Como argumentei ontem e anteontem, haverá uma coligação de direita e ainda uma política do PS absorvendo os seus partidos periféricos, para depois se aliar ao PSD que sobrar de Passos. E poderia haver uma terceira convergência, só que, ao invés das duas anteriores, esta é de difícil concretização: a da esquerda que se une.
Seria natural porque é a que decorre da convergência sobre políticas essenciais, no campo alargado que se tem oposto à liberalização das leis do trabalho, às privatizações e ao desgaste dos serviços públicos. E, mais importante, os principais partidos desta área apresentam propostas construtivas que são próximas: recusando o Tratado Orçamental, defendem em consequência a única resposta concreta que pode fundamentar uma governação de esquerda, a reestruturação da dívida, sabendo que entra rapidamente o conflito com o euro.
Seria natural ainda, e não é de menos, porque responderiam à exigência, essa sim natural senão desesperada, do “unam-se”. Por isso, é difícil compreender o seu acantonamento eleitoral. E haverá um preço a pagar por uma persistência de contraposições que estão ao arrepio da exigência do momento político: a esquerda precisa de força e corre o risco de se apresentar fraca. Nenhum discurso de auto-suficiência ou auto-satisfação pode disfarçar a arreliante sensação de fragilidade da postura dos partidos de esquerda. Como se interroga Manuel Loff, “a pergunta evidente é saber se o PCP e o Bloco podem, desta vez, interromper o círculo vicioso da desilusão e baralhar o cálculo perverso do voto útil no PS”.
Esta convergência, ao contrário das outras, desarrumaria. As outras procuram consolidar o regime na sua era de austeridade, esta procuraria uma alternativa à austeridade. As duas primeiras alianças confirmam e confiam na alternância entre o PSD e o PS, enquanto este polo político, pelo contrário, desafiaria o rotativismo, o que a esquerda parece ter desistido de fazer até agora. Multiplicaria a capacidade de influência de curtíssimo prazo (condicionar as decisões da governação e ajudar o fôlego do movimento popular) e de curto e médio prazo (apresentar uma alternativa de governo depois de um novo governo do PS que governe como o velho). Responderia ao “voto útil” no PS e, portanto, passaria a ser uma alternativa clara.
No entanto, para se realizar, contra a rotina do fechamento da esquerda, a convergência tinha que superar as tradições dos partidos e isso é o mais difícil. João Oliveira, líder parlamentar do PCP, tem de facto razão ao perguntar se uma simples coligação diminui em vez de aumentar (sugerindo que assim aconteceria). Embora o exemplo da coligação do PS na Madeira seja pouco transponível, provou-se aí mais uma vez que o que soma é a credibilidade com propostas e com as pessoas para essas propostas e não simplesmente uma soma de coligação, porque esta pode ser uma subtração. No entanto, ficar tudo na mesma também não é opção.
Eu vou mais longe: uma limitada e ocasional coligação só entre o Bloco e o PCP diminuiria e não vejo nela nem viabilidade nem vantagem. Em contrapartida, um pólo envolvendo-os com uma parte importante da esquerda social multiplicaria, porque seria a única novidade da campanha e, sobretudo, porque seria portadora da alternativa mais consistente: Portugal contra a dívida e contra uma Europa destrutiva. De facto, essa proposta é a única que tem soluções para Portugal, é a única que resolve o problema orçamental e financeiro, é a única que pode pagar uma política de investimento e emprego, é a única que enfrenta a subserviência da elite nacional perante Berlim.
Se esse polo, como quer que ele se apresente (e sobre isso não faço agora nenhuma sugestão, para não condicionar nem influenciar ninguém, nem discuto aqui a evidente importância das eleições presidenciais para novos sinais de novos tempos), envolver independentes e activistas, quem esteja farto da austeridade e da sua missa cantada e não aguente a mentira europeia, então ele contará.
Desse modo, esse polo faria o que nunca se fez e responderia a uma crítica que, por muito que custe, tem fundamento: a esquerda ainda não aparece a ninguém, nem aos seus militantes, como portadora da capacidade de governar e da preparação para o fazer e, portanto, do empenho em criar a relação social favorável para esse poder. A solução de alguns analistas é pedir à esquerda que aceite a austeridade e os “compromissos europeus” e, portanto, que se torne social-democrata para “parecer governamentável”. Ou seja, dizem-lhe que mostrará estar pronta para governar se se tornar igual aos partidos e políticas que quer vencer. Ora, sobretudo para quem recusa a facilidade da transigência, é exigível fazer mais do que “parecer governamentável”: é preciso apresentar um programa consistente, com pessoas credíveis, disputando a relação de forças e mostrando por onde se pode caminhar. A Grécia demonstrou que, se e quando for eleito um governo de esquerda, o confronto será uma vertigem e, se a esquerda quer ganhar, tem de enfrentar imediatamente Merkel e os seus obedientes. Só a esquerda unida o pode fazer, se é que se leva a sério a ideia de um “governo patriótico” ou de um “governo de esquerda”.
Não é evidente que nos partidos de esquerda haja vontade suficiente ou audácia para uma aproximação que configure esse polo, porque teria que partir deles. Podem mesmo escolher justificar-se com o povo que não vota ou que descrê. Ou podem contribuir para apresentar ao povo uma proposta que leva a sério a necessidade de vencer a austeridade neste tempo que conta. Eu prefiro a luta pela vitória contra o situacionismo que apodrece Portugal.
Chico,
A terceira aliança, a da esquerda, deverá envolver PCP e BE. Sobre isso não tenho dúvidas sendo que torço, há muito, para que isso possa acontecer. O que me espanta, se bem entendi, é reduzires todos os outros a periféricos do PS. Existe muita gente nos movimentos sociais, nas novas organizações que agora tomam forma, ou fora delas, a querer agir em prol de uma frente de esquerda que comporte PC e Bloco mas também outras forças e outras gentes. Penso ter aprendido em tempos idos de PSR que era assim que se tentava construir a união e não através da exclusão antecipada de todos quantos não estejam dentro dos dois maiores poartidos da esquerda portuguesa.
No Tempo de Avançar há quem queira aparentemente estar mais próximo do PS. É verdade. É de resto uma verdade que me incomoda. Mas há também muita e muita gente a querer fazer uma aliança à esquerda. À esquerda do PS. Conto contigo para isso. Espero que possas contar connosco!
Um abraço
César Madureira
César, não deve haver incómodos em relação ao PS, devemos é estar incomodados se não conseguirmos uma frente popular, que as urgências dos anos 30 motivaram, em defesa da democracia, do Estado Social, do fim da austeridade e da corrupção, de reverter este extremismo social que desvalorizou o trabalho e quem vive de rendimentos do trabalho; outra coisa é que PS haverá nessa construção, e não creio que haja soluções imediatas sem que o PS seja uma força de esquerda, para isso contribuindo quem está no PS, fora do PS em partidos ou sem partidos, no movimento sindical, noutros movimentos
1. Louça diz: «[…] a esquerda precisa de força e corre o risco de se apresentar fraca» – isto foi precisamente o que aconteceu com o BE, aquando a saída do seu melhor líder, Francisco Louçã, derivando para um directório “bicefalo”… E o que levou isto? Em vez de força, representou fraqueza… precisamente no momento em que do BE se esperaria uma postura alternativa mais firme, na defesa da “reestruturação da dívida”. O BE falhou no momento crucial… mostrando inaptidão política para se constituir como alternativa ao quer que seja!
2. Louça sugere: «[…] um pólo envolvendo-os com uma parte importante da esquerda social multiplicaria, porque seria a única novidade da campanha e, sobretudo, porque seria portadora da alternativa mais consistente: Portugal contra a dívida e contra uma Europa destrutiva.». Na minha opinião, se a “esquerda social” quer de facto ter uma posição política relevante nas questões europeias, então o que se lhe exige é que seja directa e frontal com os cidadão (mesmo aqueles que não são de esquerda), em vez de se perder por meros “tacticismos” políticos no alinhamento das militâncias e na condução da manada! Como?… REFERENDO… O maior erro na integração de Portugal na CEE/UE, e ao euro, é a arrogância e o desprezo das elites políticas pela consulta popular. – Devemos continuar ou sair do euro? Referende-se! (mesmo que esse referendo venha com mais de uma década de atraso! Repare: no Reino Unido não se fala na possível realização em breve de referendo sobre a saída/permanência na UE? Porque não deverão os portugueses sair da sua apatia e imobilismo e referendar…)
É interessante notar entre as doutrinas e dogmas da “esquerda”, quem ache continuar a ser o socialismo e/ou comunismo a via civilizacional de melhor defender os interesse das “massas”, contra os abusos do “capital”. Porém, hoje, o que a democracia precisa (o que à partida excluir os “totalitarismos” de esquerda!) é menos militância e mais cidadania. E o exercício de uma cidadania mais participativa faz-se também pela via do “REFERENDO”.
Entre as divergências doutrinais e dogmáticas das diferentes esquerdas políticas – qual qual apregoando um “evangelho” político mais verdadeiro que o outro – a concertação só me parece ser fecunda se se voltar para a promoção do livre exercício da cidadania – ampliando a liberdade dos cidadãos poderem mais e melhor participar nas grandes orientações políticas que se colocam ao país (como a integração europeia ou outros temas como a descentralização administrativa/regionalização/municipalismo, etc.)!
Nós não somos a Grécia.
Não no sentido em que habitualmente a direita o diz, mas sim na medida em que a austeridade lá foi maior do que cá e, portanto, os gregos estão mais desesperados do que nós, o que levou à sua ruptura com o PASOK e à tal “aliança da esquerda”, que possibilitou ao Syriza chegar ao poder.
Também por cá, uma aliança entre o BE, o PCP, os outros partidos ou movimentos de esquerda e a “esquerda social”, com “independentes e activistas”, nunca chegaria para vencer umas eleições – nem mesmo contando com os abstencionistas – sem uma “pasokização” do PS.
Mas, admitindo esse cenário, o que fazer, uma vez conquistado o poder?
Francisco Louçã propõe a recusa do Tratado Orçamental, a renegociação da dívida e a mais que certa saída do euro, por opção ou por consequência.
Ora, nada disto está a ser feito, ou sequer defendido, pelo Syriza.
Por mim, vou esperar para ver.
Temos tempo, até às eleições, para observar como vão evoluir as coisas com a Grécia.
Se resultar alguma coisa de positivo da actuação da “aliança da esquerda” deles – o que só acontecerá se houver rupturas com a Alemanha e nunca se as coisas continuarem como até aqui -, poderemos seguir com esperança o caminho aberto pelo Syriza.
Caso contrário, só haverá uma ruptura – porque é isso que Francisco Louçã propõe – em Portugal quando as condições de vida se agravarem ainda mais.
Ainda não chegámos a esse ponto, não só porque os portugueses são diariamente bombardeados pelos partidos “do arco” e pelos jornalistas e comentadores “mainstream” com a ideia de que a austeridade deu frutos e vai agora poder abrandar, como, principalmente, porque a fome e a miséria AINDA não são generalizadas.
`Castoriadis bem sublinhou que , segundo Lénine,só as massas conseguem verdadeiramenrte planificar porque estão sucessivamente por todos os sitios…Apelar a estados-maiores ou a iluminados não parece ser a boa solução, e o Prof. Louçã não parece ter duvidas a este respeito.Gesto soberano e muito dinâmico para construir o futuro, que só pode estimular o sentido vital da construção e luta pelo socialismo, realizado pela ” acção consciente das massas capaz de ultrapassar a tendência natural da Economia, tal como é permitida pelo capitalismo, tendência que acaba por recolocar sem tirar nem pôr um regime de exploração “,in C. Castoriadis. Écrits Politiques, OC: Tome V. Paris 2015.Há três anos houve aquele surto maravilhoso de greves ” politicas ” e radicais em Lisboa. Ocasião perdida ou falta de condições objectivas para conjurar a ilusão social-democrática e a tentação estalinista, em conluio sado-masoquista, que acabaram por neutralizar todos os afectos e desejos de construir uma nova vida.
Francisco
O PCE não está no Podemos. O PKE não está no Syrisa. Não faz sentido apelar à emergência de movimentos desse tipo e julgar que o PCP estaria. O BE já tentou várias tácticas e não se tem dado bem. Este contorcionismo confunde o eleitorado e divide a militância.O espaço natural de convergência é entre aqueles que estão no meio da esquerda, não são PCP nem PS. O grande equivoco, que começou no dia em que o BE não se quis sentar entre o PC e o PS, ainda não foi desfeito. O BE necessita urgentemente de federar todos os radicais ou socialistas de esquerda que não se revêm nem no PC nem no PS. As propostas que atrasem ou confundam esse objectivo só levam à erosão do BE.
Todos os argumentos que até hoje ouvi sobre o “meio da esquerda” são justificações para apoiar um governo do PS, sabendo aliás que ele cumprirá o que promete, ou seja “os compromissos europeus”. Desejo boa sorte a essa perspectiva, já se viu no que resultou na Grécia (um partido no governo, o Dimar) e noutros lugares. Vamos ficar depressa a saber o que isso dá.
Quanto ao resto, é evidente para todos os leitores deste blog que nada do que aqui se escreve representa um ponto de vista partidário.
«que se torne social-democrata para “parecer governamentável”»
Camarada Louçã (espero que não se importe de o tratar assim), sofreu aí um lapso de língua. Para isso nem pode ser social, nem democrata, pelo que escreveu até.
Se reler o texto, acho que entenderá que a frase que cita resume uma ideia que é criticada, e não apoiada.
A esquerda pode-se unir perfeitamente. O problema são os votos que não aparecem.
E não aparecem porque os pequenos partidos também não aparecem. Tirando uma ou outra participação de um político desses partidos nas televisões generalistas, são raríssimas as oportunidades.
Vejam como os telejornais de fim de semana são dominados por comentadores ex-líderes do PSD ali a falarem sozinhos, ás vezes horas!
Eu acho que nem em ditaduras se admitiria tamanha concentração de opinião!
Discordo consigo quando diz que a abstenção não tem nenhuma culpa. Eu acho que tem e cada vez tem mais porque cada vez há mais abstenção.
Os portugueses só participarão nas decisões do seu país se forem obrigados. Senão, ficam no sofá a ouvir o Professor Marcelo e a acenar com a cabeça.
Haja votos! Haja votos que a coligação aparece, mesmo com o PS, porque o PS sem os votos pode ser que deixe de ser arrogante e de direita (o que eu não acredito).
Não escrevi em lado algum que “a abstenção não tem nenhuma culpa”.
Foi o que eu entendi do último parágrafo. Peço desculpa.
Mas fica a mensagem: a democracia está em causa, e terá que se impor o voto obrigatório, como existe em muitos países desenvolvidos.
A democracia não pode ser uma opção. Muito menos num país com mais de 50% de abstenção como aconteceu na última eleição de Cavaco Silva, e cheia de problemas graves por resolver e que colocam em causa a própria existência do país.
Por isso eu não o considero Presidente de Portugal, mas somente de alguns portugueses.
As alianças são possíveis , á direita, por razão de sobrevivência e condição de manutenção do poder.À esquerda, porèm, são apenas , projectos, intenções, que nunca se estabelecem, nem consolidam, na base de uma plataforma de atingir o poder, mas, numa base de estruturação de oposições, em acções que são sempre meramente conjunturais e que, durante todo o século XX, e primeira década do actual, nunca mostraram capacidade e engenho, para conseguirem ser agregadoras e dignas de serem reconhecidas como alternativas de poder, inclusivé, sendo ultrapassadas por algumas propostas e iniciativas de sectores especifícos da sociedade, que através de partidos com base populista, ou personalizados pela liderança de figuras públicas, de maior ou menor notariedade, conseguiram resultados eleitorais assinaláveis.Este reconhecimento, que sempre foi negado aos partidos, ou alianças , à esquerda, representa que é possível a convergência dos interesses e aspirações populares, de grandes franjas de eleitores e do tecido social, com propostas que rompam, com o espartilho das alternâncias institucionalizadas dos partidos “consuetudinários” do poder.Mas, não é, decerto, com a pulverização em inumeros partidos, à esquerda, que se poderà oferecer às pessoas, uma alternativa baseada em qualquer aliança, fortuita, ou de circunstância. A esquerda terá de deixar de pensar de forma elitista e aperceber-se, que o senso comum dos representados é , muitas vezes, mais importante, que o esperado bom senso dos que os pensam representar.
Uma «terceira convergência», com significando uma alternativa de esquerda ou das esquerdas em torno do PS, para o combate político que se avizinha como decisivo nas próximas eleições legislativas de Outubro, que poderão significar um rompimento definitivo com as politicas de austeridade e empobrecimento do povo, tal como tem sido conduzido por este governo e esta maioria que o sustenta, é mais que imperiosa é definitivamente uma questão de sobrevivência da democracia e da recuperação do Estado Social, após as crueis investidas dos últimos quatro anos.
O que separa as esquerdas do PS é a questão mal resolvida da Europa e da moeda única. Para aquelas, se a questão da Europa, ou seja, a participação de Portugal no espaço comum europeu, ainda (aparente mente) se poderia colocar em «stand by» já a questão da moeda única e tudo aquilo que a envolve, designadamente, a reestruturação da dívida e a saída mais ou menos a prazo do euro, parece um obstáculo intransponível a qualquer acordo parlamentar ou coligação eleitoral. E esta questão é decisiva. O PS é um participante activo e empenhado do Espaço Comum Europeu e, com imensos custos é certo, um entusiasta da criação e manutenção do euro. Estas razões, entre outras, poderão não ser despiciendas para fundamentar o desentendimento. Porém, o momento politico actual pronúncia uma atitude dos partidos de esquerda totalmente diversa, sob pena de, e à semelhança do que se tem visto por essa europa fora, a descrença venha dar origem a um impasse altamente nocivo para Portugal e os portugueses que, a prazo, se verão enredados numa solução política manifestamente prejudicial para todos.
Esta nem sequer é uma oportunidade. É a oportunidade.
O que Francisco Louçã propõe é, realmente, uma solução nova para problemas novos. Estou inteiramente de acordo. Penso que o papel do BE e PCP deveria ser o de contribuir, com a sua experiência, para um programa de governo desse “pólo” e pôr de parte bandeiras, que só dividem, confiar mais na “sociedade civil”, deixando-lhe espaço de participação, para além da militância, o que mobilizaria muita gente. Há exemplos que estão a dar frutos: Grécia, Espanha e países da América Latina como Bolívia ou Equador. Não é necessário copiar, mas é imperioso tirar lições.
francisco, um polo de esquerda com toda a esquerda, seria um boa noticia para Portugal que trabalha, mas isso percebe quem entende a mensagem das Instituições à Grecia, embora a economia de Portugal não esteja com a soga ao pescozo, embora possa vir a estar de novo, se tiver que cumplir o Tratado Orçamental. As leituras inteligentes, as flexibilidades esperadas, as condescendências ao Bom Aluno, podem servir para uma campanha eleitoral dominada pela direita, o que é de não excluir: o ajuste funciona e é melhor que qualquer aventura, estamos melhor, o PIB crece, o juro baixos, nos livramos do pior por culpa do despesismo socialista etc. Acho que essa posibilidade é forte, porque? porque o povo portugueses é moderado,é pacífico é amorfo politicamente, tem um medo terrível ds mudanças exageradas. Não basta com criar um polo de esquerda e obter uma resultado eleitoral que condicione o governo do PS, é preciso romper o medo e inércia dos portugueses, é preciso ter um discurso muito claro sobre o futuro. A saída do euro eu vejo-a como inevitavel, numa aproximação racional, e ela mete muito medo, o fastasma do cataclismo sera aventado aos cuatro ventos, mas essa é a verdade que preciso dizer, Portugal deve recuperar a sua independência orçamental, fiscal, monetária, so pena de vaguear sem rumo, ou manter um rumo dictado pelos acordos de Bruxelas, Berlin, Whashigton, pais de baixos salários, serviços que servem aos europeus do norte, desnacionalização da sua economia para os fundos financeiros de China, USA. A ideia de um governo patriotico soa a nacionalismo, mas é o que temos que defender, temo que de continuar assim chegara o dia em que o Pingo Doce o Continente serão as únicas grandes empresas portuguesas, ate o dia que o Walmart se lembrar que tem uns trocos para comprar uma delas. A tua idea da segunda aliança do PS com os ex-bloquista ou próximos so funcionaria se os dirigentes desses movimentos fossem oportunistas, carreristas, não acho, se me enganar seria terrível, não para mim, mas para uma geração de pessoas que confia neles porque são uma esquerda socialista e tu sabes são muitos, e sabes que o Bloco tem responsabilidade nisso, mas quando interesses altos se levantam acabemos com o sectarismo, confio na unidade popular, abraço, .
Não faço juizos de intenções. Registo simplesmente o que cada força política diz sobre o que pretende. E veremos os resultados. Por mim, prefiro partir dos problemas nacionais e das soluções para ver quem deve constituir a base de aliança para essas soluções. Não me podem é dizer que, para conseguir a renegociação e reestruturação da dívida, a política que corresponde é entrar no governo do PS, simplesmente porque o PS não aceita essa alternativa e está comprometido com os Tratados que a impedem. Estou cansado de ver gente que define a sua aliança e depois adapta a sua política para a tornar possível. Prefiro as soluções para o país às conveniências de cada um dos estrategas.
Será que o grande problema é uma coligação que una o PS (partido democrático) a um BE (partido não democrático que se inspira na Venezuela) ou a um PCP (partido não democrático que se inspira na Coreia do Norte ou em Cuba)?
Pedro Oliveira escreve aqui repetidamente sobre a Venezuela. Acha que é um argumento bem achado e muito forte. Tenho pena de lhe lembrar que o último governante português em visita oficial e entusiasmada à Venezuela foi o Dr. Paulo Portas, por acaso o chefe do partido a que se refere Pedro Oliveira.
Santa Ilustração !
Pedro Oliveira, consegue deixar-nos a sua definicao de democratico (peco desculpa pela ausencia de caracteres especiais, encontro-me num pais onde os teclados nao os tem, em consequencia das accoes do democratico PS e das recomendacoes do igualmente democratico PSD)? E que me da sempre a ideia que se confunde democracia com a possibilidade de escolher entre iguais e eu vejo a democracia como a possibilidade de escolher entre diferentes. Bem sei que nao e assim na pratica. O “nao democratico” Syriza, eleito “democraticamente” nao foi, nao e, e nao sera aceite pelos democraticos PSs e PSDs dessa Europa simplesmente porque e um desalinhado. Ou seja a “democracia” tem limites muito apertados no que diz respeito a possibilidade de escolha.
Infelizmente essa aliança à esquerda é uma miragem; acredito nela num movimento para Belém, (Carvalho da Silva por exemplo!), onde se trata de eleger uma Pessoa, já para formar governo, dá-me ideia que há quem prefira continuar na oposição de punho em riste, a engolir os sapos neçessarios ao entendimento. O PCP teria de ser peça chave neste processo e se algo aprendemos com a história, o PCP faz coligações, mas nunca deixa de controlar, jà para o Bloco, ser controlado pelo PCP é algo impensável.
Caro Francisco Louçã:
Em relação à oposição do PS a este estado de coisas, basta lembrar a responsabilidade desse partido na precarização das últimas gerações de trabalhadores através dos améns que deram a Códigos de Trabalho cada vez mais gravosos. Poder-se-ia considerar tal fruto da “negociação” (perdeu-se, confirma-se; ganhou-se o quê?!) e que “foi tido em conta o contexto económico”, bla, bla… ou, na mais desvairada das hipóteses, para a UGT, o “estado da mobilização social” não permitiu mais, os sindicatos não são “zorros”. Nada disso, o PS é um dos principais responsáveis do retrocesso dramático que os trabalhadores tiveram nos seus direitos. Ponto. Para que serve um Partido “Socialista” assim? É de Esquerda? Só se for visto a partir da disposição geométrica na AR, na prática não. A sua “ala Esquerda” só serve para enganar os poucos que ainda os colocam nessa área, em época de caça eleitoral, para compensar o resto que vota pelo “marketing”. Livrem-se de “sistemas maioritários”, entre eles o PSD, a abstenção.
E os outros? O PCP, ouvindo o seu secretário-geral e os seus porta-vozes nos “media”, “olha que…”. Só que na prática esse partido continua a confundir o sucesso de qualquer luta laboral com o sucesso do seu próprio aparelho. No município que conheço melhor desempenha com distinção o papel que criticava à Direita, nepotismo em barda. Só não “afogaram” o BE porque ainda não conseguiram; O BE? Pouco credível por culpa própria. Não, não tem nada a ver com o “não quer governar”. Varia entre o querer ser um “pêcêzinho”, “R” ou não, ou mete na política gente “de Esquerda” que só quer os trabalhadores como trampolim para as suas carreiras de comentadores e afins – quer exemplos? E depois: há uma diferença entre votar-se Alegre (como fez o BE) e votar Alegre contra Cavaco. O BE é um voto a considerar só porque a abstenção não representa lugares vazios no parlamento e porque aqueles que vivem da política não teriam vergonha de considerar legítimas umas eleições onde mais de 80 ou mais por cento virasse as costas à sua “democracia”.
Mas lá que dá vontade o “Puseram-nos? Agora tirem-nos, vão-se lixar!”, lá isso dá.
Secção de perdidos e achados para o biénio eleitoral 2015-2016
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