Foi com chá verde com arroz integral que nos receberam no espaço da Time Out no Mercado da Ribeira, em Lisboa, para o workshop de cozinha coreana que aconteceu durante a Semana da Cultura Coreana. Quando um país tem que apresentar a sua gastronomia num único prato, tem de o escolher muito bem para que ele possa representar tudo o que se quer transmitir. O prato eleito neste caso foi aquele que os estrangeiros que visitam a Coreia do Sul também dizem preferir: o bibimbap.
O nome é fácil de pronunciar (ao contrário de outros pratos coreanos) e é, no fundo, muito simples: bibim significa misturar e bap significa arroz. Trata-se, portanto, de arroz cozido, com legumes temperados, carne fatiada, ovos e molhos. O objectivo, como em tudo nesta cozinha, é criar um “sabor harmonioso”. Uma vantagem do bibimbap é poder ser adaptado às várias regiões, aos gostos de cada um e até ao que temos em casa disponível (o que fizemos levava oito legumes, mas pode levar até 28, por exemplo, que, ao que parece, era a receita favorita de Michael Jackson na Coreia). Mas, apesar de não necessitar de técnica muito complexas, o bibimbap é exigente no que diz respeito ao tempo. A folha com a receita está preenchida quase até ao fim com uma lista de nada menos do que 14 passos.
Muitos deles são, é certo, apenas o corte dos ingredientes, mas este é considerado muito importante para o resultado final. É que cada um deve ser cortado em tiras muito finas – o aspecto estético do prato é uma preocupação desde o primeiro momento. A chef que deu o workshop foi demonstrando cada passo, incentivando os presentes a experimentar cortar alguns dos vegetais, ou a carne, que deve ser preparada ao mesmo tempo que os cogumelos (também por causa da cor). E mostrou como se cozinha – elegantemente – usando apenas os pauzinhos (o que, aliás, é aconselhável, porque as colheres vão esmagar o arroz).
É também importante que os legumes sejam cozidos ou salteados separadamente para que cada um mantenha as respectivas características. Relativamente simples, mas trabalhoso. No entanto, explicam-nos que é comum na Coreia vários amigos juntarem-se para jantar na casa de um deles e cada um levar um ingrediente, o que facilita as coisas. Fundamental, no momento em que se vai servir, é colocar por cima do arroz, dos legumes e da carne uma pasta de malagueta vermelha, picante. Se for a um restaurante na Coreia, o mais provável será encontrar um bibimbap de 10 ingredientes no mínimo. Existe também um bibimbap palaciano, que leva marisco e carne picada, mas o preço sobe muito, é claro.
E pronto, ficámos a saber que se for servido numa tigela de barro quente é um bibimbap recente – coisa para ter apenas uns 40 anos – e que se tiver mais molho é a versão da Coreia do Norte. O ideal será servi-lo numa tigela de cobre e estanho. E comê-lo com pauzinhos de inox ou prata, como fazem os coreanos.