Banksy, o mais famoso grafiteiro, é um artista anónimo, que preserva a sua identidade e que radicalizou a ideia de que a obra se sente e se aprecia pela obra e só pela obra, fora do mercado. E a sua obra está na rua, provocando, ilustrando, argumentando.
Desta vez, a viagem que fez a Gaza é filmada e contada na sua página. Pintei um gatinho porque as pessoas preferem ver um gatinho aos destroços de um bombardeamento, explica ele, só que o gato brinca com os ferros retorcidos pela destruição. São essas pessoas que lá estão, que vivem na calamidade, com o seu medo e a sua coragem, e que ele nos 
mostra no que pintou. De Gaza para o mundo, para vermos o que não podemos ver porque nunca lá iremos – ou, se formos, poderá estar já destruído.
Enquanto o terror do Estado Islâmico destrói um museu em Mossul, para que nos esqueçamos da arte, Banksy leva a arte a todo o lado.
O que lhe ficamos a dever não se pode pagar.
Num mundo onde a admiração da criação humana é cada vez mais rara, seja pela doentia e pretensiosa exaltação da superlativa vontade divina, seja pela ignorante e cada vez mais vazia sociedade de consumo… resta-nos estes exemplos de quase resistência militante cada vez mais isolados. Tudo isto é mais relevante quando os próprios estados se demitem da responsabilidade de apoiar quem cria e abre novos caminhos na autoestrada do imaginário quase como fosse um objetivo humano, na maioria dos casos em nome da autoridade… Um prazer especial em ver o Prof. Louçã em toda linha, e a profunda admiração de quem encontra nos seus artigos ora resistência à dignidade humana ora o vislumbre de caminhos que visem a nossa melhor convivência coletiva. Na impossibilidade de ver os murais ao vivo e ter aquela sensação na barriga quando vi pela primeira vez o grotesco de Goya no museu do Prado…resta o registo digital!
Banksy Francisco, embora o nome do artista seja, neste caso, um acessório.
Abr
Claro, erro corrigido.