Não vou falar de mais uma daquelas misturas estranhas de sabores que a Niki Segnit analisa no seu livro. A verdade é que o chocolate (é verdade, ainda ando às voltas com ele, mas acabo na próxima semana) me levou às cebolas. Desta vez eu estava na Lourinhã a falar de chocolate com uma pessoa que sabe tudo sobre o assunto, Patrick Mignot, representante em Portugal da Valrhona, já tinhamos discutido as origens de vários chocolates, e não sei bem como, fomos parar às cebolas. Em particular à Cebola Rosada de Roscoff, em França. “Sabe qual é a origem da cebola de Roscoff?”, perguntou Patrick. Tive que confessar que não sabia, mas já estava a adivinhar… Portugal?
Foto: Clare Kendall/The Telegraph
Bom, então reza a história que as cebolas que iriam tornar-se célebres em França foram levadas de Portugal (da zona de Lisboa) por um monge. Chegaram primeiro à Bretanha, no século XVII. Conquistaram um enorme sucesso e nos anos 20 do século passado eram transportadas pelos chamados Onion Johnnies, que iam nas suas bicicletas vendê-las a Inglaterra.
Diz-se que durante muito tempo a imagem que os britânicos tinham dos franceses era a destes rapazes (chegaram a ser perto de 1500) com cebolas rosadas penduradas nos ombros, camisolas às riscas e boinas pretas. Tornaram-se tão fortes no imaginário popular que hoje existe em Roscoff um museu dedicado aos Onion Johnnies.
E as cebolas eram tão importantes que, conta o The Telegraph, os chefes londrinos juravam sobre elas. Actualmente, as cebolas de Roscoff têm Denominação de Origem Controlada e em Agosto a cidade faz uma festa em torno delas.
Tudo isto com cebolas que um monge um dia levou de Portugal.
Sulelo não comentar muito em blogs como este, mas acho seu site e muito criativo. Parabéns
Muito obrigada pelo elogio, Maria.