O coreógrafo Philippe Découfflé trabalha num espectáculo chamado “Desir” para o “nude show mais chic” do mundo. Frederick Wiseman filma. Sente-se menos do que em outros filmes do documentarista americano a estrutura de um organismo vivo em marcha, o que pode provocar solavancos na expectativa do espectador. Mais do que os bastidores, por exemplo, o que interessa a Weiseman são as nádegas. Não é coisa de octogenário babado. É coisa irónica – e de uma inocência quase infantil. Coisa de falsificação. E de fantasmas. Não o que está do lado de lá do palco do “cabaret”, nem, definitivamente, a expressão interior de qualquer “personagem”. Mas o que está do lado de cá. As fantasias que nós criamos.