Este é o segundo livro de uma colecção de histórias inspiradas em textos da Bíblia. No primeiro, Lôa e a Véspera do Primeiro Dia, invoca-se o início da criação do mundo, Lôá Perdida no Paraíso remete-nos para Adão e Eva e começa por nos dizer: “Lôa é uma menina-deus. Tudo aconteceu mais ou menos assim: um dia Lôá pôs-se a desenhar. Criou um mundo que lhe pareceu tão belo e tão bom que quis entrar nele. Desde então, vive perdida nesse mundo.”

Neste episódio, Lôá continua a desenhar novos seres no seu orvil (experimente-se ler a palavra de trás para diante), mas já tem um companheiro, Élô. Juntos vão colher e trincar uma maçã vermelha da bela macieira que a menina-deusa fez saltar do papel. Da sua arte, também há-de nascer uma outra menina, a Êlá, que passará a ser a preferida dos abraços do rapaz.

O ciúme, a zanga, a consciência e a tristeza dão-nos conta de que o conhecimento do bem e do mal chegou ao Paraíso. Lôá e Élô “continuam a gostar muito um do outro. Talvez mais ainda. Mas, agora, as coisas são diferentes”.

Com referências culturais e línguísticas subtis, Dulce Maria Cardoso cria um texto aparentemente simples, mas propiciando vários níveis de leitura. Vera Tavares imaginou uma princesa medieval, cuja fisionomia que nos reenvia para as iluminuras. Não é preciso acreditar num deus (ou deusa) maior para sentir paz perante Lôá Perdida no Paraíso.

Lôá Perdida no Paraíso
Texto Dulce Maria Cardoso
Ilustração Vera Tavares
Tinta-da-China
56 págs., 12,90

(Texto divulgado na edição do Público de 5 de Julho. Na Página Crianças.)

Aqui ficam estas imagens (roubadas… do blogue O Palácio da Lua), uma de cada título.

Pode ler-se aqui uma entrevista bem conduzida (por Fábio Monteiro) às autoras.