Tudo Menos Economia

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Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

23 de Outubro de 2014, 09:00

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A pergunta sensata de António Costa: mas a viagem é para onde?

Ninguém notas estes detalhes. E é que merecem. Foi ao sair da sua audiência de hora e meia com Cavaco Silva, a 12 de outubro, que o recém-empossado candidato do PS, António Costa, foi perguntado sobre o apelo do Presidente para “convergências”. E respondeu: “os consensos não são em abstracto. É como eu perguntar: ‘quer fazer uma viagem comigo?’ A sua resposta normal é: ‘mas viagem para onde?’” (Diário Económico, 13 de outubro). Tiro o chapéu a esta resposta franca.

Se esta resposta tão evidente definisse o padrão da política portuguesa, não se estariam a discutir banalidades sobre arranjos e carreiras, lugares e sinecuras, quem põe um pé no governo e outro no Conselho Europeu, mas sim que viagem é que cada um quer fazer. É que só vale a pena perguntar: uma “viagem para onde”, para fazer o quê, pagando quanto, como e para que objectivo?

É facto que, ontem, no Parlamento, perguntado sobre a dívida, a questão mais importante para o futuro imediato de Portugal, o PS não disse para onde queria fazer viagem. Alguns terão notado que nem sequer disse se queria ir para algum lado e que fez mesmo questão em dizer que não responderá a quem lhe faça a pergunta sensata: “mas viagem para onde?”.

 

Comentários

  1. Francisco, para mim a questão é clara, não se comprometem com soluções próprias ou obvias, esperar para ver que acontece com o tratado orçamental, com o mega investimento de Junker, algo tocara a Portugal dos 300 bilhões ( que ninguem sabe como se finanaciarão, e tudo o mundo esqueceu das exigencias e promessas de Hollande de 150 bilhões). O que foi dito ate agora foi, usar melhor os fundos comunitarios, o nivel de impostos adequado para o estado social que se quer, nada muito diferernente do que o Gspar ja tinha dito, Isso chegou para colocar o PS em 45 % das intenções de voto, o que mostra o desejo dos portugueses de que este governo vai embora, Nas sondagnes o PS recupera o milhião de votos que perdeu desde 2006. Mas bastara para gobernar ? Os problemas se resolvem com truques de marketing, a figura simpática e afável de Antonio Costa da confiança e votos, mas ha soluções claras e realizáveis?, ate agoraa retórica dum compromisso de medio prazo, chegara?. É aqui que esta a diferencia relativamenmte ao passado , podem ate ganhar as eleições, mas em breve perdem o milhão de votos e muitos mais, Para mim a solução é dar uma abertura a que o PS faça acordos a esquerda, se os dirigenres do PS não sabem para donde, o tem um programa escondido, a base eleitoral do PS sabe para onde, so a convergencia permite as pessoas não votar útil, um dialogo social amplo da liberdade de voto e permite reconhecer as soluções viáveis e verdadeiras, caso contrario vamos ter um debate de surdos, que não serve e posterga que venham acima da mesa as soluções verdadeiras. O PS anda a engonhar mas não lhes serve de muito, é ver o que passa com o PSOE, a crise do PD, o PS frances, o desmoronar do Pasok, Não é mais possível governar ao centro pondo-se de acordo com a direita do mesmo modo, a menos que os portugueses continuem a ver reality shows, comer futbol , emigrar, achar que vivem acima das possibilidades, comprar velas em Fátima para que o todopoderoso mande feijão com manteiga, ou que também é possível e assim dem razão ao Ulrich que ja diz a palabra mágica: ai aguatam, aguantam. mais austeridade, desta vez inteligente.

    1. Como dizia António Costa, para haver convergências é preciso que se responda à questão: a viagem é para onde? Se for para manter o Tratado Orçamental, vamos mal, não vamos?

  2. Substituiria a resposta sugerida (Road to Nowhere), pelo título de um livro de Júlio Verne: Viagem ao centro da Terra.
    Neste caso o centro da Terra é Bruxelas, onde, como no livro, o protagonista encontrará um universo paralelo. Um universo onde se ganha à partida o triplo, se têm mais isenções fiscais, se ganham prémios para fazer lobbying, enfim se decide em causa própria sem qualquer sentido de estado, espírito de missão e serviço público. Pelo caminho ficam os eleitores de uma Europa à deriva, um pequeno bote insuflável em alto mar. Fica-nos mal a ironia de morrer no mar, ainda que metaforicamente.
    Thank you Aníbal Cavaco Silva, Durão Barroso e Passos Coelho por estes anos maravilhosos sem educação, sem cultura, e sem visão… au revoir, auf wiedersehen, goodbye!

    1. Até parece mesmo que os tempos socretinos foram melhores !!!..
      Escolher entre PS ou PSD/CDS é como alguém escolher se que ser executado na cadeira eléctrica ou no pelotão de fuzilamento (…bem, é capaz de haver alguma diferença!…)

    2. Luís: não há um termo de comparação. Passos Coelho, pela incompetência e impreparação para as funções que disse estar pronto para desempenhar, e o escárnio com que pontua todos os seus discursos e intervenções públicas, fazem dele uma figura particularmente asquerosa. Já para não falar do prejuízo que provocou em apenas 3 anos de governação. Vai ser uma nota de rodapé na história do país, e nem sequer pelas melhores razões.

  3. Socorro – me de uma música dos Talking Heads para responder à sua pergunta: “Road to Nowhere”. Sugiro que se familiarizem com a letra (e já agora com a música, porque não); é uma boa ilustração para o status quo português.

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