Cavaco Silva tinha todos os cenários estudados.
Mesmo assim, demorou um dia entre as audiências aos partidos, que lhe disseram o que ele já sabia, e a indigitação do Primeiro Ministro. E já estava tudo atrasado, por força da lei estapafúrdia que complica a contagem dos votos dos emigrantes.
Um mês e uma semana depois das eleições, chegamos agora ao resultado que todos antecipávamos e que estava nos cenários perfeitos do Presidente. Voltou tudo ao princípio.
Agora pode perder tempo ou ganhar tempo. Tinha todos os cenários preparados, sabia tudo, raramente se engana e nunca tem dúvidas. Decerto que sabe o que vai fazer agora, no cenário perfeito.
Pode começar a ouvir associações patronais, banqueiros avulsos, até ranchos folclóricos e os seus amigos todos, para conhecer o ponto de vista da sociedade civil, como se diz, sobre os seus cenários perfeitos. Pode convocar o Conselho de Estado, se for mais expedito. Ou pode simplesmente reconhecer a vontade do Parlamento, a que não se conseguirá opor em nenhum caso.
O que tem que ser tem muita força. O Presidente não pode mandatar um governo seu, chumbaria no parlamento. O Presidente não pode manter Passos Coelho em governo de gestão, porque seria preciso descaramento, nem o chefe do PSD quer. O Presidente já só pode indigitar o secretário geral do PS.
Mas, como tem todos os cenários estudados, tem ainda uma escolha: ou perder tempo ou ganhar tempo.
«A Democracia é relativa, mas o Poder tem sede do absoluto»
Vale aqui uma leitura desapaixonado do que é o «Poder»…
Há quem persista em querer tornar as eleições numa espécie de “gincana”, em que o vencedor da prova sobe ao pódio, ergue a taça e fica com os louros… Mas a prova dos factos diz-nos que juntos, PSD e CDS-PP, embora mantivessem vantagem sobre o segundo partido mais votado, perderam a vitalidade que tinham, ao ponto de não conseguirem ultrapassar o derradeiro obstáculo – i e, formar uma “maioria” que imponha o domínio inequívoco da sua relativa vitória no Parlamento. Recordemos, nas eleições anteriores o governo de Passos Coelho só conseguiu esse domínio, “absoluto”, quando se coligou ao PP, acrónimo de Paulo Portas… Agora, numa outra conjuntura política, embora correndo juntos, valem menos do que quando há 4 anos atrás corriam separados.
Em resumo, as eleições legislativas não são uma “gincana” política. A lógica do «Poder» é outra – feita no confronto e embate directo de forças e não numa corrida em que cada um corre por si…
Nos tempos medievos o Rei eleito obedecia ao primado do “primus inter pares” – ou seja, do “primeiro entre iguais”. O Rei era o primeiro soberano entre os senhores da nobreza que, por maior prestígio e honra, assim lhe reconheciam direitos de governança e vassalagem sobre os demais – embora no final, findo o prestígio, a linhagem e a honra, sempre acabe por governar aquele que dispuser de mais força, na contagem das armas entre partidos aliados e rivais ou inimigos.
Com o tempo, aniquilados os inimigos e reunida a corte de bajuladores, o poder providencial centrado na figura do Rei tornara-se absoluto.
As Democracias modernas, forjadas na Revolução – com os gritos de “liberdade”, “igualdade” e “fraternidade” – vieram a constituir uma afronta ao poder absoluto do Rei. O poder deixara de ser encarado como “predestinação”, ou direito divino, para ser disputado e partilhado entre as diferentes classes ou partidos – vindo agora a sobressair o conceito de “soberania popular”, legitimada através da representação do voto, como é consagrado nas Constituições dos regimes democráticos. Porém, embora busque um princípio de representatividade assente no “voto do povo” e no reconhecimento da “soberania popular”, a lógica do «Poder» tem-se mantido fiel ao conceito de “absoluto” – ou seja, feitas as contagens, de nada vale ter mais votos se a maioria relativa não se expressar de modo inequívoco: “absoluto”.
Se a governação fosse, em estrito senso, plenamente “representativa”, então o que se esperaria é que os diferentes ministérios e pelouros fossem distribuídos, entre as diferentes forças a concurso, de forma proporcional aos votos. Mas, desafiando o conceito de “representatividade”, a lógica diz-nos que o «Poder» que emana da Assembleia tem de ser “absoluta” – ou seja, as assembleias apenas poderão legitimar a representação popular se suportar a constituição parlamentar de posições maioritárias estáveis e duradouras.
Dito ainda de outro modo, observemos que as eleições legislativas não tem por propósito a eleição directa de um Governo – ou eleger um primeiro-ministro. Ao votarem, os cidadãos dão expressão à configuração das diferentes forças políticas em confronto no Parlamento. A partir daqui, descarregado que esteja o voto, é que avança a derradeira luta pelo poder – que para ser legitimado enquanto «Poder», tem de ser “absoluto”!
Por um questão de disciplina e honra, espera-se que à força política mais votada seja dada a primazia de conduzir a formação de Governo – e o seu líder, tomando agora o lugar de primeiro-ministro, seja de facto o “primus inter pares” eleito. Contudo, tal como nos tempos medievos, a honra e o prestigio sempre é feita depender da contagem das armas num jogo de alinhamento de forças aliados e rivais – pois, só o domínio inequívoco e absoluto poderá sustentar o «Poder» e a legitimidade do reconhecimento de direitos de investidura no exercício da afirmação daquele órgão de soberania.
Ao Presidente, que foi eleito por voto direito e inequívoco da maioria dos portugueses cabe, no contrabalanço do «Poder», semi-presidencial, indigitar o primeiro-ministro, dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.
Em Democracia, porém, o exercício do «Poder» tem o «Tempo» predefinido da legislatura ou mandato – o que faz com que o poder, embora objective uma formulação inequívoca e absoluta, não é perpétuo, nem a ordem política permanece “ad eternum”. O «Tempo» é uma peça fundamental da convivência em Democracia – e que tem como resultado prático a prazo a renovação política. O que não pode suceder é o «Poder» cair “vazio” no «Tempo» , em resultado do impasse político.
Assim sendo, mais do que por em causa a legitimidade dos resultados eleitorais, procurando melhor interpretar qual a orientação ou sentido de voto dos portugueses, mais do que pedir a cabeça dos derrotados (ex. Assis tentou decapitar Costa, procurando disputar novamente a liderança do PS, contando armas e aliados dentro do feudo socialista), importa termos presente que experimentamos um momento “liminar” – em que o «Tempo» da oportunidade do confronto político desafia o «Tempo» da oportunidade do exercício pleno do «Poder»!
A Presidência, em fim de mandato, corre contra o “tempo” – que permita a Cavaco Silva acabar o mandato com dignidade! (ou empurrar a decisão para o próximo Presidente eleito?)
O Governo, sem governo, corre contra o “tempo” – que significa prolongar o risco da indefinição ingovernável de um tempo “vazio” de Poder.
A Assembleia, recém eleita, corre também ela contra o tempo – que é a “balbúrdia” que significaria aguardar pelo tempo útil da convocação de novas eleições, devolvendo a responsabilidade ao “povo”. Já não no sentido de se apurar o “voto representativo”, inclusivo das várias forças partidárias, antes no apelo derradeiro ao “voto útil”, exclusivo, que de forma inequívoca dê legitima expressão, por defeito, ao resultado desejado: a maioria absoluta em que é fundamentado o poder!
Correndo o tempo contra o tempo, o tempo é, apesar de tudo, mais favorável a António Costa – que não dispondo de poder absoluto que legitime de forma inequívoca a sua liderança, ainda assim conseguiu reunir importantes aliados, quando Jerónimo de Sousa, desarmando-se, afirmou que o PS teria condições para formar Governo.
Será esta uma solução “frágil” – só o tempo, que não pode esperar pelo «Tempo», o dirá.
Na esperança, pergunto ao «Tempo»: – Quando, Portugal, é chegada a tua «Hora»?
António Anchas…
A “Democracia” não foi forjada na revolução… muito menos é ansiedade!
Cumprimentos
Ansiedade? Por certo, caro Luma, quereria referir-se aqueles “democratas” que pretendem alterar rapidamente a Constituição para antecipar eleições, porventura em busca de um resultado de melhor conveniência…
Caro Luma, agradeço com sinceridade o seu comentário, pois, concorde ou não com o conteúdo, é sinal que se interessa pelo que escrevo. Cumprimentos.
Caro António Anchas…
Só é possível saber se preferimos o “frio” depois de conhecermos o conforto do “calor”.
Considerar que o “frio” é apenas ausência de “calor” é uma forma conveniente de travestir a verdade.
Sinceramente, eu não estou propriamente interessado nas suas divagações mas apenas em perceber porque razão se teima em promover a “realidade virtual”. O facto de você querer viver na ilusão é um problema seu, com o qual terá que aprender a conviver, o que me preocupa é perceber porque razão as pessoas teimam em pensar apenas no hoje, no já e no imediato ignorando completamente a suposta degradação do futuro que um dia viverão.
Quanto à pretensão de “rever” (não é alterar) a constituição eu vejo-a não só como um desafio à seriedade da “agremiação esquerdista” mas também como uma forma de legitimar perante os eleitores as propostas que pretendem impor mas… pela recusa, parece-me estarmos perante aquela situação do gato escondido com o rabo de fora… ou estamos perante uma fraude, uma falsidade ou então com receio pela incerteza da vontade popular… quem não deve, não teme.
Continue meu caro, mas experimente também outra literatura… Sugiro “Utopia” de Thomas More, será mais adequado ao momento.
Passe bem
Populismo, Socialismo e Democracia
– Recordando Francisco Sá Carneiro, no tempo da juventude em que o PPD/PSD era “social-democrata”…
«(…) Se as lutas políticas e as divergências partidárias são o próprio dinamismo da democracia, não podemos esquecer que, nas alturas de crise nacional, os partidos e os seus militantes têm que sobrepor às divergências partidárias a convergência democrática, pois é a salvação nacional que o impõe.» Francisco Sá Carneiro, 18/05/77
«Para nós, sociais-democratas, para qualquer político que encare a política como serviço do seu país, sem melhoria das condições concretas dos portugueses, não há política que valha a pena, não há especulações que justifiquem, não há cenários que motivem ninguém, e um caminho desses seria a ruína da própria liberdade e da própria democracia.» – Francisco Sá Carneiro, 20/06/79
«Se ser populista é realmente, saber captar o sentido da realidade das pessoas e saber exprimir os seus anseios e as angústias, as suas frustrações e os seus desejos, então eu digo que ser populista é ser uma pessoa verdadeiramente democrática.» – Francisco Sá Carneiro, 2/4/78
«A Assembleia da República tem de vir a ser consciência política visível deste Povo, tornando-se num espelho fiel das necessidades e anseios, das suas dificuldades e esperanças e, ao mesmo tempo, no centro impulsionador da acção colectiva.» – Francisco Sá Carneiro, 4/6/76
«Uma verdadeira posição de esquerda exige o respeito pelos democráticos, pelas liberdades das pessoas e pelo interesse nacional. E para que este seja plenamente respeitado, é indispensável que a política interna do País não esteja subordinada à sua política internacional.» – Francisco Sá Carneiro, 25/02/76
«Ser de esquerda é não atacar os outros apenas quando eles nos atacam a nós. É, no fundo, atacar sempre as ideologias que se opõem à autêntica justiça social e à democracia. Ser de esquerda, afinal, é ser eminentemente social-democrata.» idem
«(…) Se as posições concretas podem mudar, o essencial mantém-se. E o essencial, para o PPD é a defesa da social-democracia como via realista e equilibrada para o Socialismo. Socialismo que é justiça, liberdade e igualdade.» Francisco Sá Carneiro, 28/01/1976
«A social-democracia foi sempre o maior obstáculo ao comunismo, enquanto o socialismo-marxista, o social-marxismo do PS, é o seu aliado táctico natural, com quem busca um programa comum que nós não admitimos.» – Francisco Sá Carneiro, 14/01/76
«A social-democracia não visa a manutenção encapotada ou hábil do capitalismo.» Francisco Sá Carneiro, 24/9/75
«A concepção tecnocrática do exercício do poder tende ao autoritarismo, com redução dos parlamentos a meras câmaras de eco das iniciativas governamentais e de amplificação da excelência das medidas delas constantes» Francisco Sá Carneiro, 24/02/73
«Se se limita a concepção de liberalismo ao campo exclusivamente económico e se tem como liberal aquele que preconiza a abstenção do poder político em relação ao campo económico e ao campo social, nesse sentido não sou liberal» Francisco Sá Carneiro, 15/12/1971
«Um Estado não se governa como uma empresa, e as leis não podem ser encaradas como ordens de serviço por melhores que sejam» – Francisco Sá Carneiro, 15/6/71
«Se formos eleitos teremos de ser efectivamente representantes, o que significa que havemos de exprimir a vontade da Nação, procurar realizar os seus anseios, corresponder aos seus objectivos»
«Sou estruturalmente antipresidencialista e sempre entendi que, em Democracia, a política deve ter no Parlamento a sua razão e o seu objectivo.» – Francisco Sá Carneiro, 29/11/79
«Para ser um partido de Poder, não é necessário ser partido de Governo – basta ser indispensável nas decisões de fundo.» – Francisco Sá Carneiro, 18/09/79
Quanto mais se sabe dos acordos PS, BE e PCP mas claro fica que vão proporcionar uma estabilidade governativa mais que duvidosa. Parecem na verdade colados com cuspo. Não me admiraria que Cavaco venha a exigir, para dar posse a Costa, que BE e PCP também integrem o Governo. Seria um presente envenenado para a Frente de Esquerda porque nessas circunstâncias nem um Orçamento de Estado para 2016 conseguiriam apresentar e o Conselho de Ministros seria um verdadeiro saco de gatos.
Caro Francisco Louçã,
Tenho visto por essa internet fora que o Cavaco se poderá demitir, que essa será a chave do imbróglio, ficando o Presidente da AR com o poder de convocar novas eleições. Isso é verdade? Ou que cenários poderiam ocorrer se o Cavaco se demitir agora?
Agradeço a sua resposta desde já,
Um abraço
Não tem sentido algum. Seria substituído por alguém com os mesmos poderes formais, não podem ser convocadas eleições parlamentares agora.
Boa noite, caro Francisco,
Seria difícil, para quem quer que fosse e com tão poucas palavras, resumir um epitáfio político para um defunto.
“NUNCA TENHO DÚVIDAS E RARAMENTE ME ENGANO”, é uma frase que bem assenta num rato que teve o sonho de ser montanha.
As minhas saudações.
Caro Professor Francisco Louçã…
Acredito que tenho sido incómodo, chato até e, desta vez, estarei mesmo fora de contexto mas penitenciar-me-ei publicamente através duma trégua… a negociar á posteriori.
Professor, a razão deste comentário tem a ver com a suposta proposta de aumento de pensões da autoria do PS e conivência do BE e PCP (o tal “casamento para a legislatura”) que, eventualmente irá ser aplicada numa nova “ordem democrática”.
Tendo em conta o que escreveu na peça “O que vem depois do acordo…” sobre o radicalismo excessivo da direita em propor cortes e congelamentos de pensões e considerando o seu entusiasmo sobre os benefícios propostos e garantidos pelas negociações, fico na dúvida se o senhor estaria efectivamente a transcrever o verdadeiro acordo.
Vejamos. Tanto quanto tem sido publicitado nos órgãos de informação [sicnoticias.sapo.pt] os aumentos de reforma que o senhor tão entusiasticamente publicitou variam, entre os 0.60€ nas pensões de 200€ e 1.88€ nas de 628€.
Repito, o aumento das pensões que, segundo a “esquerda”, promoverão a qualidade de vida dos reformados variam entre os 60 cêntimos para pensões de 200€uros e 1€uro e 88cêntimos para as de 628€. (A de 350€ aumenta 1€uro e 5cêntimos e a de 500€ aumenta 1€uro e 50cêntimos).
Doutor Francisco Louçã… lamento imenso dizê-lo mas se isto não é embuste será, no mínimo, duplicidade intelectual.
É isto a “esquerda”? É isto a nova “ordem democrática”? É isto o futuro?
Para quem apoiava um corte de 4000 milhões no sistema de pensões (1600 milhões pelo congelamento e mais 600 milhões cada ano, quatro anos), parece-me que sabe fazer contas sobre as propostas dos outros mas não do seu partido… Qual era então o valor do seu corte nas pensões dos seus pais e avós?
Professor
Em primeiro lugar permita que comece por agradecer a sua disponibilidade e boa vontade.
Em segundo lugar permita reiterar a ideia de que quando algumas ideias divergem das nossas opções e convicções, não significa obrigatoriamente que o seu autor esteja conotado com qualquer movimento ideológico.
E agora então a questão.
Não se trata de saber, ou não saber, fazer contas até porque estas serão feitas a médio prazo.
A questão está na relação entre a utilidade prática destes preciosismos (leia-se aumentos) e os custos a médio prazo na sustentabilidade de todo o sistema que, em caso de colapso, poderá privar a generalidade dos portugueses a um direito legítimo.
Não sei até que ponto, não seria conveniente manter inalteradas (ou congeladas se preferir) as pensões até se conseguir negociar a melhor forma de evitar o desmoronar do edifício social evitando assim o recurso ao “fundo de emergência” que poderá traduzir-se num erro irreversível de dimensões incalculáveis.
Perante esta situação, o seu entusiasmo ao promover tais medidas como “vitórias divinas”, chocou-me.
4 mil milhões de cortes, era a alternativa em cima da mesa. Ainda bem que Passos e Portas não a podem aplicar.
“4 mil milhões de cortes, era a alternativa em cima da mesa.”… certo, penso que em nome da sustentabilidade.
E a alternativa à esquerda para garantir a sustentabilidade existe ou estaremos perante mais um dos “dogmas” da esquerda?
Repetir, mesmo que de forma depreciativa a palavra “cortes”, não será a metodologia certa para se encontrar uma solução que permita a sustentabilidade de um sistema em falência irreversível.
Professor cortar ou congelar para garantir o futuro não é crime, crime é ignorar o perigo eminente de derrocada e permitir o caos.
Ao contrário da utilidade prática destes aumentos no imediato, que é nula, o colapso no médio-prazo será uma realidade incontornável que a “esquerda” parece querer empurrar com a barriga…
Bravo Prof. Francisco Louçã: excelentes intervenções! Os seus comentários são sempre benvindos e apreciados.
De qualquer modo é preciso ter cuidado,não vá a por-se a inventar…O amor (à familia) e o ódio (aos vencedores)são cultivados por esta personagem.
Francisco Louçã…
…ao contrário de se refugiar em subterfúgios para “assaltar” o poder e impor um “programa de governo” negociado na clandestinidade, o presidente da república foi legitimamente eleito pelos portugueses e, como 1ª figura de “estado” tem o direito – quer nos agrade, quer não, quer concordemos, quer não -, de decidir de acordo com aquilo que considere ser o melhor para o país.
Se a soma dos votos da “confraria de esquerda” supostamente permite formar governo então, a legitimidade dos votos conseguidos por sufrágio directo (sem recurso a “efeitos especiais”) garantem ao presidente todo o direito de decidir em consciência.
Caro professor, doutor, catedrático e outros valores que lhe são reconhecidos, será assim tão evidente essa incontrolável “pontinha” de intolerância ou será apenas a convicção académica do poder da razão?
Ou trata-se daquela incontrolável ânsia pelo poder conseguido a qualquer preço?
Caro professor, não tenha pressa em ver iniciada, por parte da esquerda, a estratégia de destruição do país – terá tempo suficiente de presenciar a derrocada -, lembre-se dos custos que a Grécia está a pagar por aquele “curtinho” espaço de tempo preenchido pelas “convicções” dum iluminado académico (que enquanto os gregos sofrem vai cobrando “balúrdios” em conferências de teimosias).
Negociado na clandestinidade…
Tem piada os tratados europeus foram todos assinados sem que os cidadãos europeus os pudessem referendar!
A “confraria da direita” tem do seu lado o PPE maioritário em Bruxelas, o Presidente e os Media (4º poder (?) em Portugal). Não chega? É como num jogo de futebol ter de jogar contra 11+1+1+1…
“Intolerância”
Como se qualifica o título de “geringonça”? É exemplo de tolerância?
A história da Grécia é uma história triste em que ficou evidente a “estratégia” do eu te ajudo com 1000 mas depois
pagas-me 50000…
estimado amigo, e verdade que ACS foi eleito pela maioria dos portugueses, 51% e os outros 49%?, as decisões que toma são da conveniência de quem? ele num discurso claro deixou de o fora da formação do governo um milhão de portugueses, numa clara ingerência nos poderes legislativos, ele reforçou a ideia que os governos só podem ser feitos a direita, centro direita ou quando o PS e enviesado a direita. Nestes dias a direita gostaria de dizer, obligar o PS a ser um partido enviesado a direita, mas os dirigentes do PS perceberam o que esta em jogo, e que esta em jogo não se discute, mas mal começa a discussão a sério, o CDS se opõe ao aumento das pensões, deve ser em nome do tratado orçamental, devem pressentir que o povo que eles representam vai esta baixo fogo desta vez, se calhar vão pagar mais impostos, que o aumento e pouco, se fez as contas e estão corretas, do ponto de vista macroeconómico elas representam milhões de despesa em consumo, que se juntam a outras medidas, outros milhões em despesa em consumo, pode ver que e outra visão da coisa, e isso e o sério da discussão, e e por isso que a maioria bem maioria dos portugueses votaram. Pode ate escrever ainda que o rendimento dos funcionários públicos vai ser absorvido pelos impostos , e ficar nervos
Carlos Vitória e Mário Olivares
Não sou eu o autor do “artigo”, não é a mim que devem apresentar questões mas sim ao professor Louçã. Eu apenas “denuncio” os argumentos que divergem das minhas opiniões e considero desfasados da (minha) realidade.
Tendo em conta que as nossas opiniões são divergentes das minhas, vocês apresentam comentários justificativos com intenção de desvalorizar as minhas opiniões.
Reacção impulsiva, reflexo condicionado, OK é legítima.
Mas não significa que tenham razão até porque a vossa atitude será apenas o resultado da resistência que tenho exercido contra a falácia que ultimamente teimam em promover.
O Presidente em extinção dirá a António Costa que só dá posse a um governo de maioria, que a proposta actual para um governo PS com sal e pimenta à esquerda não chega, que é coligar ou..deixará seguir um governo de gestão Coelho/Portas (que entretanto já estará a cogitar nos bastidores). O tiro é arriscado: Jerónimo, mais do que Catarina, diz que não aceita jogos de espada/parede, e abre o peito a eleições, considerando já ter cumprido com o seu dever patriótico, desintegrando-se tudo, ou tem o efeito que teve o apelo da direita parlamentar ao furo da disciplina de voto do PS. Neste caso, Jerónimo, Catarina e Costa reagem unindo-se, formando um governo equitativamente representativo das três forças, com inquestionável legitimidade e maior solidez, esvaziando a direita.
Mais improvável será o PR dar posse a um governo PS de acordos. Neste caso poderia fazê-lo por não ter alternativa, como defendem, ou por seguir uma estratégia de jogo de poder para a qual, por inépcia e não vontade, não tem manifestamente vocação, senão vejamos: um executivo PS neste último formato será atacado pelas forças políticas à sua direita no Parlamento e, ao mesmo tempo, (democraticamente) pelas à sua esquerda, que não deixarão de constantemente relembrar os desacordos, mais do que as conquistas. A direita saberá explorar isto, com os papões do costume: instabilidade, insegurança na mensagem, mercados e por aí fora, reduzindo-se em muito a probabilidade de sucesso para esta fórmula. E falhando dará direita para muitos anos.
Professor Francisco:
Está bom, peço que veja só o seguinte que escreveu:
“O Presidente não pode manter Passos Coelho em governo de gestão, porque seria preciso descaramento”
Peço desculpa mas esta frase não é de Catedrático.
Desculpe qualquer coisinha, devia ter escrito: “Sua Excelência o Presidente deve manter em governo Sua Excelência o Dr Passos Coelho, que foi derrotado no parlamento, porque apesar do parlamento é o destino cósmico que a direita governe sempre”. Assim já gosta?
Professor…
…a opção por uma linguagem e vocabulário populista não é própria de um académico a menos que, ou se insinue como “dono da razão” ou, se trate de mera ansiedade com receio do erro.
Na Grécia a “bomba atómica” não resultou digamos que explodiu-lhes nas mãos… por cá??? logo se verá.
Desculpe, percebo que “populista” é tudo o que não for a opinião do PSD e do CDS.
Desconhecia ser o cidadão Francisco Louça catedrático. Mas admita-se que para ser catedrático escreve muito bem!
Muito bem mesmo – nem se diria catedrático!
Não doutor, “populista” é a necessidade conveniente de desvalorizar e vulgarizar “obstáculos” que possam, pela resistência promover dificuldades.
E quanto a ideologias caro professor, permita-me uma analogia.
Todo aquele que não acredita em “divindades” é considerado antiteísta, vulgo “ateu”. Assim sendo, até pela composição da dita palavra, serei mais um a engrossar o número de “ímpios” que vai grassando sem crença. Intelectualmente não poderei negar tal facto mas, se me perguntarem como me defino, direi simplesmente, como “desinteressado”.
Assim caro professor, não associe as minhas críticas e justificações a ideologias que, eventualmente possam “surfar” a onda mais conveniente.
Saudações.
Professor Francisco: não foi esse o meu sentido, a dúvida seria a quantificação da palavra “descaramento”..
O presidente não é obrigado mas deve mandatar o António Costa. Não venha mas é com tretas de legitimada politica, porque o ilegítimo primeiro ministro também nunca a teve.
No meio disto tudo, sendo eu de direita, já que agora virou moda colar selos na testa de toda a gente, dá-me gozo ver a hipocrisia de pessoas do seu quadrante politico, que à meia dúzia de dias acusavam o António Costa de ser liberal, desde que cheirou a poder transvestiram-no de dom Sebastião que finalmente vai salvar Portugal.
Deixemos a esquerda fazer o seu milagre económico. Espero sinceramente que resulte para o bem dos Portugueses, porque senão novo resgate e mais, bastante mais, rigor (“não austeridade”). Para a direita seria a oportunidade do século, poder absoluto enquanto houver memória.
Mas ainda têm duvidas que o Cavaco vai manter o Coelho ao lume, em governo de gestão até Abril?? Convém a todos:
– a esquerda não se chamusca com a borralha que aí vem (como o Francisco, bem informado sobre economia europeia e mundial, já alertou neste blog) e tem tempo para montar uma estratégia que permita uma candidatura presidencial ganhadora (seja o candidato quem for…), pois a presidência é um poder que a esquerda tem que ganhar se quer transformar esta sociedade. E só depois disso é que a esquerda quer/deve ser Governo!
– o Cavaco não tem nenhuma apoplexia e elimina o Coelho, colocando-o fora do cenário que ele quer (que é mudar a corrente dominadora no PSD e fugir ao garrote do CDS).
Assim vamos ter Coelho à caçadora mais ao estilo “chanfana”, com vários meses de cozedura lenta. E vamos ver se a esquerda consegue acertar na estratégia e candidato que ganhe ao Marcelo. Já o fez uma vez!!
Estou muito convencido de que isso não vai acontecer.
De facto, o melhor que poderia suceder a Portugal e à própria esquerda, era o Cavaco deixar o Coelho em banho-maria. Passaria o país a ser governado pelo Parlamento, ficando o governo com o ónus da desgovernança, enquanto a esquerda gozaria de relativa impunidade. Infelizmente não será essa a escolha do Cavaco. Já quanto às presidenciais, nem sonhe que não será o Marcelo a ganhá-las.
A democracia “vista” pela direita:Portugal só pode ter governos que incluam o psd(e é “só” isto que o actual PR quer).Por outro lado,e aproveitando uma noticia aqui no Publico,sempre se pode dizer que o Paf passar para oposição,e perante a ameaça de “oposição durissima ao governo de esquerda”,não quer dizer que não continue a ter oposição,bem pelo contrario,e ate porque a memoria não é curta,no que se passou nos ultimos 4 anos,o Paf vai continuar a ter (tambem) uma oposição…durissima(seria melhor que uma oposição fosse construtiva,mas o paf não para de ameçar tudo e todos,logo…)
A PàF está a ameaçar tudo e todos? Onde é que ouviu ameaças? Passos Coelho só disse que lhes fará uma posição duríssima. Estava à espera de quê? Que às asneiras que vierem a ser feitas pelo PS, PCP e BE, o PSD e CDS façam vista grossa no Parlamento? Por favor sejamos razoáveis e não crispemos a situação política ainda mais do quele já está. Não inventemos vítimas e algozes nesta história. Aparentemente para si, «oposição construtiva» é a praticada pelos seus, a dos doutros, claro, é sempre «destrutiva» e pouco colaborante.
“asneiras que vierem a ser feitas por PS,PCP e BE” com esta frase disse tudo,ou seja ainda não há governo de esquerda e já fala em asneiras.quais? isso é oposição construtiva em nome de Portugal ou é vontade de impor (á força) uma “certa” forma de ver a politica.(porque já sabemos que “não ha alternativa” ao maior aumento de impostos de sempre)
Descaramento por descaramento, Cavaco pode fazer o que bem lhe apetecer, desde que não contunda com a Constituição. Até pode não fazer nada até às Presidenciais e deixar o País sem governo, seja ele de gestão ou de indigestão. Pois não é obrigado por nenhum prazo e já só faltam 50 dias até Janeiro em que haverá a eleição de um novo Presidente.
Isso não acontecerá.
Agora com o nosso querido lider -Kim Kosta- com os votos de 5/7 dos partidos – PS – PCP – BE- PEC – PAN (ainda não chegou aos 99,8 % mas já faltou mais) e com a arregimentação da CGPT do coronel general arménio. a República Popular de Portugal pode dormir descansada.
Mesmo que a koisa dê para o torto, e mesmo, como os poucos reaccionários que ainda não aderiram ao novo regime, desejam, não vai haver problemas de financiamento para a economia.
Kosta já tem garantidos de Kim Jong II os “wones” necessários para pagar salários, pensões e dívidas dos seus novos parceiros europeus.
E tal como o nosso querido líder disse, não há crise pois:
PALAVRA DADA É PALAVRA HONRADA
Pouco imaginativo, já vi melhor dentro do estilo “o mundo acaba amanhã”.
Dr Francisco, tenho uma dúvida. (estou com sorte, só tenho uma)
O governo de gestão é para alturas em que esperamos eleições, e o país não pode parar. Mas neste caso, o governo que supostamente ficaria em gestão, nem sequer se conseguiu formar, ou entrar em funções. No meu entender, não ha governo para colocar em gestão porque o anterior já era, e este nem chegou a ser.
Não será inconstitucional colocar este (não sei que lhe chame) em gestão?
O governo fica em gestão até tomar posse o governo seguinte. Em qualquer circunstância.
A Assembleia da República eleita pelos portugueses há 1 mês, foi muito clara:
Governo de Passos Coelho, Rua!!!
Cavaco Silva, que também foi eleito, e a Direita em geral, têm que respeitar a democracia e os resultados eleitorais, mesmo quando esses resultados não lhes são favoráveis.
Cavaco Silva tem poder e legitimidade para travar a estratégia de Costa e condicionar o próximo Presidente a dissolver a Assembleia e convocar eleições antecipadas. Se o fizer, o que eu não creio, estará, tal como Costa e a Frente de Esquerda, a usar a flexibilidade das regras constitucionais. Se a Direita tem de se conformar com o que se passou ontem no Parlamento, espero que a Esquerda tenha a mesma atitude se a decisão de Cavaco for manter Passos em governo de gestão. Espero que não soltem a CGTP em protesto na rua! Afinal são as regras da Democracia, doa a quem doer! Nem a queda do governo de Passos foi um golpe de Estado, como certa Direita parece sugerir, nem a não indigitação de Costa será um atentado de Cavaco à Democracia, como a Esquerda parece já estar a afiar a língua para dizer. Sejamos razoáveis e objetivos.
Poder para condicionar o próximo presidente? Não estamos no dia 1 de abril.
Se Cavaco não respeitar a democracia, o povo não vai votar num candidato de direita, Marcelo ou Maria de Belém (muleta de Marcelo), como é óbvio…
Mas também ouvi dizer que Cavaco não gosta dos candidatos a presidente. Parece que vamos ter que esperar que ele caia abaixo da cadeira, como Salazar…
O mandato termina em março e em janeiro ou fevereiro será eleito/a o novo/a presidente…
Há uma opção maqueavélica que nunca foi equacionada na comunicação social e pelos politicos, mas provavelmente constitucionalmente válida, e que o nosso PR era bem capaz de implementar.
Indigitar António Costa como primeiro ministro e convidá-lo a formar governo, mas no entanto convocar eleições antecipadas para Abril/Maio, e portanto quem fica em governo de gestão seria o PS em vez da PàF…
Mau para Portugal, contra a vontade do Parlamento, mas mesmo assim tão válida como todas as outras opções desde já equacionadas…
Não pode haver eleições em Abril-Maio, nem o actual presidente tem poder para convocar eleições.
Caro Francisco,
Obrigado pelo esclarecimento.