Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

26 de Junho de 2015, 08:50

Por

Os programas dos partidos de esquerda: o Livre

tavaresProsseguindo no comentário dos programas dos partidos de esquerda, dedico-me hoje ao Livre. Não é fácil fazê-lo porque, ao que se lê na imprensa e no seu próprio site, o partido Livre, que já aprovou os seus candidatos (mas escolheu não revelar os resultados dos votos em cada um), ainda não reuniu o seu congresso ou conferência para definir um programa eleitoral. Tem no entanto documentos anteriores, que já discuti aqui, e publicou mais recentemente umas “Linhas Programáticas” e um texto de “Orientação Política”, além dos contributos de várias opiniões pessoais, para a preparação do seu futuro manifesto eleitoral.

Considerando estes dois textos e analisando-os, como em relação aos outros partidos, pelos seus pontos fortes e fracos, registo algumas mudanças em relação a posições anteriores. Na minha opinião, umas para melhor e outras para pior.

Para melhor e pontos fortes sobre os documentos actuais: abandonam ideias que me pareciam de teor populista, como o de prometer um “rendimento incondicional” a toda a gente, está escrito que o partido insiste na crítica ao Tratado Orçamental, desenvolvem uma boa proposta sobre o ultra-endividamento hipotecário das famílias, comprometem-se com a defesa dos bens comuns e, embora não procedam a uma análise das propostas do PS, pelo menos recusam a descida da TSU apresentada por António Costa. Tudo excelentes propostas e posições.

No mesmo sentido, os documentos reafirmam a necessidade de uma reestruturação da dívida:

“Para recuperar é preciso desendividar, não nos termos previstos no Tratado Orçamental, mas com uma reestruturação da dívida e o relançamento do investimento. É por isso crucial a inclusão na agenda europeia da reestruturação multilateral das dívidas e de um verdadeiro programa de investimento.

Em todo o caso, na ausência de uma solução multilateral para o problema das dívidas públicas na UE, o Estado português deve desencadear, preferencialmente em articulação com outros países, o processo de renegociação da dívida. Assumindo por princípio a procura negociada de soluções, o governo não pode aceitar, nem mesmo nestas circunstâncias, a chantagem de bloqueio do acesso dos bancos ao financiamento do BCE ou de exclusão do Euro.”

Não é muito claro o que se pretende com a última frase e o que deveria fazer um governo de esquerda perante a eventual “chantagem de bloqueio do acesso dos bancos ao financiamento do BCE ou de exclusão do Euro”, sabendo que tal poderia conduzir ao fim da “procura negociada de soluções “. Nunca nos é explicado o que deveria então acontecer e de que acção unilateral se está a falar. Considerando o que se está a passar na Grécia, parece razoável esperar que essa explicação seja algum dia apresentada.

Em todo o caso, ao contrário dos outros partidos de esquerda, o Livre não concretiza nem os objectivos nem os instrumentos da sua proposta de reestruturação da dívida, deixando por isso o seu programa económico indefinido. Ora, como não haverá aumento do investimento sem reestruturação da dívida, é útil saber-se que objectivos são fixados, para que qualquer programa não se limite a uma petição de princípios. Mas registo a posição que é bem fundamentada – fosse ela mantida, o que parece duvidoso.

Acontece ainda que alguns dos fundadores do Livre-TdA se comprometeram no passado muito recente com uma linha certamente ainda mais combativa em relação ao euro e às condições do Tratado Orçamental. Escrevia por exemplo o Fórum Manifesto, num texto subscrito por Ana Drago e Daniel Oliveira:

“É esse o problema que se coloca em relação ao euro. O euro é, no actual quadro de correlação de forças políticas, irreformável: correspondeu e continuará necessariamente a corresponder à construção de um fosso intransponível entre centro e periferia europeia, que obrigará a um processo de subdesenvolvimento das economias mais fracas da União. E é justo afirmar que, mesmo que muito mudasse em Portugal e na Europa – e era preciso que muito mudasse em Portugal e na Europa – não há, dentro do euro, futuro para um crescimento económico do país que seja socialmente sustentável” (Dezembro de 2013, Portugal na Encruzilhada da Europa).

O texto, de há pouco mais de um ano, é muito categórico. “Mesmo que muito mudasse em Portugal e na Europa não há, dentro do euro, futuro para um crescimento económico do país que seja socialmente sustentável”. Não há futuro dentro do euro.

Rui Tavares respondeu a este argumento de forma bastante lapidar: “Acredito na boa-fé de muitos dos que dizem que a União Europeia é irreformável. Mas acredito também que não consideram a enormidade do que estão a dizer”. Coitados, não percebem, é nada menos do que uma “enormidade”. A União é reformável.

Daniel Oliveira caminhou no sentido contrário e, há uns meses, apresentava a sua conclusão, sofrida mas explícita, num texto significativamente intitulado “A democracia ou o euro”:

“Há momentos da história em que nenhuma escolha é boa. É o caso dos tempos em que vivemos. As nossas opções são, infelizmente, estas: ou corremos riscos inimagináveis ou desistimos da democracia. A minha escolha, que é a saída do euro, faz-me tremer. Mas ficar no euro faz-me desistir e aceitar, sem nada fazer, que estamos condenados a assistir à degradação da democracia nas próximas décadas” (p.109, “O que Fazer com este Euro”, livro do Monde Diplomatique).

O texto é ainda mais categórico do que o anterior: o que está em causa é simplesmente a “degradação da democracia” e pelas “próximas décadas”, portanto é preciso sair do euro. Não se podia ser mais definitivo, a democracia está em causa (uma “enormidade”?).

Nenhuma destas posições tem abrigo no programa do Livre-TdA, admito que por força dos consensos internos: como se verifica, Oliveira pensa uma coisa e Tavares o seu contrário. Talvez por isso, o texto programático atrás citado está a ser rapidamente abandonado pelos seus porta-vozes. Creio que esse é o ponto fraco da proposta do Livre, abandona as suas posições programáticas como se não houvesse amanhã.

Ao tratar da reestruturação da dívida, e já a crise grega demonstrava como Berlim recusa um acordo sem austeridade, Tavares repetia na semana passada ao Oje: “A dívida pública deve ser reestruturada, do nosso ponto de vista, preferencialmente através de uma negociação multilateral europeia, de uma conferência europeia de credores e devedores, uma espécie de Bretton Woods europeu.” Bretton Woods na Grécia? Não há para a Grécia nem se vê como haveria com um governo Costa em Portugal, e neste caso por duas razões: a Alemanha simplesmente não aceita e é surpreendente que alguém ainda tenha ilusões sobre isso, e Costa não quer.

Na mesma entrevista de Tavares é ainda misteriosamente acrescentado o seguinte: “A ideia dos resgates foi garantir a sustentabilidade de todo o projecto do euro e esse projecto é para todos, não é só de dois países”. Deixo a interpretação desta frase para os leitores.

Na mesma vertigem, Ana Drago deu uma entrevista aqui ao PÚBLICO em que responde que, considerando que o PS rejeita uma reestruturação da dívida, o seu partido deve aceitar cedências quanto a essa ideia, porque não pode ser uma “questão de xeque mate”:

P- Portanto nesta questão da dívida, o Livre/Tempo de Avançar está disponível para fazer cedências em nome do Estado Social e da criação de emprego?
Exacto.

P- Mesmo que o PS mantenha o recuo em relação à reestruturação da dívida?
O que é importante discutir com o PS é se querem verdadeiramente criar emprego ou não.”

Como o PS não aceita a reestruturação da dívida, então chegou o momento das “cedências” e portanto a reestruturação deixa de ser decisiva, porque não pode ser um “xeque-mate” (ou uma “enormidade”). O “euro irreformável” e a “degradação da democracia” pelas “próximas décadas” ficam esquecidos.

Esta renúncia espectacular à reestruturação da dívida não deixa de ser surpreendente. Mas tem lógica: como o objectivo (a saída do euro ou pelo menos o abatimento da dívida) era contraditório com o instrumento (participar no governo do PS), a escolha tinha que ser feita um dia e esse dia é agora. Mas então a pergunta é: para que serve este secretário de Estado num governo que abandona o que era “crucial”, “desendividar”, que era a condição para “recuperar” e até uma condição para salvar a democracia pelas “próximas décadas”? E que sentido tem publicar um texto programático para o recusar umas semanas depois, em nome do mais alto interesse dos interesses do PS?

Devem ser homenageados os dirigentes políticos que têm a honestidade de afirmar esta viragem antes das eleições, para que todos saibam com o que contam. Mas não estou seguro de que isto seja uma estratégia eleitoralmente polarizadora, porque afirma que, afinal, basta o PS, já que a política proposta é aceitar a regra europeia, Deus nos livre do “xeque mate”. Dessas contas saberemos em Setembro ou Outubro.

Comentários

  1. O grave é que podem mesmo chegar a ser governo.
    Uma qualquer secretaria de estado manhosa e já está. E depois extinguem-se como foi o caso do BE, que nem a isso chegou.
    No fundo toda a esquerda gosta de elaborar manifestos, teorias e coisa afins, mas passar é pratica, aplicar o que escrevem?
    O Francisco Louçã não pode mesmo acreditar que uma saída do euro seria benéfica para o país? È surreal pensar nisso, mesmo. Uma economia deficitária em tudo o que é balanço (excepto na cortiça e vinho do porto, porque só existem cá) deixar de ter uma moeda forte, é o mesmo que defender o modelo de governo da Coreia do Norte, pois, que por acaso a esquerda defende.
    Está tudo explicado.
    Foi como disse, o grave é que podem mesmo chegar a ser governo.

    1. Percebo porque tem que se refugiar num pseudónimo, se o nível de argumentação fica pela Coreia do Norte. Felizmente, a Europa está cheia de Coreias do Norte (vou dar-lhe a notícia com jeitinho, para não ter um susto, mas até existem países europeus que não estão no euro).

    2. E cá está o nível de Francisco Louçã! Como se usar um pseudónimo numa caixa de comentário fosse muito menos informativo do que o nome próprio do comentador. Não sendo figuras públicas ao contrário de si, provavelmente até pago por este jornal para acertar contas pessoais e políticas (independentemente da retórica políticamente correta que use), os comentadores nada acrescentam usando o seu nome. Os pseudónimos têm no entanto uma grande vantagem: bem imaginados chamam à atenção. É mediocre da sua parte criticar isso quando deixou para a posteridade a comparação de Durão Barroso a uma chaputa, usando o mesmo que muitos de nós procuram nos pseudónimos. E já agora o meu nome é Carlos Martins. Tire bom proveito desta informação.

    3. Como viu não era difícil assumir a responsabilidade pelas suas opiniões. É o que costumam fazer pessoas educadas. Já agora, foi a mulher do Durão Barroso que o comparou a um cherne, se bem se lembra.

  2. F, os dois únicos documentos oficiais do LTA, que expressam a opinião colectiva do LTA são as linhas programáticas e a agenda inádiavel, as opiniões de lideres, asim como de outras pessoas, e podias ter citado a entrevista a Ricardo Sa Fernandes, expressam a sua opinião pessoal, porque eles não são chefes deste movimento. O Daniel Oliveira nos programas de TV, nos artigos. de jornais expressa opiniões com as quais não concordo, mas considero, respeito, expressam o pluralismo necessário entre pessoas que participando do mesmo movimento e abordam as questões e contribuem para a sua elucidação, nunca acreditei na militancia de chefes e indios, defendo isso. Mas a questão sustantiva é queremos a unidade da esquerda?, quando o teu próprio analise revela que as diferências não so assim tão distantes, apenas tu atribues um ánimo ao LTA de ser a muleta do PS, insistes nisso, segues de esse modo e alimentas uma ideia que a propria comunicação social veicula, e tu sabes porque veicula, faziam o mesmo com o Bloco. O LTA expressa algo que o Bloco não conseguia, apertura a uma pluralidade de opiniões, partipação em moldes diferentes que o bloco não conseguia, a proba disso é que nas europeias, o LIvre, que é muito menos que o LTA, teve mais votos, se calhar por isso o seu pensamento incorpora expectivas europeistas, mas a questão aqui é como se processa o proceso poltico em Europa, eu nisto estou mais de acordo com o Pais Mamede, o João Rodrigues , do própio Jose Maria Castro Caldas, mas tens que admitir que sobre isto ainda ha menos informação que a necessaria para uma opinião definitiva. De aqui a Dezembro o panorama pode mudar em parte, alias pode acentuar a clivagem europea entre norte e sur. Na última convençao do BLoco, no debates prepatraórios expressei várias veces a pergunta, mas não ha fraternidade na esquerda portuguesa?, extendo agora a… não ha generosidade na esquerda portuguesa?, acho que no LTA ha esse espíritu, ha abertura ao dialogo, a conversações, a grande verdade é aquela que os portugueses decidem que é, respira-se ar de eleições mas tambem de verão, a batalha grega não esta perdida, é uma lição para todos, parafraseando Neruda, com Grecia no coração.

    1. Isso é tratar tudo com leveza. O primeiro candidato do Livre-TdA é que inventou a definição da “esquerda do meio” e não há nem texto nem declaração do partido que não diga que a sua diferença com a esquerda é querer ter “um pé no governo”. Acho que vale a pena discutir as estratégias que existem e as posições que são formuladas e não uma conversa de Miss Mundo sobre a necessidade da paz universal. A Grecia ensina a todos, Mário, a mim e a ti, que a Europa é intransigente. Por isso, esquerda que queira ceder sobre a dívida e aceitar a autoridade europeia não criará alternativas de esquerda. E tens razão, estou muito mais próximo do Castro Caldas (reestruturação da dívida) e do Daniel (saída do euro), mas espanta-me como podem pensar que isso se consegue tendo um secretário de EStado no governo Costa.

  3. Achei este comentário um pouco “duro” com o Livre/ Tempo de Avançar.
    Pareceu-me focar (atacar) demasiado a questão do Euro. Que a meu ver Portugal, Grécia e não só daqui a 5 anos (no máximo, contando com possivelmente só nas as eleições seguintes) já terão de volta as suas próprias moedas. O problema é que isto mede um certo medo “ignorante” a muitas pessoas. E deixar esta questão em aberto, parece-me ser uma jogada política. Não querer assumir essa posição de forma a não perder votos… é a minha opinião. O Bloco acho que também partilha da mesma “vergonha”. Portanto, o PCP até agora é o único a afirmá-lo alto e em bom som.

    É sim uma pena ainda não terem as suas intenções bem definidas, mas percebo que tenham em mente que vão estar a jogar sempre dependendo da posição do PS. Neste país que só foi de esquerda em 74, votar PS já é “arriscar”, se o Livre/TdA entrar para a Assembleia já fico contente. É com isto em mente que faço até intenções de emigrar no proximo ano…

    Um dos pontos que mais me agrada neste novo partido é de reforçar, várias vezes, a necessidade de unir a esquerda. E a meu ver, o PS so de garganta finge que é de esqerda. Aliás, nem acredito que estejam dispostos a unir-se com qualquer “extrema”.

    1. Concordo com grande parte e até percebo porque é que os partidos de esquerda são cuidadosos quanto ao euro (o PCP de facto só propõe que se estude a saída, o Bloco fala de desobediência mas não esclarece se é ficando ou saindo do euro). Os partidos têm que fazer pedagogia. Mas a realidade está a cavalgar e parece que pouca gente apoia os gregos: eles ou aceitam a austeridade ou saem do euro. Isso não nos ensina nada?

  4. Fica muito mal ao Francisco Louçã fazer este tipo de ataques. Já diz o povo que quem tem telhados de vidro, não atira pedras.
    É muito fácil tentar ridicularizar o L/TdA por estar a tentar fazer a quadratura do círculo com o problema da dívida, numa Europa pouco disposta a ir a jogo. As soluções fáceis do tipo “Não pagamos” ou “Saímos do Euro” ou, pelo contrário, “não gastamos o que não temos”, “as dívidas são para se pagar” estão mais do que esgotadas. Todos os profetas que anunciavam soluções simples deram com os queixos no chão, pelo simples motivo de que NÃO EXISTEM soluções simples e o Daniel Oliveira reconheceu isso muito antes do resto da esquerda. A única certeza é que o caminho, daqui em diante, será cheio de pedregulhos, tortuoso e de difícil progressão. Pior do que isso, depende mais de factores que não controlamos do que de factores sob o nosso controlo. Ora, o que o BE nos propõe são precisamente essas soluções simples (simplistas) que todos (a começar pelo Francisco Louçã) sabem que não funcionam. Atacar o problema de frente, com o peito às balas dá mau resultado e até o próprio Syriza, que foi o único partido de esquerda a ter de assumir essa responsabilidade, constata todos os dias que a solução não pode nem passar por cortar a direito, nem por ceder em toda a linha. É uma solução complexa, cheia de avanços, recuos e contradições, para tentar fazer o melhor possível de uma situação péssima. Por isso, atacar o programa do Livre/TdA por causa das necessárias ambiguidades, dos necessários compromissos, dos necessários avanços e recuos, perante uma situação dinâmica na Europa que muda de hora a hora, é não apenas demagógico mas descredibilizante, porque abre o flanco do BE a ataques semelhantes por parte de toda a direita. E ninguém tem uma posição mais frágil e susceptível a esses ataques do que o BE, que continua a apostar em soluções simplistas, de cortar a direito, escondendo as reais implicações das medidas que propõe. Essa posição fica tanto mais frágil quanto o partido charneira da esquerda europeia revela a impossibilidade de manter essa linha ideologicamente pura, sem transformar uma má situação numa situação calamitosa.
    Está Francisco Louçã preparado para dizer abertamente que quer sair do Euro? Está preparado para dizer que vai bloquear as contas bancárias enquanto troca a moeda por uma moeda nacional que, em poucos dias perderá 40% do seu valor (o que equivale a aplicar um imposto de 40% sobre a fortuna de todos os portugueses, a começar pelos mais pobres (os menos capazes de pôr o seu património a salvo). Está Francisco Louçã preparado para infligir uma tremenda dor imediata ao povo português, em troca de uma recuperação económica que, na melhor das hipóteses demorará sempre anos a chegar?
    Ou, por outro lado, está Francisco Louçã disposto a dizer como é que fará o país sobreviver a esta tempestade perfeita de economia estagnada e ataques por parte do sistema financeiro, sem sair do Euro, sem reestruturar a dívida, sem alterar os equilíbrios de poder na Europa? Se ele tem a solução clara e inequívoca, todos gostaríamos de a ouvir. Infelizmente será mais fácil fazer demagogia com o problema e atacar quem tenta uma abordagem multilateral e ideologicamente abrangente do problema do que depois conseguir convencer o eleitorado de que uma solução salvífica, clara e directa, nos irá retirar deste pântano.

    1. Só posição fraca diz chama ataque a um debate. Citei os documetos e discuti-os. Lamento que os dirigentes do Livre digam uma coisa um dia e outra no dia seguinte, mas isso é um problema seu e não meu. Sim, estou não so disposto a defender a saida do euro como escrevi um livro detalhado sobre isso, com Ferreira do Amaral. E o Daniel defendeu essa saída antes de mim, até declarou ter votado PCP há menos de um ano porque era o único partido que nas europeias defendia a saída do euro. Nada disso é uma posição simplista: é pensada, estudada e argumentada em detalhe. Para os que defendem o euro, só lhes pergunto quanta mais austeridade estão dispostos a suportar?

    2. Pois é Francisco Louçã, entrei aqui distraído quando ia a caminho do artigo Bloco, e nada teria a dizer sobre noviesquerdas, quando dei com esta sua BELA pergunta retórica! E o Francisco Louçã já sabe, eu pelo-me por perguntas retóricas! Como português eu estou disposto a suportar muito mais austeridade, mas exclusivamente com cortes na despesa pública. Despesa pública essa, que como o Francisco Louçã sabe melhor do que eu, por ser economista, não tem sequer descido nos últimos anos. Lamento muito que haja vencimentos e pensões que não são compatíveis com a produção nacional, lamento muito que Portugal não possa gastar 3 GE em “subsídio de desemprego”, lamento muito que haja milhares e milhares de funcionários públicos que nada fazem de relevante, lamento imenso que por “austeridade” se entenda aumento de impostos, lamento imenso que o meu país envergue uma camisa-de-forças socialista chamadade “constituição”. Sai bancarrota.

    3. Desculpe-me, mas apregoar a saída do euro é ignorância ou desconhecimento. Dizer que por causa do euro temos austeridade é ignorância ao cubo. Temos austeridade porque temos políticos incompetentes que gastam mais do que o governo possui. Por causa dos gastos excessivos (corrupção, incapacidade de gestão, incompetência, etc.), somos obrigados a pedir empréstimos. Os amigos dos políticos ficam ricos e o povo paga a conta.

      Dizer que se tivermos o euro não íamos ter austeridade é verdade, mas existe algo que o caro Louçã não revela: teríamos inflação exacerbada. Isso porque em vez de pedir empréstimos para resolver a falta de dinheiro devido à má gestão, teríamos impressão de dinheiro, que desvalorizaria a moeda. Então no fim das contas, o povo pagaria da mesma forma a dívida, não por impostos, mas sim por ter uma moeda que valeria menos do que papel higiénico, como era o caso do Escudo.

      O que é preciso é ter políticos competentes e austeros nas finanças e gastos do estado, coisa que não existe em Portugal desde Salazar.

      A primeira coisa que os políticos deviam fazer era ter vergonha na cara e começarem a lutar pelo bem do país, a começar pela luta pelo fim das próprias ajudas, subvenções, assessores, carros e motoristas, fim das ajudas aos partidos, etc. Se os que estão no poder lutam para manter as mamatas o povo passa a desprezá-los completamente, como já acontece hoje em dia. Todos os partidos que lá estão e todos os que lá estiveram hoje são considerados como de muita pouca ética, moral ou capacidade.

    4. Este estilo trauliteiro é feito ou defeito? Convém saber e ler antes de atirar pedras. No livro “A Solução novo escudo”, com Ferreira do Amaral, discutimos em detalhe o efeito inflacção, calculamos o seu impacto e mostramos como pode ser corrigido. Mas o “Zé Tamboril” prefere a continuação da austeridade. Porque a Grécia já não deixa dúvidas, ou deixa? Ou corte nas pensões, ou falência.

    5. Não nego que em abstracto o choque de uma nova moeda em Portugal pudesse ajudar a aumentar as exportações e a diminuir as importações. Mas os efeitos secundários parecem-me ser devastadores, algo como um medicamento para cortar a fome que causasse insuficiência cardíaca (esta aconteceu mesmo). Logo para começar, os portugueses iriam retirar as suas poupanças em euros de Portugal, e uma actividade económica bem conhecida no pós-25 de Abril iria renascer, a dragagem de capitais. Ou seja, ainda antes de a nova moeda existir, ela já teria causado uma tal devastação na economia que já todo o seu futuro benefício estaria posto em causa. Neste processo de liquidação dos depósitos o BCE seria forçado, tal como na Grécia, a emprestar à banca nacional quantias astronómicas, da mesma ordem de grandeza da dívida pública, e, depois da passagem à nova moeda, essa dívida ao BCE subsistiria como dívida internacional, deixando os nossos “robustos” bancos de joelhos. E o que aconteceria aos créditos dos bancos em euros, por exemplo, os créditos à habitação? John Maynard Keynes, para não referir Hayek e outros economistas, creio que falava dos “animal spirits” para referir a importância da confiança dos agentes económicos no progresso da sua economia. O que provocaria a saída do euro nos “animal spirits” no nosso maltratado país? Quantos dos nossos parcos e heróicos empreendedores, face à desordem induzida, não iriam considerar mudar de país?

  5. Eu continuo a achar preferível que haja um movimento de esquerda que prefira coligar-se com o PS de modo a combater as políticas do PAF do que uma esquerda que concorda no essencial, e depois passa a bola à direita.
    Antes deixar cair uma série de linhas vermelhas do que mais 4 anos desta miséria.

    1. Pois essa proposta está feita. Mas se é para aplicar a política do PS então é melhor apoiar o PS, não acha?

  6. Ao contrário do que está escrito no texto, as linhas programáticas não foram alteradas, nunca. Em particular, não foram alteradas desde a última vez que o Prof. Francisco Louçã analisou este texto, que continua o mesmo.
    Chamo a atenção para o facto de não ter existido nenhum recuo face ao RBI, até porque – repito – o texto das linhas programáticas permanece inalterado (acabei de confirmá-lo agora mesmo, intrigado por este texto).

    Surgiram entretanto algumas novidades a nível programático – foi tornada pública a primeira versão da “Agenda Inadiável” – que não foram analisadas. Não consta que tenha existido qualquer recuo face às “Linhas Programáticas” embora nem todos os pontos das linhas programáticas tenham sido explorados neste documento.
    O programa da candidatura L/TdA ainda não foi tornado público.

    1. A “Agenda Inadiável” não pretende ser um resumo do programa do LIVRE, mas um ponto de partida para uma plataforma de entendimento à esquerda, no que diz respeito a questões mais urgentes/imediatas.

      Assim é natural que o LIVRE, não abdicando das suas propostas face ao RBI, não as tenha incluído na AI: quer por ser uma proposta orientada para o desenvolvimento de longo prazo e não para a resposta aos problemas mais urgente e imediatos; quer por ser uma proposta mais diferenciadora, e nesse sentido menos propícia ao forjar de entendimentos entre os outros partidos de esquerda.

  7. Esperar de Francisco Louçã uma análise objetiva das orientações programáticas do Livre / Tempo de Avançar talvez seja esperar demasiado. Contudo convinha que pelo menos não fundamente a sua análise em afirmações da Ana Drago, que esta corrigiu e clarificou após a entrevista: (https://www.facebook.com/pages/Ana-Drago/378719755174?fref=nf).
    A posição do Livre / Td’A sobre a reestreturação da dívida é clara e está definida nos seus princípios programaticos.
    As insinuações sobre “os verdadeiros objectivos” do movimento (ser a muleta do PS) fazem parte duma campanha orquestada por aqueles que se acham os donos da esquerda e os guardiões dos princípios, e todos sabemos os objectivos.

    1. SE não fundamento a análise nas declarações públicas dos dirigentes e nos textos, fundamento onde? Quanto a esclarecimentos, lamento não seguir essa pg do FB. Mas se a declaração foi feita ao Público, e se a entrevistada acusa a entrevistadora de ter falsificado a sua frase, era no Público que tinha que corrigir. Isso não aconteceu, pois não?

    2. Ainda a metáfora do “xeque mate”. Parece que tudo se passa como quando se joga xadrez com crianças pequenas, ou com iniciados: sabemos que podemos dar “xeque mate”, mas não se faz. Porque não se quer frustrar o adversário e porque, quando se trata de iniciados, não contribui para a sua aprendizagem.Porque há miúdos que até deixam de falar connosco. E atiram-nos coisas assim como “nunca mais jogo contigo! és um radical! vai mas é jogar para a Grécia para ver se aprendes!”…O PS o que quer é que a gente vá jogando, mas sem atrapalhar. Assim, estilo, “eh! pá!, comeste-me a dama…dá cá de volta, senão o jogo perde interesse”…E a resposta tem de ser: “tá bem! desde que não me comas o peãozinho que me faz tanto jeito…”.De outro modo, está o caldo entornado, nem umas coligaçõezinhas nas autárquicas nem nada…O PS, decisivamente, é uma coisa muito sensível…

    3. O Francisco Louçã não sabia que tinha havido uma correção. E como não lhe chegou em correio registado continuou sem saber, mesmo depois de lhe ser dito. Também não conhece a Agenda Inadiável, ultimo documento programático do movimento, amplamente divulgado pela comunicação social, onde a reestruturação da divida tem um lugar central. É curioso que um texto sobre o programas de um partido se baseie em coisas escritas fora desse âmbito (alguns por pessoas que nem eram, à data, desse partido) e entrevistas corrigidas. O mais grave nem é a evidente desonestidade intelectual. É tomar as pessoas por parvas.

    4. Desculpe, mas não houve “correcção” nenhuma. Se houvesse uma correcção tinha sido publicada no Público. Não sei o que seja uma “entrevista corrigida”.

    5. Também li , que as declarações da Ana Drago tinham sido deturpados pela jornalista do Público, e também me admirei porque razão ela não exigiu uma correcção ao Público, afinal este jornal em certos dias parece o órgão oficioso do actual partido da Ana Drago. Quanto as insinuações….. Como diz o povo ” quem não quer ser lobo não lhe veste a pele” PERCEBE.

    6. A correção foi assumida pela própria, umas horas depois da entrevista sair. Numa fuga para a frente Francisco Louçã continua a fungir que não recebeu entretanto esta informação. Olha para ela e, como não saiu no jornal, ão existe. Sabe ou não sabe, neste momento, que Ana Drago escreveu que, por má interpretação da jornalista ou pouca clareza da sua parte, passou no jornal a opinião oposta à que tem? Já leu ou não leu esse esclarecimento? Sabendo, e querendo analisar com boa-fé as posições de uma pessoa ou de uma organização, que diferença faz se o esclarecimento foi dado no facebook ou no Público? Se já está esclarecido, porque mantem uma análise que sabe basear-se em posições opostas às reais?

      Que a pessoa que mais zig-zagues deu sobre a saída do euro, passando do insulto a quem o defendia para o insulto a quem a ele se opõe, continue a sublinhar as incoerências dos outros sobre o tema só dá vontade de rir. O que escreveu no livro é um pedido de desculpas. Aproveite a humildade para não seguir pelo mesmo caminho do passado.

      Não que tenha muita importância, mas os resultados das primárias (com votos) estão na pagina do movimento. É só mais um pormenor na relação dificil com o rigor.

    7. Lamento muito, mas isso é falso. A haver uma correcção, tinha que ser no Público. A razão pela qual ela não existe é estranha e não a vou interpretar. Mas não existe onde tinha que existir, ponto final. Quanto a insultos, percebo que ache que quem não concorda consigo o insulta. Não vai longe com esse argumento e a necessidade que tem de se justificar por frases de outros já diz tudo.

    1. A ESQUERDA plural não receia o debate e ele será sempre útil. O pior que poderia acontecer a ESQUERDA era fazer o mesmo que a direita e vender gato por lebre.No entanto acho inútil o Francisco Louca analisar o programa eleitoral de partidos ,quando eles ainda não existem, como neste caso.

    2. Existem documentos aprovados e substanciais e até candidatos escolhidos. Como não sei sequer se haverá conferência deste partido para aprovar o programa e como comento os outros agora, achei que havia tema suficiente para discutir estas ideias.

    3. bingo ! mas quem é que saber da vida amorosa do Hollande , de qualquer das maneira

  8. Ao ler esta última compilação de textos sobre «Os Programas dos Partidos», percebe-se que, afinal, são mais os pontos que unem as “esquerdas” do que dividem. Aliás, se existe um comprometimento sério destes partidos com o futuro de Portugal, então, deveria haver um esforço maior na concertação de posições, com o objectivo de formular soluções comuns, sólidas, relevantes e convincentes de que o país precisa. Pois, se a “diversidade” constitui, em democracia, a “pluralidade”, a «União» deve impor-se à “dispersão” – e ao perigo da “dissolução”!
    Da força da Unidade depende a sobrevivência de Portugal. Isto não é populismo “nacionalista” (que aqui não faria sentido. Isto é o “realismo” político que se deve impor ao “abstraccionismo” ideológico das esquerdas – porque é da Esquerda, unida, que deve vir a Solução.
    TODOS os partidos reconhecem que o actual quadro político e institucional na zona Euro, e na União Europeia, é insatisfatório, comprometendo a convergência e a integração europeia e uma ameça para a Liberdade e Democracia – neste quadro, Portugal não tem futuro!
    TODOS, de uma forma ou outra, admitem que é importante reestruturar / renegociar a dívida.
    TODOS, por fim, admitem que a saída do Euro poderá ser uma inevitabilidade, se entretanto falharem outras vias – para uns, o Euro é um “erro” desde o início, para outros, a saída, um perigoso “retrocesso” não desejado, e, para uns e outros, uma decisão “nebulosa” e “arriscada”!
    Inclusive, Francisco Louçã, que num primeiro tempo sugeria que “Portugal tem de resistir a sair do Euro”, sempre perseverando no imperativo de “reestruturação da dívida”, veio a admitir a possibilidade, não desejada, da “saída” – sem que com isso se possa acusar o ex-líder bloquista de falta de coerência: compreender que a realidade é mutável e saber antecipar à mudança, projectando cenários e desenhando soluções é uma acto de idoneidade, coragem e inteligência política! E a abertura a essa posição está escrita no livro «Solução Novo Escudo». Aliás, a concertação entre Francisco Louçã e João Ferreira do Amaral, no lançamento conjunto do livro, é um bom exemplo do princípio de DIÁLOGO que deve nortear as esquerdas. Saber dialogar, procurar pontos de convergência e unidade, sem descurar a liberdade e o respeito pela diversidade é uma sinal de maturidade política – porém, a tragédia das “esquerdas” é, infelizmente, transmitirem ao eleitorado um sinal contrário.
    TODOS, juntos, quanto peso tem no eleitorado? E de que forma Todos (imaginemos 20% do eleitorado) podem influenciar a recondução da política de Portugal – no cenário de não haver maiorias ao centro?
    Repare como tudo é muito mais fácil para um “Liberal” que justifica as suas opções políticas em função das “liberdades” económicas, com que defende a desregulamentação de barreiras e/ou a implosão das fronteiras sociais e políticas do Estado-nação, em nome do desígnio superior da livre-circulação de capitais, serviços e bens [e menos de pessoas] – a motivação da liberdade de comércio, gerida de forma pragmática em critérios de “eficiência” e de “maximização do lucro”, dispensa, em rigor, grandes abstraccionismos ideológicos, que dividem, dispersão, desunem… e, por fim, enfraquecem as esquerdas. Pense nisto!

    O grande problema – ou desafio! – que sempre é colocado à “esquerda” é a sua excessiva fragmentação. E isso resulta do acantonamento ideológico das minorias – cada qual, apregoando a sua “verdade”! A formação do Bloco de Esquerda foi então um momento de excepcional convergência. Já o Livre é uma deriva da esquerda – juntando numa massa difusa: universalismo, socialismo, europeísmo, ecologia, etc. – em direcção ao centro político, onde se joga o poder! O Livre quer, portanto, ser parte do “arco de governação” (o Livre quer estar posicionado à esquerda do PS, tal como o CDS-PP está à direita do PSD) – e, numa versão “português suave”, demarcar-se dos “excluídos”, quão “persona non grata”, do PCP e Bloco. É uma estratégia, em meu ver, que enfraquece a Esquerda – e serve o carácter “amorfo”, “cinzento” e “imobilista” do Centro político (bem patente nas “cedências” antecipadas por Ana Drago ao PS, no artigo acima de Louçã – e, que mais não é do que a reprodução à esquerda da consternação e acomodação de Paulo Portas ao discurso dominante do PSD!)

    Enquanto livre-pensador, sem filiação partidária, confesso que durante muito tempo os discursos de Louçã, líder do Bloco, carregados de Rrrr’s (como bem retratava a caricatura do boneco do Contra-Informação – o “Francisco Trotskã”), por demasiado “abstractos” e “radicais” me passavam relativamente ao lado… É, porém, a lucidez e persistência com que se tem debatido pelo imperativo da “reestruturação”, mais o momento alto do lançamento do supracitado livro que mais tem motivado o meu interesse em acompanhar as suas posições neste blog. Para mim, o mais relevante é motivar os líderes das esquerdas de que o DIÁLOGO e a CONVERGÊNCIA são possíveis – se assim houver vontade política entre TODOS!

    SOLUÇÃO NOVO ESCUDO: «Este livro nasce de um diálogo natural entre pontos de vista diversos.
    Um de nós tem defendido a saída do euro como a medida necessária para resgatar Portugal, enquanto o outro tem defendido a reestruturação da dívida como a medida prioritária para articular uma maioria e uma resposta às dificuldades imediatas. Para o primeiro (João Ferreira do Amaral), a degradação económica e as dificuldades europeias confirmam a insustentabilidade do modelo do euro e exigem a alternativa da saída. Para o segundo (Francisco Louçã), sendo o modelo do euro inaceitável, se a reestruturação da dívida continuar a ser bloqueada e recusada, as nossas escolhas ficam limitadas à saída como última opção, mesmo que difícil e com grandes custos.
    São passos de um caminho comum de resposta democrática à crise, no quadro de uma análise convergente sobre a natureza das dificuldades económicas e sociais que têm sido impostas em Portugal. Num caso, aponta-se uma resposta estrutural e de longo prazo, no outro propõe-se um instrumento de conjugação de forças para procurar impor uma viragem.
    Em ambos os casos, constatamos a gravidade da crise que nos é imposta e trabalhamos empenhadamente para formular uma alternativa realizável. Ora, não é tradicional no nosso país que propostas ou pontos de vista diferentes se articulem, procurem compreender-se com clareza, reconheçam as dificuldades, busquem soluções. Os autores deste trabalho entenderam, no entanto, que esse diálogo não só é produtivo como indispensável e trazem a público a demonstração desse processo.
    Ambos reconhecemos que, por imposição externa ou por imperativo de escolha nacional, a saída do euro pode vir a ocorrer em prazos porventura curtos.
    Há ainda duas boas razões para este esforço inédito, além do respeito pela capacidade do diálogo e da indagação científica para apresentar soluções consistentes. É que, apesar de propostas específicas para a resposta à crise nacional, ambos reconhecemos que, por imposição externa ou por imperativo de escolha nacional, a saída do euro pode vir a ocorrer em prazos porventura curtos. Mais ainda, pode mesmo ser a última ou a única das alternativas se fracassarem outras estratégias para corrigir os erros da austeridade, melhorar o desempenho económico corrigindo o défice externo e assegurar um modo de financiamento sustentável que preserve a democracia. Temos então a obrigação de nos preparar para essa eventualidade. Esses são os pressupostos essenciais deste livro. Por isso, sublinhamos que Portugal não pode aceitar mais sacrifícios em nome do euro e prosseguir a austeridade que tem destruído a economia e o emprego. Devemos contribuir para a reflexão sobre todos os caminhos possíveis e temos a mais forte motivação: o tempo para uma solução está a ficar curto.»

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