A oferta do ramo de flores comprado há escassos minutos sensibiliza a hospedeira de bordo. Do teleférico, claro. Recusa, antes de aceitar com um sorriso do tamanho do abismo sob nós.
Horas de mudar de paragens. E de país. Para o Irão ou Nagorno Karabakh, precisamos regressar a Goris. Sabemos a estrada “nacional” até lá, porém dava jeito ter o GPS a funcionar. “Apagou” por completo. Aqui, é capaz de ser complicadito avançar sem ele. Desnecessário acrescentar problemas ou obstáculos.
À segunda busca na cidade, acertamos com a oficina. E falamos logo com o homem certo. Anda às voltas do carro. Tira fusível, mete fusível. Abre capot. Faz mil e um malabarismos até que, meia hora depois, coloca o maldito a funcionar.
Pela prontidão, oferecemos-lhe um bolinho. E pedimos a “respetiva”. Não e não. Com gestos de ambos os braços e cabeça, diz que nada deseja. Estaremos quites, sem nada lhe darmos. Insistimos. É mais assertivo do que nós. Tentamos… deixa um sorriso quando nos vê rendidos. E sensibilizados. Em Portugal, já tivemos menos que aprender com esta gente…
Estamos a uns 30 quilómetros da fronteira. Avançamos, sem perder tempo. Tudo continua verde. Admito que os tons mudam. E o relevo. Torna-se mais denso. Até que surge a placa de aviso. Temos de preparar os documentos.
Estamos a entrar em zona de guerra. Finda no terreno há 20 anos, mas bem presente da mente de arménios e azeris. Continuam inimigos de morte. Por causa de Nagorno Karabakh.
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Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua viagem pela Geórgia, Arménia e Nagorno Karabakh. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.