Argumentei ontem que agora tudo corre bem a Costa e tudo corre mal a Passos Coelho e a Portas. O engenho de primeiro e o ressentimento dos outros, combinado com as ameaças fortuitas do Presidente, asseguram um primeiro dia tranquilo ao novo governo. De facto, tudo o que ontem era vantajoso para Costa só encorpou.
Dizem alguns comentadores que entenderam do discurso de Cavaco Silva que este ameaça demitir o governo. Depois de 53 dias de empastelamento da política, alegar uma divergência de doutrina económica sobre o papel do consumo ou outra questão avulsa para impedir a apresentação da proposta do Orçamento de Estado, tudo isto nas últimas semanas de mandato, entre a Missa do Galo e a eleição do novo presidente? Em Portugal, isso não existe. Mas a notícia política é que houve quem vislumbrasse essa esperança obscura nas entrelinhas do Presidente. Ou seja, a direita está tão perdida que fantasia um confronto épico convocado numa manhã de nevoeiro a partir de Belém, o que simplesmente quer dizer que não sabe o que fazer.
Costa respondeu com um governo moderado e com um discurso moderado. Ele quer acentuar a deslocação da direita para as bordas do discurso incompreensível. Nem precisa de se esforçar muito. Entre António Costa, oficialista e ponderado, e Marco António Costa, a prometer uma crise política que rebenta tudo, a quem é que o eleitor de centro compraria um carro em segunda mão? Pois é, nem vale a pena perguntar.
Marcelo Rebelo de Sousa, aparentemente o único dirigente de direita que percebe o problema, faz tudo para se apresentar como o candidato anti-Cavaco. Paz na terra, esse vai ser o seu discurso; deixem-se destas más figuras, vai repetir aos seus. E tem razão.
Mas, se Costa não podia sequer imaginar um começo tão fácil, o certo é que estas peripécias não mudam nada quanto aos problemas essenciais. Enquanto se especula sobre poderes presidenciais ou amarguras partidárias, nos últimos meses o desemprego voltou a subir, a confiança económica regrediu, o investimento mantém-se na mediocridade, a emigração não para, a economia europeia dá sinais preocupantes. Por isso, depois do primeiro dia feliz, para o novo governo chegam os problemas.
O Orçamento de 2016, que vai ser trabalhoso de negociar na maioria parlamentar, é apesar de tudo o menor desses problemas. No próximo, com cuidado orçamental, haverá uma ligeira recuperação de pensões e salários, redução do peso do IRS considerando a sobretaxa, a reversão das concessões dos transportes públicos, o aumento do salário mínimo nacional e uma melhoria do rendimento disponível dos trabalhadores abaixo dos 600 euros. Ou seja, milhões de pessoas, que têm expectativas baixas, vão sentir que valeu a pena a mudança em que votaram.
Grande parte das regras para esse orçamento estão já discutidas e acordadas, salvo, imprevidentemente, o ritmo da restituição da sobretaxa do IRS, porque o PS insiste nos 50% e a esquerda na abolição da medida em 2016. Há no entanto novas soluções que podem ser exploradas, como a diferenciação dos impactos em nome da protecção dos mais sacrificados pela austeridade, de modo que os trabalhadores com menores salários deixem desde já de sofrer a sobretaxa e os restantes recuperem completamente no ano seguinte.
Outros problemas imediatos são mais difíceis. A TAP e o Novo Banco são os piores buracos deixados pelo governo anterior.
A TAP foi comprada por uma empresa sem poderes legais para assinar o contrato e que agora está a vender terrenos e edifícios para assim pagar a sua conta. Paga a TAP com a própria TAP. Uma embrulhada que parece bem uma falcatrua, ficando tudo nas mãos dos bancos, que vão decidir se e quando a empresa tem que ser nacionalizada. O governo só pode por isso estudar as condições jurídicas da reversão do contrato, que é nulo.
O Novo Banco é um problema ainda pior, porque houve uma intervenção pública promovida pelo governo e pelo Banco de Portugal e ficou um buraco que ainda está por medir, além da devastação nas poupanças dos “lesados do BES”. Mas, para já, faltam 1400 milhões e, se a recapitalização não ocorrer até ao final de Dezembro, as regras europeias tornam-na ainda mais difícil. Portanto, o banco tem que ser intervencionado pelo Ministério das Finanças para abater a sua dívida e para reduzir o seu balanço, restituindo os rácios prudenciais de capital. O maior problema de curto prazo para Centeno.
E, se estes são alguns dos problemas de curto prazo, depois virão os outros, os mais estruturais.
Caro Louçã, é mesmo verdade que está a censurar os meus comentários? Olhe que cheguei a acreditar que era um comunista mais desempoeirado. Para não o incomodar, vou comentar para outro sítio mais amigo da liberdade.
Sempre gostei dos bons oradores/escrevedores!….O que ontem era mau, hoje é bom!…Só memorizamos as coisas que nos convém citar!.. Estamos no início. Alargamos sempre o comentário e dizemos que os pobres vão beneficiar do IRS e da sobretaxa, coitados já não pagam!…então se calhar estamos a falar de uns pontitos mais acima!…é como a taxa moderadora..o pobre já não paga!…se me disser que a esses até os medicamentos deviam ser comparticipados a 100% de acordo!…ora perder-mo-nos com coisinhas e deixarmos de dizer que isso sim a classe média sofreu um corte por excelência, quer directa quer indirectamente. Por exemplo falemos de governantes, directores, administradores dos Bancos e até do de Portugal, economistas e politólogos, sindicalistas políticos…que deixaram bancos, empresas falidas e recebem reformas e outros proveitos,justos ou injustos!?.. Este mundo dos homens é mesmo complicado de entender….ou não?
O Dr Francisco Louçã tem todo o direito de defender as opções do BE e, por assasto, “engolir” agora o PS de Costa de quem o BE disse o que Maomé não disse do toucinho. E há bem pouco tempo, se estamos recordados. São pontos de vista, mais do que legítimos, mais do que democráticos, O que já me parece a rondar o abuso paternalista é a tendência que o senhor tem de catalogar o mundo nos que estão conosco e nos que estão “contranosco”, ou seja, quem ouse discordar do caminho q o PS de Costa seguiu ou das atitudes q o mesmo tomou, tem de ser de direita, ou anda apossado de ressaibimentos incontidos. E depois, num ar de “perdoai-lhe, Senhor, que não sabem o que dizem” dá uma de “tolerância” a puxar pro beatismo em relação a alguns comentadores. O próprio pensamento de “tolerância” implica a assunçao de uma supremacia que ninguém tem, seja de direita, de esquerda, do centro, de frente ou de trás. Ela é, em si própria, a negação da democracia. Por mim, que nao votei PS, desejo a Costa e aos partidos que o apoiam na AR a maior competência e a maior sorte para governar o país, pq, se for bem governado, todos teremos a lucrar.
Acho fantástica a paciência e o tempo de Francisco Louçã para responder a tantos comentários, vários deles na fronteira da má educação.
Os golpistas acabam sempre castigados!
Prisão com eles.
O Senhor Carlos Silva tem toda à razao fracos politicos e corruptos e esse Sr. como dizia o outro atrasado d’à Madeira o SILVA dévia estar preso
Vítor Bento é um tipo curioso. Era conselheiro de Estado, foi para o BES por influência de…(pá! não tenho provas…) esteve por lá seis meses e voltou a ser conselheiro de Estado. Antes, era muito prolixo em presenças na Comunicação Social e publicou várias obras eventualmente transcendentes que, dada a sua frequência, não conseguiram ser objeto de uma análise cuidada. Depois de um “black-out” motivado pela sua queda na realidade do que era a impoluta instituição anteriormente denominada BES, que lhe terá causado um “esgotamento”, aparentemente ressuscitou, talvez por obra de.. (pá! não tenho provas!), a tempo, e talvez por causa, do novo governo. Enviado a uma das numerosas conferências empresariais que se multiplicam como Coelhos, o “Público” faz eco dos seus temores: (cito) “o conselheiro de Estado, Vítor Bento prevê uma mudança radical na transferência dos centros de decisão em relação à banca: “Nos próximos três a cinco anos, nenhum dos bancos portugueses é nacional””.Acompanho-o nesse receio, principalmente depois de, no mesmo “Fórum”, o presidente do Banco Haitong, um tal Hiroki Mayzato ter dito (cito de cor) que “nós” temos de criar um mercado dinâmico de capitais para que “nós” possamos entrar nos mercados da América Latina. Arrigatô, Hiroki, san!
Também lá esteve o Sr. César das Neves que disse que este governo “não vai chegar ao fim”. É uma boa notícia. Se atendermos às contínuas declarações de fé do senhor, tal significa que é eterno. Amen.
Mais uma vez se engana
Esteja atento às reuniões da Terça-feira
Caro Dr. Louçã
O orçamento do PS assenta numa premissa falaciosa: a de que os consumidores gastarão (consumo) o extra resultante do alívio fiscal (etc).
Depois de quatro anos de austeridade, os Portugueses não vão gastar mas sim (tentar) poupar, como seria de esperar. Ou seja, o crescimento económico resultante do consumo (imaginário) será (espero q não) pouco mais do que uma miragem.
Se o crescimento económico não surgir, o que fará o governo PS? É certo que pode contar com mais Quantitative Easing do BCE (que manterá os juros da dívida em níveis comportáveis), mas isto, por si só, não será suficiente.
Medidas compensatórias? Quais? Será que o governo PS vai fazer uma Hollande? Taxar os super-ricos, os “rendimentos de capital”, como diz Mariana Mortágua? Hollande tentou fazer isto na França mas a ideia durou tanto como a sua lua de mel, isto é, pouco.
cumps
raquel
Deve ser por isso que a poupança está a diminuir. Que pena que os factos não ajudem os preconceitos.
Caro Dr. Louçã
Eu não defendi o argumento absurdo de que as poupanças estão a aumentar. Estou perfeitamente ciente que as poupanças estão a diminuir.
O que eu escrevi de forma clara foi isto: o alívio fiscal traduzir-se-á em poupanças (precisamente porque os Portugueses não puderem poupar recentemente) e não em consumo. A premissa falaciosa do governo PS é a de que as (parcas) poupanças resultantes do alívio fiscal serão aplicadas em consumo, gerando assim crescimento económico.
Não estou a mencionar factos nem a exprimir preconceitos. Estou a assumir X baseando a minha expectativa numa interpretação que me parece razoável.
O Sr. Dr. qualifica o meu texto de forma algo leviana sem o ter compreendido devidamente.
Portanto o alívio fiscal traduz-se em poupanças mas as poupanças não aumentam. E é tudo leitura leviana.
Ok, Sr. Professor. Acho que me fiz compreender. O Sr Prof. não responde à interpelação.
1) As poupanças não aumentaram (ou não se verificaram) durante a austeridade.
2) Aumentarão agora com o alívio fiscal do governo PS.
3) O capital extra resultante do alívio fiscal do governo PS NÃO será gasto em consumo.
4) O capital extra NÃO fomentará o crescimento económico. (porque será poupado e não usado para comprar bens)
O problema é que a realidade é menos preconceituosa. Eu sei que é um aborrecimento.
“Portanto o alívio fiscal traduz-se em poupanças (SIM) mas as poupanças não aumentaRAm(durante a austeridade). E é tudo leitura leviana.”
As poupanças não aumentaram durante a austeridade.
Aumentarão a partir de agora com o governo PS.
Mas não serão gastas em consumo.
Percebeu?
Percebi que não lê os números do INE.
A que números se refere o Sr. Prof.?
O INE já divulgou números que nos permitem avaliar a política económica do governo PS??????
Acho que não. LOL
Estarei errada em presumir que a maioria não poupou patavina durante a austeridade????
Estarei errada quando argumento que uma das premissas centrais do programa do PS é a de fomentar o consumo e o crescimento económico através do alívio fiscal? Foi isto que Mariana Mortágua disse numa entrevista concedida recentemente à RTP.
Estou apenas a tentar compreender o prob. Não sou preconceituosa e nem sequer sou de direita.
Por favor não deflicta mais a interpelação e responda de forma intelectualmente honesta: acha, sinceramente, que o alívio fiscal vai estimular o crescimento económico através do consumo?????? Eu acho que o alívio fiscal vai ser poupado e não gasto. Ou seja, não vai estimular crescimento.
Se responder a este minha simples interpelação continuo a conversa.
Se optar por pela deflexão, não vale a pena…
Eu não li os números do INE mas tenha a V Exa a bondade de nos informar acerca dos números q menciona.
Tenha a bondade pelo menos de ler os jornais antes de escrever conclusões sem factos.
Não se trata de uma conclusão mas de uma hipótese.
Estou a especular sobre os efeitos de uma medida proposta pelo PS.
Estou a falar de uma expectativa.
Indique os artigos que devo ler, se faz favor.
Ou os números do INE que devo ter em consideração.
Não sou economista.
A um qualquer canal de TV disse hoje Francisco Louça que pensa que o OE de 2016 passará na AR. Mas que diabo de declaraçao de La Palisse é esta? Então não havia de passar? Mas cabe na cabeça de alguém que ou BE ou PCP não deixassem passar o OE? Então para que raio tinha servido deitar o governo abaixo se a seguir não se aprovasse o que Costa quer? Para isso tinha-se deixado passar o governo cessante, pelo menos sempre se estava a dar uma oportunidade a quem ganhou as eleições com o voto expresso. Era bom que se Louça não tem nada pra dizer a nao ser vacuidades destas, se remetesse a ocasião mais propícia para botar faladura. Vir com opiniõezitas de trazer por casa como se tudo não estivesse já cozinhado ou como se alguma vez estivesse em causa a aprovação do OE só pode ser entendida de uma maneira: encenações para fazer de nós parvos e gozar com o povo. Era o q faltava!
Marta, é um prazer ler a sua composição.
Marta Guerra: A “frente popular” é completamente imprevisível. O BE e o PCP podem deixar passar o OE do PS. Ou o PS pode amouchar e aceitar as imposições do BE e do PCP. Ou podem desatar a malhar uns nos outros. Para já, a segunda alternativa parece-me a mais provável, uma vez que quem mais tem a perder é o Costa. Deu tantas cambalhotas e passou tantas rasteiras para chegar a primeiro-ministro que seria uma pena deixar o lugar tão cedo. Como não podemos fazer nada, o melhor é divertirmos-nos com as trapalhadas da esquerda. Quando o dinheiro acabar, o carnaval também acaba. Na Grécia, o carnaval durou 6 meses.
Estimado Dr. Louçã,
Tendo em conta o actual estado do país, sem dinheiro, (afinal os cofres estavam cheios de ar,) com obrigações de défice a cumprir junto da União Europeia, com uma Segurança Social sem dinheiro e um estado esbanjador em quadros médios e altos, como acha possível corrigir a actual situação? Em 4 anos? Sem grandes alterações estruturais?
Não acredito no PS para grandes alterações estruturais e acho que será por aí o fim do acordo de governação, infelizmente…
(Para situar a minha posição, sou apoiante do BE.)
P.S. – Já agora, abusando da sua boa vontade, porque motivo tanta gente segue e vem ler artigos num blog para ofender quem os publica?
De facto, o PS não defende grandes alterações estruturais, este acordo é sobre medidas urgentes conta a austeridade. A media que terá que se impor é a reestruturação da dívida. Quanto aos comentadores, um pouco de tolerância com as pessoas que à direita estão desesperadas por terem perdido a maioria eleitoral.
Francisco Louçã: Reestruturação da dívida? O que vem aí é o quarto resgate, a troika de volta, mais cortes nas pensões e um plano de privatizações que faria corar de vergonha a direita. Foi esse o caminho para que o Syriza conduziu a Grécia em 6 meses e que está agora a ser iniciado pela “frente popular” em Portugal.
«Entre António Costa, oficialista e ponderado, e Marco António Costa, a prometer uma crise política que rebenta tudo, a quem é que o eleitor de centro compraria um carro em segunda mão? Pois é, nem vale a pena perguntar.»
A pergunta parece-me desnecessária de facto. Todos sabemos que 38% dos eleitores compraram o carro a Passos e só 32% o de Costa. Se calhar nas suas contas 38 é um número menor que 32.
Quando a discussão se repete muito é porque faltam argumentos. Se o seu partido ganhou, então porque é que não governa e o presidente, que também é do mesmo partido, deu posse a um governo diferente?
Costa apresentou hoje o programa de Governo, onde o défice para 2016, estará nos 2,8%. A sua amiga Catarina Martins, e o Francisco Louçã também, não se cansaram de dizer na campanha que este ano o défice deixado por Passos era de 7%. Se estava em 7%, e passará para 2,8% alguém está a mentir. A menos que o Poucochinho se prepara para fazer o segundo milagre das rosas. Para o BE agora já verdade que Passos deixou o défice nos 3%? Explique-me porque não estou a perceber. São estas coisas que me dão náusea na política onde tudo parece valer mesmo a falta à verdade. O sectarismo de facto cega-nos a todos.
Um pouco mais de rigor, sff. O défice é de 7% em 2014, contas oficiais e fechadas, aceites por Passos. Igual ao de 2011. Este ano é 2015 e o défice ainda está por apurar. Não se envergonhe tropeçando nas contas. As tais náuseas.
Dizer que o défice é 7% é ser pouco sério, sabendo que o novo banco ao ser vendido virá corrigir esse défice. E o resto do dinheiro (se faltar) será pago pela banca, o que irá sempre corrigir esse défice. Não seja pouco sério.
Ou já se preparam para dizer que baixaram o défice à custa de medidas do PSD? bloco, ps e pcp…todos iguais.
Já falhou na famosa “espiral recessiva”, falhou que a grécia ia parar a austeridade…eu ficarei preocupado é no dia em que o Louça começar com previsões de que as coisas vão correr bem. Nesse dia é fugir de Portugal.
Se o conhecimento técnico fosse melhor do que o preconceito e a chalaça, saberia que o défice é registado em cada ano. O défice de 7% em 2014 não é corrigido com receitas em 2016.
Professor Louçã, por favor! Comparar António Costa com Marco António Costa só porque são quase homónimos é tentador, mas um insulto para o primeiro. Apesar de tudo, Passos Coelho é uma pessoa razoavelmente bem educada e eu a ele não lhe compraria sequer uma bicicleta. Sarcasmo à parte, a recapitalização do NB vai de facto ser um grande berbicacho. A mim parece-me que, mal por mal, a solução proposta por Vítor Bento, isto é, recapitalização com Entrada do Estado no Capital, com posterior venda só após vários anos, quando a Instituição estivesse plenamente recuperada de modo a recuperar o Investimento teria sido a menos má de todas. Uma das consultoras considerou que os riscos para o NB devidos à litigância judicial são incalculáveis e a Goldman Sachs vai ter o seu dia em tribunal, mas em Londres, enquanto os pobres imigrantes lesados nem dinheiro tem para isso em Portugal (presumo que Passos Coelho não tenha, agora que perdeu o Poder, o menor interesse em levar avante a peregrina ideia da subscrição pública). Se a Esquerda quer realmente preparar Portugal para a eventualidade de uma saída do Euro, a situação da banca é o primeiro problema a atacar. De lembrar que a Grécia foi encostada à parede sobretudo devido ao estado da sua banca, cujos ativos eram pouco mais do que a promessa governamental de benefícios fiscais sobre lucros futuros…
Sem dúvida, a comparação é muito metafórica.
Alguma “direita” nem sabe bem o que anda a dizer,porque se soubesse ,poupava-se às “figuras tristes e mesquinhas” do tipo:eu é que sei como tirar Portugal da penuria.Sabem? talvez existam boas ideias,mas ate agora só ameaçam tudo e todos os que não concordam com o “mantra” liberal.Ate o PR vem com ameaças de veto ao OE no discurso de ontem.Pois bem,”parabens” malta porque este 53 dias tambem serviram para saber o que vale o Paf enquanto oposição:Portugal que se lixe,desde que o eixo restelo-cascais saí incolume da “austeridade para alguns”.
Dr Francisco Louca: concordo consigo no geral. Discordo no entanto das suas observacoes implicitas acerca do desempenho do do nosso presidente da Republica. No fundo o Prof Cavaco Silva teve que lidar com governos, governantes, e situacoes muito dificeis, a comecar pelo ex-primeiro ministro, Eng Jose Socrates e as decisoes incompreensiveis deste, e a quase falencia do pais. Acho que o presidente nao teve responsabilidade nenhuma no que aconteceu ao pais em 2011. E os procedimentos seguidos apos as ultimas eleicoes acho que sao aceitaveis.
As pessoas de esquerda atacam-no muito, efectivamente. No entanto, na minha opiniao, isso devesse mais a ressentimentos de quando ele foi primeiro ministro e nao tanto a factos concretos relacionados com a sua presidencia. Tento encontrar razoes que justifiquem tanto interesse em dizer mal do actual presidente, e nao consigo encontrar, para alem do que referi acima. Ha quem apresente outors, mas esses todos nos, com honestidade intelectual, podemos encontrar tambem noutros presidentes (como o Dr Mario Soares e Dr Jorge sampaio), sem que isso tenha levado a tanto falatorio.
Como já disse e escrevi, acho compreensível que o presidente tenha começado por indigitar Passos. Acho mesquinho que tenha depois demorado tanto tempo, que tenha colocado condições que não colocou ao primeiro e que tenha feito o rapapé de ouvir a câmara corporativa e a delegação dos seus amigos.
A TAP no imediato só é um problema se o governo o quiser criar. O escrutinio do tribunal de contas teria assinalado ilegalidade se houvesse. Ja era tempo do PS se deixar de ilusoes sobre o controlo publico a 51%, com os empresarios privados a entrar com o dinheiro mas ser o estado a mandar. Pode dar jeito para satisfazer clientelas partidarias mas o mais certo é que venha a prejudicar a TAP, os que lá trabalham e o país.
O novo governo está cheio de boas “intenções”. Algumas, certamente, vai concretizá-las. Quando começarem a chegar as faturas é que se vai ver até onde conseguem ir…Mas ,sempre, quem as paga é o cidadão, quer tenha votado ou não.
Parece-me que todos estarão conscientes que o novo Governo terá pela sua frente muitos desafios, o que me parece natural, atendendo às forças em conjunto com ideologias diferentes, e com diferentes visões na tentativa de solucionar os problemas do país.
O que me parece preocupante na sociedade portuguesa, é existirem tantas pessoas com ânsia, mesmos “ganas”, que este Governo falhe…Porquê? Não deveria ser vontade de todos a melhoria das condições em Portugal, mesmo discordando do método? Não deveríamos, sempre, desejar os sucessos dos empreendimentos, ainda que desconfiemos das soluções apresentadas?
Esta cultura da inveja, do desejar o mal do outro, porque não nos identificamos com as visões dele, este “amuar” de determinadas forças politicas porque as coisas não lhe correram de feição parece-me de uma infantilidade absoluta.
O Governo está em funções, deixem-no governar, ajudem-no a melhorar, forças construtivas precisam-se, quer politicas, quer civis, porque todos queremos, espero, que Portugal fique melhor, como país, como sociedade, de Direito, Democrático, Responsável, Solidário! Menos que isso não é digno de uma sociedade, porque nada mais valerá do que a lei do mais forte, e que é isso, senão a lei da selva?
«Esta cultura da inveja, do desejar o mal do outro, porque não nos identificamos com as visões dele, este “amuar” de determinadas forças politicas porque as coisas não lhe correram de feição parece-me de uma infantilidade absoluta.»
Está-se a referir a quem? Ao CDS, ao PSD, ou ao PS, PCP e BE nos últimos quatro anos? Olhe que as palavras que usa para classificar a Direita podem ser aplicadinhas, sem tirar nem pôr, ao que tem sido a atitude da sua Esquerda. Certamente acha que só a Esquerda tem direito à indignação. Quando a indignação vem da Direita, já não é indignação, é «amuar» e «uma infantilidade absoluta». Francamente.
Raquel Pereira: de todos os comentários (que não os de Francisco Louçã) o que acaba de dizer parece-me do que de mais sensato existe. Assino por baixo e agradeço a sua explanação. Mas quero acrescentar. Fiquei muito admirado de ver muita gente e, pasme-se, os próprios dirigentes do PSD/CDS e demais responsáveis, revoltada com o facto de “quem ganhou eleições” deve governar. A primeira questão que se coloca é: o que se entende por “ter ganho as eleições”? Qual a perspectiva que comodamente serve de fundamento? Eu não respondo, claro… Mas o que mais me choca é ver que esse tal pessoal enferma de maldade (porque não posso acreditar que seja pura ignorância dado a evidência da questão) a ponto de desejarem ver os seus partidos humilhados e indignificados ao verem que todas as suas iniciativas legislativas seriam pura e simplesmente cilindradas. Mais:que esperariam (da parte dos investidores, dos mercados, etc.) e o que diriam (e já agora, como actuariam) os apoiantes dos PSD/CDS das acções e das iniciativas repetidamente falhadas na A.R.?
Excelente observação de Francisco Louçã.
Problemas estruturais? Sou da opinião que a solução última para a crise, que venha a inaugurar um novo ciclo de prosperidade, só poderá vir através de ideias originais que, fugindo à ortodoxia das actuais políticas económicas, assentes na “austeridade” e no constrangimento no acesso aos mercados financeiros, venha a devolver um certo grau de autonomia monetária. E se neste dia se afigura pouco provável que um novo “escudo” regresse na manhã seguinte de nevoeiro, trazendo a redenção da plena soberania monetária… já o desenvolvimento e introdução de moedas complementares poderá ser-nos mais acessível e vantajoso.
Noutros comentários, em jeito de nota de rodapé aos artigos de Francisco Louçã e Ricardo Cabral, já tive a oportunidade de apresentar o TAN (Tax Antecipation Notes) e o círculo WIR (Suíça), entre outros exemplos de “moedas sociais”, “complementares” e/ou “alternativas”.
Hoje, gostaria de dar a conhecer, com a devida permissão do estimado articulista, político e professor de economista Francisco Louçã, um artigo de James Stodder (2010) – que analisa o comportamento contra-cíclico do Banco WIR na economia suíça ao longo dos anos, mostrando ainda o impacto junto de outras grandes empresas não-registadas no círculo convencional wir dirigido às PME’s.
The Macro-Stability of Swiss WIR-Bank Spending: Balance and Leverage Effects (Sept. 29, 2010) – James Stodder, Rensselaer Polytechnic Institute, Hartford, CT, USA
Veja: http://americantradesystem.com/Macro-Stability_of_Swiss_WIR.pdf
Num outro apontamento, Stodder estabelece ainda a relação entre a procura do WIR e a criação de emprego:
Stodder: «In periods of economic boom WIR activity shows less-than-average growth, while in periods of recession it shows greater-than-average growth. Over the course of 52 years, there has been another correlation — that between the WIR system and unemployment: while the number of unemployed grows, the activity of the WIR system also grows, playing the role of a stabilizer.»
E acrescenta, fazendo ainda referências a Keynes e a um outro estudo de Studer:
«The WIR was inspired by the ideas of an early 20th-century economist, Silvio Gesell. Keynes devotes a chapter of his General Theory (1936; Book VI, Chapter 23) to Gesell’s ideas. Despite criticisms, Keynes acknowledges that this “unduly neglected prophet” anticipated some of his own ideas. This link with Keynesian monetary theory should have made Gesellian banking of some interest to macroeconomists. Only one contemporary economist, however, seems to have studied the macroeconomic record of WIR, the largest and most long-lived bank of this sort. Studer (1998) finds positive correlation between WIR credits advanced and the Swiss money supply, M1. This suggests that WIR follows a counter-cyclical credit “policy,” one parallel to the monetary policy of the Swiss central bank itself.»
Vide: http://ftalphaville.ft.com/2009/02/18/52550/the-wir-bank-model-or-back-to-barter/
Outros artigos/pesquisas académicas sobre WIR: http://americantradesystem.com/Research.htm
No dia em que os CTT abrem portas como banco postal aos seus funcionários… E não se sabendo ainda o que fazer com o Novo Banco… Pergunto, se não valerá a pena considerar outros modelos de «bancos» – na difusão de crédito e na promoção do investimento; no incentivo ao empreendedorismo e associativismo empresarial; e, até, na gestão da dívida pública e na emissão de moeda. É hora de pensarmos nisso…
Os contribuintes agradecem que não se meta dinheiro nem na TAP nem no BES… só alguém que não percebe como funciona a estrutura de capital de uma empresa (accionistas e detentores de dívida são quem tem de assumir erros e falência da empresa) é que pode defender outra solução para o BES. E se não der os outros bancos que metam o dinheiro. Acho muito bem. Nunca pensei ver a extrema esquerda defender dinheiro público num banco e numa transportadora de ricos.
Quanto ao “novo” governo são uma verdadeira fraude, sem legitimidade política. Se fosse o contrário os paus mandados dos sindicatos já estavam a fazer fila para manifestações.
Anti-democrático!!!!
Força, venham as grandes manifestações para restaurar a democracia. Agora, partilho consigo o meu choque ao ver Rajoy a felicitar Costa, que gente vendida aos golpistas! Que vergonha Cavaco ter empossado o governo ilegítimo! Que vergonha PAssos Coelho sentar-se na Assembleia quando o lugar que os céus lhe destinaram é o palácio de S Bento! Estou que não posso, como o “capitalista”.
Sem dúvida que é necessário um novo 25 de Novembro. Mas espero que desta vez a esquerda radical, da qual o dr. Louçã faz parte, seja banida para todo o sempre.
Exacto, toda a gente que não concorda com Albuquerque devia ser presa. Sem demora. Pildra com eles.
Penso que sobre a ilegitimidade do governo Kosta-Jerónimo-katarina-heloísa ninguém tem dúvidas.
Excepção para os arménios que já começam com declarações de apoio.
Ao que isto chegou A CGTP a aplaudir um governo ilegítimo
O mais caricato, é ver lá mais adiante, ministros à frente das manifes contra o próprio governo.
E o caso não é inédito.
Quem não se lembra do Ministro das Vacas Loucas encabeçar uma manif que pedia a sua demissão?
Ó Louçã, até parece um profeta da desgraça da direita. O Costa prometeu ontem mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade. Vai ver que tudo vai correr muito bem, pelo menos até a almofada financeira acabar e a troika regressar, como aconteceu na Grécia do Syriza. É claro que eu sou otimista e acredito que, entretanto, os partidos de esquerda se vão entender sobre a data de reposição dos salários dos funcionários públicos, sobre a data da extinção da taxa do IRS e sobre todas as outras coisas sobre as quais não se conseguiram entender até agora. E também acredito que o ministro dos negócios estrangeiros não vai desatar a malhar no PCP e no Bloco.
“Até a almofada financeira acabar”? Não é por nada, mas estou convencido que a primeira má notícia vai ser a de que a “almofada financeira” é um “conto de crianças”. Mas isso sou eu que, pessimista, desconfio de que o governo de Costa vai andar literalmente aos papéis, refiro-me àqueles documentos que terão desaparecido ou sido triturados durante este interregno de negação cavaquista. Resumido: Costa vai encontrar tudo armadilhado.
Sobre a Grécia, de facto o que mais lá havia era “almofada financeira”. Então não se viu?
O PSD-CDS, e seus os analistas comentadores ainda não entenderam bem o que se passou com a sua vida, e os próprios deputados do PSD-CDS continuam a cometer os mesmos erros.
Só haverão eleições antecipadas antes de 2019, se acontecerem 3 factos:
– O PSD-CDS descer nas sondagens abaixo de 25%.
– O PSD-CDS escolherem líderes que se comprometam e dêem provas que vão respeitar a Constituição.
– Cavaco cometer a última loucura fanática e de seita, de demitir o governo do PS, que continua a ter apoio maioritário na Assembleia, antes do fim do seu mandato em Março, dando esperanças a umas supostas eleições que seriam ganhas pelo PSD-CDS, apesar das sondagens em contrário. Pelos vistos o PSD-CDS apostam nesta loucura, armando um degradante e decadente circo na Assembleia, rumo aos tais 25%,ou menos… e obrigando o próximo presidente a dar novamente posse a Costa (ficando na história como o governo bi-posse da loucura de Cavaco).
Nuno Silva: a sua analise parece-me um pouco injustificada. Eu acho que neste momento o PS teria 25% dos votos se fosse a eleicoes. O BE e PCP teriam um pouco mais do que tiveram na ultima eleicao, particularmente o BE. A PaF subiria concerteza. Quanto? Nao sei. Mas esta obvio de ver que subiria um pouco. Quem votou na PaF votava novamente. Alguns que ficaram em casa (eleitores tradicionais do PS e PSD) iriam agora votar, e desta vez na PaF. O PS sofreria uma queda enorme, acho. O desafio do Dr Antonio Costa e, no proximo ano, tentar que quem votou no PS esqueca o que aconteceu relativamente ao modo de tomar o poder (legitimo sem duvida, mas nao totalmente transparente) de modo a que se houver eleicoes o PS possa manter a sua votacao. Muito dificilmente (mesmo que “tudo corra bem”) o PS subira em futuras eleicoes. Parabens ao BE que esta a atuar com muito inteligencia politica – temos que reconhecer.
A mentira da devolução sobretaxa de IRS é já uma certeza. Os negócios pouco claros na privatizações, idem.
Etc, etc, etc.
Qos poucos vão-se descobrindo mais e mais mentiras, e a verdadeira facé do ultimo governo do PSD-CDS. Duvido que cheguem aos 25%, se não mudarem de líderes.
Muito provavelmente o senhor também não fez o exame da 4ª classe que os seus correligionários, agora, querem acabar.
Daí que lhe seja permitido ter as opiniões mais disparatadas e até se permitir usar o lápis vermelho, na convicção de que só pouco o ficam a saber.
Pode continuar que vai longe como o cagado do agora, seu amigo, costa
Aqui está um maravilhoso exemplo do que o governo Costa precisa. A Ana Catarina e os seus iguais são o seguro de vida de Costa. Obrigado pela sua encantadora franqueza.
Resposta ao mestre Louçã.
Realmente o senhor é tão bom na ironia quantos nos seus escritos e comentários.
Percebo que ande desgostoso ao ver que uma moça pequena tenha mais votos que o mestre e até o esteja a superar.
É a vida
Eu ando muito feliz, não se engane. O mesmo não posso dizer dos chefes do seu partido.
Caro dr. Louçã, não quero ser deselegante, longe de mim tal intenção, mas não resisto em perguntar-lhe.
Já está à “rasca”?
Olhe que ainda faltam quatro anos!
Até se vive bem com um governo de esquerda. O pior vem depois!
Cordiais cumprimentos,
João Albuquerque
Pois, a Direita é só “rigor”, então não sei? Eu tenho uma sobretaxa, dois precários/desempregados/precários e mais uns reformados a ver se o fim do mês dá para pagar os medicamentos a comprová-lo.
Foi por causa dos “outros” e sacrifícios por um “futuro melhor”, deixem-se de tretas! Até parece que não vimos o que se passou em termos de negócios e vendas de património público ao desbarato. A do Metro de Lisboa, então, é de bradar aos céus, num país civilizado daria prisão!
Meu caro, a crise não passou de uma desculpa para um programa de ódio sobre qualquer conteúdo social do Estado.
Não confunda. Esta rapaziada licenciada a martelo por universidades e cursos manhosos que esteve no poder não tem nada a ver com a Direita que participou nesse acordo interclassista que resultou no Estado Social. Esta gente é carreirista, não tem princípios ou amostra de verticalidade, é a Direita chica-esperta que fermentou nos dejectos da governação de Cavaco Silva.
Para os próximos quatro anos, um país Decente para começar.
Não quero viver num país em que um perdão fiscal de milhões a uma empresa super-rentável é visto como “investimento” e um aumento de cêntimos aos salários mais baixos um “ataque à economia”.
Pelo caminho, a coragem para recuperar o dinheiro que falta aos programas sociais do Estado (Educação, Saúde, Apoio Social) e é entregue às clientelas do PSD e PP que vivem da caridade. O único “sucesso” que obtiveram ao longo destes quatro anos: provocar miséria e depois lucrar com ela.