Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

9 de Outubro de 2015, 15:44

Por

E a Europa, senhoras e senhores?

Depois da crise grega, João Caraça perguntava o que sobrará da Comissão Europeia quando as contas estiverem fechadas. Noves fora zero, nada. Mas talvez tenha sido Nicolau Santos, no Expresso, quem fez o inventário mais sofrido e mais realista sobre a paisagem depois do desastre e é assim:

“1) as escolhas económicas dos países da zona euro vão deixar de existir,

2) as escolhas políticas tenderão a recair cada vez mais em governos de centro-direita,

3) a Europa será cada vez mais moldada à imagem a ao pensamento de Berlim,

4) qualquer povo que tenha a ousadia de desafiar este estado de coisas pode contar com a fortíssima oposição de todos os outros Estados membros,

5) a solidariedade e a coesão social deixaram de fazer parte do breviário europeu, passando a estabilidade financeira a ser o alfa e o ómega da acção política e económica,

6) está criado um enorme ressentimento e desconfiança entre os povos do norte e os do sul da Europa.”

Não há nem remissão nem salvação, vivemos um tempo desequilibrado e não se volta atrás. A Europa está a pagar o preço das suas instituições, das suas imposições e dos seus líderes. Os discursos de Merkel e de Hollande esta semana no Parlamento Europeu dificilmente podem ser visto como uma porta aberta, porque são uma reafirmação de autoridade e não de soluções. Mas precisamos de abrir essa porta.

Comentários

  1. Francisco Louçã não se preocupe porque:
    Deus perdoa sempre.
    Os Homens por vezes.
    A natureza nunca.

    Assim,mais dia menos dia, a natureza humano destrói essas teorias e essas práticas.

  2. O governo Grego é o único examplo que temos na Europa de um governo que queria seguir polílitica alternativa e não conseguio. Mas aí, não queriam só trocar de politicas, queriam trocar de politicas e ter um cheque de dinheiro por cima. Parece-me que a dificuldade maior era a segunda parte não a primeira.

    Antes da esquerda vender-se como vítima, que a Europa está contra a democracia, que tal demonstrarem na tal democracia que os eleitores de facto querem a troca de politica ? É que segundo percebi, mesmo no caso do um governo PAE ( Portugal â Esquerda ), 63% dos votos que foram dados aos partidos que apoiariam tal governo foram votos num partido pró euro que assinou o memorando da Troika. Isso mesmo ignorando os votos da PaF.

    1. Quem quer saber da Europa são os mamões que beneficiam das suas ajudas, o povo só foi prejudicado com essa situação. Basta lembrar o aumento do custo de vida para cerca do dobro no início da adesão à moeda única. O que a Europa faz é dar-nos o peixe sem nos ensinarem a pescar, criando dependência que se paga dolorosamente, agora e no futuro. E se agora já é mau, verão com o novo acordo TTIP… Depois não digam que não foram avisados.

  3. Francisco Louçã, este artigo é uma Syrzice, você continua na linha falhada do Tsipras, aquela que depois de tanto fogacho acabou por naufragar como previsto, prometeram combater a crise sem sair do euro e recuperar as suas soberanias, a austeridade foi um moinho de vento quixotiano. O Syriza traiu o povo grego com total submissão à nomenklatura de Bruxelas e aceitou mais sacrifícios do que a TROIKA exigia ao governo precedente. Outro belo resultado foi o canto do cisne para os partido Syrizistas, PODEMOS, BE, Parti de Gauche do Mélenchon… Como é possível tanta cegueira num líder que se pretende como você F. Loucã? E não é por falta do seu colega João F. do Amaral lhe repetir à saciedade que é indispensável sairmos do euro.

    1. Aqui está um estilo de debate que é curioso. Suponho que imagina que isto ajuda a uma conversa.
      Quanto ao essencial, o que escrevi no livro com Ferreira do Amaral, “A Solução Novo Escudo”, é o que mantenho.

  4. F, frequentemente oiço em pessoas na esquerda falar de agudizar a luta, sair do euro, logo preparar o controlo dos bancos, o controlo do movimento de capitais, preparar a impressão de própria moeda, etc, alias acusaram o syritza de traição, capitulação, etc, …tiveram que engolir un terceiro resgate quando queriam renegociação.! SE nos não fizermos o que deve ser feito, corremos o mesmo destino sde er esmagados pelo capital financeiro e os seus representantes políticos, logo…..alias tu próprio tens dito que o siritza s meteu numa alheada, meu consolo é que os gregos percebem melhor que nos a situação e preferem o syritza a governar. Da-me a impressão que não ha soluções nacionais na luta contra o modelo austeritário, embora seja a partir de mudanças em cada pais que se vão gerando as condições para mudar, no Domingo passado ganhou o frente anti-austeridade, mas esse frente não é um exército organizado e combativo, disposto a ir ate Berlin se necessáro, mas demos um avanço e isso é possitivo, se se constituir um governo PS com apoio da esquerda, mesmo com todas as restrições e obstáculos conhecidos, sera dado um sinal muito importante e frenar o que a direita quer fazer para completar a sua obra, anunciada na campanha, a libre escolha, es dizer, negócios, negócios, e continuar a vender o pais, o pais se joga o seu futuro, mas o PS se joga o seu futuro e o próprio Costa se joga o seu futuro.

  5. “1) as escolhas económicas dos países da zona euro vão deixar de existir,

    2) as escolhas políticas tenderão a recair cada vez mais em governos de centro-direita,”

    Oxalá seja verdade já que as nossas escolhas económicas socialistas já nos levaram a 3 falências. Claramente não percebemos nada disto. Mais vale entregar a quem percebe.

    Que deus o oiça!

    1. O PS não é de esquerda. O Soares já há muito fechou o socialismo na gaveta. O PS faz a política do PSD/CDS. Aliás, basta olhar para a franja governativa do PS (Sócrates (já foi líder da JSD), Assis, Sérgio Pinto, Vera Jardim…) e perceber que é gente que podia estar filiada no PSD.

    2. Não duvide! Tem cartão! E a prova disso é que, segundo meios de comunicação insuspeitos, tentou votar numa secção mas disseram-lhe que não podia porque o seu nome já tinha sido descarregado! Contactou então a Comissão Nacional de Eleições e mandaram-no para outra, em Setúbal, onde foi informado que não constava porque…tinha morrido (o que duvido, apesar do que foi amplamente afirmado nos idos de 68)! E assim não admira que a abstenção não tivesse aumentado, porque um voto divino pesa muito! Tavez até a PaF pudesse ter obtido absoluta…

  6. Todo o inventário de Nicolau Santos citado, corre em torno disto, dito por Juncker de forma tão brutal quanto clara:

    “Il ne peut y avoir de choix démocratique contre les traités européens” (Figaro, 29 Janeiro 2015)

    Basta-nos rever as páginas de política nacional do Público depois das eleições, para verificar como os mais variados actores da submissão à Europa austeritária (PSD, CDS e PS) insistem sem interrupção nisto mesmo.

    1. A fantasia e a negacao do obvio e em tal escala que nas proprias palavras do antigo Chairman de US Federal Reserve Ben Bernanke:

      “Existem muitas diferencas entre a Europa e os Estados Unidos mas a principal e que a ortodoxia economica europeia tem em larga medida e ate recentemente bloqueado o uso de mecanismos fiscais e monetarios para ajudar a recuperacao. Filosofia economica, nao viabilidade, e o impedimento…” (Wall Street journal, 4 Outubro 2015)

    1. E, no entanto, parece cada vez mais que será. Não para esta década, nem para a próxima, dificilmente para a seguinte, mas quando já ninguém acreditar. A história é sempre igual.

    2. E a sua identidade tem ajudado nalguma coisa? Que eu saiba, com o seu “discurso pacificador”, a única coisa que conseguiu foi sair com o “rabo entre as pernas” do BE. Todos os que falam em diálogo estão bem instalados a viver à custa do orçamento do Estado, enquanto o povo passa misérias. Só quando esses direitos estão postos em causa é que surgem soluções… muitas das vezes sangrentas. Até lá, os esquerdas caviar o que defendem são os seus interesses, camuflados em discursos altruístas que vão permitindo que o saque continue. Por isso é que a esquerda está em crise – deixa-se embalar pelo discurso falacioso de que é possível mudar alguma coisa quando na realidade não muda nada. Veja-se o exemplo máximo do Siryza. Os “Anonymous” fazem muito mais do que você.

    3. Antes de perder a cabeça, caro “lj”, vamos relembrar os factos. Escreveu aqui que é preciso “sangue”. É giro. Agora acrescenta os insultos de que se lembra. Sim, já temos sangue, sangue na guelra. Mas não adiantou nada, pois não?

  7. “A Europa que sonhamos ‚solidária e coesa”…….a Europa nunca foi tao coesa nem solidaria quanto nos quiseram fazer acreditar. Ha um excelente artigo de Michael Burda aqui http://goo.gl/1XMdk4 que mostra exactamente como a Europa funciona.

  8. A Europa que sonhamos ,solidária e coesa… Chegou ao fim.Temos que sonhar com estadistas capazes de nos conduzir em paz para uma Europa em que o bem estar do homem seja o primeiro objectivo.

    1. LOL. O post e a resposta, em par, são o momento mais divertido neste blog! melhor só se o louça tivesse respondido: “Nuke them till they glow, then shoot them in the dark”

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