Finalmente, o tão ansiado peixinho. Estamos no Mediterrâneo onde nos prometeram o melhor. O suprassumo dos sete mares. Tiraríamos a barriga de misérias. Chega de saudosismo: Fish Market é um dos dois restaurantes que todos nos aconselham. Sem hesitar, percorremos parte da longa marginal de Alexandria até ao restaurante da moda.
A seleção de futebol do Egito está a jogar e os empregados estão mais atentos ao jogo do que aos clientes. Atrasam-se no pedido, mas depois são lestos a tirar as coisas da mesa. Ainda não demos a ultima garfada, e já nos tentam levar o prato. Para não perder o próximo lance. Surreal.
Para ser o mercado do peixe, esperava aspeto mais… fresco. A presença de estrangeiros com aspeto “abastado” diz-nos que estaremos bem recomendados. Ainda assim, a sopa de peixe não é bem a que estamos habituados. Sabe pouco a mar. E o grelhado nos convence plenamente. Sim, eu sei: as saudades apenas serão devidamente saciadas em Matosinhos, no regresso a casa.
Na segunda noite, no igualmente famoso Rakoda, a experiência não é muito diferente. Também não se destaca pela qualidade do serviço, pela simpatia do seu pessoal ou pelo sabor do peixe. Gosto, mas…
As vistas para o Mediterrâneo são clara mais-valia de ambos os projetos, porém é ao jantar que os experimentamos. E já o sol se pôs. Ao lanche, no clube de vela da marina, a comida tem bem melhor aspeto. E a vista é deslumbrante, espraiando-se por toda a baía.
Nas longas caminhadas sem destino certo, encontramos um mercado de peixe fresco. Oferecem-se para o cozinhar na hora, porém ainda estamos em fase de galgar quilómetros para ganhar apetite. Lugar bem mais típico e genuíno. E, aqui, apetece. Mesmo! Pena o momento impróprio.
O mercado noturno é aventura à parte. Também encontramos peixe fresco… e todo o tipo de animais. Vivos e prontos a comer. E impressiona as galinhas vivas ao lado das suas amiguinhas já dilaceradas. A falta de espaço faz com que cheguem a partilhar o mesmo metro quadrado. Coxas, peito ou asas são o “chão” das que ainda resistem à sorte do acaso.
Há também cabeças de gado penduradas ao lado das respetivas patas. Não é bonito. Tal como as cabeças de cabra em série, com a muito apreciada língua de fora, entre os dentes cerrados. E o olhar inerte, vazio. A morte em moldes pouco habituais, para nós. Aqui, tudo isso é normal. Na verdade, não há muito tempo, em Portugal não era assim tão diferente.
Chega de falar de comida. E de imagens “macabras”. Alexandria tem muitas outras coisas para explorar…
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Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua viagem pelo Egito. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.