Ouvi e não consegui evitar o espanto. O espanto, não, mesmo o escândalo, se não a indignação. Pois não é que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e logo no parlamento, e logo na sessão solene do 25 de Abril, se permitiu dizer o seguinte: “É olhar para a forma como Portuguesas e Portugueses estão a viver a saída de uma crise, certamente uma das mais pesadas desde o 25 de Abril de 1974. Elas e eles sofreram sacrifícios, cortes, penalizações”. Como se não bastasse esta afronta, repetiu a tolice umas frases adiante: “Elas e eles foram os grandes vencedores sobre a crise”.
Estava eu esmagado pelo argumento imperioso dos críticos, essa tal de linguagem inclusiva é um disparate, o masculino plural sempre serviu e sempre há-de servir para incluir homens e mulheres, isto é um problema de gramática e não é de sociedade, está bem como está, o cavalheiro deixe-se de frescuras, a Língua Portuguesa é definitiva, e sai-se o Presidente com uma destas. De facto, com duas destas, ele disse e repetiu, um erro ainda se perdoa mas dois erros é uma estratégia.
Que a coisa foi longe demais, é bem evidente. Tudo começou com uma proposta bastante ingénua e menor (o Cartão de Cidadania, pelo amor da santa, era só isso), armou-se um fuzué tremendo, televisão, reportagem, crónicas, incêndios vários. E, claro, como estas coisas acontecem de onde menos se espera, tive direito a que me expliquem paternalmente que é tudo “treta” (Ferreira Fernandes até decidiu declarar-se ofendido e atirar-me com uma história estrambólica sobre uma candidata de burka algures no norte da Europa) e Nuno Pacheco, imperial, veio impor um definitivo “querem mesmo acabar com a linguagem ‘sexista’? Acabem com o Português”. De permeio, citação de Ricardo Araújo Pereira, a quem tiro sempre o chapéu, e de Miguel Esteves Cardoso, que aliás teve a elegância de vir deitar água na fervura e explicar, meio a brincar e meio a sério, que até gosta disso de usar “cidadania” para designar o homem e a mulher e os seus cartões. O assunto teria ficado arrumado, digo eu, se não fosse esta ligeira tergiversação do Esteves Cardoso, mas todas as guerras têm as suas baixas.
Eu não sabia que escolher a designação de “alunos” para uma turma de 25 mulheres e dois homens era uma imposição definitiva da Língua Portuguesa, abençoada seja ela. Ingenuidade minha, aprendi logo com a admoestação. Imaginava que me podia atrever a dizer “enfermeiras” ao tratar de uma profissão que tem, quantas serão: 95% de mulheres? Arrependi-me logo, estaria certamente a “acabar com o Português”.
Pensava eu que podia propor uma abordagem moderada, pragmática, porque me cansa repetir exaustivamente “professoras e professores”, ou “trabalhadoras e trabalhadores”, e por isso gostaria de usar termos inclusivos aqui e além, de modo a respeitar homens e mulheres e que a língua seja o que é, uma forma de comunicação fluida e consistente entre pessoas – nunca mais me atreverei a pensar nisso, é uma “treta”, “a mais tola e inútil das cruzadas” que até pode “acabar com o Português”.
Entendam portanto a minha indignação quando escutei o Presidente a dilacerar a Língua Portuguesa. Ele não leu a Gramática? Ele atreve-se a pronunciar “a mais tola e inútil das cruzadas”? Não ouviu os áugures que nos avisam da desgraça da Língua Pátria? Não sabe que as regras são eternas, que na Língua não se mexe, que o que é “Homem” há-de ser sempre homem e mulher e que o que é “homens” será tudo? Pensará ele que a Língua evolui e que os seus atrevimentos no discurso do 25 de Abril a vão ajudar a mudar, ou que a sociedade é que vai fazendo a língua e não o inverso? Não percebe o que é evidente? E não há impeachment num caso tão sinistro como este?
Não me parece que a maioria tenha dado bem conta do que FL quis dizer. Por outro lado, e a meu ver, o Presidente errou na linguagem por excesso, não sei se por descuido ou por ironia. Recordar que a psico e socio linguística definem a denotação da linguagem. Essa percepção faz também evoluir uma língua na sua navegação histórica e cultural, e na actualidade já a quermos inclusiva, pois melhorámos a nossa compreensão do mundo e da humanidade.
Louçã a defender Marcelo? E a distribuir bengaladas até a gente à esquerda? Por questões de politicamente correcto? Realmente, ainda não vimos tudo…
Tive a sorte de ouvir na televisão os discursos da cerimónia do 25 de Abril no Parlamento, que até gravei. E reparei com algum deleite no martelar do Presidente na utilização desses termos explicitamente inclusivos, ‘Portuguesas e Portugueses’, ‘elas’ e ‘eles’, dando sempre e galantemente a primazia à versão feminina dos mesmos. Creio inclusivamente que aquela tirada em que se referiu explicitamente a ‘elas’ e ‘eles’ incluiu mais do que uma mera repetição simples desses dois termos; tenho a impressão de que foram pronunciados três vezes. Mas não foi esse o único aspeto da questão da linguagem inclusiva utilizada na cerimónia que me chamou a atenção. Reparei também que pelo menos em duas ocasiões, dois oradores — um, Ferro Rodrigues, se não estou em erro, e outro, também salvo erro ou omissão, o próprio… Presidente! — pronunciaram o termo ‘Portugueses’, mas com a parte final do termo, ‘gueses’, muito sumida, como que a medo. Tinham escrito ‘Portugueses’, mas, no momento de pronunciarem o vocábulo, tiveram um assomo de dúvida escrupulosa… ‘Ó diabo, — ter-se-ão interrogado — não teria sido melhor eu acrescentar ‘Portuguesas’?’ Mas não podiam gaguejar. Continuaram imperturbavelmente os seus discursos. (Aliás, discursos esses muito interessantes, diga-se de passagem.) Isso, e também o aspeto adiantado por Francisco Louçã, faz-me pensar que os políticos ao mais alto nível em Portugal estão ao corrente do debate e se interrogam, quando não tomam já partido, quanto à correção do vocabulário que utilizam. Oxalá, já agora, desta conscientização aguda da questão saia alguma mudança que se veja. Pelo que me diz respeito, insistiria na adoção de Cartão de Cidadã(o).Estaria o BE disposto a reconhecer que esta minha proposta tem alguma vantagem sobre a sua própria, logo a adotá-la?
Isso terá que perguntar ao BE…
No Brasil tivemos um presidente em 1989 que já falava assim. Brasileiros e Brasileiras.
Mas aqui nós achamos normal.
Ora. Não é por ser Presidente da República que lhe vamos reconhecer qualquer superioridade linguística. É o Presidente da República, mas também tem direito a dizer uns disparates ou falar de forma disparatada. Não quer dizer que façamos igual.
Subscrevo. F. Louçã pensa que deixa alguém de boca aberta pq Marcelo disse ou fez. Até aqui o homem era criticado até a quinta casa, agora então, da sua boca só saem coisas acertadas. Engraçado que Cavaco começava os discursos por “Senhores e Senhoras” e não me ocorre que alguma vez alguém tivesse elogiado o primor do seu português ou o vanguardismo do seu não sexismo nestas simples palavras. Se calhar é por estas e por outras que a violência sobre as mulheres continua despudoradamente: pq , de facto, andamos à volta do completamente acessório. Do que não dá trabalho. Se se juntassem para pensar em medidas educacionais, pedagógicas, sociais ou jurídicas que possam travar esta enormidade, é que faziam bem. E enqto que a vida ou a qualidade de vida das vítimas não pode esperar, o CC pode esperar
(a propósito de uma causa não tirar a vez a outra, argumento largamente usado por Louçã).
Enfim, caro Francisco, receio bem que ande a perder o pé, mais uma vez perdeu uma boa oportunidade de se ficar pelas suas tamanquinhas. Ao voltar a esta treta menor, vislumbro em si um certo recalcamento e, quiçá, algum remorso e arrependimento por ter lançado os seus engraçadinhos e engraçadinhas (agora em autonomia assistida) em mais uma chachada patética pirosa (e piroposa) discussão do sexo dos anjos e das anjas.
Que arrogância. Suponho que nunca se interessou por Simone de Beauvoir e pela discussão sobre a representação do masculino e do feminino. Fique pois sabendo que, depois de tanto marialvismo à solta (“chachada patética pirosa” chamar mulher pelo nome de mulher?), só tenho razões para persistir contra as suas tamanquinhas, caro vitor Pereira.
Caro Francisco Louçã. Li com bastante atenção o artigo e não ia pronunciar-me . No entanto, e após ler esta resposta não posso deixar de expressar a minha indignação sobre a forma como está a responder aos comentários. Arrogante está a ser o senhor. E bastante. Arrogante e reativo. Pelas respostas e pelo artigo em si. Sem fundamento. Aliás, existe contradição no que escreve, pois ainda que argumente que a língua portuguesa é como é, não pensa que a evolução está em tudo, incluindo formas de expressão, que neste caso, são uma atualização do progresso. A língua portuguesa não é, e prova-se no novo acordo (ainda que não seja totalmente coerente em certas palavras), estanque. Também evolui!
Aceita-se que a palavra “homem” generalize os variados géneros. Mas também temos que aceitar que algo tem que mudar na distinção dos mesmos. Ora vejamos como a sociedade, lentamente, devolve a verdadeira liberdade das mulheres. E porque não “cidadania”?! Não entendo o porquê de não se mudar/evoluir nesse pormenor.
Esclareça-me se estiver errado, mas o seu texto em principio é irónico, mas no fim mostra o contrário. ao citar: “…Não sabe que as regras são eternas, que na Língua não se mexe, que o que é “Homem” há-de ser sempre homem e mulher e que o que é “homens” será tudo? Pensará ele que a Língua evolui e que os seus atrevimentos no discurso do 25 de Abril a vão ajudar a mudar, ou que a sociedade é que vai fazendo a língua e não o inverso? Não percebe o que é evidente? E não há impeachment num caso tão sinistro como este?…”
Não se percebe a sua posição quanto ao assunto. No fim fica-se com a ideia que defende regras que se dizem eternas. Não se entende se é “de facto”, defensor da evolução e dos direitos de igualdade.
Não espero resposta sua que não seja construtiva, ao contrário do feedback que tem dado a quem está a opinar. No entanto espero que por todos nós, sejam praticados atos de cidadania.
Atenciosamente
Acho que leu bem e percebeu a crítica que faço aos que proclamam que a língua é uma construção eterna e imutável. Quanto a considerar que o artigo não tem fundamento, então porque é que o comentou, aliás concordando com a minha posição?
Por isso pedi que esclarecesse. Mas então se critica quem defende que a língua é uma construção eterna e imutável, porque é que está a criticar a utilização da palavra portuguesas?
Ou existe um mal entendido, o que é passível de acontecer em respostas por escrito, ou continuo a entender que o texto não tem fundamento, pois não se percebe bem a sua posição em relação ao assunto.
Atenciosamente
Nota: Nem na palavra “Anjos” as MULHERES” têm Direito a ser “Anjas” ! Fica a reflexão.
Isto sim, é um assunto que interessa a todos: http://www.jn.pt/opiniao/mariana-mortagua/interior/mariana-mortagua-5143353.html
much ado about nothing….
Notícias de Abril de 2016 para a comunidade portuguesa que sobrevive nas catacumbas:
1 – Denunciantes do Luxleaks julgados no Luxemburgo;
2 – A fome continua (Oficialmente a austeridade acabou. O fim foi decretado pelo AC e confirmado pela CM);
3 – 1 em cada 3 crianças continua a viver em situação de pobreza (Oficialmente a austeridade acabou. O fim foi decretado pelo AC e confirmado pela CM. A CM diz que as crianças na Grécia vivem em condições piores);
4 – Desemprego continua em alta;
5 – Trabalho à jorna continua em alta (parece que irá ser também o modelo para a Auto europa);
6 – Os reclusos que engordavam à razão de 3,5 euros por dia irão engordar ainda mais à razão de 2,31 euros por dia (e sim, o fornecedor ainda retirará daí o seu legítimo lucro);
7 – Médicos anunciam greve contra o corte de 50% nas horas extraordinárias.
8 – Elvira Fortunato nomeada para prémio europeu do inventor pelos seus transístores de papel (parabéns!);
9 – Governo falha prazo para acordo na TAP;
10 – O PCP não apoia programa de estabilidade.
11 – As comissões de inquérito às falências dos bancos sucedem-se umas atrás das outras;
12 – 20% da totalidade dos portugueses declara que tem saudades do tempo anterior ao 25 de Abril (corresponderão a cerca de 60% dos portugueses que viveram em ambos os regimes. n.d.r: Não diz nada sobre as virtudes do anterior mas sim muito dos defeitos do actual regime!);
13- A TV, a cores, de cabo e com Super HD, continua pior que nos tempos do Engenheiro Sousa Veloso, Tonicha, Vasco Granja. Muito pior! (que saudades do Topo Gigio e dos jogos sem fronteiras!);
14 – O Papa tem perdido notoriedade pública para o nosso Presidente da República. Este criticou o clima de campanha permanente. Entretanto anunciou que talvez se candidate a um segundo mandato;
15 – O Francisco Louçã escreve-nos, pela segunda vez consecutiva, no Público, sobre a necessidade de mudar o nome do cartão de cidadão para cartão de cidadania.
O futuro é incerto e sombrio: os portugueses e as portuguesas temem pelo amanhã. O vosso é certo e garantido: continuareis nas catacumbas. Não esperem nada da Política.
Agradeço a listagem, pelo trabalho que deu. Mas compreenderá que, já tendo tratado de offshores, de TAP, de desemprego e de tudo o mais, tenho a liberdade de escolher os meus temas. Lamento se o incomodo. Mas eu vou persistir: levo a sério a igualdade entre homens e mulheres e combaterei a cultura marialva que anda impante nesses comentários por aí à solta.
Deixem o professor em paz! Cansado, enviou-me agora este poema do Mario Sá Carneiro que ilustra bem a energia que lhe resta para este assunto!
Caranguejola
– Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada…
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!
Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado…
Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira –
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.
Não, não estou para mais – não quero mesmo brinquedos.
Pra quê? Até se mos dessem não saberia brincar…
Que querem fazer de mim com este enleios e medos?
Não fui feito pra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar…
Noite sempre plo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho – que amor…
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor –
Plo menos era o sossego completo… História! Era a melhor das vidas…
Se me doem os pés e não sei andar direito,
Pra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?
– Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde
Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito…
De que me vale sair, se me constipo logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?
Deixa-te de ilusões, Mário! Bom edrédon, bom fogo –
E não penses no resto. É já bastante, com franqueza…
Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará.
Pra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. Co’a breca! Levem-me prà enfermaria! –
Isto é, pra um quarto particular que o meu Pai pagará.
Justo. Um quarto de hospital, higiénico, todo branco, moderno e tranquilo;
Em Paris, é preferível – por causa da legenda…
Daqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda –
E depois estar maluquinho em Paris fica bem, tem certo estilo…
Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora, no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras:
Nada a fazer, minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.
Paris – novembro 1915
Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos
Edição Fernando Cabral Martins
Assírio & Alvim
2001
Caro Francisco, isso é azia. Vai-lhe passar, de certeza. Tudo passa, acredite…
Um bocado boçal, não acha?
A importância do assunto mede-se pelo impacto que ele tem na vida das pessoas, e neste caso objetivamente é baixo. Se mudássemos a gramática e Elas passasse a incluir masculino e feminino, será que as mulheres beneficiariam disso? Provavelmente não… logo trata-se apenas de forma e não de substância.
Mas este aparente lapso do Presidente, mais parece mais um esforço para agradar a todos, algo que com o passar do tempo se esvanecerá. Este erro é usado e abusado por exemplo nas campanhas eleitorais . Quem nunca ouviu, “Portuguesas e Portuguesas …” nos comícios? Portanto, porque ressaltar este aspeto só porque o Presidente o disse?
Claro está que o assunto é menor.
O caro Louçã, como pessoa inteligente que é, só se está a aproveitar dos muitos comentários a um assunto menor, para continuar a sua ” cruzada” de ganhar mais protagonismo.
Deve ter alguma na “manga”, mais tarde saberemos!
João Albuquerque
ps. eu tinha razão quando disse “como somos papalvos”, pois continuamos a alimemtar um não assunto.
João Albuquerque
Caro Professor, faz muito sentido o que diz. Invejo-lhe a coragem e a determinação com luta pelos seus ideais, tentando fazer da sociedade uma sociedade mais justa. Um bem-haja a si.
E enfim, mais um texto carregado de ironia para discutir algo absolutamente irrelevante, (porque não contar todas as palavras para perceber se existe o mesmo numero dos dois generos?), e o mesmo em Espanho, Frances, Italiano e tambem Alemão… ( mais complidado ai, onde se coloca o neutro?)
e ao mesmo tempo na alegre cuba e na bela Coreia do Norte, decerto vão ao detalhe dos eles e elas., verdadeira igualdade… da-lhes para isto.
Obrigado, mas cada qual tem a sua apreciação do que é relevante ou não. Suponho que, tão hostil à Coreia do Norte, não queira impor uma censura que proiba outros de pensarem diferente de si sobre o que é relevante.
A julgar pelos comentários, faz falta um aviso de ironia, mesmo quando ela ]e demasiado evidente.
“a língua seja o que é, uma forma de comunicação fluida e consistente entre pessoas” o caro Louçã sempre revelador do grau de analfabetismo da universidade.
Uma língua é uma ferramenta de percepção da realidade, serve também para comunicar porque a comunicação é uma actividade de percepção. Por exemplo, a matemática é uma língua que serve para quantificar e também comunicar.
Percebe-se o grau de analfabetismo de uma cultura pela língua que usa. A língua revela a capacidade de percepção existente numa cultura.
As regras da linguagem matemática não mudam, o grau de analfabetismo em matemática é que muda. O mesmo acontece nas demais línguas. O latim tem expressões, conceitos e regras que não são percebidas pela plebe cristã porque ela não tem conhecimentos para isso. Há que ter em conta que a barbárie ainda está a tentar sair da pré-história. Quando tentou falar latim aconteceu o mesmo que acontece quando alguém com rudimentos de aritmética tenta perceber cálculo integral.
O “latim vernacular” (português, francês, italiano…) é o latim dos analfabetos, o “latim” da barbárie. É decorrente da necessidade de um língua mais rudimentar para a tornar ao alcance da barbárie pré-histórica e, ao mesmo tempo, a marca do analfabetismo. Todo o analfabeto tem uma língua própria em que é o analfabeto que decide as regras. Não há melhor demonstração de analfabetismo do que essa coisa de decidir inventar as regras de uma língua.
O caro Louçã não se esqueça de modificar o resultado dos cálculos quando vir que o resultado fica demasiado machista.
Não há nada como um catedrático para revelar o grau de analfabetismo dessa catedral da ignorância que é a universidade.
Sempre girissimo.
Creio que o Eppicuro é o único comentador à altura do Francisco Louçã.
Se o assunto é menor, porquê voltar ao mesmo? Será que se a redundância for usada pelo Sr Presidente da República passa a ser validada? E se fosse Cavaco?
Porque afirma que é menor? O sexismo da linguagem, apresentada como eterna e definitiva, é menor porquê?
Vou citá-lo para o caso de ter esquecido o que escreveu:” proposta ingénua e menor”. Depende de quem vem o julgamento?
Caro Louçã, os Presidentes da República, pelo menos desde Eanes, têm usado a linguagem inclusiva como agora usou Marcelo. Não me recordo de terem sido criticados por isso. A sua obsessão, que lhe faz imaginar uma multidão de críticos alucinados, parece-me um bocado doentia. Recomendo-lhe um bom psiquiatra.
Ainda bem que o fazem. Afinal parece que é normal usar linguagem inclusiva. Quando a obsessões e psiquiatras, caro “pimentinha”, o seu anonimato e o seu pseudónimo diz tudo, naão diz?
É claro que é normal usar linguagem inclusiva. O que não é normal é fazer espalhafato por causa disso.
O que é anormal é recomendar psiquiatra para quem comete o pecado de ter uma opinião diferente da sua.
Pois o anonimato DIZ realmente tudo. Sabes porquê, Francisco? Porque o direito de expressão só serve quando se dizem coisas que estão de acordo com pensamento geral. Quando não estão, as pessoas remetem-se ao anonimato e á clandestinidade.
O movimento sexista das mulheres está cada vez com mais força. Eu acredito que vai vencer e que a supremacia feminina vai conseguir tudo o que quer, vai taxar as pessoas que são brancas e do género masculino, vai dar “uma lição” nos homens, esses malvados que não servem pra nada.
Eu que até sou de esquerda, vejo-me cada vez mais envergonhado com o fenomeno de rebanho que parece condenar toda a esquerda internacional… São coisas como esta menino Francisco, que sem com todas as boas vontades, vão dar muita muita m****…. Mas pra já, é 50% do eleitorado. Fervoroso. Cheio de vontade de votar. De lutar. De castigar. De excluir. De dividir. De obter para si tudo o que é e não de direito. É importante saber bem quem é o nosso Inimigo. Não me venhas com conversas Francisco – Tudo o que tu estás a defender é a tua opinião, só não tentes dizer que é mais importante que a dos outros.
É claro que não é pecado ter opiniões diferentes. É estranho que alguém que gosta de ironizar e de gozar com os outros, como Louçã, não tenha percebido que recomendar um psiquiatra é apenas … ironia. A minha opinião é que toda esta conversa é bastante irrelevante. Se alguém usar a linguagem inclusiva do manual do BE, está muito bem, a menos que não respeite os outros. Se alguém não usar a linguagem inclusiva do manual do BE, também está muito bem, a menos que não respeite os outros. Felizmente, ainda podemos viver sem ter de seguir o pensamento único.
Sobre a pergunta das 10:20, a resposta é não sei. Se algum dia consultar um psiquiatra pergunto-lhe.
Tem toda a razão. Um presidente que não respeita a língua é um presidente que nunca o foi. Marcelo para a rua já! #tchaumarcelo
Está a fazer-se de distraído! Ao longo dos 30 anos em que, segundo a esquerda, o Prof. Marcelo andou pelas televisões a preparar a candidatura a PR, o mesmo sempre usou esses termos.
Quanto ao resto, parece-me haver uma certa frustração. Depois da aposta na luta de classes, que não deu os resultados esperados, passaram a explorar conflitos alternativos: luta de raças, luta de religiões, luta de civilizações, luta de gerações, luta de heteros e homos, luta de géneros, etc. Tudo para, algures no futuro, acabarmos no paraíso (de mafoma?) onde, tal como diria Cândido de Figueiredo, haverá comboios gratuitos para todos e teremos a Primavera em Dezembro.
Nada distraído, caro Albuquerque. Muito atento.