Em Julho do ano passado, e a propósito da admissão da Guiné Equatorial na CPLP, aqui escrevi que o ditador Teodoro Obiang havia anunciado a adesão à Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, na página oficial do seu Governo na Internet, em três línguas: espanhol, inglês e francês.
Com a adesão, o português é uma das três línguas oficiais da Guiné Equatorial. Neste contexto o governo prometeu que o ensino do português seria posto em prática, gradualmente, nas escolas primárias e na Administração Pública da Guiné Equatorial e tornar-se-ia língua oficial e de trabalho nas instâncias e organizações regionais e internacionais.
Evidentemente que uma língua nova demora longo tempo a disseminar-se. Mas, mais de um ano decorrido o tão prometido (e necessário) objectivo não passou de uma encenação.
As notícias vindas a público falam-nos de que sete (repito, sete) funcionários daquele país irão beneficiar de bolsas de estudo do Ministério dos Assuntos Exteriores e Cooperação da Guiné Equatorial para frequência em Portugal de um curso intensivo de língua portuguesa com a duração de três meses.
Assim vai o novo e autocrático país da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa. Tudo numa boa. Para inglês ver.
Venho informá-lo que o seu texto não corresponde à realidade. Poderia desmontar a notícia que serviu de base
ao seu artigo, mas não vou por esse caminho.
Entidades como a Embaixada do Brasil, a Madeira Multilingual School ou a organização não governamental ADLML,
são instituições que se preocupam com a disseminação da língua portuguesa na Guiné Equatorial.
melhores cumprimentos
AL
Não posso deixar de lhe dar razão. Penso do mesmo modo. Obrigado pela sua reflexão.
Não se pode esperar que de noite para o dia se coloque em prática todo um processo tão complexo como o ensino de uma nova língua. E, em vez de culpar apenas do governo equato-guineense, deveríamos era tentar saber que acordos entre ele e governos como o português e o brasileiro foram feitos, como foram feitos, no sentido de implementar tal processo. Provavelmente haja mais falhas e responsabilidades de governos como os citados do que das próprias autoridades de Malabo. No Brasil o governo de Lula da Silva tornou obrigatório através da lei 10.639 de 2003 o ensino da Historia de da Cultura africanas nas escolas brasileiras. Mas até a presente data poucas são as que a implementaram, por uma questão de racismo por um lado e, por outro, por deficit de professores especialistas nas referidas áreas. O que dizer sobre isso?
Quanto ao português tornar-se língua oficial nas instancias e organizações regionais e internacionais, não temos moral para exigir dos outros o que nós mesmos não fazemos dentro de casa. Basta ver a subserviência e vaidade que muitos dos nossos mais altos governantes exibem quando optam por falar em inglês ou francês ao receberem oficialmente dignatários internacionais ou mesmo a falar em eventos particulares dentro e fora de casa. E, nesse sentido, os chamados PALOP’s são exemplo porque exigiram e optam pelo português como língua oficial em organismos regionais e internacionais. E, em casa, em português se expressam quando recebem governantes e eventos internacionais. Pode-se, por várias razões, justas ou injustas, não gostar do autocrata de Malabo. Mas não é por ele que nós mesmos maltratamos, subalternizamos e desvalorizamos a bela língua de Camões, Pessoa, Florbela, Saramago, Clarisse Lispector, Machado de Assis, Vinícius, Jorge Amado, Solano Trindade, Agostinho Neto, Alda Lara, Alda do Espirito Santo, José Caveirinha e por aí afora.