Festival Materiais Diversos: Dança e teatro em português dos dois lados do Atlântico

 O Festival Materiais Diversos, dirigido pelo coreógrafo Tiago Guedes, junta nomes de Portugal e do Brasil para duas semanas de espectáculos em Setembro.

 

Estudo para o cenário de Paraíso, de Marlene Monteiro Freitas (Foto: DR)

 

A quarta edição do Festival Materiais Diversos, comissariado pelo coreógrafo Tiago Guedes, já tem datas e programa. De 14 a 29 de Setembro Minde, Alcanena e Torres Novas voltam a ser invadidas por espectáculos, desta vez fortalecendo os laços entre Portugal e o Brasil, sob a égide do ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal.

A programação junta 14 espectáculos, 9 deles portugueses, entre os quais a nova peça da bailarina e coreógrafa Marlene Monteiro Freitas que com Paraíso abre, dia 14, o festival. A coreógrafa, que apresentou uma etapa de trabalho a 19 de Abril no Centro Coreográfico de Tours, em França, diz no programa que a nova peça trabalha a partir de uma ideia de jogo com o espelho. “É um jogo sobre o que é imaginário e o atravessar da fronteira. Mas qual fronteira?”, pergunta a coreógrafa.

A mais recente criação de Sofia Dias e Vítor Roriz, Fora de qualquer presente, estreada este sábado, 2 de Junho, no Alkantara Festival, marca a segunda presença da dupla de coreógrafos que, a partir de agora passam a ser artistas associados da Materiais Diversos.

Um outro artista associado, Martim Pedroso, mostra Penthesilia, a partir do texto de Kleist, que entrará depois em digressão nacional. A peça, apresentada como “dança solitária para uma heroína apaixonada” e “é um hino à imaturidade dos amantes”, escreve-se no programa. A abordagem dramatúrgica, assinada pelo encenador, “subverte o mito clássico de que a rainha das Amazonas morreria pela espada de Aquiles durante a guerra de Tróia”. “Na peça do dramaturgo alemão, é Aquiles quem é brutalmente desmembrado pela rainha confusa por experimentar sentimentos novos e obcecada pela conquista que a sua tradição lhe exige. Em cena, soam as vozes de uma poderosa luta entre o belo e o terrível, a razão e a emoção, a sociedade e os afectos”.

Do outro lado do Atlântico chegam os trabalhos do colectivo Foguetes Maravilha (Ninguém falou que ia ser fácil) e dos coreógrafos Denise Stutz (1 Solo em 3 Tempos), Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira (Baseado em factos reais) e Christian Duarte. É este coreógrafo que apresentará Hot 100 – The Hot One Hundred Choreographers, viagem pelo discurso e universo de outros coreógrafos, num jogo criado a partir da obra de texto-painting The Hot One Hundred, do britânico Peter Davies. Explica o coreógrafo, a propósito do processo de selecção e posterior trabalho de movimento: “Talvez, a flexibilidade seja uma estratégia para lidar com a dificuldade de fazer escolhas. Talvez a flexibilidade esteja em mim, por conseguir encontrar mais de cem coreógrafos-espetáculos que considero hot ou, talvez, o meu conceito de hot seja bastante flexível. Em alguns casos, acho mais hot o coreógrafo do que a sua obra, pelo seu modo de existir, pelo conjunto do que faz ou fez, em outros casos a obra seria hot mesmo se fosse anónima.”

A programação completa-se com um espectáculo de Ana Rita Teodoro (Melte), nas ruas de Minde, um projecto de Michel Blois, Thiaré Maia, Nuno Gil e Flávia Gusmão (Dulce, realizado entre os dois países), um outro do colectivo Os Poetas do Movimento (Branca de Neve) e concertos de Miúda A2, Noiserv e Nice weather for ducks.

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