Em 29 de Agosto, o presidente grego marcou eleições legislativas (por dissolução parlamentar) para 20 de Setembro (23 dias depois). A posse do Primeiro-ministro foi em 21 de Setembro (um dia depois do acto eleitoral). Assim, entre a convocação e a tomada de posse foram 24 dias.
Isto passou-se na Grécia, sempre tão menosprezada e apontada como um quase sempre mau exemplo na Europa.
Em Portugal, agarrado à inércia jurídico-eleitoral, o que vamos ter? Convocação de eleições gerais normais (no fim constitucional de uma legislatura) pelo Presidente da República com a antecedência mínima de sessenta dias [artigo 19º da lei eleitoral para a AR]. O apuramento geral (incluindo os círculos da Europa e do Resto do Mundo), mesmo agora com toda a máquina comunicacional e informática, deve estar concluído até ao 10º dia posterior à eleição [artigo 111º]! Depois, nos oito dias subsequentes à recepção das actas de apuramento geral de todos os círculos eleitorais, a Comissão Nacional de Eleições elabora e faz publicar no Diário da República, 1ª série, um mapa oficial com o resultado das eleições [artigo 115º]. E já vão quase 3 meses… Depois mais uma semaninha para serem ouvidos os partidos e indigitar o novo PM. De seguida, mais uns dias para este apresentar o seu Governo ao Presidente. Isto se tudo correr bem. Na melhor das hipóteses 3 meses depois da convocação. Não é já mais do que tempo para mudar (“agilizar” como agora se diz amiúde) esta jurássica forma de “paralisar” o país e já descontando aqui o longo tempo de pré-campanha?
“jurássica forma de “paralisar”, é isso!
Então à estrela de Belém, convém este longo tempo, para, digamos, meditar no amontoado de recados e recadinhos aos piegas ignorantes, Atoarda atrás de atoarda, nem no aconchego do palácio a ver a novela com a mantinha nos joelhos, conseguirá desatar tanto nó, depois de se saber o resultado eleitoral. Esta perca de tempo, este folclore, é e foi criado e mantido por esta casta, que vive à custa da ignorância de um povo manso. A mudança deste e de muitos outros vícios pulhiticos vai perpetuar-se com este sistema viciado, inútil, corrupto, doente. Mudar obriga a pensar, agir e isso dá trabalho mental. Viva o futebol, o fado, o cante e a novela…e os festivais de verão
De facto, é incompreensível. Mais uma situação que dá razão a Jorge Palma: “Portugal, Portugal, de que estás à espera?”
Bem haja, e boa crónica Dr. Bagão Félix.
Eu já me dou por feliz em poder votar em Portugal, demore o tempo que demorar até se formar um governo.