Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

Francisco Louçã

16 de Fevereiro de 2015, 21:46

Por

O ultimato à Grécia e já nada será como dantes

eurogroupUma reunião relâmpago do Eurogrupo e um ultimato: a Grécia tem quatro dias para repor o programa de austeridade que foi recusado pelas urnas.

Deste modo, nestes dias vertiginosos, três traços ficam claros. Primeiro, todo o aparelho político europeu se uniu contra a Grécia: na conferência de imprensa que apresentou o ultimato juntaram-se, simbólica e excepcionalmente, dois socialistas, Moscovici e Dijsselbloem, e duas figuras da direita europeia, Lagarde e Tusk. A Grécia está isolada, todos os governos de direita e de centro querem a sua punição e só tem o apoio de quem recusa a destruição (o Financial Times dá conta da carta de 32 personalidades insistindo na mudança da posição do Estado português).

Segundo, a União Europeia não admite nenhuma alternativa à austeridade. A escolha é esta: ou a Grécia continua as privatizações e a compressão salarial ou é expulsa, não se sabe como ou com que legitimidade, mas fica de fora. A Europa é a austeridade. É uma prisão.

Terceiro, o governo alemão está disposto a tudo, mesmo a uma grotesca arrogância que pouca gente acharia plausível. Ao dizer hoje que “sinto muito pelos gregos, que elegeram um governo que se porta de forma irresponsável”, Schauble ultrapassou uma barreira de agressividade e impunidade que terá consequências. A Alemanha passou a ser isto.

Assim, ninguém – o Eurogrupo, o governo alemão, os outros governos – deixou qualquer dúvida: ou a Grécia se verga ou sai do euro. A Grécia nem teria o direito de divulgar a proposta que lhe foi feita, acrescentam as autoridades europeias, e se o fez, é uma “provocação”, persiste o Eurogrupo, porque nenhum governo pode dar a conhecer este segredo.

Do outro lado, o governo grego usou todas as armas que a democracia pode gerar. Obteve um mandato eleitoral claro. Procurou o apoio da opinião pública em todos os países. Conduziu uma disputa política que nunca ninguém tinha visto na Europa. Destapou a face de uma Alemanha imperialmente exibicionista. Usou o seu recurso mais importante: propôs negociações prudentes, esperando que o adversário não usasse a arma de destruição massiva. Mas encontrou um muro de “intimidação” (Tsipras) ou de imitação de “tortura” no estilo da CIA (Varoufakis) e, em todo o caso, a condição do ultimato: ou continua a austeridade ou rua.

As autoridades europeias colocaram-se por isso numa posição em que não admitem nada senão a cedência. Assim, o que se vai passar nos próximos dias, salvo mudança miraculosa, parece estar escrito. Pode haver ou não nova reunião do Eurogrupo, mas, segundo as autoridades europeias, a condição preliminar é que a Grécia reponha a política de Samaras e do PASOK. A partir daí, não havendo acordo, começa a contagem decrescente para o “Armagedeão”, nos termos de Varoufakis, e será o BCE o instrumento da cólera desta divindade: no dia em que cortar o crédito de liquidez aos bancos gregos, a Grécia tem de emitir moeda para salvar o país. E esse dia poderá vir em breve. A Grécia pode então reagir de muitas formas. Pode convocar uma sessão extraordinária do parlamento, pode pedir a opinião da população e organizar um referendo. Mas terá poucos horas para responder ao ataque, porque terá sido expulsa do euro, pela força ilegítima de um ultimato, seguido de uma retaliação.

As consequências de um desfecho deste tipo são imensas e voltarei ao tema em breve. Em todo o caso, não será menos do que mudar a vida da esquerda, que será forçada a reconhecer que nesta Europa o destino é a austeridade. E mostrar, o que também não é pouca coisa, que na União não se respeitam regras nem leis nem tratados, a Alemanha manda e é tudo.

O ultimato à Grécia é o culminar do desastre da austeridade. Mas é também o início de tempos muitos mais perigosos.

Comentários

  1. Como estava «escrito nas estrelas», o ultimato ao Governo grego aí está para servir de exemplo à restante periferia. Para Krugman, (Athenae Delenda Est, NYT) ou os ministros das finanças não compreenderam a gravidade da situação ou estão dispostos a, com a Grécia, estatuir um exemplo que perdure na memória dos povos, inclinando-se para esta interpretação. O ultimato não pode ser considerado inesperado, tendo em conta as pressões feitas antes das eleições, nomeadamente com a divulgação do estudo «Grexit» do governo alemão. A Spiegel, Die Welt, o FAZ têm procurado convencer os seus leitores que a saída da Grécia da moeda única não trará problemas de maior, aconselhando-os até a como «fazer dinheiro» com essa saída. O governo alemão e os seus sequazes têm como único objetivo demonstrar que o dogma da austeridade é inquebrável, e não querem que mais nenhum PIGG se atreva a afrontar o centro. Resta, então, a pergunta: para quê votar, se depois tudo tem de ficar na mesma? Mais uma vez se demonstra o que sobra da Democracia representativa, quando resultados eleitorais se opõe a dogmas e ao poder dos mercados. Se o governo grego for obrigado a capitular, os populistas e nacionalistas de direita farão a festa: da Front National francesa ao Freiheitspartei holandês. A elite financeira, económica e política alemã sabe-o, mas isso não a preocupa: historicamente foi ela – e não o voto popular – a principal responsável pela ascensão de Hitler ao poder. Tempos perigosos, portanto.

  2. Naturalmente que isto iria acontecer.!!! São dois imans que geram forças contrárias. A da Europa (que nos dias que correm parece que se resume apenas á Alemanha) que suga tudo e a da Grécia, cujo Povo inteligentissimo originou o volte face do caminho da destruição da Troika. Nesta Europa a austeridade é um caminho sem volta. Não há retorno!!! São como aqueles créditos que se fazem para colmatar outros créditos e a “bola de neve” cresce sempre… Infelizmente somos geridos por pessoas mal preparadas mentalmente. E digo isto porque enquanto existir corrupção nunca nenhum país será capaz de dar a volta. Enquanto estes politicos que durante anos nos levaram (mais uma vez) a solicitar ajuda da troika, continuarem e forem incapazes de sairem assim que se olham no espelho e honestamente se autonomeiem de corruptos, porque prejudicaram o povo que os elegeu…isso seria um sinal de dignidade sim. Seria tão bom fazerem 20% do que prometem nas campanhas. Mas lá está, Tsipras fez. Sem HESITAR.Sem MEDO. E agora que a politica do medo volta, como aquela sombra da morte paira sobre alguem cujo destino está traçado, eis que vem o tal do Alemão ( estes tipos invadiram meio mundo, levantaram-se á custo de meio mundo e agora querem voltar a mandar no mundo!! ) dizer que sente pena dos gregos…coitados…escolheram um governo que luta pelo bem do Povo….e isso na visão do Alemão é serem coitados…imbecis…! Nunca entenderei quem apoia politicas de fome, miséria e roubo. Politicas de mortes e cortes..É VERGONHOSO, ouvir pessoas do povo que passam imensas dificuldades dizerem que o povo portugues gastou mais do que devia e que é necessário toda esta politica de sacrificio..estes sim…coitados. Coitados porque lhes falta a capacidade de enxergar mais. De saber mais. Tsipras é um exemplo. Não interessa direita, esquerda, centro..o que importa é o bem estar do Povo. Esta é a lógica. Esta é a Verdade. Este é o caminho. E se a Grécia sair do Euro…que tem?? A grécia já existia antes do Euro e existirá depois. Que portugal siga o mesmo caminho e que volte o tão adorado Escudo.

  3. e se a Grécia não aceitar vão-lhes fazer o quê ?
    é incrível a arrogância destes marrecos, endividaram o país e agora querem que os gregos paguem toda a vida , chama-se a isto a escravidão do século XXI

  4. Creio que foi Y. Varoufakis, ministro das finanças grego, que disse que nao se deve entrar numa negociaçao quando nao se tem uma soluçao de saída. Esperemos entao que ele tenha de facto um trunfo na manga – um emprestimo ponte da China ou EUA ? – que permita à Grecia aguentar até ao verao, altura em que deverá poder concluir as negociaçoes de um novo programa de assistencia com o Eurogrupo. Se o BCE mantiver nestas condiçoes a assistencia de liquidez de emergencia aos bancos gregos, evitava-se o Armagedao ! Ou talvez se chegue ainda a um acordo de ultima hora no seio do Eurogrupo (nao seria de surpreender !) para um emprestimo-ponte (como quer a Grecia) com condicionalidade reduzida a troco de … taxa de juro mais elevada. Seria uma pena de facto nao dar uma oportunidade ao Syriza para reformar a Grecia, atacando os problemas gordos como a evasao fiscal, clientelismo e corrupçao, que sao a gangrena do país. Se além do mais o Syriza adoptar politicas economicas inteligentes que promovam o investimento e o emprego a Grecia terá sido salva e dará uma liçao a toda a Europa. Haja esperança.

    1. Duvido de um financiamento da China (que quer ficar com os portos gregos) ou dos EUA. Acho que a solução tem de ser encontrada na Europa ou na Grécia, se ficar sózinha.

  5. Caro Sr. Francisco Louçã.

    Muito bom artigo. Agradeço desde já tempo que dispensou a escrevê-lo. É sempre bom ter pontos de vista completamente differente dos instaurados nestes tempos por via da repetição, audiência e/ou oportunismo dos mesmos de sempre. Especialmento quando tem muito boa qualidade.
    As diferentes opiniões e pontos de vista, tornam a democracia mais plural e por isso, mais colorida/viva.

    Gostaria de lhe perguntar, se, na sua opinião e avaliação, a Grécia não terá melhor futuro se enverdar pelo caminho que a, esquecida, Islândia, optou? Ou acha que a Islândia foi a sorte de um “tiro no escuro”?

    Melhores cumprimentos.

    1. Têm moeda própria, tinha bancos que já não tem, tinha políticos que já não têm, tinha a intenção de se integrar na UE que já não tem, tinha um problema que já não tem.
      Têm uma economia, uma qualidade de vida e um futuro que muitos países da UE neste momento não tem.

      Factos são factos.

      Defende uma solução individual por parte da Grécia? Qual?

    2. O que penso é que ou há acordo que permita reestruturar a dívida, de uma forma ou de outra, e conseguir recursos para investimento de curto prazo para criar emprego, ou então só restará a saída do euro.

    3. Sim, é um cenário facilmente previsível.
      Contudo não seria novidade uma reestruturação da dívida grega. Já aconteceu antes.

      Tenho notado que é um pouco evasivo nas suas respostas. Percebo que não se queira vincular.
      Não querendo de nenhum modo interferir com esta liberdade a que tem direito, e como não tenho intenção de o desrespeitar ou lhe ser inconviniente, não insisto mais com perguntas vinculativas.

      Contudo permita-me perguntar-lhe, tendo como contexto uma saída grega da zona euro:

      A Grécia com moeda própria, e/ou fora da Zona euro pareceriar-lhe-ia mais próspera?

    4. Há temas em que todos devemos esperar para ter mais certezas. Mas, sim, acho que fora do euro a Grécia poderia recuperar melhor, mas demoraria algum tempo e haverá muita tensão nesse caminho. O livro que escrevi com Ferreira do Amaral sobre uma eventual saída de Portugal (A Solução Novo Escudo) demonstra como seria complicado e como se poderiam resolver os principais problemas.

    5. Constato, pelo seu comentário, que, qualquer que for a escolha do governo grego, de continuar austero ou de descontinuar a orientação europeia, é sempre um caminho doloroso. A escolha está focada sempre entre escolher o menos pior dos piores dos caminhos.

      Uma Grécia fora da UE irá, certamente, impulsionar outros cenários mais negros para a integração europeia.

      A vantagem tende para a Rússia e a sua vontade geo-política.

      Os europeus perdem, os outros ganham. Estou a falar de outro debate, certamente.

  6. O capitalismo convive bem com qualquer regime político, democrático ou ditatorial. Não é muito exigente, desde que tudo, da pessoa ao Estado possa constituir um bem económico livremente negociável. O capitalismo financeiro convive muito melhor, contudo, com o liberalismo selvagem, onde encontra o fundamento para a infinita “liberdade económica” que tem por fundamento ético a “desigualdade natural” dos indivíduos e como fundamento axiológico “o mérito individual”.
    O que está em causa no Eurogrupo não é a opção ente propostas realistas e irrealistas, “boas” ou “más” mas sim entre duas concepções completamente diferentes da própria dignidade humana.
    Ceder à visão grega significaria aceitar que existe alternativa ao “austericídio”. Significaria dizer que a “economia” só faz sentido se tiver uma escala humana. E isso significaria que seriam os próprios “austericidas” que teriam que o dizer!
    Mas a austeridade é um excelente negócio e a democracia é muito cara!

  7. Mais ou menos. Se me perguntar se há responsabilidade Grega, claro que há. Mas também há responsabilidade Alemã. E há porque a banca Alemã enriqueceu emprestando a uma economia Grega que sabia problemática, já com elevadas taxas de endividamento, e fê-lo com um interesse egoísta. E mais, não nos podemos esquecer quem é o maior consumidor de exportações Alemãs:
    http://www.spiegel.de/international/business/bild-703617-105269.html
    graças a uma unificação europeia que cria meios fáceis a uma economia poderosa com a qual, sejamos honestos, um país periférico com 10 milhões de pessoas como o nosso (ou como o Grego) dificilmente pode competir.
    Eu nunca esperaria que Portugal ou a Grécia tivessem um produto interno bruto como o Alemão, mas a não está aí. A discussão é se os valores Europeus são de facto europeus, e se há aqui alguma coerência Europeia, ou se vivemos no cada um por si. Porque é cada vez mais esta a dúvida, e sejamos honestos, com algum fundamento.

    1. A Finlandia ou a Irlanda, para ja nao falar da Suiça, tambem sao paises pequenos e com poucos recursos naturais, e nem por isso deixam de ser ricos. O problema, como sempre, é a governaçao.

  8. Sempre admirei o que escreve e o seu contributo acadêmico, até porque ao contrário de outros que só têm peneiras e vaidade — se julgando donos da verdade, apesar de pouco mais serem do que palhaços na sua soberba arrogância de se julgarem sabedores do que na verdade demonstram ignorar –, as suas análises pautam-se por uma lucidez e coerência técnica no levantamento de problemas e soluções propostas para os mesmos. Quanto ao assunto em questão, penso que estamos assistindo ao fim da União Europeia, não só do Euro, projeto esse desde o início fadado ao fracasso por não assentar, entre outros fatores, numa arquitetura que permitisse compensar as assimetrias de um espaço economicamente tão diverso. Na verdade, essa deficiente arquitetura se aplica não só ao Euro, mas também a todo um processo de construção política da União Europeia, fundada em egoísmos que procuram instituir processos de dominação já antes tentados e falhados no decurso de duas guerras mundiais ocorridas no século passado. Penso que estes acontecimentos não só tornam clara a verdadeira natureza do poder europeu — mais parecido com uma associação de gangsters do que com algo que remotamente nos possa fazer lembrar o processo democrático –, como o mesmo está garantindo o fim do projeto Europeu, abrindo as portas para os fantasmas da guerra. E que não haja quaisquer ilusões: a expulsão da Grécia do Euro levará à própria implosão da moeda única. Não há como fazer «cordões sanitários» à volta dos seus restantes dezoito membros. Durante algum tempo o medo produzirá os seus efeitos, mas pouco tempo passará até que estejamos a assistir a especulações em torno de quem será o «candidato» que se segue (Chipre, Itália, Portugal, Irlanda, Espanha, etc.). Não tenho grandes dúvidas que, aberto o precedente, será impossível não haver outros países a saírem da zona euro num prazo não muito longo, dos quais Portugal será um dos seus naturais candidatos, por mais que se venha a assistir, como creio que acontecerá, a uma clara negação da realidade por parte dos altos responsáveis políticos desta nação que, sendo capazes de se lembrar do valor emprestado à Grécia, se esquecem de um montante muito superior enterrado no BPN, produto do cavaquismo, ou de um valor incomensuravelmente maior no caso do BES/Novo Banco. Isto, claro, só para falar em dois dos muitos buracos que tornam a dívida portuguesa, pública e privada, claramente insustentável e impagável nos atuais termos. Varoufakis tem razão quando diz que a Europa se limita a fazer um jogo de fingimento, empurrando para a frente um problema que se recusa a enfrentar e a resolver. E essa atitude somente servirá para tornar ainda maior este mesmo problema, tornando inevitável um fim cataclísmico para algo que é produto dos maus políticos europeus que temos tido nestes últimos anos.

    1. Creio que coloca bem os problemas. Veremos se a União Europeia abandona o ultimato ou se precipita a crise, que tem sempre um custo grande para todos.

  9. Sempre admirei o que escreve e o seu contributo acadêmico, até porque ao contrário de outros que só têm peneiras e vaidade — se julgando donos da verdade, apesar de pouco mais serem do que palhaços na sua soberba arrogância de se julgarem sabedores do que na verdade demonstram ignorar –, as suas análises pautam-se por uma lucidez e coerência técnica no levantamento de problemas e soluções propostas para os mesmos. Quanto ao assunto em questão, penso que estamos assistindo ao fim da União Europeia, não só do Euro, projeto esse desde o início fadado ao fracasso por não assentar, entre outros fatores, numa arquitetura que permitisse compensar as assimetrias de um espaço economicamente tão diverso. Na verdade, essa deficiente arquitetura se aplica não só ao Euro, mas também a todo um processo de construção política da União Europeia, fundada em egoísmos que procuram instituir processos de dominação já antes tentados e falhados no decurso de duas guerras mundiais ocorridas no século passado. Penso que estes acontecimentos não só tornam clara a verdadeira natureza do poder europeu — mais parecido com uma associação de gangsteres do que com algo que remotamente nos possa fazer lembrar o processo democrático –, como o mesmo está garantindo o fim do projeto Europeu, abrindo as portas para os fantasmas da guerra. E que não haja quaisquer ilusões: a expulsão da Grécia do Euro levará à própria implosão da moeda única. Não há como fazer «cordões sanitários» à volta dos seus restantes dezoito membros. Durante algum tempo o medo produzirá os seus efeitos, mas pouco tempo passará até que estejamos a assistir a especulações em torno de quem será o «candidato» que se segue (Chipre, Itália, Portugal, Irlanda, Espanha, etc.). Não tenho grandes dúvidas que, aberto o precedente, será impossível não haver outros países a saírem da zona euro num prazo não muito longo, dos quais Portugal será um dos seus naturais candidatos, por mais que se venha a assistir, como creio que acontecerá, a uma clara negação da realidade por parte dos altos responsáveis políticos desta nação que, sendo capazes de se lembrar do valor emprestado à Grécia, se esquecem de um montante muito superior enterrado no BPN, produto do cavaquismo, ou de um valor incomensuravelmente maior no caso do BES/Novo Banco. Isto, claro, só para falar em dois dos muitos buracos que tornam a dívida portuguesa, pública e privada, claramente insustentável e impagável nos atuais termos. Varoufakis tem razão quando diz que a Europa se limita a fazer um jogo de fingimento, empurrando para a frente um problema que se recusa a enfrentar e a resolver. E essa atitude europeia somente servirá para tornar ainda maior esse mesmo problema, tornando inevitável um fim cataclísmico para algo que é produto dos maus políticos europeus que temos tido nestes últimos anos.

  10. Está difícil a luta do governo grego contra os barões e os tubarões. Outra coisa não seria de esperar, mesmo pelos mais iludidos, entusiastas e simpatizantes pelas causas do Syriza. Mas também, e ao contrário do que muitos possam pensar, os adversários das propostas gregas foram para já agarrados e abanados, não fora assim não teria havido qualquer assinalável impacto internacional com o assunto grego e nem sequer os seus governantes seriam recebidos pela diversa diplomacia política e financeira europeia para novas negociações. O que de bom ou de mau possa acontecer na Grécia pode sempre fazer estremecer a já muito debilitada estrutura europeia. Por agora faz certamente parte da estratégia, BCE, FMI, Bruxelas e Alemanha exibiram a sua musculatura fazendo transparecer para toda a opinião pública que só eles mandam e tudo será feito conforme os seus interesses e desígnios. Talvez assim seja mas ainda estamos para ver até quando.
    Os actuais governantes gregos estão com pouca margem de manobra perante a esfrangalhada economia grega por quem todos se deveriam sentir responsabilizados mas, podem sempre lutar, nunca desistir e, sendo verdadeiramente corajosos, quem sabe até vencer. A Grécia tem sempre a hipótese de saltar do barco europeu que há vários anos vem navegando à deriva e às apalpadelas, pode colocar um ponto final nas imposições políticas e económicas de que é alvo e decidir por si qual o seu melhor caminho.
    Os governantes gregos, depois deste seu périplo europeu e, perante a exibição de dureza dos seus credores e de um presumível fracasso nas negociações, podem sempre chamar o seu povo a decidir e a responsabilizar-se pelo seu futuro. É muito pouco provável que venha a acontecer mas, o governo grego pode convocar um referendo para a sua saída da Moeda Única e da própria Comunidade Europeia. Recusar-se (agora sim) a pagar seja o que for aos seus credores internacionais até se recompor, criar políticas protecionistas para o seu país e conforme os seus interesses, voltar à sua própria moeda e reestruturar-se, atravessar dificuldades mas vencer com uma sociedade assente na democracia, na justiça e liberta da agiotagem económica. O governo grego pode assim avisar a comunidade internacional, explicar isto aos seus cidadãos, fazê-los perceber das dificuldades iniciais porque teriam que passar mas que governados por gente competente e responsável mais tarde ou mais cedo a sociedade grega poderia voltar a ser digna e respeitada. Nenhum país precisa de estar integrado numa Comunidade Europeia ou qualquer outra e estar dependente de uma Moeda Única para poder crescer e governar-se. Deve-se integrar uma organização, quer seja ela política, económica ou de qualquer outro teor enquanto dela poderão advir vantagens reciprocas mas separar-se dela quando se tornar mais prejudicial para qualquer uma das partes. Há dúvidas nisto? Não será assim em tudo na vida? A questão não se coloca apenas ao caso grego, serve para qualquer outra nação.
    Não se sabe se perante um panorama destes (saída da Grécia da Zona Euro e da CE) se aqueles que por agora vão exibindo a sua musculatura prepotente não sofreriam também eles um forte abanão ao aperceberem-se do que aquilo que poderiam ainda arrecadar se transformaria rapidamente em nada e que o problema poderia ter tendência a alastrar-se. Não se julgue que só a Grécia pode sair a perder, não sejamos demasiadamente ignorantes e sobretudo, petulantes.

    1. “Nenhum país precisa de estar integrado numa Comunidade Europeia ou qualquer outra e estar dependente de uma Moeda Única para poder crescer e governar-se.” – Infelizmente, neste mundo globalizado e de narrativa única, estamos fartos de assistir aos embargos de nações como Cuba, Venezuela, Coreia do Norte e, mais recentemente, à Rússia que as condena à miséria. O capitalismo globalizado aprisionou os povos e suas nações com a conivência dos seus lacaios políticos a troco de “30 dinheiros”. E não digam que nunca foram avisados: https://www.youtube.com/watch?v=pTbIu8Zeqp0 ; https://www.youtube.com/watch?v=abl6YhQhya4 ; https://www.youtube.com/watch?v=qwwivk5LV1o

  11. espero que a dignidade do povo grego se sobreponha ao imediatismo do conforto (aparente)…a Europa precisa urgentemente de se livrar desta geração de politicos bafientos e bolorentos (alguns bastante jovens ainda) que preferem o “status quo”…as ideias carcomidas pela evidencia…o lucro fácil e a qualquer custo (à custa da fome e do desemprego de muitos)…a ostentação de alguns…a corrupção a todos os niveis…Homens de Estado…não politicos de Circunstância

  12. Solidariedade tem-se com quem é vítima de catástrofes, calamidades, tragédias inesperadas, epidemias e coisas semelhantes; para quem não soube administrar a própria casa e precisa de ajuda, a austeridade prolongada é o melhor remédio e tb serve de lição.

    1. Compreendo o seu ponto de vista. E qual foi o seu crime, Pedro Paulo, porque provavelmente é um dos portugueses a quem cortaram o salário e decerto será um dos que viram o seu imposto aumentado?

    2. Este Pedro Paulo é um soba da Alemanha porque, provavelmente, tem dinheiro explorado dos trabalhadores aplicado na jogatana da bolsa ou apostas no incumprimento da dívida dos países como Grécia e Portugal, por isso, para esta gente, quanto pior melhor… até um dia.

  13. Os Gregos vao entrar em DESCALABRO.

    O Sr. Tsipras quer arranjar pretexto para sair do Euro. Ou que seja expulso ou que saia dizendo aos Gregos que nao concordaram com ele, por isso a saida e a alternativa viavel perante o eleitorado.

    E DEPOIS?
    Fuga de capitais!!!
    Falencias e mais falencias!!!
    Desemprego e mais desemprego com muita fome em cima daquela que ja hesiste hoje!!!

    Em breve teremos a chegada de mais uns quantos Coroneis que aparecerao com o apoio dos outros 63% dos eleitorores que estao cada vez mais a ver o que vai acontecer no futuro.

  14. Infelizmente, parece que a única saída plausível para a Grécia, é a saída da Grécia !
    Defendo, ao contrário de F. Louçã, que os povos europeus deviam referendar se querem, ou não, integrar ESTA União Europeia !!
    Desde logo, porque a actual União, não é uma união assente, entre outros, nos princípios da equidade, da solidariedade, do humanismo e da igualdade.
    Antes, é uma União em que os fortes, do norte, escravizam, pela destruição politica e económica, os países do centro e do sul da europa.
    Uns mais que outros nesta fase inicial.
    Em que, os fortes do norte ( em claro concluiu com os Estados Unidos da América ) ignoraram as regras da democracia, ao ponto de afirmarem que se lamenta que um povo que elegeu, democraticamente, os seus líderes políticos, sejam apelidados de estúpidos e os políticos de irresponsáveis ( Schaübell ), transformando um continente numa espécie de empresa privada ( protegida por forças policiais de estados sem qualquer soberania, forças, essas, pagas pelos povos que escravizam e por uma comunicação social comprada e controla …).
    Em que os governos do sul e do centro, mais não são que governadores ( eleitos peseudo – democraticamente, tal como Hitler o foi, pois, no caso português, tanto faz ser eleito o PSD ou o PS, pois ambos alinham pela mesma cartilha austeritária ) que aplicam as directivas da UE e fazem as regras que lhes mandam, das quais 99% o povo as desconhece.
    Esta Europa, esta União Europeia, transformou- se num enorme estabelecimento prisional em que os detidos não sabem que o são , indefinitivamente, e se fogem quais as regras penais que lhe são aplicadas ( serão aquelas que os países do norte quiserem, mas que se desconhecem quais são ) !!!
    Conclusão : Com está União a melhor opção para os países do Sul é a saída, ponto !
    Vai ser doloroso pata os povos ? Talvez. Mas decerto não será mais doloroso do que ver, anualmente, a perda de salários, pensões e reformas, a venda por interesse dos bens públicos mais significativos ( com manifesto prejuizo para os contribuintes), a destruição da economia, da saúde, da educação, etc…, etc…, etc… .
    Mas, sobretudo, recupeta- se a soberania, o orgulho e a dignidade dos povos.

    1. Está enganado. Sempre defendi que a entrada na União ou as suas grandes mudanças em tratados deviam ser referendadas.

  15. … ainda sei como se desmonta uma “culatra”… Não sendo por isso grande obstáculo, retomar com a idade que tenho uma posição de …

  16. Quatro dias para regressarem ao planeta Terra e perceberem que a construção da Europa, a mais difícil empreitada em que o ser humano se meteu, não é “pêra doce” e não se compadece com arroubos infantis de meninos frescos e leves, cheios de teorias e nenhuma verdadeira experiência política. Milhões de eleitores europeus, de profunda prática democrática, deveriam ceder agora a uma votação local, que nem maioria absoluta deu, a um punhado de “arrivistas” inconsequentes, só porque sim. Senhor Louçã, a prática e experiência democrática é algo que não se aprende nos “bem fundamentados” textos germânicos produzidos por Marx e Rosa Luxemburgo. Muito menos no século XXI. Estou optimista, afinal ainda é possível construir a Europa. Cumprimentos.

    1. O problema, Mário Fontinha, é que a Europa só oferece o empobrecimento e a austeridade. Entretanto, mostra o exemplo, para citar um caso português, do gestor que levou a empresa à ruina e que leva 4,6 milhões de indemnização.

    2. Diz o Francisco que a Europa só oferece empobrecimento e austeridade… Basta comparar a Europa de hoje com a Europa de há uns anos, por exemplo em Tallinn, em Malta, ou na Galiza, países ou regiões da Europa onde estive então e voltei recentemente, e mostro-lhe como tem crescido e enriquecido. Não percebo o seu horror à austeridade. Os meu antepassados (e se calhar os seus) viveram 800 anos em Trás-os-Montes com austeridade e só por isso ainda aqui andamos. Quem não tem não gasta. Ser económico é ser poupado. Ser solidário com os empórios comerciais que divinizam o consumo é que é um erro grave de economia. Sou solidário com a pobreza em África, na Ásia ou na América do Sul. Na Europa só quero que todos (da Lituânia à Grécia) cresçam conjuntamente o que puderem, de acordo com a fórmula inteligente e lúcida de cooperarem, inventada pelos europeus, chamada UE. Cumprimentos.

    3. Como bem compreendeu, refiro-me à solução que foi imposta a diversos países (incluindo Espanha e França) depois do colapso financeiro de 2007. Esta solução foi transferir uma parte maior dos impostos para a finança, com o custo da austeridade. O resultado foi mais dívida e deflação. Asuteridade é reduzir a pensão do seu pai, por isso o meu horror a uma economia que é cruel para pessoas que não são culpadas desta crise.

    4. ó senhor Louçã essa sua visão tão pessimista da UE é algo que só cabe na cabeça de uma certa corrente idiológica ,,, o senhor num copo meio cheio, só lhe interessa e analisa e discute a parte meio vazia , o resto não interressa .” Europa só oferece o empobrecimento e a austeridade”,? Olhe que não , dentro da UE há paises que estão relativamento bem , outros nem por isso, mas dentro de uma comunidade ,seja ela qual fôr , há sempre regras e aqui a unica diferença é,ou foi, a má gestão praticada por alguns ,,,, nós estamos agora a pagar essa péssima gestão praticada pelos nossos politicos ,(todos incuidos). Há 30 anos entravam no País milhões todos os dias para nos modernizarmos e prepararmo-nos para que hoje pudéssemos “ombrear” com o resto da Europa,,,, a má gestão de quem nos governou fez com que isso não acontecesse , agora como qualquer casa mal gerida, o remédio é apertar o cinto e gerir os escombros,,, está a sér duro,mas não temos outro remédio quando somos pessoas de bem. Aos Gregos, só digo , sejam sérios ,honestos, competentes,trabalhadores ,,,,se Irlanda , Espanha , Portugal, (mais ou menos) ,com algum sacrificio,teem levado a “água ao moinho” , porque é que os Gregos o não fazem?, MÁ GESTÃO DO PAÍS , só gostava era de saber o porquê .

  17. 90% não chegou à grecia é mentira, não se deve cair no erro de se acreditar em tudo o que nos dizem, só mesmo quem nos quer impingir uma história mal contada.
    Não foram estes gregos,estes mesmos que nos andaram a enganar anos a fio e a esconderem as contas publicas?
    mas então estes sujeito que até o 15º mês tinham têm o direito de manterem as regalias e nós que paguemos?…………… Nah, andamos a aguentar coma a austeridade , aguentem eles ou façam um esforço para serem reconheçidos. Estou farto de preguiçosos, estou mas é farto de gregos, será que estes mesmos sujeitos pensaram em nós quando andavamos a penar?

    1. Se acha que o destino de Portugal é aguentar com a austeridade, aviso-o de que tem mais vinte anos pela frente. Aperte o cinto e siga. É uma escolha: tirar parte das pensões aos nossos pais e garantir o desemprego dos nossos filhos.

    2. Essa agressividade com o povo grego só demonstra 2 coisas, 1º é social democrata, 2º vive á nossa custa e faz menos que os gregos, pois é típico do clube cor de laranja defender-se da própria incompetência com o ataque sistemático a quem trabalha…

    3. António, o seu comentário é preconceituoso e sem qualquer sentido. Sou um homem de direita, mas com responsabilidade social. Respeito muito a opinião do Francisco Louçã, gosto muito de ler o escreve e ouvir as suas opiniões. Neste caso, premita-me não partilhar inteiramente da sua opinião. Aceito e sou da opinião de que a zona Euro anda a 3 velocidades: A alemanha, os PIIGS e os outros. A alternativa parece-me que reside no centro, onde a Alemanha, como uma economia ditaturial, parece estar a arrastar para a submissão os mais fracos e onde a Grécia vem vivendo numa espiral de desgoverno que apenas vem puxando os outros PIIS mais para baixo. Não simpatizava nem votei no atual PM, mas admito que demonstrou coragem e determinação na sua politica. A austoridade não pode ser um fim, mas um meio, um meio para equilibrar os abusos de 40 anos de defice orçamental, culta de todos os protugueses, pois quer queiramos quer não, os políticos foram eleitos pelo povo e são em grande medida o seu reflexo. Os Grégos estão a sofrer dos própios males e da descrença dos restantes povos europeus. As pessoas ficaram fartas de estórias de abusos e desgoverno dos Gregos. Eu preferia perder o que emprestei aos Gregos do que emprestas mais um Euro. Pena para o novo Governo Grego que até pode ter ideias muito boas. A Grécia é um outlier da caixa de pitágoras por culpa própria e parece-me que a saída do Euro é o único caminho.
      Sou um patriota mas mesmo assim emigrei. Quero continuar a crescer como profissionalmente e ajudar o meu país (mais que não seja com as transferências de divisas e com a promoção afincada que faço do melhor país do mundo). Espero que a austeridade severa em Portugal esteja a chegar ao fim, mas prefiro um país focado no equilibrio e austeridade moderada do que mais 40 anos de defice orçamental sustendado em emissão de dívida, juros, dependencia de credores e medidas politicas que oneram o futuro. Devia ser impedida qualquer medida que onere os orçamentos para além de uma legislatura. Se isto for proposto pelo Bloco, ate eu voto no Bloco. Cumprimentos RP

  18. Só o facto de não “poderem” divulgar a proposta é suficiente para desmascarar este modo de agir, em tudo anti-democrático e opaco.
    Se é nisto que se transformou a União Europeia, então é um barco de onde deveríamos saltar, e o mais rapidamente possível.

    Também tenho pena que os próprios cidadãos se virem uns contra os outros, pelas férias, televisões e frigoríficos, sem atenderem ao fundamental: para compensar os esquemas (legais…) de fuga de impostos das multinacionais, estão os cidadãos a ser esmagados. Sobre os lucros desviados (e posteriormente tributados a 0,1% e mini-taxas do género em offshores), nem uma palavra…

    1. Pois é verdade. Já dizia Martin Niemöller:
      “Quando os nazis vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista.
      Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um social-democrata.
      Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não disse nada; eu não era um sindicalista.
      Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu.
      Quando eles me vieram buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar.”

      Só que estes detractores nem em silêncio ficam, apontam o dedo.

  19. Tanta revolta que sinto! Como é possível não ver o óbvio?
    Só uns imbecis como PPC, Rajoys e outros que tais que chegam às instancias europeias e abanam a cabeça e dizem sim senhor à Sr.ªMerkel, não estão habituados a negociar nada (é mais fácil!).
    Agora aparece alguém a questionar e a propor novas ideias e são apelidados de irresponsáveis….
    Enfim, tenho vergonha dos representantes portugueses que temos, nomeadamente, primeiro-ministro e Presidente da República, este só comparado ao Tomás.

  20. Sr. Louça, desde já quero dizer-lhe que sou um atento seguidor da sua pessoa, tanto na Tv como aqui pelas redes sociais. Dito isto, e nunca discordando com a sua visão que a austeridade é o bloqueio mental do séc. XXI, que tenta resolver um problema ao mesmo tempo que o agrava. Também convém dizer, que entre a hipocrisia de um BCE que diz querer ajudar uma Grécia, enquanto na verdade apenas teme pelos efeitos da saída do Euro desta mesma, e a total irresponsabilidade da Grécia em sair do Euro desta forma, venha o diabo e escolha.

    Cumprimentos

    1. A única irresponsabilidade, na minha opinião, é rejeitar uma negociação séria. E isso está do lado da Alemanha e do BCE.

  21. Não comprei frigoríficos com o dinheiros dos outros. Não pedi dinheiro emprestado para o encher de cervejas, nem vi jogos de futebol na televisão que não tenho comprada com dinheiro que não era meu. Tenho vivido como posso desde que a mentira que nos têm contado passou a ser verdade: a culpa da recessão económica é nossa, de todos nós, mesmo daqueles que não são donos dos bancos e que não andam de braço dado com empresas que têm como podem vendido a mentira.
    Não fui eu que conspurquei o país de ignorância, que comprei jornais e profissionais de jornalismo para que vendam a minha verdade. Não sou eu quem tem dormido com banqueiros, com construtores de submarinos, com traficantes de influências, com sucateiros, com dirigentes desportivos e afilhados que guiam táxis. Não fui eu que vendi, e barato, o país ao preço do cartão dourado. Não sei quem sou o Presidente da República e que tenho, provavelmente, mais amigos presos que todos juntos os seus antecessores desde 1910. Não sou eu que destilo ódio pelos meus concidadãos em noite de vitória eleitoral do alto da varanda do Centro Cultural de Belém. Não fui eu que me demiti e que voltei depois da birra feita comare de D. João de Portugal. Não sou eu quem vai à bola e que enche o olhos de vazio e ignorância para que a cabeça não pense. Não sou eu que tenho que responder perante o meu vizinho do lado pela razão da sua reforma quase não chegar para todos os medicamentos que precisa: querem lá ver o tipo, aos 70 anos a querer enganar os contribuintes alemães; hipertenso?, diabético?, do. Problemas de circulação, de visão? E quem têm os alemães com isso, porque razão não teve esse indivíduo mais cuidado cima sua saúde, para que agora não tenha que viver à custa do estado, e da Europa que trabalha para ter frigoríficos, cerveja e futebol?

  22. A cegueira intelectual do F Louçã é inconcebivel em alguem que supostamente é professor de economia. Para além de ser intelectualmente desonesto aborda o assunto da divida da Grécia como ela não existisse e fazendo tabua rasa daquilo que é a sociedade Greca. Corrupção, fuga aos impostos, privilégios em cima de privilégios, etc, etc. Mas o Louçã não quer saber. Os culpados são os bandidos dos bancos alemães e franceses. Temos que acabar com esta ladainha do Syriza, do BE e de toda a esquerda caviar que é alimentada por uma impressa amiga.

    1. “José Pedro”: esta é uma forma de discutir, escrever um grafiti de insultos. Desejo-lhe felicidades, mas este blog não é para isso.

    2. Engraçado quando alguém não ‘e da mesma corrente de opinião que o Sr. Prof. já ‘e insulto.
      Comentar sobre a parte que o utilizador expôs não interessa. Claro que não interessa. Essas coisas não são para se discutir. O que ‘e para discutir são este criminosos dos capitalistas, dos Alemães e afins. Esses sim os criminosos de hoje, porque o resto, o resto são apenas uns desgracadinhos que foram enganados(e continuam a ser) por esses mesmos criminosos.

      E sim também considero de um intelectualmente desonesto, fazer todos os dias discursos vs artigos, sobre este assunto, sem nunca uma única vez ter tido umas pequenas linhas sobre o comportamento da sociedade Grega. Umas linhaszinhas chegavam. Mas essa parte não interessa.

      Ja agora poderia também aproveitar e falar da queda vertiginosa de impostos desde que se alimentava que esta ideologia iria estar no poder, no antes e depois das eleições. Ou seja, mais irresponsabilidade e sabendo que não era preciso pagar impostos, que alguém haveria de pagar as contas.

      Ou seja, nada mudou, nem nada vai mudar naquela sociedade. Mas sim são os coitadinhos explorados por criminosos.

    3. Considerar um ponto de vista diferente como “intelectualmente desonesto” vale o que vale. É a escolha do José Pedro e do Luciano Patrão. Falam sozinhos, felicidades.

  23. Num dia em que a Europa da austeridade a qualquer custo deixou cair a máscara da Democracia de que se reclama ao impôr à Grécia um ultimato que corresponde à tentativa de a obrigar a aceitar sem qualquer alternativa aquilo que o povo grego rejeitou expressamente nas urnas há poucas semanas atrás, quero deixar a minha concordância com mais um interessante artigo de opinão e análise do Francisco Louçã. Cumprimentos, RM.

  24. Eurozona está definitivamente entregue aos cobradores de impostos da Troika e dos Bancos – Dijsselbloem, Schäuble e outros Coelhos que tal. E continua-se a ignorar os insuportáveis efeitos das insuficiências na arquitectura da zona euro.

  25. A eventualidade de um não acordo, trará, do meu ponto de vista, cinco consequências imediatas: 1ª esta Europa não é a Europa que nos venderam aquando da adesão à moeda única; 2ª esta Europa é uma ditadura do pensamento único; 3ª sem a Grécia, a designação Europa, é uma usurpação política de um nome atribuído a uma região continental que inclui a Grécia, obrigatoriamente; 4ª com a saída da Grécia esta UE será uma manta de retalhos à espera que lhe deitem o fogo. Jaques Delors estará a pensar onde terá errado. 5ª Jamais serei cidadão europeu se tiver de me sujeitar à hegemonia franco-alemã.

    1. Já se sujeitam. A Alemanha é dona de vocês… Ela comprou vocês (Portugal), comprou a Grecia, comprou a Espanha, comprou a Italia… Ela manda, e vocês obedecem quietinhos…
      E comprou até um 7 a 1 na copa… Meu querido patricio, eles mandam em metade do mundo… Só não voltamos a época da polarização com o enfraquecimento dos EUA, porque estamos em outros tempos… Só que agora, Ficam EUA, Alemanha, França, Japão e China unidos para quebrar com todo resto.

  26. Alemanha e só a Alemanha ? Não foi por unanimidade ? Não têm os outros governos europeus a mesma legitimidade democrática que o governo Grego ? Não sabemos se em 2015 outros países seguirão o caminho Grego, mas até haver mais eleições os Governos actuais estão democraticamente mandatados para implementar a austeridade que foi com esse programa que foram eleitos.

    1. O problema é que austeridade nos trouxe à beira da depressão, com a europa em deflação. A realidade impõe-se e é muito feia de se ver. Podemos continuar ou corrigir. Foi isso que os gregos escolheram.

    2. Na verdade o Sr. Dr. Louca so pensa no voto dos Gregos. O Syrisa apenas obteve 36% e o resto querera o que o Sr, Tsipras quer?
      Os Gregos sabem que apenas ha uma hipotese e levanter o pais e continuar a pertencer a nucleo dos ricos. Caso voltem ao Drakma sera a fome, o desemprego, falencias e antes de tudo isto a fuga de capitais de que os Gregos precisam como de pao para a boca.
      Os Gregos caso o Sr. Tsipras e Varofakis sigma com o que desejam, dentro de algum tempo teremos novos coroneis na Grecia. Sera isto que o Sr. Louca deseja?

    3. Sr. Francisco….”os governos actuais estão democraticamente mandatados para implementar a austeridade que foi com esse programa que foram eleitos”
      No caso dos outros paises, não posso responder…mas no caso Portugues…esse foi o programa eleitoral com que foram eleitos??????
      Não sei onde o senhor andou durante a campanha….mas este é considerado dos Governos que mais fez exatamente o contrario do que prometeu na campanha.
      Todos o fazem (promessa de politico é para esquecer)….mas este atingiu niveis nunca antes vistos.
      Por isso não…não tem essa “legitimidade”…porque quem os colocou no poder, não foi com com este programa que o fizeram.

      Sr. Manuel Lopes….” o Syrisa apenas obteve 36% e o resto,quererá o que o SE Tsipras quer? “……..pois bem, as sondagens efectuadas HOJE, dariam a maioria absoluta ao Syrisa por quase 60% dos votos. Esse seu argumento…cai um pouco por terra

  27. Os responsáveis alemães estão a instigar o ódio na população grega e o nojo dos decentes. E isto em nome do quê? Em nome de quem? De que interesses? Com que base técnico científica? Querem que acreditemos em quê? Uma nova versão do ‘o trabalho te libertará’?
    Seguir-se-á a Espanha, agora com mais força.

    1. Em nome de quem? de que interesses? Dos grandes grupos económicos, das grandes famílias, cujo corolário é atingido na reunião que todos os anos fazem e que se chama: BILDERBERG! (não sei porque é que esta palavra é tão evitada…) Que tem os políticos na mão, os quais em troca de um prato de lentilhas praticam políticas suicídas, que destroem os seus países como aconteceu na Grécia e está acontecer em Portugal, Irlanda, etc… ´
      Toda a gente sabe que o dinheiro emprestado é para financiar a banca, perdão, os desmandos da banca e não na economia real! Por isso ´s que o crescimento é o que se vê e a dívida tem aumentado, ao contrário do que os mitómanos dos (des) governantes nos querem fazer crer!

  28. Independentemente de simpatias ou ideologias partidárias eu acho muita graça aos comentários irresponsáveis de uma esquerda caviar que cultiva, divulga, e incentiva uma prática irresponsável que grassa no nosso país: A cultura do não pagamos! Irresponsável, sim, pois o que a Grécia pretende (suportada pela ingenuidade de uns e sofisma de outros) a redução em 70% de uma dívida que contraiu para comprar submarinos, construir estádios, organizar jogos olímpicos e untar as mãos a políticos corruptos e pagar os remanescentes 30% num empréstimo a 40 anos e, seguidamente, vai pedir mais dinheiro (àqueles que diaboliza) para incentivar a economia. Mas isto é um conto de fadas, é uma república de ingénuos? Ou querem fazer de nós burros? A Europa entrou por um caminho de desindustrialização acelerada, dedicando-se à distribuição, turismo e venda de produtos financeiros. O povotodo adorou ter juros baixos e poder comprar os famigerados frigoríficos de que o Cavaco tanto gosta e que o Francisco Louçã abomina, agora… chegou a hora de pagar…Quer dizer: Todos usaram o frigorífico, pediram dinheiro emprestado para as cervejas, para o jogo de futebol, para o carro, para as férias no estrangeiro, para o cartão de crédito, etc. etc. etc. agora assobiam todos para o ar apoiados numa esquerda que vê vítimas em todo o lado…eu só vejo consumidores que, na euforai do crédito fácil, não leram nas entelinhas do contrato…temos pena !

    1. O problema é que estamos a pagar os bancos alemães e franceses. Varoufakis tem factualmente razão ao dizer que 90% do dinheiro do empréstimo nunca chegou à Grécia. Persistir no erro não o corrige.

    2. Ao que parece, segundo as estatísticas que não foram contestadas, temos 2 milhões de pobres. E quanto mais pobres tivermos, menos pagam mais. O governo que foi hoje autorizado a restituir 14 mil milhões, é o mesmo que gerou mais de 20% de desemprego real e 2 milhões de cidadãos privados da dignidade e dos bens essenciais. A consciência só pesa a quem a tem.

    3. Leio, incrédulo, o comentário acima…Pensava eu que o acesso á informação teria permitido que as pessoas, alargassem a sua visão sobre o grave problema em que se encontra uma parte significativa da “europa”, mas vejo que não. Eu confesso os meus pecados, comprei cerveja, fui ao futebol, fiz férias e até comprei uma casa. Tudo isto fiz e tudo paguei ou continuo pagando, como uma parte dos cidadãos deste país, assim que a divida do meu país não resulta da minha irresponsabilidade. E por isso não sou vitima das minhas ações…eu fui ao frigorifico. Pena é que tenha olvidado o gajo que roubou o frigorifico, o carro, a casa, o trabalho e a esperança de milhões de cidadãos deste país…é que o dinheiro que alguns “artistas” pediram não foram para pagar as minhas dividas ou os meus roubos, mas sim os roubos de uns poucos ladrões e corruptos.

    4. Mais ou menos. Se me perguntar se há responsabilidade Grega, claro que há. Mas também há responsabilidade Alemã. E há porque a banca Alemã enriqueceu emprestando a uma economia Grega que sabia problemática, já com elevadas taxas de endividamento, e fê-lo com um interesse egoísta. E mais, não nos podemos esquecer quem é o maior consumidor de exportações Alemãs:
      http://www.spiegel.de/international/business/bild-703617-105269.html
      graças a uma unificação europeia que cria meios fáceis a uma economia poderosa com a qual, sejamos honestos, um país periférico com 10 milhões de pessoas como o nosso (ou como o Grego) dificilmente pode competir.
      Eu nunca esperaria que Portugal ou a Grécia tivessem um produto interno bruto como o Alemão. Mas a discussão está se os valores Europeus são de facto europeus, e se há aqui coerência Europeia, ou se vivemos no cada um por si. Porque é cada vez mais esta a dúvida, e sejamos honestos, alimentada com razão por políticas austeras de hegemonia económica.

    5. Calma, o dinheiro chegou à Grécia há muitos anos – emprestado por bancos (alemães, portugueses, espanhóis, italianos, etc.) e indivíduos de todo o mundo que quiseram emprestar dinheiro aos Gregos para eles fazerem o que quiseram (com governos democraticamente eleitos ao leme). O dinheiro do resgate foi usado para pagar dívida cujo termo tinha chegado. Dizer que o dinheiro não chegou à Grécia é mentira, chegou e eles usaram-no para pagar dívidas por eles criadas.

    6. Na tua ideia, toda a gente que compra “frigoríficos” são uns malandros que não querem pagar, não é verdade? Fk you!

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