Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

22 de Junho de 2015, 08:31

Por

Guerra dos Tronos: o princípio absoluto do poder

map GoTO fim da quinta série da Guerra dos Tronos provocou uma discussão tão intensa quanto nos vamos aproximando do final da história, ele é imprevisível para os espectadores e as surpresas e desgostos têm crescido. Até hoje, o sucesso da série, pela sua qualidade dramática e pela intensidade dos personagens e da intriga, pela curiosa mistura de magia e história nesta crónica medieval, transformou a Guerra numa referência cultural e num acontecimento comunicacional. Mas é também uma reflexão política, pelo menos segundo Pablo Iglesias, o secretário-geral do Podemos espanhol, que coordenou um curioso livro sobre as lições desta história, “Ganar o Morir – Lecciones Politicas en Juego de Tronos” (Madrid: Akal, 2014).

O livro, que junta vários autores, discute alguns dos momentos chave da história para analisar o perfil da política, as regras de dominação, o lugar da mulher, as mitologias e outros ingredientes da série. A partir dele, vou referir nesta nota alguns dos momentos essenciais da apresentação da ideia de poder na história e, finalmente, comentar a interpretação de Iglesias, que é politicamente interessante e reveladora.

A tese é esta: Guerra dos Tronos é um enunciado do poder do soberano segundo Maquiavel. De facto, a série apresenta várias teorias e modos de organização do poder, mas destaca particularmente o sucesso da estratégia maquiavélica.

Assim, uma primeira noção enuncia o poder como uma forma de comunicação: na segunda série, Tyrion Lannister ouve de Lord Varys a ideia de que o poder é um truque, uma forma de comunicação manipulada pelo soberano e pelos seus.

Lord Varys e Lord Baelish conversam na série seguinte sobre o poder como uma ilusão e um mito, mas que é instrumental para a ascensão de alguns poucos, sendo a escada social por onde sobem os que não provêm das famílias titulares dos poderes em Westeros. É a mesma ideia, mas apresentada como um poder que é exercido e não só que é contemplado.

Em contrapartida, num diálogo entre Cersei Lannister e o mesmo Lord Baelish, que repete a sua convicção do poder da informação, a rainha viúva usa o poder da força para mostrar que “poder é poder” e depende, antes de mais, da capacidade de usar a violência. É ela quem pode mandar cortar-lhe a cabeça ou poupá-lo, consoante lhe apetecer.

Mas há ainda uma terceira ideia de poder que é apresentada na crónica da Guerra. Ela aparece por exemplo em duas conversas, sendo a primeira entre Jorah Tormont e Daenerys Targaryen, logo na segunda série, quando ele lhe diz que apoia a sua pretensão sucessória porque lhe reconhece força, capacidade de decisão mas também a virtude de se fazer amada. O poder é o poder de a soberana se fazer querida da massa. É a interpretação gramsciana de Maquiavel: a coesão do poder é assegurada pela hegemonia.

Daenerys usa esse poder transformador, libertando os escravos para os fazer seus aliados, embora tenha muita dificuldade em reorganizar socialmente as cidades que conquistou.

segunda conversa que reforça este ponto de vista é, no final da série seguinte, a demonstração de Tywin Lannister, que se impõe ao seu neto, o jovem e estouvado rei Joffrey Baratheon, durante uma atribulada reunião do Conselho. Twyn, o poderoso patriarca da família Lannister, que então dominava o Trono de Ferro, exerce não só o seu poder pessoal como ensina o rei, sabendo que ele não aprenderá, ao dizer-lhe que um soberano que tem que invocar o seu estatuto real para mandar não consegue ser digno desse poder. O poder é hegemonia e só assim pode chegar a ser coerção.

Estas várias versões do poder em Guerra dos Tronos convergem nas características dramáticas mais importantes. Os derrotados são, de facto, os poderosos que não souberam ser implacáveis com os seus adversários: Ned Stark recusou-se a prender o jovem rei e foi decapitado; Robb Stark preferiu o casamento por amor a um arranjo conveniente e foi traído; e Jon Snow poupou o seu adversário na Guarda da Noite e foi também traído. Os três Stark são os heróis morais da Guerra e morrem por causa disso. Foram incapazes do mal absoluto quando este era necessário para afirmarem o seu poder. Não lhes bastava triunfar, precisavam de aniquilar os vencidos para não serem chacinados por eles. Não souberam ser príncipes maquiavélicos.

O livro discute ainda outras formas de poder. Como se diz em termos de categorias do pensamento estratégico, há também na história o soft power (dos Tyrell) e o smart power (de Tyrion Lannister, o personagem mais denso da narrativa) – mas ambas as formas de poder precisam de recorrer à violência extrema, com Tyrion a assassinar o pai (que o tinha condenado à morte) e Olenna Tyrell a conspirar para a queda da rainha viúva.

Todos estes modos de acção na luta pelo poder supõem, em todo o caso, uma relação política não moderna. Em Westeros, o poder é sempre o poder bruto da força, que pode ter ou não o apoio da magia ou do consentimento. O Estado moderno, em contrapartida, é despersonalizado, como o livro assinala, e portanto o conflito não é originalmente intermediado por casas dinásticas e por exércitos, mas antes de mais por forças sociais e interesses que não são definidos moralmente mas sim política e comunicacionalmente. Nesse Estado moderno, a coerção requer sempre um trabalho de hegemonia que é onde se decide o poder.

A conclusão de Pablo Iglesias é que nesta história há, em todo o caso, uma lição transcendente: não há legitimidade sem ter poder. Essa conclusão tem grandes consequências para a sua concepção estratégica. Se assim for, então a ocupação de lugares de poder é o único caminho para construir uma legitimidade social e para afirmar um projecto político. O que implica que a forma-partido e o seus discurso e organização devem obedecer a esse mandamento essencial, ocupar poder para criar comunicação.

Trata-se de uma inversão da estratégia que a esquerda tem seguido ao longo dos tempos, que se baseava na hipótese contrária de que a constituição de uma legitimidade só pode nascer do movimento popular que se organiza como expressão democrática e contra-hegemónica. Dentro de uma sociedade dominada por ideias conformadoras e conformistas, esta estratégia procura desgastá-las e substituí-las. A dificuldade desse projecto, que não tem tido sucessos definidores, está na dificuldade de disputar a hegemonia em sociedades complexas e com formas de poder muito sofisticadas.

A opção que se lhe tem oposto tem sido a estratégia social-democrata, que foi por vezes bem sucedida na ocupação de poder, mas que assim se consagrou à dominação hegemónica e portanto se desintegrou como alternativa. A social-democracia é hoje um centro cujo poder é o situacionismo.

Na sociedade moderna, então, não há princípio absoluto do poder: o poder mais absoluto é relativo, porque as coligações que o compõem são mais complexas. Mas não é menos poderoso, pelo contrário: nenhuma família de Westeros tem um Banco Central, um mundo homogeneizado pela distracção intensa e pelo senso comum banalizador e um aparelho político e militar tão uniformizado como os das sociedades modernas.

Enquanto assistimos à Guerra dos Tronos e procuramos adivinhar o seu futuro que é o nosso passado, devemos saber que as mil espadas daquele trono em King’s Landing são infinitamente menos poderosas do que uma reunião de um conselho de administração de uma empresa mundial.

Comentários

  1. Interessante e muito curioso texto, principalmente no parágrafo “Trata-se de uma inversão da estratégia que a esquerda tem seguido (…) formas de poder muito sofisticadas.” Se atentarmos no percurso do Bloco de Esquerda, que sempre se assumiu como contra-poder, sem nunca querer “manchar as mãos” com o exercício das responsabilidades governativas (o que só poderia ser feito, realisticamente, associando-se a um partido social-democrata como o PS), fica a sensação que temos aqui uma reflexão de Francisco Louçã sobre a oportunidade perdida que teve o BE de ser poder. Perdoar-me-á esta pequena provocação, mas muitos dos que têm admiração pelo seu estatuto intelectual, e até moral, nunca perceberam o porquê de nunca ter tentado usar as forças da mudança por dentro. Acredito que me responderá com um “uma união com um partido social-democrata seria contra-natura”, ou até “seríamos devorados por dentro”, mas talvez pudesse ter feito a diferença, e quem sabe, dado um contributo muito válido para que o presente fosse diferente.
    De qualquer maneira, um texto muito interessante para todos os que adoram política (não somos assim tantos, creio…)

  2. Pablo Iglésias além de líder do Podemos é um cientista social, ou sociólogo, muito influenciado pela teoria de Gramsci e também pelas análises criticas de Perry Andersen contra o social-liberalismo…moribundo.Do relato do seu livro pelo prof. Louçã, há análises que podem ser muito interessantes de um ponto de vista da renovação teórica neomarxista actual contra Giddens e a sua” Terceira Via “.Castoriadis explicou numa célebre polémica com Richard Rorty, o grande filósofo americano liberal-libertário, qual deve ser o papel dos ” intelectuais “, esse termo genérico ” um tanto perigoso “, como frisa, e frisou:” penso que a verdadeira função do intelectual não é evidentemente estar na vanguarda da sociedade, mas pôr em questão o instituido, interrogar e criticar o que é. Não por puro prazer de criticar, mas porque, sem esta distanciação do instituido, não existe pura e simplesmente pensamento “, disse no seu livro de entrevistas totais, ” Uma sociedade à deriva “, e concluiu de forma tão exuberante:” Ouve-se por vezes a pergunta: que fariam então, vocês, os intelectuais, se o poder vos caisse nas mãos? A resposta é, na circunstância dupla: nenhum poder nos cairá alguma vez nas mãos;e se por maravilha alguns pedaços nos contemplassem, deixariamosmuito simplesmente de ser intelectuais “.

  3. Algures no meio da quarta temporada Tywin Lannister faz uma boa metáfora, melhor uma comparação mesmo, entre um banco e um templo, quando conversa com a filha. Um banco é um templo, em que com o tempo apenas as pedras mudam…

    Gostei!

  4. Excelente artigo.
    Qual deve ser o papel de Portugal na Europa e no Mundo? Esta questão deve ser tão antiga quanto a “nacionalidade”… Porém, estamos hoje longe de ter uma resposta satisfatória. Findo o Império – terminado o impasse da Guerra Colonial e reconhecido o direito à autodeterminação das colónias africanas… com Abril ressurgiu em nós a esperança de que em Liberdade e Democracia se iniciaria uma nova Era de desenvolvimento e prosperidade para Portugal. E, com a adesão à CEE, seguindo-se a União Europeia, mais o Euro, estes deveriam ser os nossos melhores anos! Mas a realidade – sempre a realidade a intrometer-se no sonho ou utopia! – é bem menos generosa e fantasiosa. – Que futuro nos espera, Portugal?
    É claro que esta não é uma questão isolada, e, sendo Portugal parte integrante da UE e da zona euro, logo, na reformulação do tema se abrem muitas outras perguntas e incógnitas: – Qual será o destino do euro? – Como evoluirá a integração europeia?
    Os principais partidos, PS e PSD, estão alinhados no aprofundamento das integração europeia. E Passos Coelho tem se empenhado em promover a criação da «União Financeira para o Crescimento e Estabilidade», que passa também pela “união bancária”, mais o «Fundo Monetário Europeu», disperso em várias funções, em substituição da troika, no apoio ao financiamento e ao fomento económico através da construção de infraestruturas europeias. Já Jerónimo Martins, PCP, chegou a defender, de forma pouco esclarecida, a convocação de referendo sobre a permanência no Euro. Enquanto o Bloco persiste no tema da reestruturação da dívida. Mas tudo isto é muito vazio… pois sempre parece que Portugal apenas existe, porque outros permitam que assim exista!

    Porventura uma melhores leituras que se pode fazer por cá sobre a “guerra dos tronos” seja o livro «Portugal e o Futuro», de Spínola. Sobre o futuro de Portugal, propriamente dito, nada de relevante inspira. Porém, a pertinência da oportunidade histórica do livro joga-se no “manifesto” político, escrito pelo estratega militar, num período “liminar”, entre a queda do regime e o despoletar da Revolução de Abril. Ao relatar que “não há solução militar para a Guerra colonial”, apostado a cartada na via política, coloca toda a pressão sobre a cúpula do regime da ditadura – e, em Marcelo Caetano. Por outro lado, a longa experiência na Guiné, o pior dos teatros de guerra, vai moldado a consciência de intervenção social e política do general no teatro das operações – mais importante do que fazer a guerra contra os inimigos é conquistar as populações. Aliás, um dos argumentos do livro baseia-se na afirmação de que uma importante massa dos africanos está ao lado dos portugueses – nem sempre terão estado, estão agora e poderão voltar a não estar no futuro, pois, para que também eles se sintam plenamente “portugueses”, não o poderão mais ser num estatuto de cidadania discriminatório – o que vem abalar a consciência política e social que motiva o “colonialismo”.
    O livro tem como propósito perpetuar a continuidade do Império, sob uma nova formulação político-administrativa a que dá o nome de «Comunidade Lusíada» (embora o tema, em rigor, tenha raízes mais antigas, inspiradas no luso-tropicalismo; também Marcelo Caetano, numa reaproximação ao Brasil, já se havia pronunciado sobre a utilidade de dar forma história à “Comunidade Luso-Brasileira”, em 1972). Mas é aqui que a inteligência do estratega militar é posta em “xeque”: vendo o futuro do Império ameaçado, e não vislumbrando solução efectiva por via das armas, então, tenta engendrar uma solução política que se vai perder no “abstracto” – na utopia – desfasada da urgência do tempo e sem respaldo entre o aparente imobilismo da elite política. Bem sabemos que a “verdade” transcendente ao sonho – o mito – e a utopia, apenas é efectiva se tiver a capacidade de unir e conduzir os homens na superação dos constrangimentos físicos e mentais que impedem a realização de grandes feitos ou obras – é a imaginação, imaterial, a comandar a realização concreta e material, orientando a mudança … Nem as metrópole, nem os colonos, e menos ainda os africanos, estariam preparados para outro tipo de exercício de poder que não passasse pela hegemonia da metrópole sobre as colónias, e do colono branco sobre o indígena negro. Depois, na radicalização política e ideológica da guerra, faltavam pontes ao diálogo com os movimentos de libertação – e a morte de Amílcar Cabral veio agudizar essa problema.
    Spínola fez estremecer o Regime que antecedeu a “queda”, e, em meio à Revolução, junto dos capitães, fez valer a sua alta patente, quando, no quartel do Carmo, Marcello Caetano se rendeu. Porém, não soube antecipar que com a queda do Regime cairia também o Império. Tentou, em vão, mobilizar a massas, num apelo a uma “maioria” que julgava ter do seu lado na defesa, ainda, do Império – entre outras motivações políticas, no alinhamento das ideologias em confronto, que se seguiu à Revolução. Mas, ao romper do “silêncio” foram as vozes revolucionárias que defendia a “independência imediata das colónias” e o “fim da Guerra Colonial” que mais se fez ouvir. Spínola, sem base de apoio, perdeu a sua guerra! Após a demissão da Presidência da República, envolve-se no outro lado subversivo da força, que o conduz a fuga para Espanha, e exílio no Brasil, após a tentativa falhada do golpe contra-revolucionária do «11 de Março», tendo ainda presidindo ao movimento terrorista, MDLP [Movimento Democrático de Libertação de Portugal]. Em 1976, após o «25 de Novembro», e o golpe falhado da “esquerda radical controlar o poder, Spínola regressa do exílio. Em 1987 é condecorado pelo então presidente Mário Soares, com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

    Recuando no tempo, até ao final da Monarquia, a “guerra dos tronos” impôs-se num quadro de disputas imperialistas europeias pelo domínio de África. Ao fazer valer o direito de soberania sobre os territórios reclamados, a partir da ocupação efectiva de África, terminava assim a prevalência dos “direitos históricos”, das grandes navegações e descobertas, reclamado pelos portugueses. Portugal havia perdido o estatuto de “potência” – e as novas potências industriais da Europa, Alemanha e Bélgica reclamavam agora a sua parte na partilha do continente africano. É por iniciativa destes dois países que é organizada a Conferência de Berlim, 1885 [ou Conferência do Congo – por esta porção do território africano estar no centro da disputa!]. Sem meios materiais e humanos à altura, Portugal joga a cartada da via diplomática. Junto dos alemães, reconhece as pretensões destes sobre a Tanganica e a Namíbia, e, em troca, Portugal obtém apoio à extensão do «mapa cor-de rosa», num território disputado com os britânicos. Em resultado da intransigência britânica, em querer ligar o Cairo ao Cabo é declarado o Ultimatum de 1890 – que viria a inflamar a política interna portuguesa, favorecendo o populismo contestatário dos «republicanos». Para agravar a situação, Portugal entra em «bancarrota» em 1892 – agravando a dependência em relação a credores estrangeiros, nomeadamente alemães e franceses, que preparam o “assalto” aos portos e alfândegas nacionais, com os olhos postos nas possessões africanas e no controlo do comércio colonial. Porém, a «Guerra dos Bôeres», na África do Sul, mais o agudizar das rivalidades entre ingleses e alemães, abriram novas possibilidades diplomáticas a serem jogadas pelo Rei D. Carlos, e o marquês de Soveral, em Londres. Portugal, ao cooperar com os britânicos fazia valer os termos da Velha Aliança – e, com o apoio do aliado britânico, Portugal manteria as colónias e conseguia reestruturar a dívida.
    Já com Salazar no poder, Portugal joga a “neutralidade cooperante” com as forças beligerantes da II Guerra Mundial – num jogo “ambíguo” ao jeito do perfil do ditador. Com a Alemanha negociava volfrâmio (embora este minério também fosse aqui explorado e comprado por empresas de países Aliados) e com os britânicos, nos termo da Aliança, negoceia Base das Lajes (envolvendo depois os americanos – mais o reconhecimento da soberania portuguesa sobre os território de Timor, entretanto sob ameaça dos japoneses).
    Quando, em 1954, Portugal perdeu o controlo sobre os enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli, percebeu-se que seria difícil manter a soberania sobre a Índia Portuguesa. Salazar sabia que não estava em condições de defender militarmente Goa, Damão e Diu, da investida da União Indiana, até à consumação da invasão, e consequente anexação dos territórios, em 1961. Esperava Salazar empatar Nehru até conseguir, pela via diplomática, apoio internacional que lhe fosse favorável. Perdeu! Nesse mesmo ano, estala a Guerra em Angola – Salazar não hesita agora no recurso à força: “Para Angola, e em força!” Manter a soberania sobre o Ultramar é a prioridade da política externa portuguesa – e esta intransigência deriva da constatação de que sem o Império, Portugal perderia relevância na cena internacional, vindo a motivar o definhamento e a consequente perda de soberania.
    E muito mais haveria para escrever… como o papel a desempenhar pela CPLP. Mas o mais relevante, contudo, é que há mais de 500 anos que Portugal vive fora de Portugal – Índia, Brasil, África, Europa – e daqui o medo de estarmos sós!
    Como que se não houvesse uma motivação própria de existir Portugal, dentro das suas fronteiras.
    Que bom seria sermos um Suiça ou Noruega!
    Como diria Fernando Pessoa: «Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!»

  5. O Poder Absoluto é o Poder de Deus. A versão humana é a monarquia absolutista.
    O poder absoluto não destrói os inimigos. Torna-os totalmente incapazes de agir contra o Absoluto (ver a parábola de Lázaro).
    O poder absoluto é único, tal como Deus, senão violava o Princípio da Não-Contradição. Não existe o “Mal absoluto”. Porque se colocaria a questão: Quem é mais poderoso: o Bem ou o Mal Absoluto? Uma vez mais isto conduz a uma contradição.
    O Bem pode levar ao infinito; o mal, não.
    (Poupo os leitores aos teoremas e lógica matemática que suportam estas teses).

  6. É uma leitura interessante da Guerra dos Tronos.

    Mas peca em alguns pontos. Existe um Banco Central em Westeros e existem famílias cujo principal recurso é uma reserva de capital e os juros que cobra a cada empréstimo. Um outro tipo de poder e que se revela determinante na luta pelo poder. Ao ponto de uma falha num pagamento virar o rumo da Guerra dos Tronos.

    E na analogia ao mundo real, o patriarca da Familia Lannister morre por um “pecado carnal” e pelo desprezo ao filho, que não foi capaz de respeitar. O poder pode-se resumir a muitas coisas, mas tal como Strauss Khan, está para além da figura e reside na sombra. Rei morto, rei posto. Se manchar algo, mancha apenas o nome de quem se descarta, nunca de quem não existe porque não tem nome.

    1. Tem toda a razão. Mas o “banco central” de Westeros não é central, é uma iniciativa privada com interesses particulares. Mas faz muito bem em chamar a atenção para a sofisticação da história. E do poder e poderes que descreve.

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