Em intermináveis curvas e contracurvas, o já saudoso lago Atitlán desapareceu no retrovisor do velho autocarro. Este é dos poucos na Guatemala que um dia não transportou alunos nas escolas dos Estados Unidos.
Rumamos a Quetzaltenango. Xela. É assim que a segunda maior cidade do país é conhecida. É aqui que muitos estrangeiros vêm aprender o castelhano.
Igualmente rodeada de vulcões, a cidade foi vítima de um terramoto que praticamente a arrasou em 1902. Os edifícios que a reergueram – especialmente os da praça central – fazem-nos lembrar uma qualquer cidade europeia.
Após uma primeira vistoria ao centro, uma escapadela de 10 quilómetros até Zunil. Queríamos dar um abraço diabólico a D. Simon. E ver o famoso mercado de vegetais. E apreciar o traje das mulheres. Intensamente colorido. Como sempre.
Casualmente, encontramos na rua o patrono de Don Simon. Melhor, ele encontrou-nos. O felizardo que este ano recebe em sua casa o santo diabo.
Em mudança abrupta de conversa, queria dinheiro pela entrada. De seguida, o dobro do valor por cada foto que tirássemos. Não era bem este tipo de espírito – e exploração – que esperávamos.
Discuti com o patrono em frente a D. Simon. O santo diabo não parava de fumar. Óculos escuros. Fato a condizer. Sentado em poltrona. Um altar à altura da sua importância. Rodeado de velas. Em ambiente que parecia de… alterne. Discuti e saí, juntando-me aos amigos que me esperavam.
D. Simon tem um séquito de fiéis. Todos zeladores do seu bem estar. Além de tabaco, levam-lhe álcool. Foi um grande boémio que ajudou as gentes de Zunil. E o povo não esquece. Continua a ser homenageado, mas roto o ritual começa a ser pervertido pelo sentido comercial.
Um giro pela pacata aldeia e regresso a Xela. Um copo antes de dormir. Não muito tarde. No dia seguinte íamos enfrentar a maior etapa desta jornada.
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Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua viagem pela América Central ao longo de Novembro/Dezembro. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.