A notícia não chegou como uma surpresa: o presidente da Apple, Steve Jobs, 53 anos, vai estar afastado da empresa durante cinco meses, por motivos de saúde.
“Infelizmente, a curiosidade sobre a minha saúde continua a ser uma distracção, não apenas para mim e para a minha família, mas para toda a gente na Apple”, explicou Jobs num comunicado enviado na semana passada aos trabalhadores. Jobs conta voltar ao trabalho em Julho, mas já se começa a trilhar o complexo caminho da sucessão.
Quando a notícia se tornou pública, espalharam-se rapidamente pela Web os desejos de melhoras, escritos pelos fãs da marca em sites e blogues ou em ferramentas como o Twitter. Seria uma reacção esperada se se tratasse de uma estrela da música ou do cinema – mas é um cenário improvável quando se trata de um presidente de uma multinacional na área da tecnologia.
Jobs, contudo, é uma espécie de vedeta. É considerado por muitos um visionário e um ícone no mundo da tecnologia. As suas aparições em público (falhou este ano a habitual Macworld, acabando por admitir que foi por motivos de saúde) são recebidas com aplausos de uma multidão entusiasta.
A saúde de Jobs tem sido tema de especulação nos últimos meses: desde o Verão que o presidente da Apple tem visivelmente vindo a perder peso – e a cada quilo a menos notado numa aparição pública as acções da companhia ressentiam-se.
Negando os rumores de que se trataria de uma reincidência do cancro pancreático, que o obrigou em 2004 a uma cirurgia, Jobs veio recentemente anunciar que o emagrecimento se devia a um desequilíbrio hormonal. No comunicado enviado aos funcionários diz que o problema de saúde é, afinal, “mais complexo” do que inicialmente se julgava.
Parece consensual entre os analistas que Jobs está perto de ser insubstituível. “Steve Jobs é único. Não pode ser substituído. Ninguém tem o seu carisma e visão”, explicava em Outubro, ao PÚBLICO, o jornalista e escritor americano Dan Lyons, especialista na Apple (e autor do famoso blogue The Secret Diary of Steve Job). Já nessa altura Jobs mostrava sinais de pouca saúde.
O afastamento por cinco meses deixa a empresa nas mãos do número dois Tim Cook. Também em 2004, foi Cook a assumir a liderança durante a ausência do CEO e, embora seja praticamente desconhecido para a maioria dos consumidores, é tido como uma das pessoas mais bem posicionadas para assumir o cargo de presidente quando Jobs se afastar.
Cook também partilhou várias vezes o palco com Jobs, durante o anúncio de novos produtos e, recentemente, o seu papel nestes eventos tem sido mais relevante. No entanto, em Janeiro, na Macworld, foi o vice-presidente Philip Schiller a dar a cara.
A sucessão pode, na Apple, ser uma questão complexa. Mas o certo é que Jobs, que fundou a empresa na década de 70 e foi fulcral para a salvar da falência em finais da década de 90, já não é imprescindível ao negócio: a venda de computadores tem vindo a aumentar a um ritmo sustentado e o negócio da música, assente na enorme popularidade do iPod e do iTunes, está em velocidade de cruzeiro.
O génio que muitos atribuem a Jobs pode bem já não ser necessário.
pois, pode não ser necessário agora. Mas, no futuro, pode voltar a ser necessário o seu génio para voltar a “salvar” a Apple, da falência ou de outra coisa qualquer. mas isso, o futuro dirá! e as acções, como vão?