Cheney e George Bush junior, que pouco depois dos atentados do 11 de Setembro de 2011, estavam convencidos (ou quiseram convencer-nos) que Saddam Hussein era responsável pelos ataques (George Bush sénior na sua biografia, recentemente publicada, critica directamente Dick Cheney e também o seu filho, então presidente, pela intervenção dos EUA no Iraque). Todavia os EUA ainda levaram o seu tempo a analisar a situação e a preparar a intervenção militar. A intervenção militar no Afeganistão, que se iniciou em Outubro de 2001, foi a partir de Dezembro de 2001 enquadrada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
François Hollande nem isso. Assumiu-se imediatamente que a responsabilidade pelos ataques é do Estado Islâmico e, 48 horas depois, a França desencadeia um ataque aéreo maciço contra o ISIS/DAESH, ou melhor contra a capital do Estado Islâmico Raqqa. Embora a operação seja contra alvos “militares”, é provável que resultem vítimas civis (“danos colaterais”), sendo certo que esses ataques desviaram a atenção das questões internas francesas, polarizando a opinião pública francesa em torno do seu presidente.
Sabe-se igualmente que há dez dias tinha sido anunciado que o único porta-aviões francês iria ser enviado para o largo da Síria para apoio a missões contra o estado islâmico.
François Hollande pede ainda ao Parlamento o poder para prolongar o estado de emergência por mais três meses.
Estes são tempos perigosos para as democracias ocidentais e para o estado de direito democrático – uma conquista civilizacional de séculos de progresso – onde a pretexto de atentados terroristas, muito graves, sem dúvida: se centralizam e aumentam os poderes executivos; se incrementa a propaganda e a desinformação; se age e se decide – quase como no “Wild West” – “disparar primeiro e fazer perguntas depois”.
Não é assim que se vence o terrorismo. Pelo contrário, se se acabar ou se cercear o estado de direito democrático é o terrorismo que vence!
O «Estado de Direito Democrático» prevê o estado de emergência e não exclui de forma alguma o direito de resposta perante um ataque. Neste caso não houve a mínima dúvida sobre a autoria dos atentados. Sem abdicar da minha posição moderada sobre política em geral penso que neste caso não há lugar a «posições moderadas». Aprovo as decisões tomadas pelo chefe de estado francês.
Nao creio que o desapontamento dos franceses com Hollande tenha a ver com a politica externa em relaçao ao mundo muçulmano – que lhe valeu até encómios no caso da intervençao na Republica Centro Africana – ou com a politica economica austeritaria “imposta pela Alemanha”; os franceses compreendem bem (por experiencia propria de resto) que um país que nao apresenta contas publicas equilibradas desde o inicio dos anos 70 nao tem como evitar austeridade se quer manter o controlo sobre a dívida publica que, situando-se ja em quase 100% do PIB, começa a aproximar-se de niveis perigosamente elevados para permitir que o estado se possa continuar a financiar a taxas de juro comportaveis se nao houver sinais claros de vontade de por freio no defice publico; a popularidade do primeiro-ministro Manuel Valls de cerca de 50% (v. menos de metade para o presidente) é ilucidativa a este respeito.
Quanto às intervençoes na Libia e na Siria, o que se pode dizer com o beneficio do conhecimento retrospectivo, é que Hollande foi talvez demasiado permeavel ao discurso politicamente correto de uma parte significativa da opiniao publica para, em nome da democracia e da defesa dos direitos humanos, ter embarcado em empresas de mudança de regime de sensatez duvidosa. Mas, que se veja, nao tem havido vozes influentes (com excepçao da Frente Nacional) a questionar seriamente as opçoes da França nestas intervençoes.
A impopularidade de Hollande é antes fruto da demagogia que fez para ser eleito com um discurso populista anti-austeridade, anti-ricos e anti-finança, que se desfez como um castelo de cartas ao primeiro embate com a realidade e que lhe retirou toda a autoridade quando teve de apelar à razao em materia de finanças publicas e de reduçao do defice de competitividade da França em relaçao aos paises vizinhos e principais parceiros na Europa.
Claro que os franceses vêem a França metida em guerras civis incompreensíveis na Síria, seguidas por represálias sangrentas sobre civis em Paris, e ficam mais contentes com o seu presidente… Tenha dó, ao menos da inteligência dos franceses.
Se a NATO for chamada a responder por causa do ataque à França, o futuro governo de António Costa (o tal que não ganhou por poucochinho) tem um problema bicudo. É bem conhecido o ódio da extrema-esquerda pela NATO e pelas instituições ocidentais em geral.
Excelente, pensei exactamente o mesmo, Hollande é muito fraquinho.
Hollande não assumiu que foi o Estado Islâmico o responsável, eles assumiram que foram eles. É uma grande diferença em relação ao ataque contra o Iraque. No entanto, concordo que a reação não vai levar em nada. O ISIS não vai parar por causa disso.
Aplaudo o Ricardo Cabral no que respeita à inadequação dos ardores guerreiros da França na Síria para reduzir a ameaça terrorista em França. Tem o seu quê de fuga para a frente voluntariosa a atitude do presidente francês, o que pode também ser motivado pela consciência de que o povo o poderá responsabilizar eleitoralmente a ele por ter contribuído, como contribuiu, para que Paris se tenha transformado num alvo de eleição dos ‘jihadistas’. Já se sabe, perdido por um, perdido por mil…
Talvez fosse melhor a UE abrir uma embaixada em Raqqa (uma vez que António Costa está comprometido com o governo de Portugal, sugiro o autor para embaixador dadas as suas manifestas capacidades para definir estratégias de como lidar e negociar com o Estado Islâmico); talvez fosse melhor propor o Estado Islâmico como membro da ONU, talvez mesmo como membro permanente do Conselho de Segurança; propor ainda o Estado Islâmico como membro da UNESCO de modo a colocar as suas observações sobre o património cultural a ser preservado e, em nome da tolerância, talvez devamos, logo à partida, como sinal de boa fé, dar por assente que devemos incendiar o Louvre com tudo dentro, turistas incluídos. De tudo, o pior mesmo, o que mais me decepciona no Hollande são as polémicas relativas à sua vida privada! Que chatice pá!!
EUA e França planeiam uma intervenção militar da nato na Síria e no Iraque.
Todas as peças colocadas estrategicamente.
A operação terrorista em Paris, teve como objectivo Central terminar com o controlo militar da Rússia na Síria, e com a sua influência militar no Iraque. Em síntese, fazer desaparecer a derrota com extermínio do Estado Islâmico na Síria concretizado por as forças russas. E neutralizar a liderança geopolítica e militar emergente da Rússia no oriente médio.
Como primeiro passo operacional, o massacre jihadista reinstalou ao Estado Islâmico como o “grande ameaça terrorista para a humanidade” (disse Obama 20 min. depois do atentado).
A ressurreição de Estado Islâmico.
Como segundo passo, restaurou a psicose de medo do terrorismo na Europa e a nível mundial.
Em resumo, O Objectivo Central da operação massacre foi orientado a salvar a estado islâmico de sua vergonhosa derrota com fuga na Síria (agora também no Iraque), e projectá-lo novamente como o inimigo número 1 da paz e da humanidade, e reunificar a EUA e as potências imperiais numa nova fase superadora da “Guerra terrorista”.
Há algo que ninguém entende sobre este terrorismo:
Nem a CIA nem os serviços ocidentais executam em forma directa as operações terroristas.
Os que executam ações terroristas são os próprios grupos fundamentalistas islâmicos. Que são infiltrados, financiados e treinados pela cia/mossad/m16 e serviços secretos ocidentais que lhes direcionam as acções e os objectivos através da manipulação com a guerra religiosa.
Esta metodologia operacional estabelece-se com fundações e organizações islâmicas associadas a empresas fantoches e agentes encobertos, que realizam operações psicológicas infiltrados nos grupos fanatizados.
O agente encoberto que realiza o trabalho de infiltração celular, planifica as acções pretendidas (usando códigos e linguagem da “Guerra Santa”). E em coordenação com uma estratégia geral, induz as ações e objectivos terroristas .
Excepto os chefes e os líderes (formados nos sótãos da cia e nos programas de forças especiais do Pentágono) a maioria dos quadros terroristas operacionais ignoram que estão a ser manipulados por uma estratégia de poder imperial internacional.
A maioria acredita que está agindo estritamente a partir das suas convicções religiosas fundamentalistas. Isso explica o porquê das ações terroristas suicidas e os assassinatos serem aparentemente guiados pela alienação religiosa.
O massacre terrorista de sexta-feira, em Paris (atribuída a uma célula de Estado Islâmico) foi concebida e executada seguindo os parâmetros de infiltração celular que usa a inteligência imperial com os grupos fundamentalistas.
A guerra direta contra o Iraque, a guerra indirecta sobre a Síria, as revoluções coloridas e o assassinato dos líderes nacionais em alguns países do Médio Oriente, fazem parte da ilusão criada pela política global do Ocidente para travar uma guerra de ocupação. Escondendo a sua verdadeira imagem: A imagem Horrorosa de quem desconhece limites na crueldade humana nas suas ambições Geoestratégicas. Em geopolítica não há espaço para emoções e valores morais, como demonstram estes modelos ocidentais de “Caos e ocupação”.
O governo sírio tem sido o principal obstáculo. O presidente Assad sobreviveu a muitas tentativas de derrube pelo Ocidente e seus aliados regionais. Por outro lado, os agentes por procuração ocidentais que são conhecidos como “terroristas” e mais tarde “Rebeldes moderados” na Síria e no Iraque, perderam ativos importantes durante a campanha aérea da Rússia que durou um mês. Curiosamente, quando o Ocidente vinha observando a derrota das suas forças por procuração (Terroristas), aceleraram a sua actividade diplomática para realizar um acordo de paz na questão síria.
Este artigo está um porco embrulhado entre o deve e o haver. Por um lado, o seu autor critica – e bem – Bush por se ter precipitado em acusar, e atacar, o Iraque aquando dos atentados do 11 de Setembro, e por outro lado, também critica Hollande por fazer o mesmo, sabendo que os ataques a Paris, desta feita e ao contrário do que aconteceu em NY, foram já reivindicados pelo estado islâmico. Ou não percebe a diferença, ou então não quer perceber. O inimigo está bem localizado desta vez. Não há qualquer dúvida.
Acredito que a Europa, as nações europeias, os Europeus devam procurar a paz como um dos grandes valores da nossa cultura. No entanto, acima disto tudo, está a preservação da nossa cultura ameaçada por uma força implacável às portas da Europa, a qual já mostra a suas garras aqui dentro. Não é uma altura para hesitar meu caro. É altura de cortar o mal pelos pés e atacar em força esse monte de fundamentalistas religiosos. E relembro-lhe, a paz não existe só porque a queremos, a paz é algo que se alcança e por vezes é preciso fazer a guerra para a alcançar. Faz parte da “tristeza” de ser Humano. Digo isto pelo sentido de urgência e porque não quero esperar para ver rebentar mais bombas por toda a Europa, inclusive Portugal. Este é, sem dúvida, o momento para agir. Sem paz, não há democracia.
Nunca ninguém ganhou uma guerra de guerrilha (contra os guerrilheiros) e é disso que se trata, à escala mundial.
Quanto mais armas forem introduzidas em circulação e mais violência for empregue, mais intensa a resposta com a agravante de que intensificar-se-ão as clivagens e o mundo dividir-se-á entre não muçulmanos e muçulmanos quando o rumo deveria ser no sentido da religião deixar de ter palco no mundo moderno (algo difícil após a criação de Israel).
É óbvio que falo à distância, sem ser afectado directamente, mas talvez assim seja a melhor maneira de analisar os fenómenos.
Este tipo de situação, infelizmente será recorrente e não há bombardeamentos que evite tal recorrência.
Temos que lidar com este fenómeno como sendo equivalente aos acidentes de aviação: muitas casualidades, impacto psicológico, mas nada que possamos controlar.
E deixo ainda mais dois comentários:
Quanto melhor tratarmos os refugiados, mais aliados teremos na luta contra o terrorismo (até porque os refugiados saberão identificar melhor os terroristas e cooperar na sua descoberta) e o inverso também será verdade.
E é risível constatar que Hollande desapontou e esperar que Costa faça algo de diferente (Hollande só desapontou a quem criou expectativas injustificadamente e Costa está igualmente a gerar expectativas injustificadas na mente de muitos).