Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

27 de Outubro de 2015, 08:29

Por

É uma história portuguesa com certeza

pequenitosVem no PÚBLICO, “Projecto da SCML custou um milhão e não originou qualquer emprego”. Se fosse só isto, banalidade seria. Dinheiros deitados a rodos para prometer emprego e ficar tudo na mesma são o pão nosso de cada dia. Mas esta história tem um pouco mais.

De facto, tem todos os tiques dos poderes, das mentiras piedosas, da mediocridade da condução das coisas concretas, da ignorância burocrática, da boa fé das pessoas desesperadas, tem este tempo de subterfúgios e de expedientes todo lá dentro.

Resume-se assim: a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem um Departamento de Empreendedorismo e Economia Social (a directora entretanto foi demitida e há uma queixa crime, mas isso são contas de outro rosário), que pediu e reebeu 850 mil euros à União Europeia para um projecto a que chamou United at Work, em inglês europeu vá-se lá saber porquê. Esse “projecto” consistia em emparelhar cem seniores e cem jovens e em fazer empresas “intergeracionais”.

Lá se candidataram 1600, foram escolhidos os 200, alguns desempregados de longa duração, arquitectos, engenheiros e outros tantos. E começou a formação e começaram as arrelias. Não havia subsídio nem bolsa, mas isso já sabiam, mas não imaginavam que faltasse a ligaçãointernet, que tivessem só um computador para 200 pessoas e 15 fotocópias por semana e por equipa. Almoço (para alguns) e wifi (para todos) só quando refilaram. Resultado, sobraram 40 candidatos e concluíram-se três “projectos intergeracionais”. Nenhuma empresa foi criada, nenhum posto de trabalho.

Na sessão final de apresentação dos projectos, esperava-se que chegassem os investidores. Mas no edifício, no andar inferior ao da festa de conclusão do United at Work, só apareceu um antigo jogador de futebol; os finalistas foram comboiados para o cumprimentar e assim terminou a festa.

E pronto. Lá vai um milhão de euros, algumas pessoas que reconhecem com fastio que “andaram entretidas” e o Portugal dos Pequenitos é assim mesmo.

Comentários

  1. Já é mais que conhecido que movem-se mundos e fundos e milhões de subterfúgios na peninsula ibérica para canalizar dinheiros de formas nem sempre visíveis a olho nú para a Igreja Católica. Caro Francisco Louça, quando é que deixamos de pagar a factura e o dobro de impostos e IMI, para a maior corporação deste mundo não fazer qualquer contribuição ainda mais em tempo de crise…e depois vir pelo Papa dar bitaites sobres assuntos que não lhe compete?

  2. num evento do greenfest aderi generosamente ao projecto uaw como candidato a tutor bis que parecia interessante… fui a 2 ou 3 sessões de informação/formação e confesso que fiquei desiludido, muita parra, pouca uva… aceitar como tutor de empreendedorismo quem nunca criou qualquer negócio só podia conduzir ao fracasso, daí me ter disponibilizado para promover o projecto nas escolas…

  3. O problema aqui caro Francisco Louçã é que esse dinheiro foi com certeza para algum lado – já que para fotocópias não foi. O meu palpite é que o pessoal que se desloca por coisas como comunidades auto-financiadas (donde este projecto parece emergir), empreendedorismo social, faz-se pagar bem… muito bem mesmo. possui alguns paralelos com os famigerados cursos de formação dos oitenta em Portugal. Que ninguém fiscalize isto, significa que plus ça change…

  4. Requinte supremo de malvadez:united at work…mas tudo bem,os inglesismos vão acabar,ate porque no novo governo(a partir de agora é tudo “Novo” ,ate existe um novo banco) esta comtemplado,imagine-se, um Ministerio da Cultura,suprema blasfemia,vai agora este “novo” governo estoirar a massa em subsidios à cultura,obrigar a malta a ver filmes ,falados em portugues(ainda por cima),que é preciso tirar um curso para os perceber.O povo não come cultura para intelectuais de Lisboa,o povo come batatas.

  5. Quando o próprio Dr. Louçã trata os assuntos com esta ligeireza repetindo enormes falsidades. Mas, ao fim e ao cabo, não é novidade.
    PSL

    1. PSL? Um pseudónimo? Ou o PSL propriamente dito tem alguma coisa a acrescentar ao artigo do Público. Seria bem vindo. Mas teria que deixar de se refugiar no biombo das iniciais.

  6. O que é necessário não é demitir a diretora. O que é fundamentar é seguir o rasto do dinheiro e descobrir para onde foi, uma vez que é óbvio que não foi usado no projeto. Este provedor foi conduzido por este governo. Quando me perguntam como é que a esquerda vai conseguir cumprir a meta do défice sem austeridade a minha resposta é pronta: Fácil. Não vai roubar.

    1. Até agora, convém precisar, a Rosa também não tem sido diferente. É o que contam as contas do nosso rosário.

Responder a Nuno Castro Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Tópicos

Pesquisa

Arquivo