É claro que defendeu. E defendeu bem e defendeu empenhadamente, como muitos outros partidos e como tantas personalidades que condenaram a justiça sul-africana como uma fraude, que recusaram a repressão e que pugnaram pela liberdade.
O PCP foi mesmo um dos partidos que lembraram no parlamento que o governo de Cavaco Silva recusou apoiar na ONU um voto pela liberação de Mandela, em 1987. Cavaco Silva alegava então que não podia intervir nos assuntos soberanos de um outro país e comentar o seu sistema de justiça. O argumento é inaceitável, disse o PCP, e outros partidos insistiram no mesmo.
Supor-se-ia que este critério de defesa democrática contra a repressão fosse um princípio fundamental. Parece que não é.
Claro que me dirão que Luaty Beirão não é Mandela. Pois não. Mas os democratas defendem a liberdade de expressão conforme a pessoa em causa? Pois não, por isso Luaty ser diferente de Mandela é irrelevante para este efeito, pois ambos têm direito a serem livres e a protestarem contra um governo de que discordem. Ou os democratas só defendem os direitos daqueles com quem concordam? Não, defendem o direito de expressão em todos os casos.
Dir-me-ão então que Angola não é a África do Sul. Pois não, também é evidente que são diferentes. Mas qual é a diferença? A África do Sul que prendia Mandela era o regime do apartheid, uma ditadura de um partido e de um grupo social, e Angola não se compara com esse regime (mas a Coreia do Norte, em contrapartida, tem semelhanças evidentes quanto ao regime repressivo, e portanto não parece que a diferença ou semelhança seja relevante para a escolha de norma de relação política para o PCP). Mas Angola é ainda um regime que recusa a liberdade dos seus cidadãos, em nome do poder de um pequeno grupo social, a sua nova burguesia alimentada com a apropriação dos bens públicos. Apoiar José Eduardo dos Santos tem portanto um preço de coerência.
Mas admita-se por um momento a tese segundo a qual Angola é um regime que respeita os seus cidadãos e tem um sistema de justiça que segue princípios constitucionais. Como se explicaria então a prisão de jovens por estarem a ler um livro, a acusação grotesca de tentativa de golpe de Estado e a mudança de acusação no final do julgamento? Qualquer militante do PCP percebe sem margem para dúvida que esse é um sistema sinistro.
Sobra uma única justificação possível para apoiar a repressão em Angola: é o menor dos males. O argumento seria que o regime é duvidoso, a repressão é uma desgraça, o processo judicial é uma fraude, mas a pressão internacional é mais perigosa, a ingerência tem água no bico, eles querem os poços do petróleo e por isso não se pode enfraquecer o regime de José Eduardo dos Santos.
Seria de considerar tal argumento por quem pense que a política tem que se submeter a uma espécie de realismo e portanto pode viver com escassos princípios, se esta não fosse unicamente uma forma de fechar os olhos como desculpa para abdicar da democracia. Angola não é um hoje um Estado isolado ou ameaçado: é uma força regional com grande articulação com as potências militares suas aliadas, a começar pelos Estados Unidos da América. Não há nenhum risco de Angola vir a perder os seus poços de petróleo: já os entregou, divididos entre o palácio presidencial, com a sua companhia petrolífera, e as companhias internacionais.
Não sei se é mais estranho o silêncio perante a repressão ou a curiosa justificação com os tais riscos que Angola correria, riscos que poriam em causa um regime “progressista”. Sobre esse ponto, nem consigo argumentar. Lembrarei somente aos defensores do regime de Luanda o que diz o seu presidente José Eduardo dos Santos: “A acumulação primitiva do capital nos países ocidentais ocorreu há centenas de anos e nessa altura as suas regras de jogo eram outras. A acumulação primitiva de capital que tem lugar hoje em África deve ser adequada à nossa realidade. (…) As campanhas de intimidação que referi antes são feitas persistentemente contra os africanos porque não querem ter concorrentes locais e querem continuar a levar cada vez mais riqueza para os seus países. Nós precisamos de empresas, empresários e grupos económicos nacionais fortes e eficientes no setor público e privado e de elites capazes em todos os domínios, para sairmos progressivamente da situação de país subdesenvolvido” (discurso de José Eduardo dos Santos no parlamento, 16.10.2013). A “acumulação primitiva de capital”, isso toca alguma campainha?
Devia tocar. Porque se ouve o sino a rebate. Quando a Forbes – logo quem – alcandorou Isabel dos Santos, a filha do Presidente, a “uma das mulheres mais ricas do mundo”, o Jornal de Angola engalanou-se em editorial: “Enquanto damos o nosso melhor por uma Angola sem pobreza, exultamos com o facto da empresária angolana Isabel dos Santos ser uma referência no mundo financeiro. Isso é bom para Angola e enche de orgulho dos angolanos. Afinal o nosso sonho dourado é que todos os seres humanos sejam ricos e não haja carenciados, seja em que região for do planeta”. E concluía triunfantemente: “Angola está sempre a subir, mas ninguém nos empurra para cima. É à nossa custa, com o nosso esforço, com os nossos recursos e com o talento, o querer e a inteligência de todos os angolanos”(Jornal de Angola, 25.1.2013). Isto é certo: é “à custa de todos os angolanos” e do seu esforço.
É mesmo em nome disto que alguns homens e mulheres de esquerda nos dizem que devemos fechar os olhos à repressão em Angola, porque o “regime progressista” tem que ser defendido para continuar a “acumulação primitiva de capital” e para o “sonho dourado de que todos os seres humanos sejam ricos”?
Eis o que também não deveriam deixar de criticar dirigentes e militantes de Esquerda:
https://www.publico.pt/economia/noticia/angola-pede-assistencia-financeira-ao-fmi-1728309
https://www.youtube.com/watch?v=6lIqNjC1RKU
Professor Francisco Louçã, à medida que ia descendo por este mural de comentários e percebendo que o professor tem respondido a muitos deles, só me faz admira-lo ainda mais: é que realmente a sua paciência é a de um santo.
O Sr. Louçã é um retinto anti – comunista e, porfiadamente, usa todo o seu anticomunismo para atacar o PCP. Qu se deixe de conversas. Sabe bem, muito bem que o PCP sempre esteve, e continua, na vanguarda da defesa dos direitos humanos, sempre solidário com os povos que lutam e sofrem em todo o mundo.
Excepto na defesa dos presos políticos em Angola. O Manuel Morgado tem assim tanta solidariedade com José Eduardo dos Santos e a sua “acumulação primitiva”?
Basicamente,um desastre esta posição do PCP.Não consigo entender esta posição…mas por outro lado,qualquer dia deixo de ir para a Festa do Avante:afinal de contas,o stand do mpla(letra pequena) tem uma fotografia do zedu com 40 anos(a fotografia).é um pormenor? é,talvez ate mesquinho ,mas que diz mais(esta imagem) do que muitas palavras.
Depois de opiniões como esta, pode Francisco Louçã ter a certeza que tem lugar garantido como comentador na comunicação social portuguesa.
Tem toda a razão na sua denúncia. Devia pedir antes autorização a cada partido, ou personalidade, ou empresa, ou banco que critico. É uma vergonha que escreva a minha opinião e que defenda os presos políticos.
N me esquecerei do apoio q o BE deu na recente revolução ucraniana. Era td claro… Hj um país fértil em cabeças rapadas. E onde sindicalistas são queimados vivos.
Meu amigo, está a delirar.
Pacheco Pereira compreendia a defesa da politica da URSS que Cunhal fazia, porque Cunhal confundia a realidade pós revolucionária, da retirada da URSS do sistema capitalista, na época do Imperialismo, e a emergência do monopólio estatal dos meios de produção, permitindo avanços civilizacionais rapidíssimos, com a barbárie da politica Estalinista, praticada pela burocracia que se apropriou do Partido e do Estado.
Até parece que Angola se lhe assemelha, a julgar pela atitude do PCP.
O MPLA foi o campeão da luta anticolonial e da luta contra a invasão Sul-Africana e pela independência Nacional, mas nunca teve um projecto consequente de democracia socialista e de um Estado de Direito.
Resolveram sempre as contradições internas no Partido MPLA e no Estado, com a maior violência, com o terror, com massacres, com prisões arbitrárias, com homicídios organizados para eliminar opositores individuais ou grupos dissidentes.
Promoveram uns quantos, a heróis da independência, quando os heróis são todos aqueles milhões de Angolanos, que apesar de terem conquistado a independência, não têm água canalizada, nem saneamento básico, e vivem em habitações abarracadas, sem energia eléctrica fornecida legalmente, e ou não têm emprego ou só conseguem viver de expedientes.
Miséria para a maioria, apesar da divisão que a elite faz para si própria, da riqueza proporcionada pelos diamantes, pelo petróleo e por outras exportações bem cotadas.
Além disso o MPLA é um partido da Internacional Socialista, joga num campeonato diferente do da Coreia do Norte e do da RP da China.
Não se entende pq é q o PCP continua a sentir-se obrigado a um seguidismo completamente canino e cego
A sua próxima crónica deve ser “Mário Machado tem direito a ser livre e a protestar contra um governo de que discorda”.
Curiosa nota. Claro que toda a gente tem o direito de protestar contra um governo, ou não tem? Quanto ao personagem que refere, não está preso por delito de opinião, mas por crimes comprovados em tribunal (sequestro, agressão, etc.).
Há uns anos um empresário explicou-me que há dois PCs. Um politico e outro empresarial, dedicado a negócios de cooperação, internacional, entre eles a indústria militar. Negócios sobretudo com Angola.
Nunca consegui confirmar a história, mas há coincidências temporais que me soltam uns hums.
Que eu saiba o PCP votou em protesto contra a decisão do Parlamento dinamarquês de confiscar valores superiores a 1200 euros que eventualmente possuíssem os refugiados chegados àquele país. Esta era também uma decisão de um órgão de soberania de um país soberano…
Enfim, dois pesos e duas medidas. Uma para o ocidente, europeu, capitalista; outra para as «vítimas do imperialismo ocidental». E note-se que eu até estou de acordo em aceitar que não cabe ao Parlamento Português imiscuir-se na decisão soberana de um tribunal angolano. Nem tão pouco em imiscuir-se na decisão soberana do Parlamento dinamarquês.
Deixo só esta nota – extensível também ao PSD e CDS – para assinalar a coerência da nossa realpolitik.
Não será Louçã um “sectarista”, antes criticar o PCP, do que criticar a direita, faz-me lembrar a expressão de alguns, hoje até no Brasil, antes um nazista, do que um comunista. É mais fácil, é mais “in”, no mundo em que vivemos. Aliás não é de agora vem do tempo do PSR, quem não se lembra… o cromossoma está lá. Há justiça o que é da Justiça.
Mas e os 17 presos políticos? Estão “in”? A vida deles é “fácil”?
Crititcar a direita ??? Mas a direita não votou ao lado do PCP….e com os mesmos argumentos ?
Neste caso a critica não é aos partidos que votaram igualmente ? PCP, PSD, CDS….
Essa história tinha fundamento quando eu tinha 20 anos e nada sabia sobre a vida vivida…Hoje tenho 63 , e meu caro já não cola….
Será o PCP quem tem que rever as suas prioridades…ou parou no tempo.
Não é Angola uma ditadura de generais encapotada em “democratas” ? quem são os ricos de Angola ? de onde lhes vem a fortuna ? Como chegaram a ricos ? Porque passa fome o povo ???
Parar no tempo não….Ninguém lhes pede que se auto flagelem ….mas caiam na realidade….
A desilusão da #realpolitik
Caro Francisco Louçã,
Apelar à libertação de Mandela na ONU é a mesma coisa que apelar à libertação dos presos angolanos na AR? O sistema judicial e jurídico de Angola de hoje e o da África do Sul do apartheid são sequer comparáveis? O movimento liderado por Mandela tem alguma comparação com a sessão de literatura promovida pelos presos? Qual é a expectativa de êxito de um voto de condenação na AR quando não há um movimento de massas disposto a dar a cara pelos condenados? O progresso não se consegue com respostas fáceis. Veja-se o caso de Israel e da Palestina. Apesar do consenso internacional, do activismo local e das estruturas jurídicas pseudo-“ocidentais” de Israel, o problema persiste. A sua tese, por mais bem intencionada que seja, é fraca e carece de uma perspectiva histórica do desenvolvimento das sociedades. O progresso faz-se por caminhos sinuosos ou já se esqueceu do que foi a Revolução francesa e tudo o que veio depois? Parece-lhe lógico exigir de um país em anos, décadas aquilo que outros só conseguiram após séculos e graças a um número infindável de crimes e contradições? Por outro lado, e embora eu defenda a liberdade de expressão e associação para qualquer ser humano e considere relevante o debate sobre este tema, parece-me que você escolhe como alvo o partido que é constantemente e demagogicamente caricaturado perante um público que não tem acesso funcional à informação e quiçá o único que tem mantido um diálogo ao longo de décadas com as várias tendências dentro do movimento progressista, inclusivamente aquelas com quem tem manifestas divergências (ou acha que o ANC ou o MPLA são tudo o que o PCP gostaria que fossem?). Parece-me também essencial promover o debate e não os ódios de estimação e parece-me que o seu artigo falha nesse capítulo.
Fantástico e nem uma resposta. Assim se vê quem é o Dono do menino.
Caro Nito Alves,
Em 1º lugar, quero dizer que percebo que as questões que coloca são direccionadas ao articulista, no entanto, como vivemos num regime democrático e livre, decidi aceitar o seu desafio. Isto sabendo que se fosse num regime opressor como o Angolano, provavelmente passava o resto da minha vida na prisão, assim como os camaradas que lutaram pela liberdade no pré 25 de Abril!
Vamos lá então desmistificar o texto do Sr.Nito Alves:
“Apelar à libertação de Mandela na ONU é a mesma coisa que apelar à libertação dos presos angolanos na AR?”
Não, não é. Mas da sua parte é claramente uma pergunta retórica! Ainda assim é um apelo contra uma injustiça, defendendo os direitos humanos, está a ver a similitude?! O PCP não defende a liberdade e os direitos humanos? Ou defende só os direitos de alguns humano? Estranha noção de luta pela igualdade/fraternidade, valores defendidos pela revolução francesa, tão querida para si(e para mim). Pois é, contradição total da sua parte, certo?
“O sistema judicial e jurídico de Angola de hoje e o da África do Sul do apartheid são sequer comparáveis?”
Que pergunta mais ridícula!!! Não. não são comparáveis, mas são ou não os dois injustos, e a favor da oligarquia instalada nos Países em questão, e mais ainda, não são dois casos de prisão vergonhosa, como os militantes do PC foram antes do 25 de Abril?
“O movimento liderado por Mandela tem alguma comparação com a sessão de literatura promovida pelos presos?”
Em 1º lugar, aquando da sessão de literatura, nenhum destes elementos estava preso, a maior parte deles nem cadastro tinham! Mandela lutava pela união e liberdade dos sul africanos, os presos políticos estavam a ler um livro!!!! Acha que não há comparação relativamente ao tratamento injusto, desumano, autoritário de cada um dos totalitaristas em questão! Nossa…
“Qual é a expectativa de êxito de um voto de condenação na AR quando não há um movimento de massas disposto a dar a cara pelos condenados?”
Esta é só estúpida, porque não começando por condenar na AR, nunca haverá um movimento de massas disposto a dar a cara pelos condenados, bastante elementar!
PS: Posto isto, quero também dizer que apesar de não ser eleitor do PCP, ainda este ano fui ao avante, e partilho várias questões da ideologia em si, e isto(recusa em condenar presos políticos Angolanos), ainda para mais sendo um deles Luso descendente, não consigo compreender!! É inaceitável e indesculpável!
Osório, gostou da resposta? Se não gostou, pode sempre perguntar ao seu dono o que deve dizer, que ele certamente lhe informa do briefing..
Francisco Louçã, “e tudo isto defender prisões por delito de opinião?” ?!! Se é uma resposta ao que digo acima, é injusta e rude.
É uma resposta a Tiago Costa, como se compreende.
Agradeço em todo o caso, Francisco Louçã, o seu esclarecimento.
Acho outra coisa bastante importante e evidência alguma incoerência do PCP . Na votação no Parlamento houve 4 partidos que votaram a favor da condenação do estado angolano pela prisão de Luaty Beirão: PS ( alguns deputados), Bloco, PAN e PEV. O PCP acha uma ingerência grave e uma pressão inaceitável sobre um estado soberano. A coerência não manda o PCP romper a coligação com o PEV nas próximas eleições? Vão concorrer juntos com um partido que impede ” o povo angolano de decidir, livre de ingerências externas”?
Não se pode criticar o BE nestes comentários? É tudo censurado?
Bravo pelo que escreve acima e bravo pela resposta lapidar que deu hoje a João Miguel Tavares. O Professor Francisco Louçã, antigo dirigente de um Partido de Esquerda, mostrou que percebe mais a dormir de Liberalismo Político e defesa do Estado de Direito do que o ‘Liberal’ Tavares bem acordado, pessoa para quem o Liberalismo começa e termina na Economia (como acontecia no Chile de Pinochet, aliás). Por trás do verniz liberal, jovem e pseudo-empreendedor, alguma da nossa Direita mostra aquilo que sempre foi: golpista e adepta da justiça popular e dos linchamentos políticos…
Eu condeno as prisões políticas e as limitações ao exercício das liberdades cívicas e defendo o direito à indignação em Angola como em Portugal ou outra parte do mundo, mas não me comparo nesse esforço ao PCP que sobre a defesa das liberdades não precisa de lições nem de advogado de defesa.
Distingo Nação de Estado. O Estado é sempre o instrumento de repressão em toda a parte do mundo.
As relações entre Estados são relações entre instrumentos de repressão.
Os cuidados que os Estados têm de ter para não passarem da cooperação à agressão é maior que o vulgarmente usado pelos Estados como as guerras no-lo comprovam.
A solidariedade entre os povos e Nações é o caminho natural para isolar os ditadores e animar as resistências aos despotismos.
Quem tem de se libertar dos déspotas são as nações e os povos que sofrem as violências e arbitrariedades dos déspotas, neste caso Dos Santos.
Todos os povos do mundo se devem solidarizar, em permanência, com as lutas das vítimas de déspotas.
O povo angolano conta hoje, como contou no passado com essa solidariedade ativa do povo português.
As relações entre Estados são coisa totalmente diferente.
Essa confusão é um mau serviço à relação entre os povos e desvirtua a solidariedade ativa para com a luta independente do povo angolano pela paz, liberdade, democracia e prosperidade.
Libertação dos presos políticos em Angola, já!
Caro José ,
Não …não cavalgo ondas anti PCP,não estou nessas ondas.Mas ao PCP em matéria das liberdades individuais êxito muito..
Cumprimentos
Já sobre a corrupção socialista/bloquista do Partido Trabalhista no Brasil, o camarada louçã nada refere. Chama-lhe golpe.
aposto que é um comentario de mais um brasileiro desinformado, e com antolhos sobre a situaçao politica brasileira.
1) ja houveram comentarios do sr louça a este respeito o que o Sr nao deve ter lido pois nao lehe interessa opinioes contrarias
2) A Corrupção no Brasil nao se limita a este partido “socialista” denominado PT ate a lista liberado hoje do Panama mostra isso,o Cunha e o PMDB encabeçam assim como todas as outras da odebrecht etc o roubo é dividido entre vários exponenciais deputados e senadores, do nosso corrupto congresso e senado, e provado, já que da governante atual ninguém tem prova, Mas se nao tem condena assim mesmo, mais fácil!
3) é sim um golpe contra a Democracia e o estado de direito e golpe sujo como todos que sempre foram aplicados no Brasil com o apoio de uma generosa parcela de incautos e inocentes analfabetos políticos dessa nação.
sem mais estude mais e deixe de ser especialista em gritar a culpa é do PT somos todos culpados inclusive que nao sabe votar
O Francisco Louçã sabe muito bem que nas últimas décadas virou moda reduzir os DH à liberdade de expressão e instrumentalizá-los como álibi para intervenções militares e deposições de governos que, quer se goste ou não, são/eram soberanos e internacionalmente reconhecidos. Autênticos crimes contra a humanidade em nome da democracia e dos seletivos DH sem que os autores/atores sejam por eles criminalmente julgados e responsabilizados. Tenho admiração por sua pessoa e simpatia pelo progressismo de idéias do seu partido e da irreverência com que o defende. Mas nesse particular, acho que o partido precisa de crescer e ter maior sentido de Estado e não agir como se fosse apenas um movimento social. Apoio total à todas as manifestações de indignação e de condenação de regimes que violam os direitos humanos mais básicos dos seus cidadãos, desde que feito no quadro da imprensa e da sociedade civil. O governo tem canais diplomáticos próprios para atuar e utilizar um órgão de soberania de Estado para interferir em assuntos internos de outro não me parece sensato e responsável. Quando isso acontece arrisca-se à guerra ou ao corte de relações entre Estados e não é isso que queremos. Por outro lado, isso nos obrigaria a ter iniciativa idêntica com todos os Estados com os quais temos relações e onde, em alguns, mesmo no quadro da lusofonia, a violação dos DH são tão ou bem mais chocantes do que em Angola. Isso provavelmente nos conduziria a acarbarmos orgulhosamente sós como Estado arauto da defesa da democracia e dos DH. Ao se usar um órgão de soberania para além do ruído necessário e constante da sociedade civil, a impressão que passa é de uma agenda de interferência apenas naquele país por oportunismo político, paternalismo, ciúmes, inveja ou complexos coloniais mal resolvidos.
Certamente que há muito crimes cometidos com essa justificação, tem toda a razão. Mas haver esses crimes justifica fechar os olhos aos presos políticos de Angola?
Caro Francisco Louça, aqueles crimes não justificam fechar os olhos sobre o que se passa em Angola e isso deixei bem claro na minha réplica. Aqui divergimos apenas na abordagem. Acho que tem coisas que são da esfera da sociedade civil, da imprebsa e de organizações multilaterais como a ONU e não de órgãos de soberania do Estado, sendo que este, através do governo, tem canais diplomáticos próprios para se manifestar.
Já agora, aproveito a oportunidade para aqui o parabenizar pelo artigo “Uivar com os lobos?”, que subscrevo na íntegra.
Aproveito igualmente a ocasião para instar a si e ao BE que sejam mais vocais sobre o Brasil que é visto entre muitos de nós de uma forma ainda romântica, fruto talvez do famigerado lusotropicalismo. Um país onde não se pode falar em democracia porque não há igualdade racial, onde maioria é tratada como minoria porque não goza do direito pleno de cidadania em função da cor da pele, onde jovens negros são 14 vezes mais assassinados que pares brancos, onde é assustador os números de assassinatos de ambientalistas, na maioria indígenas, onde jornalistas também são perseguidos e mortos de forma chocante. E, queira-se ou não, temos responsabilidades históricas nesse triste quadro que, uma vez mais, goste-se ou não, apenas começou a ser revertido timidamente com o PT e o seu principal aliado, o PCdoB, como governo, por pressão de movimentos negros, indígenas e de uma sociedade civil de brancos não racistas politicamente conscientes e engajados numa batalha por um Brasil justo e equitativo para todos.
Lamentável a atitude do PCP, impossível entender.
Caro Oslo,
Queria certamente dizer, lamentável a atitude da justiça angolana, impossível de entender.
Para cavalgar a onda anti-PCP esqueceu-se do objetivo principal: os presos políticos angolanos.
Eles que sofrem a prisão política injusta e insultuosa têm um objetivo principal que não esquecem nunca: a paz, liberdade, democracia e prosperidade para o povo angolano.
O mesmo povo que lutou lado a lado com o povo português e inflingiu uma derrota militar e política ao império colonial ao fim de 13 anos de luta civil e armada e muitos presos políticos e mortos na caminhada. Vencerá!
Desde quando o PCP é um partido democrata, caro Louçã?
A facilidade com que se usa a palavra “democracia”, “democrata” é hilariante!
Há partidos políticos e indivíduos, que não sendo democratas, são exímios a utilizar estas expressões.
João Albuquerque
Democrata é quem luta pela democracia. O PCP lutou certamente pela democracia em Portugal, e essa luta contrasta certamente com os que apoiaram a ditadura.
O PCP lutou por uma ditadura do proletariado.
Caro Francisco Louçã,
Permita-me chamar a sua atenção para o tempo verbal usado para o verbo lutar.
Na minha opinião a terceira pessoa do singular do pretérito prefeito simples é inadequada a quem luta pela democracia no presente como lutou no passado.
Cumprimentos.
Compreendo.
Francisco Louçã: alguma vez o PCP lutou pela democracia? Lutou contra o fascismo mas isso não faz deles democratas. Vá enganar outra. O PCP lutou por um regime político decalcado da URSS. Vai-me dizer que a URSS era uma democracia? Com o seu conceito de democracia o PCP bem pode limpar as mãos à parede!
E, aliás, o conceito de democracia de muitos dos partidos que estiveram na origem do seu amado BE, muitos deles maoistas, também, deixe-me que lhe diga, de democracia não tinha nada. Eu não estou esquecida do PREC, nem do passado lastimoso, das Isabéis do Carmo, dos Otelos Saraivas de Carvalho e etc., aliás todos simpatizantes da área política que é a sua Francisco Louçã.
Na verdade, não mudaram nada. Até o Edgar Silva considera a Coreia do Norte uma democracia, veja lá. Se o Francisco Louçã acha que essa gente da sua rodinha é democrata, então o seu conceito de democracia não deve andar muito longe do deles. O que aliás, não constitui surpresa para mim. Eu? comunistas? nem vê-los!
Fica tudo explicado.
Do comunicado do PCP sobre os votos de condenação a Angola:
“Reafirmando a defesa do direito de opinião e manifestação e dos direitos políticos, económicos e sociais em geral, o PCP reafirma igualmente a importância do respeito pela soberania da República de Angola, do direito do seu povo a decidir – livre de pressões e ingerências externas – o seu presente e futuro, incluindo da escolha do caminho para a superação dos reais problemas de Angola e a realização dos seus legítimos anseios.
Reiterando a defesa dos direitos e garantias dos cidadãos angolanos – e não se pronunciando sobre as motivações dos cidadãos angolanos envolvidos neste processo, nem sobre a forma como as autoridades angolanas competentes intervieram no decurso deste –, o PCP reitera a sua consideração de que cabe às autoridades judiciais angolanas o tratamento deste ou de outros processos que recaiam no seu âmbito, no quadro do normal funcionamento das suas instituições e de acordo com a sua ordem jurídico-constitucional.
Não esquecendo a longa guerra de subversão e agressão externa que foi imposta ao povo angolano e que tantos sofrimentos e destruição causou, o PCP não acompanha campanhas que, procurando envolver cidadãos angolanos em nome de uma legítima intervenção cívica e política, visam efectivamente pôr em causa o normal funcionamento das instituições angolanas e desestabilizar de novo a República de Angola. Importa realçar que os argumentos e pretextos agora enunciados têm sido invocados para justificar a ingerência externa exercida sobre diversos países, nomeadamente no continente africano, com dramáticas consequências – de que a Líbia é exemplo.”
(disponível, aqui: http://www.pcp.pt/sobre-votos-de-condenacao-angola)
Condenar as prisões políticas em Angola é comparado à intervenção militar na Líbia?
Francisco Louçã, a tese subjacente à posição do PCP parece-me ser outra, a duma campanha externa de instigação duma “revolução colorida” — de forma (demasiado) sumária, a do N.E.D. irmanado com AFRICOM. Precisaria de elementos que não tenho para concordar com a tese, mas em todo o caso é certo que discordaria sempre do voto do PCP. Não me parece contudo que falte sentido democrático ao voto do PCP, como o seu comunicado torna perfeitamente claro.
Para referência fica aqui ainda o comunicado da Albert Einstein Institution: http://www.aeinstein.org/albert-einstein-institution-statement-angola/
E penso útil relembrar aqui… https://www.youtube.com/watch?v=VXUuaOZbV7s
O PCP e quejandos não conseguem compreender por que razão o regime de partido único do “amigo” Kadafi caiu. Um filme eternamente repetido que alguns insistem em não querer ver, preferindo culpar sempre os outros.
O mesmo acontecerá ao angolano, ao venezuelano, ao cubano, ao norte-coreano, à ditadura do partido Partido Baath (socialista e nacionalista como os próprios se definem), e a todos os que professam essa religião contra-natura e incompetente, que apenas produz miséria e morte.
Parece, por isso, que a condenação da condenação dos ativistas (onde é que costumo ver esta palavra?), por parte de algumas pessoas, não passa de uma simulação. É que não se pode condenar os crimes do regime e ao mesmo tempo defender a sua permanência.
Saúde.
Votar pela intervenção armada no Parlamento Europeu, como fez o Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu entra onde nesta conversa toda? Ah é mentira… só é pena é as votações estarem disponíveis para quem as queira consultar. Eu diria outra coisa, pessoas e partidos que aproveitam “casos” atrás de “casos” como este, exclusivamente como estratégia para atacar outros partidos (o PCP para o Bloco de Esquerda é sem dúvida o grande problema nacional) o que valem? Zero. Quando sindicalistas estavam a ser assassinados na Ucrânia… o BE fez o quê? Absteve-se na Assembleia da República a uma moção do PCP. Enquanto corjas de nazis passeavam por Maidan espancando, humilhando trabalhadores… o que fazia o BE? Elogiava os movimentos “populares” na sua página da Internet. É preciso ser do mais abjecto possível para escrever um texto destes, exclusivamente para bater no PCP, sem atender às questões concretas e repetindo mentira após mentira (já agora… leitura de livros nem faz parte da acusação). Bem, mas cada um toma as suas opções, o BE ao lado do imperialismo, o PCP, mesmo com muitas pessoas sem compreender, resiste (a campanha ideológica é fortíssima, e o BE está a dar o seu apoio como já deu em outras situações recentes que acabaram em países destruídos). É essa a diferença e deixo apenas este comentário para que saiba que, felizmente, a esmagadora maioria dos militantes do PCP não caiem no vosso canto da sereia. Já agora para quando uma crónica sobre o que o Syrisa está a fazer na Grécia? Tanto abraço, tanto beijinho… e o Syrisa está a atacar de forma brutal os trabalhadores e o seu povo.
Magínifico texto, para quem duvidasse do que significa a palavra “sectarismo”. E tudo isto para defender prisões por delito de opinião?