In Hora Mortis, de Miguel Loureiro, apresentou-se de 17 a 26 de Julho na capela do Teatro Taborda com interpretação do próprio e de Sara Graça. O modo como o espaço é investido, ocupado apenas pela palavra e pelo desejo de presença – e de pertença – expõe, uma vez mais, a singularidade do olhar de Miguel Loureiro na abordagem dos textos e do papel de um actor no confronto com a importância das palavras como acções. O teatro de Thomas Bernhard, marcado pela impotência humana, ultrapassada pelo rolo compressor da História, revela-se aqui, e pela intensa brevidade deste encontro, palavras de mágoa e impossibilidade. A contemplação torna-se acção quando o desejo de fuga é desejo de resgate, como de houvesse necessidade de expiação de uma culpa, por mais alheia que seja. Raro e descrente da simplicidade poética, In Hora Mortis, é uma raridade na confusão dos dias.
Perfil do encenador e dramaturgo (ocasional) publicado no PÚBLICO a 11 Dezembro 2012