Philippe Quesne e a arte da ilusão

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Philippe Quesne chega amanhã ao Porto para encerrar a temporada 2014-2015 do Teatro Municipal do Porto. No Auditório Manoel de Oliveira apresenta-se Swamp Club, estreada em 2013 e sendo a última criação do encenador e cenógrafo francês para a sua companhia Vivarium Studio, antes de assumir a direcção do Théâtre Nanterre-Amandiers.

É a primeira vez que Quesne se apresenta no Porto, depois de ter passado pela Culturgest em 2009 com L’Effect de Serge e La Melancolie des Dragons, e em 2012 com Big Bang. A Inês Nadais conversou com Quesne e o texto é publicado hoje no ÍPSILON.

 

Excerto do texto “O teatro do irrepresentável chegou a Avignon” sobre Swamp Club, publicado a 19 Julho 2013 no PÚBLICO:

“Philippe Quesne, prolongando um teatro que opera ao nível dos sentidos, cria uma perturbante parábola sobre o desaparecimento do próprio ser humano. É um teatro que existe para lá do que possa ser representado e, por isso, as frases surgem correntes, os gestos banais, as acções intensamente práticas. Mas, no mesmo cenário apocalíptico que nos havia deixado no fim de Big Bang(apresentado na Culturgest/Alkantara Festival em 2012), Quesne desafia o princípio do storytelling e cria uma narrativa em que a consequência antecede a causa.

O grupo de investigadores que os actores interpretam dedica-se a antecipar o fim do mundo e habita já numa pós-realidade, em que a matéria é transitória, logo a sua representação impossível. A melancolia característica destas encenações-panorâmicas surge aqui sob a forma de animais empalhados e uma gigante toupeira que é, ao mesmo tempo, ex machina e oráculo.

Elementos perturbadores que – a par do quarteto de cordas que interpreta A Morte e a Donzela, de Schubert, como se fosse o epitáfio evidente – activam a relação de cumplicidade entre o estado de observação, de inacessibilidade, no qual Quesne coloca o espectador, e o convite certeiro à execução de um teatro do irrepresentável, onde tudo é intuído e desejado, onde o lifestyle da tecnologia e o spleen convivem como se fossem uma e a mesma coisa.

Nada em Philippe Quesne foi, alguma vez, tão experimental, tão efémero e tão hiperbólico como agora em Swamp Club, onde a vivência do humano – intérprete e espectador – contém um só desejo de evasão.”

 

Para ler aqui texto sobre Big Bang: Do plâncton ao pós-modernismo (ÍPSILON, 25/05/2012)

Para ler aqui um perfil do encenador escrito em 2010 para o festival FARº, em Nyon: O verbo inicial segundo Philippe Quesne

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