Não se trata de outro comparativo entre as duas enciclopédias. Na altura em que a Wikipedia debate um modelo de revisão que a aproxima de uma enciclopédia tradicional, a Britannica abre-se, ainda que moderadamente, a contributos externos.
A ideia de alterar o funcionamento da Wikipedia implica que os contributos de recém-chegados sejam revistos por utilizadores experientes antes de surgirem nas páginas – o que é uma má ideia, capaz de anular uma das grandes vantagens do site.
A proposta é do próprio fundador Jimmy Wales e surge depois de o site ter erradamente dado como mortos dois senadores veteranos que saíram antecipadamente do almoço de tomada de posse de Obama (um deles desmaiou e foi hospitalizado, o outro saiu pelo próprio pé; estão ambos de boa saúde). Os erros não estiveram online mais de cinco minutos.
A proposta de alteração do funcionamento da Wikipedia já foi atacada por alguns utilizadores, que consideram o processo (que já vigora na Wikipedia alemã) demasiado moroso e trabalhoso.
Já a Britannica, conforme havia anunciado, passará a contar com contributos de alguns peritos e leitores convidados. Não é uma abertura ao estilo wiki, mas não deixa de ser um passo significativo.
Ora, introduzir um processo de revisão na Wikipedia pode ajudar a evitar erros – mas anula uma das grandes vantagens do site face a enciclopédias tradicionais: a rapidez com que consegue documentar novas realidades.
De eventos em curso (como aconteceu com o furacão Katrina) até novidades tecnológicas, a capacidade de resposta dos milhares de voluntários assíduos excede, de longe, a capacidade da Britannica de se manter actual.
A Wikipedia tem falhas – mas querer colmatá-las mitigando a sua própria essência e desperdiçando um dos grandes trunfos não é uma boa estratégia.
Para utilizadores cientes das limitações do site, a Wikipedia é uma fonte preciosa de informação. O único problema da Wikipedia tem sido querer assumir-se como aquilo que não pode ser: uma enciclopédia de facto.