Tudo Menos Economia

Por

Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

António Bagão Félix

12 de Agosto de 2014, 13:48

Por

Clareza precisa-se

Usando uma imagem empresarial, os actuais contribuintes são os “accionistas” do Estado e os futuros contribuintes por via da dívida pública são os detentores de “obrigações subordinadas”.

Ora, mandaria a regra da transparência e da clareza que assuntos como o BPN e agora o BES não deixassem qualquer margem de dúvida. Tudo bem cristalino.

Mas, o que acontece é uma enorme confusão. Quase todos os dias temos dados novos, contraditórios, parciais, incompletos. É impossível chegar-se à verdade. Sobretudo da factura que nos vai ser apresentada no fim de (e das) contas.

No BPN, mais números vieram à baila por via do Tribunal de Contas. A seguir, fala-se dos empréstimos (?) da CGD aos veículos ligados à liquidação do Banco. Diferentes de outros. Afinal, quanto é que vai ser o custo total e final (sem disfarces contabilísticos) deste triste caso?

Ainda o BES vai no adro, e a confusão já é muita. Ontem, por via não oficial, souberam-se dados sobre o apoio do banco central no valor de 3,5 milhões. A fronteira entre o banco bom e o banco mau é tudo menos clara. A ministra das Finanças tem certezas incertas como a de que nada será assacado aos contribuintes. Esquece até que o maior banco do Fundo de Resolução é 100% público, a CGD. As autoridades de supervisão defendem-se e trocam galhardetes. O Banco PT (perdão, a Portugal Telecom) financiou incestuosamente o GES em 900 milhões e quase ninguém sabia ou se recorda.

Enfim, usando um frequente oxímoro, tudo é de uma “obscura claridade”. Ou de uma “clara obscuridade”. O Governo tem o dever (intransmissível) de tudo clarificar. Agora e para a frente. Sem eufemismos literários ou contabilísticos. Assim exige o bem comum e o respeito pelos que pagam o Estado.

Comentários

  1. Pingback: Clareza precisa-se
  2. Se acabassem de vez com a promiscuidade entre a Banca e o poder Politico, Imponha regras á banca, se são empresas ,deveriam ir á falência como outra qualquer, todas as teorias economicistas designadas de ” Engenharias

    Financeiras” são meras tretas, para um positivista ou uma pessoa minimamente sensata sabe a MÁXIMA clássica : Quem deve mais do que aquilo que tem, não tem nada.

  3. Caro BF. Concordo no geral com o seu artigo. A confusao é muita e só pode ter uma de duas causas ou ainda ambas (o mais provavel) :
    1) Os decisores do BdP (em concordancia com o Governo) foram e continuam a ser extremamente negligentes e incompetentes na resolucao do problema. Assim sendo, estamos a ver o resultado do desnorte que se passa todos os dias no BdP, com solucoes preparadas “em cima dos joelhos”.
    2) Esta a ser implementada uma estrategia de comunicacao faseada, com factos contraditorios e incompletos de modo a que a maioria das pessoas nao consigam entender o que na realidade se esta a fazer e que apos algum tempo se fartem e voltem a falar do campeonato de futebol e dos incendios
    A grande pergunta é, porque razao nao quer o Governo e BdP que haja clareza em relacao a este assunto? Sera que afinal vao ter de ser os contribuintes a pagar o buraco do BES (directa ou indirectamente)? Sera que afinal o Novo Banco nao tem os activos que se pensavam existir e portanto é na realidade um castelo de cartas? Ou será que estamos todos paranoicos?

  4. Permita – me remeter para o comentário que deixei com Ricardo Cabral, relativo à confusão em torno dos juros que a Sr.ª Albuquerque resolveu lançar, nomeadamente pela justificação apresentada para o empréstimo (do fundo de recapitalização da troika) ser feito com um prémio de apenas 0,15%, quando o Estado (i.e nós, os contribuintes) pagamos cerca de 3,3% por esse capital. Mas afinal qual é a lógica subjacente a tamanho disparate? Custa a perceber como, durante três anos, vilipendiaram Sócrates e a solução aplicada ao BPN, para agora sermos confrontados com declarações públicas que logo em seguida são desmentidas por revelações de escritórios de advogados; empréstimos escondidos que ninguém explica; e uma inacreditável – e célere – auditoria aos activos de um banco (?) que ora está falido, ora é saudável e recomendável. Um PR disse um dia que havia vida para além do défice, mas Coelho anda completamente perdido neste “País das Maravilhas”. E já sabemos quem vai ter de pagar a factura de tanto desnorte.

  5. o dr.felix têm muitas duvidas sobre este caso de policia(caso BES ou BPN),agora imagine o que sente o cidadão comum,que não têm acesso aos “bastidores da politica” e que não tem os conhecimentos de economia destes comentadores.sim,falo de pessoas desempregadas,zangadas com esta “casta de politicos” ,com os jornais(tipo pasquim CM) que passam a vida a provocar as pessoas com “sensacionalismos cor de rosa”.Dr.felix,o que as pessoas dizem é:estamos fartos de tanto ladrão de “colarinho branco”

    1. Acho que não uma boa linha de argumentação falar mal dos políticos, quando quem os lá pôs fomos nós os eleitores!

  6. Finalmente a opinião que era preciso. Há muito tempo!

    È que de “opinion makers” comprados a preço de ouro, está o inferno cheio!

    Bem hajam e por favor, continuem.

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