Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

António Bagão Félix

17 de Outubro de 2015, 08:38

Por

A Guiné Equatorial e a encenação da língua portuguesa

Em Julho do ano passado, e a propósito da admissão da Guiné Equatorial na CPLP, aqui escrevi que o ditador Teodoro Obiang havia anunciado a adesão à Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, na página oficial do seu Governo na Internet, em três línguas: espanhol, inglês e francês.

Com a adesão, o português é uma das três línguas oficiais da Guiné Equatorial. Neste contexto o governo prometeu que o ensino do português seria posto em prática, gradualmente, nas escolas primárias e na Administração Pública da Guiné Equatorial e tornar-se-ia língua oficial e de trabalho nas instâncias e organizações regionais e internacionais.

Evidentemente que uma língua nova demora longo tempo a disseminar-se. Mas, mais de um ano decorrido o tão prometido (e necessário) objectivo não passou de uma encenação.

As notícias vindas a público falam-nos de que sete (repito, sete) funcionários daquele país irão beneficiar de bolsas de estudo do Ministério dos Assuntos Exteriores e Cooperação da Guiné Equatorial para frequência em Portugal de um curso intensivo de língua portuguesa com a duração de três meses.

Assim vai o novo e autocrático país da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa. Tudo numa boa. Para inglês ver.

Comentários

  1. Venho informá-lo que o seu texto não corresponde à realidade. Poderia desmontar a notícia que serviu de base
    ao seu artigo, mas não vou por esse caminho.
    Entidades como a Embaixada do Brasil, a Madeira Multilingual School ou a organização não governamental ADLML,
    são instituições que se preocupam com a disseminação da língua portuguesa na Guiné Equatorial.
    melhores cumprimentos
    AL

  2. Não se pode esperar que de noite para o dia se coloque em prática todo um processo tão complexo como o ensino de uma nova língua. E, em vez de culpar apenas do governo equato-guineense, deveríamos era tentar saber que acordos entre ele e governos como o português e o brasileiro foram feitos, como foram feitos, no sentido de implementar tal processo. Provavelmente haja mais falhas e responsabilidades de governos como os citados do que das próprias autoridades de Malabo. No Brasil o governo de Lula da Silva tornou obrigatório através da lei 10.639 de 2003 o ensino da Historia de da Cultura africanas nas escolas brasileiras. Mas até a presente data poucas são as que a implementaram, por uma questão de racismo por um lado e, por outro, por deficit de professores especialistas nas referidas áreas. O que dizer sobre isso?
    Quanto ao português tornar-se língua oficial nas instancias e organizações regionais e internacionais, não temos moral para exigir dos outros o que nós mesmos não fazemos dentro de casa. Basta ver a subserviência e vaidade que muitos dos nossos mais altos governantes exibem quando optam por falar em inglês ou francês ao receberem oficialmente dignatários internacionais ou mesmo a falar em eventos particulares dentro e fora de casa. E, nesse sentido, os chamados PALOP’s são exemplo porque exigiram e optam pelo português como língua oficial em organismos regionais e internacionais. E, em casa, em português se expressam quando recebem governantes e eventos internacionais. Pode-se, por várias razões, justas ou injustas, não gostar do autocrata de Malabo. Mas não é por ele que nós mesmos maltratamos, subalternizamos e desvalorizamos a bela língua de Camões, Pessoa, Florbela, Saramago, Clarisse Lispector, Machado de Assis, Vinícius, Jorge Amado, Solano Trindade, Agostinho Neto, Alda Lara, Alda do Espirito Santo, José Caveirinha e por aí afora.

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