Uma velha piada britânica fez-se manchete do então respeitado jornal The Times no dia 22 de outubro de 1957: “Heavy Fog In Channel. Continent Cut Off”, ou “Denso Nevoeiro no Canal (da Mancha), o Continente isolado”. A Inglaterra ainda acreditava em si própria, mas isso foi em meados do século passado.
A vitória de Jeremy Corbyn nas eleições internas do Partido Trabalhista não é agora uma surpresa, pois todas as sondagens lhe davam uma margem de vantagem muito confortável, mas há um ano ou mesmo seis meses ninguém se atreveria a prevê-lo. Mas esmagou com 59%. Uma vitória estrondosa e de enormes consequências para os dois lados do nevoeiro.
Corbyn beneficiou de tudo: da divisão dos candidatos do aparelho do seu partido (eram 3 e tiveram juntos quase metade dos votos), do ódio dos militantes e simpatizantes contra Tony Blair e a sua herança de crimes de guerra e de liberalização fanática (Blair é a melhor herança que deixo a Inglaterra, dizia Thatcher) e da vontade de constituir um movimento contra a austeridade e a degradação da democracia social. Foi assim que Corbyn, um socialista, ganhou as eleições onde socialistas as perdem desde há muitas décadas, no partido socialista (ou trabalhista, em Inglaterra). Por isso, a velha piada voltou a ser usada, porque esta revolução política na ilha destaca-se do que se passa no continente, onde Merkel, Hollande, Orban e outros ditam as regras, e pode ainda arriscar-se a ficar ela própria isolada.
Corbyn enfrentou tudo. Será apoiado pelos terroristas, escreveu o Daily Telegraph; é louco, escreveu o Daily Mail. O The Guardian apelou formalmente ao voto em Andy Burnham, um dos seus opositores. E vai enfrentar muito mais: presumivelmente, uma contestação judicial dos resultados, a demissão de dirigentes e parlamentares, até possivelmente uma cisão que crie um novo partido de centro a partir dos adeptos da Terceira Via blairista.
Também houve apoios surpreendentes. No mundo da cultura (Daniel Raddcliffe, o actor que representou Harry Potter, terá sido o mais inesperado) e no mundo da política, incluindo Lorde Skidelski, professor emérito da Universidade de Warwick. Robert Skidelski é o mais conceituado biógrafo de Keynes e foi o porta-voz do Partido Conservador para os assuntos financeiros na Câmara alta do parlamento britânico. Foi depois expulso do partido por se opor ao bombardeamento da Jugoslávia em 1999, mas não deixa de ser um pilar da academia e do conservadorismo prudente. Num artigo no mês de agosto, Skidelski defende o programa económico de Corbyn, naturalmente onde se tinham concentrado os ataques mais ferozes. As duas ideias essenciais são boas, escreve Skidelski: um Banco de Investimento, financiado pelo fim das vantagens fiscais das grandes empresas, e um programa de investimento para criar emprego, com fundos emprestados pelo Banco de Inglaterra e a emissão de títulos de dívida. Ou seja, a emissão de libras financia o défice do Estado e é aplicada em prioridades sociais e económicas (para isso é preciso ter moeda e o seu banco emissor).
Escreve Skidelsky: “Deveríamos elogiar Corbyn e não atacá-lo por trazer à atenção pública estas graves questões referentes ao papel do Estado e ao melhor modo de financiar as suas actividades. O facto de serem excluídas estas alternativas diz muito sobre a perigosa complacência das elites políticas actuais. Não falta razão a milhões de pessoas que percebem que a actual ordem económica não serve os seus interesses. Que vão fazer se, pura e simplesmente, os seus protestos são ignorados?”
Por isso certamente, e pela tradição popular na política britânica, aconteceu esta viragem surpreendente e totalmente inédita que leva um socialista à vitória no partido socialista. Pode ele triunfar a partir daqui, dentro do partido e na sociedade? Dificilmente, a não ser que mudem muito depressa as condições sociais. Mas o facto de haver esta eleição é só por si um testemunho de como o mundo e as ideias podem mudar, mesmo quando o nevoeiro deixa a ilha isolada. E chama a atenção para o facto de já não haver socialistas, gente que propõe o socialismo como alternativa ao capitalismo, nos outros partidos socialistas.
Estas palavras escritas aqui parecem-me assim um cadinho… Syriza. Se retrocedemos alguns artigos mais antigos, são um déjà vu do que o Louca disse do Syriza e do seu grande guru Yanis Varoufakis.
‘E comparar a retórica, e temos o mesmo discurso. O outro era o sol e a luz que ia iluminar a Europa cinzenta, este ‘e um nevoeiro num dia de sol.
Os protagonistas mudam, a retórica ‘e a mesma. Ja muito gasta diga-se. Mas ainda há quem a compre.
Prefere a retórica de “Não há alternativa” ou “Vivemos acima das nossas possibilidades” ? Com o episódio Syriza perdeu-se uma batalha e nem tenho a certeza se terá sido realmente perdida… Mas a História não para e os ventos começaram a mudar. Começou o fim do vosso tempo. O capitalismo é uma besta selvagem, a morte do belo, do bom e do justo. Pensaram que ele ficaria para sempre. Nada é para sempre. A vida não para. O futuro não é vosso. Temos pena.
Caro Francisco Louçã,
Do outro lado da névoa perdura uma UE em que o cidadão médio britânico pouco ou nada confia. Corbyn clarificou (e bem) que não quer cortar laços com o “continente”, mas face a um pouco clarificador “Labour should seek to reform the EU from within” e aos ventos pouco recomendáveis que emanam de Bruxelas nos tempos que correm, tenho algumas dúvidas se serão somente rápidas mudanças sociais a ditar o sucesso.
Corbyn e de facto uma boa noticia para qualquer progressista mas eu temo que a preparacao de Jeremy Corbyn para os ataques que vai enfrentar nao seja a ideal.
Corbyn vai enfrentar um eleitorado que apesar de farto de austeridade continua a acreditar que e o unico caminho possivel porque o Reino Unido tem de viver dentro das suas possiblidades – ” we have to live within our means” …o que quer que isto signifique. Os conservadores tem sido eximios na passagem desta mensagem.
Infelizmente, Corbyn continua a reforcar esta mensagem ao comprometer-se anular o deficit e financiar o seu programa de medidas sociais e estruturais atraves de impostos aos mais ricos e o combate a benesses fiscais a grandes empresas.
Como se o Governo do Reino Unido – ao contrario do que acontece com o Governo portugues – tivesse necessidade do dinheiro dos ricos e das empresas para pagar o seu programa de investimentos. O Governo pode querer aumentar a carga fiscal sob estes sectores por razoes de equidade – que sao louvaveis – mas nao tem preciso desse dinheiro para seguir o seu programa de investimentos. Corbyn tem de se livrar desta teia de pensamento que sao reminiscencias do pensamento neo-liberal. Este e de facto o grande problema da Esquerda querer adoptar uma posicao progressista mas sem conseguir-se libertar da contexto neo-liberal que tem dominado o pensamento economico dos ultimos 40 anos.
Um outro elemento-chave que contribuiu para a eleição de Corbyn tem de ser realçado : a forma como conduziu a campanha! Corbyn galvanizou a juventude (ver o texto no Guardian da jovem que saiu em defesa do Corbyn quando Blair procurou influenciar o voto das bases), sobretudo pela forma diferente como se expressou (respeito, coerência, fidelidade aos principios e, sobretudo, frontalidade). Trata-se de um dos poucos a conseguir ganhar a sua circunscrição aumentando o numero de votos desde que se qpresentou! Ou seja, a sua integridade é realçada. O principal problema vai ser conseguir unir o PT, onde os barões o vêem como o agitador que votou contra o partido umas 500 vezes. A meu ver, Corbyn, e outros na Europa, ganharão em credibilidade se Sanders conseguir ser o nomeado do PD americano. Não sei ai em Portugal se se fala muito do Bernie Sanders, mas aqui em França (e nos media mainstream americanos) o silêncio é quase geral.
Porque razão diz o Francisco Louçã no seu texto que “Dificilmente [Corbyn pode triunfar dentro do partido e na sociedade], a não ser que mudem muito depressa as condições sociais”?
Porque precisa de apoio na sociedade para enfrentar os poderes instalados.
Referia-me às “condições sociais”. Estamos de resto de acordo quanto aos poderes instalados, e penso que o acompanhamento mediático do caso Corbyn o revela claramente. Gostaria de perceber as condições sociais a que se refere, i.e. o que na sociedade britânica, além dos poderes instalados e com voz pública/mediática, impede o seu sucesso.
Condições sociais são a organização popular, de movimentos e sindicatos, ou outras formas, que possa constituir um polo na sociedade. No parlamento, Corbyn não tem os deputados trabalhistas. Terá a imprensa contra si. E todo o conservadorismo da sociedade, mais o poder da City. Precisa de grande capacidade de luta, o que em parte havia na Grécia – mas ainda foi insuficiente, como se viu.
Viva. Eu acho que a eleiçao do Corbyn [e muito parecida com a popularidade do senador americano Bernie Sanders nas prim[arias democratas. Foi simplesmente algu[em que apareceu a propor uma soluçao para os problemas que as pessoas andam a sentir. Gostava de ver um texto do Louça a analizar o efeito Hurricane Sanders tamb[em.
PS: Peço desculpa pelos erros ortogr[aficos mas estou a escrever num teclado ingl}es.
Boa sugestão.
A unica razao porque falhou na Grecia foi porque Tsipiras e o povo grego vivem numa contradicao existencial: nao querem austeridade mas nao querem abandonar o Euro….foi esta contradicao que tornou a luta deles inutil. Foi uma pena, talvez fora nos ensinassem alguma coisa.
Obrigado, Francisco Louçã, pelo seu esclarecimento. Tinha compreendido “condições sociais” num sentido socialmente mais lato do que o de organização e movimentos. Penso que acabou respondendo à minha questão quando invoca o “conservadorismo da sociedade” britânica.
Miguel Batista, é de facto uma boa sugestão, de resto já havia sugerido a proximidade de Sanders e Corbyn em comentário à primeira crónica de Francisco Louçã a respeito de Corbyn.
“Corbyn enfrentou tudo. Será apoiado pelos terroristas, escreveu o Daily Telegraph; é louco, escreveu o Daily Mail.”
Já vimos disto claramente exemplificado faz pouco na Grécia.
É mais ou menos assim:
– ” Vocês estão dispostos a deixar-se roubar pelas Judiarias Financeiras/Monetárias da Banca Internacional e dos “Mercados”? Sim ou Não?
-São suficientemente estúpidos para não evitar que assim seja? Sim ou Não?”
Quando uma “Democracia” é suficientemente estúpida para não defender-se das Judiarias da Finança Mundial, então é boa. Mas quando uma Democracia elege um Partido ou Governante que se levanta e diz —-“Não deixaremos saquear mais o nosso povo.” —(Como fez Varoufakis e parece ser o caso de Corby) Então aí é mau, muito mau.
Outro exemplo da narrativa descaradamente mentirosa que a “opinião publicada” tem propagado é a do recém “assassinado” Hugo Chavez (assim como Rafael Correa, Kirchner Evo morales etc…) que está tão longe da realidade que faz dó…
Hugo Chávez transformou completamente o destino das grandes massas pobres, daí ele ter sido sempre reeleito. A pobreza nos 14 anos em que foi eleito, foi reduzida em 75%.
Constrói 22 Universidades, transformando a Venezuela no 5º maior corpo discente do Mundo.
Um país de 23 milhões onde 98% fazem hoje 3 refeições diárias por dia, coisa que antes nem valeria a pena contar quantos poderiam fazer nem 1.
Chavez foi considerado por estudiosos de todo Mundo como um dos Grandes líderes de sucesso do 3º Mundo. Foi um “Campeão” dos direitos humanos, das mulheres, dos negros, dos povos indígenas. É por isso que tantos votaram nele.
Hugo Chávez foi o político mais eleito do Planeta. Teve mais eleições livres e honestas (14) que qualquer outro político do Planeta. Quem o diz? :
– Imagine-se, o perigoso Comunista, terrorista Islâmico, Tirano, etc… Ex Presidente dos USA Jimmy Carter.
Jimmy Carter acompanhou as Eleições Venezuelanas e classificou-as como as eleições mais perfeitas a que já acompanhou. Melhor do que qualquer Eleição já realizada nos USA. Isso o disse Jimmy Carter note-se! Hugo Chavez nessas eleições, como em muitas outras, teve uma vitória esmagadora sobre os outros 30 Partidos da oposição. E todos os 30 coligados para o tentar derrotar.
95% das TVs Venezuelanas são privadas. Todas apoiaram Capriles!!! E mesmo Capriles reconheceu que foi derrotado numa eleição justa e livre, mas mesmo assim a narrativa da “Opinião Publicada” é de que foi um Ditador… Patético…Absurdo…
Mas é a palha que se come na imprensa dita “livre” da “Opinião Publicada”. É assim a lavagem cerebral do Sistema Hegemónico Global Ultra-Liberal.
Já foste à venezuela alguma vez? De certeza que não, para escreveres essas barbaridades.
– muita fome e miséria;
– controlo biométrico para comprar 1 rolo de papel higiénico;
– não foram os pobres que deixaram de ser pobres; agora já não há é classes…são 100% de venezuelanos pobres. Tirando claro os do partido socialista venezuelano.
– país com mais assassinatos no planeta tirando os que estão em guerra;
– universidades que no 1 ano de medicina ensinam a estudantes estrangeiros espanhol e socialismo;
– todos os adversários políticos presos ou mortos;
Assim vai o socialismo do sec XXI. Estaline e Mao estariam orgulhosos.
Controlo biométrico nos locais de venda de papel higiénico, aqui está um país tecnologicamente muito avançado.
Caro “capitalista”, a tática do terrorismo econòmico Neoliberal da falta de papel higiénico, já vem do tempo do Salvador Allende Chileno.
Não se preocupe!
Com a quantidade de jornais a propagar mentiras e desinformar os povos, dificilmente aos Venezuelanos faltará papel para limpar o dito cujo trazeiro.
Obviamente que o processo que se está a desenrolar na Grã-Bretanha é uma terramoto politico para o sistema britânico. Provavelmente terá repercussões na Europa e não só. Não é normal que um partido do sistema veja uma vaga de adesões (entre novos membros ou simpatizantes registados, que poderam votar na eleição do Secretário Geral do Labour, foram cerca de 500.000), Mas a máquina neo-trabalhista não dará tréguas às ideias de Corbyn.
O Partido Trabalhista teve exemplos históricos de resistência e luta contra o sistema e contra a direcção do procrio partido.
Por exemplo, nos anos 80 os vereadores trabalhistas de Liverpool, baseados na mobilização dos sindicatos e moradores, furou a proibição central do governo de Margaret Thatcher de endividamento das autarquias, construiu habitação social, centros de saúde e criou 20.000 postos de trabalho. Eram 49 vereadores, 9 deles apoiantes do jornal marxista Militant. Foi a Câmara dos Lordes – o expoente da «democracia» que demitiu os eleitos. Mas as casas, melhorias sociais e empregos ficaram. Como bem referes, Francisco, para Thatcher a sua melhor vitória foi o Blair e a sua «3ª via».
Mas para o futuro o que é determinante é a capacidade e vontade de Corbyn em romper realmente com a austeridade e apoiar-se na dinâmica de acção que pôs em marcha e avançar para verdadeiras medidas socialistas e não gestão amelhorada do capitalismo, parece-me.
Não gosto de fazer prognósticos mas não me admira que as alas radicais dos partidos socialistas europeus comecem a tomar de assalto os seus partidos. Em Portugal já se nota essa tendência. Resta saber se tal significará o afundamento final dos socialistas, ou, se pelo contrário, é um reinício auspicioso para a xuxaria keynesiana que insiste em nos fazer crer que o dinheiro nasce nas árvores, ou debaixo das pedras como os cogumelos.
Depois dos casos do BPN e BES, em Portugal, culpar os keynesianos ou a esquerda pela sensação de que o dinheiro cresce nas arvores deve ser piada.
Quem é que salvou o bpn? Jesus Cristo?
Ridículo!
Neste momento seria difícil levar para a frente algumas das ideias de Corbyn em Portugal. Mas valia a pena discutir, por exemplo, o saúde e os estado do SNS à luz de algumas ideias de esquerda. A começar pelo facto, de os maiores inimigos do SNS serem os próprios profissionais de saúde (não todos) que vivem de um sistema misto privado-público completamente selvagem onde o estado paga ao privado para fazer o que dá lucro e que ninguém (PS e PSD) conseguiram eliminar. O que se passaria em Inglaterra se Corbyn fosse eleito ?
Tem razão, são realidades diferentes, e o debate SNS é de facto determinante. Ainda estamos muito longe de eleições em Inglaterra para ter uma resposta.
Quando à umas semanas li uma reportagens sobre Corbyn, achei que seria um otimo líder para o Labour por ter todas as características para acabar de vez com o socialismo antiquado que em alguns lugares ainda se vê na ilha, e por ser mais um “mau” exemplo para o resto da Europa. Este foi o meu lado politico-partidário a falar. O meu lado que tenta fazer uma leitura isenta da eleição de Corbyn confirma-me, mais uma vez, que o socialismo Europeu anda à procura de uma nova orientação que ainda não conseguiu encontrar. E essa procura já dura à mais de 15 anos.
Corbyn andou na mesma escola que Tsipras. As ideias base são espantosamente idênticas, só que a sociedade grega é completamente diferente da britânica.
E o mais curioso é que as maiores reações de espanto e deceção sobre a vitoria de Corbyn vieram de dentro do próprio Labour. Pelo que vi, o restante quadrante politico britânico está contente com o resultado, e por alguns comentários que já li em Portugal, Espanha e França, não são só os socialista britânicos que estão apreensivos com este desfecho.
A eleição de Jeremy Corbyn para líder do Partido Trabalhista, ocorre num contexto de uma derrota de Ed Miliband e do Partido, que representam por si só a falência de vias alternativas à hegemonia ordoliberal que grassa ,como nevoeiro alargado, por sobre grande parte da Europa.A consistência, coerência de posições e a longa actividade nos Comuns, são reconhecidas por grande parte dos opositores e constituem créditos firmados, a que não são alheios os apoios e votação obtida nas eleições no Partido Trabalhista.As tarefas em que terá de liderar o partido são imensas, quer na resolução interna das feridas abertas com os trabalhistas da Escócia, quer na clarificação na posição quanto ao sentido de voto no referendo da continuidade da União Europeia, quer na oposição às medidas do governo de Cameron para a adopção imediata do TTIP, nas relações económicas com os Estados Unidos, ou na progressiva desregulamentação interna, na área da economia e dos serviços públicos.
Um grande dia para a oposição ao governo de Cameron e uma brisa fresca a soprar sobre o continente.
Por favor, o último parágrafo com que finaliza o seu artigo: “E chama a atenção para o facto de já não haver socialistas, gente que propõe o socialismo como alternativa ao capitalismo, nos outros partidos socialistas.” – importa-se de tornar mais claro?
Hollande, Renzi, Gabriel, Papandreau, Venizelos, Martin Schultz…
Cara Maria José Neves, por favor compare os programas eleitorais dos partidos socialistas / sociais democratas (os verdadeiros) ou trabalhistas do início dos anos 80 com os atuais e veja a diferença. E se ler programas destes partidos do pós segunda guerra então…
Ainda não vi, em lado algum, a esquerda gerar prosperidade ou resolver problemas. Os mais recente exemplos, ou seja, Holande na França e Syriza na Grécia não resolveram nenhum problema das respetivas populações, pelo contrário, agravaram-nos. Em Portugal a esquerda de elevada sensibilidade social deixou o país na falência e com problemas graves para mais de uma década.
Já não há pachorra.
Depois do empobrecimento anunciado e cumprido em Portugal por Passos e Portas, é preciso descaramento, João Carlos Salgado.
O meu amigo deve ter a memória curta, é que todas as liberdades e direitos de que ainda goza, foram conquistados por partidos da ala esquerda (o que não quer dizer que não tenham, posteriormente, enveredado por práticas menos consensuais e desprestigiantes). No mínimo deveria reflectir sobre o que é que leva à alternância, se os partidos de direita são tão portadores de esperança e progresso… Entretanto confunde ditadores com homens que lutam por um ideal, já que todos os ditadores se reclamaram do socialismo, não pela dimensão da sua entrega ao povo, mas sim pela estratégia que os leva a mentir, até Hitler governava em nome do nacional-socialismo; Salazar preocupava-se com o povo quando pronunciava a celebre frase: “o vinho, é dar de comer a 6 milhões de portugueses”. Cabe aos homens inteligentes discernir sobre o que as palavras escondem.
Os trinta gloriosos anos (o período mais longo, de maior crescimento, prosperidade, desenvolvimento e repartição da riqueza em todo o continente todo o continente europeu) ocorreram com governos e políticas de esquerda. Pelo contrário, andamos desde os anos 80 a resvalar gradualmente para as políticas neoliberais (com a contribuição dos partidos socialistas) e vejam o que temos…30 e tal desastrosos anos de crises contínuas, estagnação ou retrocesso no plano económico social e concentração da riqueza. Mas quem precisa de história económica quando quando se pode repetir slogans fáceis.
Otto Von Bismark, e por aqui me fico.
O PS francês foi tomado de assalto pela ala centrista. Valls é admirado pelos votantes da direita. Macron é um liberal assumido (admirado pelo MEDEF) e ganha cada vez mais influência no PS. A ala esquerda (frondeurs) foi vilipendiada nos media, “retirada de cena” (não existe mais nenhum no governo) e alguns até dizem rever-se hoje mais no PC do que no PS. Como em França existe o FG dificilmente o PS pode voltar a guinar à esquerda. Apenas em 2017, quando o Hollande tiver uma derrota estrondosa.
Não nos podemos medir pelos outros europeus ocidentais, estamos numa classe à parte. Os outros têm um bom nível de vida, quer sejam governados pela Esquerda ou pela Direita. Nós, não passamos de pobres, quer sejamos governados pelo PS ou pela Direita. A grande diferença é que nos outros países, pode ter-se dificuldades se se está desempregado, mas quando se trabalha tem-se dinheiro para viver. Aqui, mesmo trabalhando, não se tem dinheiro para o básico. Enquanto não se conseguir subir os salários, viveremos sempre assim, com o dinheiros dos empréstimos bancários e os bancos com dívidas lá fora. Isto não tem nada a ver com Esquerda e Direita, tem a ver com quem trabalha merece ganhar. O salário mínimo à hora dá para comprar uma sandes e um galão. Imagine-se o que seria isto na Alemanha ou Inglaterra ou França, ou… Eles nem acreditam quando se lhes diz quanto se ganha aqui. Um amigo meu, chinês, disse-me que com 505 euros, nem em Shangai se vive.
A Europa é governada pelo programa que garante a reeleição de Merkel. Há uma moeda e os seus constrangimentos, depois, depois falta muito, muito sequer para um esboço de país europeu. Merkel teria sido reeleita se tivesse aceite os eurobondos? Contudo está quantificado o que ganhou em manter o status quo pelo menos com os gregos. Há agendas nesta Europa…Bom artigo. excelente pequeno artigo. Está o seu partido, já venceu as dores de parto, para assumir o poder em vez de se refugiar no protesto?
Este espaço é para discutir ideias e não para tratar de assuntos partidários.
As ideias só servem para serem usadas pelo poder. A resistência pode ser uma ocupação, uma devoção, uma especialização. Quem tem a responsabilidade de poder governar para transformar não pode seguir uma lógica de mera sobrevivência parlamentar.
Há uma certa rudeza na resposta como se eu pudesse ser a voz do dono de algo ou alguém. É que você não percebe ou não quer perceber a razão pela qual o seu partido se fragmenta, definha e não se impõe quando o que defende é correcto. Não acertam na conduta. É pena.
Porque é que a tendência de algumas pessoas neste espaço de debate é perderem a cabeça à primeira, como se estivessem a ajustar contas com o mundo? Claro que, assinando sob pseudónimo, parece mais fácil deitar pedras. O DNG deve ser de um partido magnífico, que teve sempre razão e que “acerta na conduta”. É pena, digo eu.
Mas quando quiser trocar impressões sobre ideias substanciais, com muito gosto.
Fico honrado por ter conversado, pela primeira vez, com um político do seu calibre. Conceda-me a vantagem do anonimato. obrigado. Bom artigo. Complexo. Bem escrito.
Extraordinária surpresa Francisco, um socialista a dirigir um partido Socialista.
mais um messias da esquerda, agora só falta arvorar o prof. Louça em conselheiro deste messias, pro tombo ser mais espetacular.
Sente o problema para o discurso da direita, não é “Amadeu”?
Corbyn é um chavez para inglaterra. Se algum dia for eleito acontecerá o habitual em socialismo: filas de 7 horas para comprar 1 rolo de papel higiénico.
Onda há socialismo há fome e miséria.
Onda há capitalismo há prosperidade.
Claro que sim. Dias Loureiro é um exemplo de um grande empresário, como diz o nosso estimado primeiro-ministro. Lá prosperidade, isso é certo.
Ouça meu caro, isto aqui é um espaço de livre opinião mas tem de entender que se destina a pessoas inteligentes. Há outros espaços onde os seus 2 neurónios se sentirão, provavelmente, mais à vontade. Veja lá isso. Boa sorte.