A cidade que enamorou Lev Tolstoy (autor de Guerra e Paz ou Anna Karenina), Anton Chekhov, Alexander Pushkin (pai da literatura russa) e Fyodor Dostoevsky (autor de Crime e Castigo) fica par trás. Com a certeza de que será revisitada
Agora estou num dos vários comboios. noturnos que nos levam até Moscovo. Cavalheiros, eu e Bill Sorridente dividimo-nos por dois compartimentos. O meu caríssimo amigo fica com Diana e eu meço contas com Isaura. Quatro lugares na parte de cima dos beliches. Não faz sentido pagar mais do dobro só para ficar em baixo.
Sob a Isaura, um “roncoso” pai e sua filha, em lento caminho para o fim da puberdade. Nem um, nem outro falam inglês. Não é propriamente surpresa.
Em pouco tempo, percebo o pesadelo: um ressonar paterno que abana com a locomotiva. Um dilúvio de ruído incomodativo que promete criar fissuras no vidro da janela. Um castigo que ninguém – absolutamente ninguém – merece.
Será neste embalo que mudo de cenário, rumo à capital da Revolução Bolchevique.
A manhã é em fila para o wc. A paisagem vai desfilando pachorrentamente. A madrugadora Isaura diz-me que apreciou lagos de beleza incalculável. Ou só já vejo amontoados de casas de duvidável beleza estética.
Moscovo chega. E a confusão também. Há três estações de comboio que convergem numa só estação de metro. Em breve, estaremos a estrear-nos no Palácio Subterrâneo.
__
Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua viagem pela Rússia. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.