Hoje no Ípsilon (Alkantara Festival)

Hoje, para ler no ÍPSILON, uma entrevista de Ana Dias Cordeiro com o encenador e autor Tiago RRodrigues, a propósito da estreia, dia 29, de Três Dedos Abaixo do Joelho, viagem ao mundo da censura teatral duramnte o período do Estado Novo.

 

E ainda, um perfil de Philippe Quesne, a partir de Big Bang, a peça que hoje e amanhã apresenta na Culturgest.

PHILIPPE QUESNE (photo by Victor Tonelli/ArtComArt)

“Desde que começou a produzir espectáculos, Philippe Quesne tem trabalhado não a partir de narrativas lineares, mas a partir de sujeitos mais amplos, muitas vezes especulativos, dando aos seus espectáculos não apenas essa dimensão exploratória dos laboratórios, mas também a possibilidade de contemplação de um outro paradigma teatral: um que, precisamente, não se encerre num formalismo premeditado e finito, mas antes se apresente como uma hipótese de estudo.

Em 2003, com La démangeaison des ailes a peça desenhava-se a partir de uma dramaturgia em queda livre, solta e imaginativa e suficiente para podermos projectar nas várias sequências um desejo de evasão que se revelaria trágico. A ressaca dessa experiência veio a série Des expériences (2005) ou aquilo que poderia ser designado como uma estupefacção perante o enfrentar das consequências produzidas no futuro pelas nossas acções. Um ano depois, em D’après nature, Quesne começava a deixar que preocupações à escala global, como o ambiente, se tornassem numa metáfora para as mais diversas problemáticas, e sobretudo para a nossa incapacidade, que ele via como imobilismo, para lidar com algumas dessas ameaças. O desejo de invenção,  e de recriação, surgiria depois, com L’Effet de Serge (2007), La Mélancolie des dragons, (2008) e agora com Big Bang. Como se Quesne procurasse, através de uma inventariação de dados, relacionamentos e memórias, colectivas ou individuais, emocionais ou construídas, sugerir uma outra história para o mundo. É um projecto ambicioso, admite, mas o modo como o construiu permite a sua modelação permanente. “Eu vejo-a como algo melancólico, não necessariamente sobre a presença humana, mas sobre um mundo natural que se gere a si mesmo”.

Big Bang é um festim visual mas é-o, sobretudo, porque o reduzido uso do texto, e as muitas situações onde os actores-cientistas deslocam os objectos (desde canoas a mesas, de paus para uma fogueira a um carro), redesenham uma cenografia que produz belíssimas imagens, é certo mas, sobretudo, se comporta como uma paisagem não apenas visual mas também dramatúrgica.”

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