Em Davos, Sigmar Gabriel, vice chanceler e ministro economia de Merkel, dirigente do SPD alemão, fez-se notar:
“Como alemão, digo que algumas das reformas estruturais necessárias em França e Itália, e que os gregos deveriam ter feito há muito tempo, são muito mais duras do que aquelas que os alemães pretendiam. Esta é a realidade.”
Polícia bom e polícia mau, aqui está o homem que se diz interessado numa solução europeia. Que, afinal, é a mesma língua de pau de sempre: “reformas estruturais” e austeridade. Para a Grécia, mas também, bem entendido, para França e Itália. Quanto aos alemães, e ele fala “como alemão”, até desejavam que a coisa fosse mais suave. Mas, o que é que querem, tem mesmo que ser. “Esta é a realidade”.
Quanto alguém chama à sua proposta ou à sua opinião “a realidade”, ou é muito presunçoso ou muito poderoso. Se for as duas coisas juntas, então temos um problema complicado.
Talvez isto ajude a perceber porque é que Tsipras não quis que os correlegionários de Gabriel estivessem no governo.
As «reformas estruturais» aplicadas pelo Governo Schroeder-Fischer custaram, como reconhece Gabriel «um preço muito alto» aos sociais-democratas. Longe vão os tempos em que, com Willy Brandt, o SPD comemorava a sua militante nº 1.000.000! Desde 1976, o SPD perdeu 400.000 militantes, com uma erosão dramática durante o consulado de Schroeder: de outubro de 1998 a abril de 2006, 187.421 militantes entregaram o seu cartão. Para além disso, o nº de militantes jovens caiu abaixo dos 10%, também neste período. Mas a erosão eleitoral ainda foi mais dramática: hoje o SPD, abaixo dos 30%, não aspira sequer a vir a ocupar a chancelaria, situação impensável há uma dezena de anos. Porém, na política é como na natureza: ambos os sistemas não são um estado, mas um processo e o SPD, na Turíngia, encontra-se hoje coligado com o Die Linke, situação igualmente impensável há uma dezena de anos. Em política é fundamental definir objetivos a curto, médio e longo prazo. Tsipras parece ter essa lição bem estudada. É fundamental que a esquerda entenda a coligação Syriza-Anel como a constelação tática que é e não como aliança estratégica. Como Maria Maragonis refere na sua excelente análise publicada ontem no jornal americano “The Nation”, nem é bom pensar no possível preço a pagar por um fracasso do Syriza, não só para a esquerda grega.
Tem toda a razão. Esse é o contexto e o risco. Mas também o desafio.
a extrema direita na Grecia é a aurora dourada ,e como qualquer extrema direita que se preze,quanto mais tempo durar a receita das politicas de austeridade impostas por bruxelas,mais capitaliza em votos , e portanto mais facilmente pode a marine le pen sonhar com o poder.E com uma ajuda dos jornais populistas(peritos em enganar e assustar as pessoas) como o CM,então a coisa pode mesmo descambar….já agora,o Syriza nunca andou a pôr bombas em sedes de partidos,como fez a extrema direita em portugal nos anos 70
E como não quis os correlegionários do Gabriel, foram então coligar-se à extrema direita.
Faz sentido.
A verdade é essa, os gregos não fizeram reformas nenhumas, e como primeiras duas medidas vão “dar” energia elétrica e aumentar o ordenado mínimo para 800 euros. À custa entre outros dos portugueses, que têm um ordenado mínimo de 500 euros e um médio de……….. 800 euros.
A esquerda a viver à custa dos outros e com o dinheiro dos outros desde sempre.
A extrema-direita está no Aurora Dourada, os Gregos Independentes são um partido nacionalista anti-troika. Pôr pobres contra pobres é profundamente lastimável, mas sobretudo contraproducente. Parafraseando Pedro Santos, a direita a dividir para reinar à custa dos outros desde sempre. Deve ser o tal “conto de crianças”.