The Interview é uma comédia de terceira ordem, ainda não estreada entre nós mas já disponível na internet. Dirigido por Evan Goldberg e Seth Rogen (que escreveu a história e também desempenha o papel do produtor Aaron Rapaport) e protagonizado por James Franco como Dave Skylark, um apresentador de televisão que navega entre o entretenimento e o lixo de coluna social, o filme estava destinado a ser ignorado se não se tivesse transformado num ocasional manifesto pela liberdade de expressão. A produtora agradece as ameaças da Coreia do Norte, porque os lucros parecem garantidos apesar de o filme não merecer tal arte. Os espectadores ficarão desiludidos da mesma forma.
Simplesmente, a história não tem trambelho. Kim Jong-un, o neto de Kim Il Sung e continuador da dinastia no poder na Coreia do Norte, aceita ser entrevistado por Skylark, desde que as perguntas sejam definidas pelos seus serviços de censura. A CIA, temerosa do poder nuclear de Jong-un, convence a equipa de televisão a assassiná-lo e, depois de peripécias várias, a história conclui-se com um duelo ao por do sol. The end.
Apesar do fracasso, a história desta história revela alguma coisa sobre os dois lados deste conflito. Nos finais de 2010, Kim Jong-un foi designado herdeiro do trono da Coreia do Norte. O seu avô, Kim Il Sung, nascido numa montanha mágica e criador do pensamento zuche, tinha deixado o poder ao filho, Kim Jong Il, e este ao que se lhe seguia na linha sucessória. Esta monarquia única (dirigida pelo Partido Comunista da Coreia do Norte) vive da pompa e do medo e, num país fechado, a imagem importa mesmo. Por isso mesmo, um filme que é um Mel Brooks da terceira divisão, destinado a ser prontamente esquecido, tornou-se o centro de um conflito diplomático e o palco de manobras de espionagem saborosas (ficamos a conhecer mails entre os executivos da Sony e os ordenados das estrelas).
Do lado de Hollywood, a comédia resume-se a alguns estereótipos sobre o regime, sobre os coreanos e sobre os homens e mulheres (afinal, os que têm os segredos que importam). Hollywood, que tem pouco apreço pela liberdade de expressão, aproveita em todo o caso esta homenagem do vício à virtude para a transformar em dólares. Tudo pobre demais para divertir o sofrido espectador.
E será mesmo de diversão que precisamos enquanto esta tragédia coreana se vai desenrolando ano após ano?
O facto da imagem exterior do regime ser relevante também é um sub-tema interessante… ao longo dos tempos não faltaram filmes que satirizassem o mesmo e este nem é o primeiro que envolve o assassinato do “querido líder”. Por que é que isso passou a interessar agora? Ainda não se sabe se os actos de espionagem industrial em questão provieram do regime da Coreia do Norte, sequer (apenas que originaram de endereços que estiveram associados a ataques informáticos norte-coreanos do passado, mas de um ponto de vista técnico, isso pouco quer dizer) – será isto então o inevitável medo de um regime que vê a segurança do seu isolamento cultural em risco ou uma outra fantochada qualquer?
Este artigo também me soube a entretenimento barato. Só que de género esquerdista, com os seus estéreotipos mais que esmifrados sobre Hollywood e a hegemonia da cultura americana. ‘O que é preciso é fazer qualquer coisa sobre isto!’ Intervenção militar na Coreia do Norte? Isso sim seria contéudo multimédia de topo de gama com a Corea do Norte a fazer de McGuffin para a entrada da China como protagonista principal.
para os lados de hollywood não se sabe o que seja cinema,há mais de 30 anos.Coragem e honestidade,só nos anos 70,e mesmo aí o “tubarão” acabou com tudo.o cinema americano é reles,arrogante e cruel.todo? não,se aparecer um david lynch de 20 em 20 anos.ou se houver espetadores para esse tipo de cinema.o problema é que os actuais espetadores “levam uma lavagem ao cerebro” com os blockbuster que não vai restar ninguem que se lembre do…psico(enorme filme “americano”)
O Chaplin deve estar a rebolar na campa, ele que fez O Grande Ditador quando o Hitler estava em plenos poderes.
errata:
porque a arte parece garantida apesar de o filme não merecer tais lucros. sabe-se lá como é quse vai dar a “transformação”
não ,
o que precisamos é de protocolo de estado !