Colorir livros deixou de ser uma prática exclusiva das crianças. Agora, há livros para serem pintados por adultos. Reduzem a ansiedade e afastam o stress. Recupere os lápis de cor e a calma.
Há quanto tempo não desenha ou pinta? Provavelmente, desde que se acha “crescido”. Está portanto na altura de voltar a sentir o prazer de colorir umas páginas, só que estas são pensadas para quem já não é criança. Agarre nos lápis de cor e pinte um jardim.
Arte-Terapia Anti-Stress – Jardins – 100 Imagens para Colorir foi o primeiro livro deste tipo editado em Portugal, pela Editorial Presença, no Verão do ano passado. No Reino Unido, também em 2014, a editora Michael O’Mara lançou 19 títulos, tendo vendido 250 mil exemplares até agora e conseguindo distribuir os direitos de reprodução por 35 países, segundo a revista Época online.
(Para continuar a ler este texto que divulgámos no Público, venha por aqui. Traga os lápis. Se preferir, deixe-se ficar no Letra pequena.)
Sara Nabais, do departamento editorial da Presença, disse ao Life&Style que, “apesar de a moda se ter afirmado em vários países, em Portugal ainda está numa fase inicial”. A tiragem de 3000 exemplares ainda não esgotou. Conta que “é engraçado obter o efeito surpresa dos consumidores quando se deparam com um tema conhecido apenas na área infantil”.
Disse também saber que a editora terá de aguardar até atingir os resultados esperados: “Apostámos nesta actividade quando ela ainda não era conhecida no nosso mercado e esta antecipação requer mais tempo e paciência. Agora que o tema tem sido alvo de destaque nos meios de comunicação social e no ponto de venda, com o aparecimento de outras publicações, não temos dúvida de que irá correr ainda melhor.”
Algumas das obras sugerem também que se complete os desenhos ou que se descubram pequenos elementos que estão “escondidos” na imagem, como no já editado no Brasil Jardim Secreto: Livro de Colorir e Caça ao Tesouro Antiestresse.
Para já, a Presença só tem um título, da autoria da designer Ana Bjezancevic, mas há outros projectos em vista.
A editora apostou neste segmento de “colorir para adultos” por, aparentemente, estar a ser um fenómeno crescente na Europa. “Países como França e Inglaterra, pioneiros nestas publicações, têm recebido uma fortíssima adesão por parte dos seus mercados. Decidimos também nós oferecer aos consumidores portugueses a oportunidade de conhecerem mais sobre este mundo infindável. O livro que publicámos é um dos maiores bestsellersinternacionais.”
Sobre o perfil de quem procura estas publicações anti-stress, Sara Nabais diz que “são maioritariamente mulheres com tendência para as artes e actividades manuais”, mas os livros também chegam a “um público mais vasto, ou seja, a todas as pessoas que procuram um tempo de lazer calmo e introspectivo”.
A ideia de livros para colorir para adultos nasceu da necessidade de Ana Eliza Soares Scott, australiana, reunir materiais para trabalhar com alguém que padecia de Alzheimer, mas o Life&Style não conseguiu dados mais concretos sobre esta informação.
A terapeuta brasileira Ana Leite, do site Reab e citada no artigo da Época,realça um benefício essencial desta prática nos adultos: “O bem-estar envolvido em uma tarefa atencional importante e extremamente prazerosa. Em tempos em que o meio digital é tão presente na vida pessoal e de trabalho dos adultos, uma actividade que estimule o uso de lápis, de cores e de uma actividade manual não relacionada a tecnologia pode ser a alternativa leve e que proporciona bem-estar.”
Quem o pode atestar é Fernanda Carvalho, 43 anos, “admnistrativa com uma paixão pelas letras”, como se descreve por email. “Foi através de uma das minhas visitas semanais ao site da Editorial Presença que descobri este tipo de livros”, conta. E prossegue: “Quando era miúda, gostava imenso de pintar e achei que era uma ideia interessante voltar a fazê-lo. Muni-me das ferramentas necessárias – o livro e boas canetas de feltro – e lancei-me ao trabalho.”
No seu blogue, As Leituras da Fernanda, deu conta aos visitantes da sua opinião sobre o livro e do resultado das pinturas.
“Sabendo de antemão que esta era uma prática anti-stress comprovada e já utilizada Europa fora, não fiquei admirada quando, ao final de algum tempo a pintar os padrões deste livro, me senti relaxada e em paz. Julgo que até os meus batimentos cardíacos se tornaram mais suaves!”, descreve.
E agora tem sempre um livro deste género junto ao sofá da sala. “O único problema é quando o tenho de disputar com o meu filho de 13 anos…” Mas a história desta disputa tem um final feliz: “Acabamos por pintar em conjunto, o que até se torna divertido.”