Este artigo sobre o modelo de negócio do Google não traz nenhuma ideia nova, mas merece ser lido por conter alguns dados interessantes (por exemplo, o Google tem 25 cêntimos de lucro por cada dólar de receita, ao passo que as gigantes IBM e a HP, embora gerem muito mais receitas, ficam, respectivamente, com 11 e sete cêntimos por cada dólar).
O artigo, porém, retoma a ideia (que vai surgindo com alguma frequência nos textos sobre o assunto) de que o Google vive do conteúdo criado por outros (mais precisamente, de organizar esse conteúdo), enquanto até a Microsoft investiu na criação de conteúdo (com a Slate e a MSNBC).
No caso deste artigo, a referência ao conceito de “Google-parasita” é ténue. Mas outros (Andrew Keen, no seu Culto do Amadorismo, por exemplo) não hesitam em classificar o o Google como um parasita da informação.
Numa argumentação como a de Keen, a criação do conteúdo é valorizada – é a tarefa nobre -, enquanto a organização desse conteúdo é remetida para segundo plano e vista como uma tarefa secundária. Numa analogia com o mundo offline, o criador de conteúdo seria, sob este prisma, o escritor e o motor de busca o bibliotecário.
A questão é que, na Internet, o bibliotecário é fundamental e os bons bibliotecários (ou seja, os motores de busca de topo) são insubstituíveis. Na Internet, organizar o conteúdo não é uma tarefa trivial – contrariamente, aliás, ao que acontece com a criação e publicação de conteúdo.
A blogosfera veio mostrar que a publicação de conteúdo é simples e ao alcance de praticamente qualquer pessoa com uma ciberliteracia básica (disponibilizar bom conteúdo, claro, já não é tão simples; mas, ainda assim, está ao alcance de qualquer indivíduo com a dose necessária de talento).
Ora, organizar todo o conteúdo online (e, já agora, ajudar a separar o trigo do joio) não está, hoje, ao alcance de qualquer pessoa sentada em casa e com um computador à frente. Na Internet, não faz sentido desvalorizar a organização da informação em favor da criação de informação.
Organizar é uma tarefa que implica enormes recursos e, para ser feita de forma a responder às exigências actuais dos cibernautas, implica o empenho de companhias como o Google ou Yahoo.
Neste caso não me interessa tanto discutir o google (e haveria nuito a discutir), mas apenas discordar da identificação leviana entre os “bons bibliotecários” e “os motores de busca de topo”. Aponto apenas uma razão: fazê-lo é cair na conceopção errónea, embora vulgarizada, de que o ambiente da Internet (ou da web)se assemelha ao ambiente de uma biblioteca (tradicional ou híbrida, na terminologia anglo-saxónica). Essa noção, aliás é muito convenientemente propagandeada pela Google: Isabel Aguilera, directora de Google Espanha, declarou em Julho de 2006, que as “bibliotecas vão desaparecer” e que “Google se está a converter na nova biblioteca mundial”. Não está.
José Afonso Furtado
http://www.mysuperyes.com
Fugindo um pouco do assunto, mas algo tão interessante quanto é esse site você pode criar um site de buscas com seu nome, ou com diversos wall papers entre outras formas, vale a pena. Abs.