O próximo romance de valter hugo mãe é sobre um homem que aos 40 anos descobre que quer ter um filho. Tal como o escritor português, que hoje está na capa dos principais jornais brasileiros por causa da comoção que provocou ontem na FLIP- Festa Literária Internacional de Paraty, onde foi o único autor até agora a esgotar um livro na livraria do evento. Por Isabel Coutinho, em Paraty
O escritor português, valter hugo mãe, está na capa dos principais jornais brasileiros por causa da sua participação ontem na FLIP- Festa Literária Internacional de Paraty. O seu último romance, “a máquina de fazer espanhóis” (Ed.Cosac Naify), esgotou na Livraria da Vila, conhecida cadeia de livrarias de São Paulo, que todos os anos monta um espaço em Paraty durante os dias do festival literário.
O director-geral da livraria, Samuel Seibel, disse ao PÚBLICO que valter hugo mãe foi o único autor até agora a ter um livro esgotado na feira e que trouxeram para Paraty 500 exemplares do romance. Nas prateleiras, continua ainda o romance “o remorso de baltazar serapião” – que foi publicado no Brasil há alguns meses pela editora 34.
O escritor português ficou quatro horas e meia a dar autógrafos (a cerca de duas mil pessoas) juntamente com a sua colega de plateia, a escritora argentina Pola Oloixarac, que era apelidada de “musa da FLIP” antes da sua participação na mesa. Depois da sessão em que o escritor português cativou o público com o seu carisma, passou a ser chamado de “o muso da FLIP” por alguns jornalistas.
Na capa do jornal “Folha de S. Paulo” lê-se: “Português comove Paraty ao falar do fascínio pelo Brasil” e lá dentro fazem a comparação com a mesa em que participou valter hugo mãe durante a tarde de ontem e a mesa da noite em que o convidado era Claude Lanzman. Os jornalistas da “Folha de S. Paulo” Gabriela Longman e Fabio Victor escreveram que “hugo mãe desconcertou a plateia na parte da tarde ao ler um texto sobre o fascínio que o Brasil exerceu na sua formação” em contraste com “a rispidez do francês” Claude Lanzmann.
“Foi um dia de participação activa da plateia, com hugo mãe aplaudido de pé na Tenda dos Autores. O escritor emocionou-se profundamente ao final de sua leitura, chegando a arrancar lágrimas do público. Seu carisma eclipsou inclusive sua colega de mesa, a escritora argentina Pola Oloixarac, dita musa da festa literária que ficou ‘recolhida’”.
O “Estado de S. Paulo” acentuou a diferença na participação de Pola com a de valter hugo mãe, dizendo que a argentina frustrou a expectativa dos leitores e que o português surpreendeu ao ler o texto sobre a sua relação com o Brasil, que comoveu a plateia.
E “O Globo” escreve: “Escritor português leva público às lágrimas”: “Sensibilidade de valter hugo mãe ao falar da relação afectiva com Brasil contrasta com racionalidade de Pola Oloixarac”. E o jornalista Guilherme Freitas começa o seu texto assim: “O português valter hugo mãe foi responsável pelo primeiro momento de comoção colectiva da Flip deste ano, ao encerrar a mesa ‘Pontos de Fuga’ (…) lendo um bonito texto sobre a sua relação com o Brasil. O escritor (…) já tinha ganho a plateia ao longo do debate, com intervenções divertidas e emotivas. Sua fala final levou às lágrimas boa parte do público da Tenda dos Autores.”
“A sensibilidade de hugo mãe e a racionalidade de Pola desmontaram as imagens que por vezes se criam em torno deles, algo que apareceu principalmente no momento bem que o português revelou que o protagonista de seu próximo livro é um homem que, assim como ele, chega aos 40 anos e descobre subitamente o desejo de ter um filho.”
No site Opera Mundi, a jornalista Maria Antonia Demasi relatou: “Enquanto ele ainda estava no palco e parava para distribuir autógrafos e tirar fotos, as pessoas se acotovelavam tentando chegar perto para dar a mão e expressar a mais legítima alegria em conhecê-lo. Jorge da Cunha Lima, ex-presidente da Fundação Padre Anchieta – TV Cultura, aproveita a Flip para tirar férias. ´Mãe não tem medo de expressar seus sentimentos. Mostra que a inteligência está no coração. Espectacular´. Perto dele, o jovem escritor João Paulo Cuenca dispara: ´Ele roubou a mesa. Tem coragem, não tem medo de expor o processo de criação, seus afectos. Isso é raro.”
O advogado Luis Carlos confessa: “Até chorei”. E a professora Roberta Gondim provoca: “Eu acho que ele é de mentira, é um heterónimo de Pessoa. Estou emocionada”. Na tenda da Livraria da Vila, houve muita correria, pois, em menos de 15 minutos, esgotou-se a edição portuguesa. A fila para autógrafos era imensa. E no rosto das pessoas a percepção de que nada melhor do que uma pessoa de verdade para eternizar a tradição e a magia da boa literatura.”
De manhã, valter hugo mãe, que está na festa literária acompanhado pelo seu editor português, Alexandre Vasconcelos e Sá, da Objectiva, passeou de barco na ilha com alguns jornalistas brasileiros e está tão “comovido com tudo” o que lhe está a acontecer no maior evento da literatura no Brasil que precisa por vezes de se fechar no seu quarto na pousada para recuperar da emoção.
O escritor irá fazer na próxima semana lançamentos dos seus livros em São Paulo e no Rio de Janeiro.
(artigo publicado no Público de 9 de Julho de 2011)
Que bom| Eheheh