Em nenhum outro lugar do país se fala um português tão rico como no Porto. Perdoem-me os bem-falantes de todas as latitudes, mas eu, que já morei em muitas terras, nunca vi acariciar as palavras como no Porto. E não me refiro às camadas cultas. Por mais que isto custe aos lusos doutores, na Invicta, o povo apoderou-se do Verbo. “No Porto?”, pasmará um lisboeta. “Eu quando lá vou só ouço palavrões!”. Precisamente. Esse é um exemplo fascinante. No resto do país, os palavrões são usados em situações extremas, para mostrar desagrado por uma situação, ou para insultar alguém, que pretendemos rebaixar. E, usando-os, rebaixamo-nos a nós próprios também. É para isso que servem: para reduzir à obscenidade.
No Porto, os palavrões não são obscenos: são uma arte e uma filosofia. Não sei se algum linguista analisou alguma vez este fenómeno. Mas valia a pena. Primeiro porque, no Porto, os palavrões são fiéis à sua natureza — são vulgares e ordinários. Não são, como noutras regiões, raros e extraordinários. São de todos, e não de uma elite indecente. Depois, porque servem para exprimir uma sabedoria.
A táctica é esta (e digo-o com todo o respeito e admiração pela terra onde nasci): há um jogo de metáforas, todas elas referentes ao acto sexual, que servem para compreender a vida. É um universo alegórico em que o sexo não é mais do que um exercício utilitarista de dominação e humilhação, uma economia do dar e do receber, um negócio de favores, promessas e cobranças. Visto desta forma, a vida erótica comporta uma panóplia de situações que correspondem a outras tantas da vida em geral.
Atenção, trata-se de um jogo tácito, e não de um machismo empedernido ou um marxismo de caserna. Por exemplo, se se disser que alguém “apanhou no c. e nem piou”, isto significa que foi vítima de um abuso tão descarado que nem teve tempo de protestar. A expressão aplica-se a situações tão variadas como ter pago um preço exagerado num restaurante ou ter sido despedido sem justa causa. Parte do princípio de que o sexo anal é um acto de prazer unilateral, que implica portanto a humilhação do sujeito passivo.
Por outro lado, a expressão “tenho apanhado muito no c.” significa que já sofri muito na vida, pelo que estou preparado para grandes desafios. Uma expressão equivalente mas talvez ainda um pouco mais amarga é “eu já fiz muitos b.”
Se alguém responder a um pedido ou uma proposta com a frase “na c. da tua tia!”, isso significa uma recusa peremptória, como quem diz “isso é que era bom!” ou “isso é o que tu querias!”, numa alusão ao eventual desejo subliminar e inconfessado de ter acesso às partes íntimas de figuras respeitáveis da família. Mas, se a frase for “até rima da c. da tua prima”, significa um sinal de cumplicidade. A simples alteração do grau de parentesco implica uma reviravolta semântica. É todo um jogo de subtilezas. Mais um exemplo: as elocuções “p. que te pariu” ou “filho da p.” são inequivocamente negativas, pois pressupõem que a mãe do interlocutor seria uma trabalhadora do sexo, pelo que o coito que deu origem àquele terá sido, não de amor, mas um acto mercantil. Pelo contrário, dizer “meu grande filho da p.” é um gesto de carinho, talvez por sugerir que o indivíduo em causa, por se ter comportado como um grande filho, merece o respeito e a protecção da sociedade, apesar das circunstâncias pouco auspiciosas em que foi concebido.
(PÚBLICO)
Arre foda-se…
foda-se
• [Calão] Interjeição designativa de admiração, surpresa, espanto, indignação, etc.
“Foda-se”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/Foda-se [consultado em 07-02-2014].
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O que parecia ser um artigo audaz aflorando um tabu linguistico fica-se pela norma e circunstância da convenção estilistica pura, pelo que se deduz que o discurso não passa de conversa fiada pretenciosamente popular apenas para agradar à maralha, senão como se explica que numa suposta elegia do profano obscianario liguistico se usem pérolas como “apanhou no c. e nem piou”, mas que quererá o autor sugerir? será “apanhou no corpo e nem piou”? ou antes “apanhou no carro e nem piou”? Nenhuma, senão a digna, soberba e deliciosa “apanhou no cú e nem piou”, isto sim faz justiça à esteta expressão popular do enganado, mais um fodido da vida. Dizer ‘cú’ às escondidas é dar uma no cravo e outra na ferradura como diz também e mais uma vez o sábio povo, dar uma de elite piscando o olho de soslaia à puta canalha sem cair no suposto rebaixamento verbal ao carnal para não ofender o pudôr narcisico de virgem ofendida que graça a beatice militante no geist cultural dos pseudo-intelectuais de carreira
Obviamente que o calão e o palavrão são utlizados num nível de comunicação simples e popular! Afinal, Eça de Queiroz nasceu na Póvoa do Varzim e não consta que tenha integrado linguagem brejeira ou arrojada nas suas obras, certo?
Se sentem necessidade de um código próprio e figurativo para facilitar a compreensão, pois bem, que o usem, com quem o admitir! Mas insultar quem não faz o mesmo, arvorarem-se em grandes heróis porque sabem dizer umas alarvices? Ao que chega o bairrismo bacoco!
E tens razão cara amiga. Pelo Norte, não será todo, bem entendido, mas essas nossas maneiras de falar estão generalizadas. A amiga, escandalizada, falou-escreveu, que o Eça não precisava destas bujardas. Caralho (cesta da Gávea) ao ler o Crime do Padre Amaro, o Pau (de esticar a corda da roupa) ficava em pé. Mas esqueceu que o dito Eça nasceu na Póvoa, presume-se, mas derivado de um amor filho da puta. Perfilhado por Pai e mas sem Mãe. Explica como o Eça era tão Santinho…
Coisas nossas.
Um abraço
tamem boue! Um néguinhos non se nega, caralho!
Antes de abrir este mail contendo o blogue que desconhecia tinha acabado de ver as exéquias fúnebres do Graham Chapman, um dos Monty Python, falecido aos 47 anos; John Cleese toma a palavra , no púlpito da igreja, entenda-se, e entre outros epítetos que a pruderie não aprovaria contou que o Graham se orgulhava de ter sido o primeiro actor a dizer Shit (Merda) em directo na televisão; pois em sua honra vou ter o privilégio de ser a primeiro actor a dizer Fuck (foda-se) em directo na televisão britânica. Gargalhada geral, incluindo por parte dos eclesiásticos presentes.
Em Portugal vivemos aquilo que eu chamo o país puta virgem … Todos os dias vemos que em todos os nossos companheiros de infortúnio deste velho continente as expressões coloquiais estão pejadas de foda-se de merda, de caralho, broche, (cocksuckers) fodedores de mães (mother fuckers) … e mesmo no galardoadissimo e oscarizado filme sobre a gaguez de sua alteza real (the King’s Speech), O Discurso do Rei, este é levado a proferir, sem gaguejar, uma autêntica lava de palavrões reprimidos por muito tempo pelo regime aristocrático na Corte^.
Os espanhóis são iguaizinhos … com a agravante de que gastaram o joder como expressão idiomática e tiveram que inventar o follar para dizer foder mesmo; os palavrões são coloquiais e não têm a carga que a nossa hipocrisia instalada lhes continua a querer conferir;
Um país e uma mentalidade que converte as ilhas tão afanosamente desconbertas pelo nossos navegadores e habitat natural de milhares de gaivotas – as Cagadas – com toda a propriedade … em Cagarras!!! ilustra bem a dislexia permanente em que temos que viver;
Pela parte que me toca tenho vergonha destas meias tintas, esta coisa de ‘não fales assim, há aqui senhoras’ … como se estas fossem de outra galáxia.
Chamemos os bois pelos nomes. Talvez assim a nossa classe política tenha mais atenção à populaça e deixe de perder tempo com rodriguinhos e adornos semânticos .
Não sei porquê, mas criou-se o mito de que só no Porto é que se usa tal palavreado. Sou de Braga e a puta da merda é a mesma, foda-se, nada contra o Porto, claro.
E tens razão caro amigo. Pelo Norte, não será todo, bem entendido, mas essas nossas maneiras de falar estão generalizadas. Uma nossa amiga, lá em cima, escandalizada, falou-escreveu, que o Eça não precisava destas bujardas. Caralho (cesta da Gávea) ao ler o Crime do Padre Amaro, o Pau (de esticar a corda da roupa) ficava em pé. E esqueceu que o dito Eça nasceu na Póvoa, presume-se mas derivado de um amor filho da puta. Perfilhado por Pai e mas sem Mãe.
Coisas nossas.
Um abraço
Coisas nossas.
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Muito bom.
No entanto, acho que isto não consegue ser transposto para fora do Norte uma vez que a experiência que muitas pessoas têm com o linguajar nortenho é através de exageros como o Fernando Rocha (que eu não acho piada porque não é assim que as pessoas falam no Norte) e isso leva a que as pessoas não vejam o real sentido que as expressões têm.
Também é um facto que fora do Norte temos de ter cuidado com algumas expressões se não queremos ser mal vistos ou criar animosidades. No Algarve, por exemplo, muito do calão é mal entendido. Não tem mal, é apenas diferente e convém termos isso em atencão ao viajar até lá.
No entanto, dito isto, fica aqui mais uma:
“Ohh puta, deita-te!” – Dito quando algo está a correr mal e esperamos que comece a correr melhor.
Abraco.
P.S.: Estou a escrever num teclado sem cedilhas… daí as palavras escritas de forma estranha.
Como algarvia que sou, concordo. Palavrões ditos no Algarve são levados como falta de respeito.
Algarve não é Portugal
Pois é… Lá estão os alfacinhas (e os seus complexos de inferioridade) com a mania q são o cerne d Portugal e q graças a eles é q o mundo gira! Será q é só no norte q s fala “mal”? Esses energúmenos, egocentricos e narcisistas são tão cultos q nem percebem as línguas básicas como o Espanhol, o Inglês, o Francês, entre outras. Simplesmente apropriamos o nosso vocabulário à situação. Se estivermos numa situação mais familiar o calão irá provavelmente prevalecer mas em situações mais formais ele n sairá. N estou a ver ng a ir a um médico (q n conheça) e dirigir-se a ele _ então caralho, está td bem csg? Ou a um juiz ou a outra pessoa qq com a qual n esteja familiarizado!
O calão pode ter duas vertentes, o familiar q irá conferir carinho, alento e entrega ou então um sentido mais brejeiro com um intuito mais incisivo e ofensivo. Chamar asno, camelo ou palerma ofende alguém? Somente um tenrrinho de um alfacinha,nem tds, mas pelo menos os q associam e julgam o norte/cultura somente pela linguagem; esses sim são limitados, hipócritas e mesquinhos q deles n reza a historia. Viva Portugal e viva o norte caralho!
Bem hajam!
Ora aqui está um bom exemplo de como, mesmo usando poucas palavras obscenas, se pode ser bastante rude e mal educado!
Amiga, Caralho é o cesto da Gávea para onde os marinheiros eram mandados de castigo. Se não gosta dele, vai ter que fazer queixa à Academia de Letras. Mas leia primeiro o que a Academia diz.
Gostei muito do texto e dos acréscimos nos comentários. A cultura popular é um grande manancial a desenvolver. Há tantos “biotopos” envergonhados!
Acho graça o tabu de, em vez de se escrever puta ou merda, se ter de recorrer à sua abreviatura!
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A expressão “QUE PUTA SENHORES OUVINTES”, acontece no então Estádio Avelino Ferreira Torres (actual Estádio Municipal do Marco de Canaveses), precisamente num domingo a tarde, andava na altura o Marco na Segunda Liga, e um relatador da Rádio MarcoenseFM(mais ouvida na sua categoria na regiao), num remate penso que de DIDI, jogador do F.C. Marco, a bola bate com grande força no ferro do adversário e então o relatador liberta o “QUE PUTA SENHORES OUVINTES, quase que era golo..”. O relatador deixou-se levar pelas emoções, e no seu relato seguinte da tarde desportiva o então relatador pediu imensas desculpas pelo sucedido. (não tenho total certeza da descrição, até porque já lá vão alguns anos.)
“É do caralho, senhores ouvintes” ouvi eu há mais de 25 anos numa rádio local do alto Minho, também num relato de futebol, por causa dum adepto que invadiu o campo a agrediu o árbitro.
A beleza da linguagem é quando com as mesmas palavras, neste caso expressão, se pode referir a algo totalmente diferente: Que puta… de bebedeira.
O acontecimento “QUE PUTA SENHORES OUVINTES”
Com sotaque, e tudo. http://www.youtube.com/watch?v=s20odie5neY
Penso que falta referir que a mesma expressão com outra entoação pode ser algo completamente diferente.
Bem, como nortenha que sou é claro que conheço todas estas expressões mas, muito sinceramente não gosto de as ouvir nem, obviamente falar.
No entanto concordo que são a “marca” do povo do norte,boa ou má, caberá a cada um decidir se será correcta ou não e, nunca julgar.
Como tripeira de gema que sou, não pude deixar de ler e comentar. Penso que os palavrões existem em todo o lado. Talvez na Invicta se ouça mais vulgarmente, nomeadamente na zona ribeirinha e zonas redondantes á area do Porto; valongo, Maia, Matosinhos, Gaia. Mas é de notar que os Tripeiros são conhecidos, não pelos palavrões que dizem, mas por serem considerados pessoas acolhedoras, afáveis, simples e pela sua gastronomia. Somos bairristas, com muito orgulho. Eu pessoalmente, não utilizo palavrões e sou nascida e criada em pleno coração do Porto. Mas obrigada Paulo, pela tua descrição, é sempre bom ler coisas acerca da nossa Invicta. Continua a imortalizar a nossa cidade e tripeiros.
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ISTO E QUE EU CHAMO UMA GRANDE AULA DE CULTURA ,
Eu diria mesmo: Uma aula do car…!
Caro Paulo,
Morou em muitos sitios??? Não parece, porque não só no porto se fala assim, no Norte em geral fala-se assim!
É mais ou menos isto, embora a expressão “apanhou no c. …” não seja normalmente utilizada neste contexto, sendo substituida pela sexualmente mais ilustrativa “foi enrabado…”, sendo mesmo comum a expressão completa “foi enrabado a sangue frio…”.
😀
Caro amigo
O enrabado é sulista. Eles são mais finos. Talvez por isso está cheio deles.
isto ta tudo doido…so mesmo os tripeiros para gostarem deste pseudo arranjo conveniente d alguém k parece ser e ter a mentalidade tacanha e mesquinha das pessoas desses lados…não confundir o gosto pelos verbos em forma de tabu com o ser malcriados!!!!se toda a gente falasse assim….nem me atrevo a pensar…olha,na falta d outras coisas,cultivem-s!!!!!
Caro antonio “provavelmente mouro pseudo-intelectual e chique” lopes, vá apanhar no cagu****! Assim se diz, á moda do Porto, caral**!
Segundo consta a História, o uso do calão já é centenário. Já nos tempos do arroz de 15 se utilizavam palavrões… Felizmente tive uma boa educação e o que aprendi é que para se ser malcriado não é necessário usar calão. O senhor António Lopes por exemplo foi o comentador mais malcriado que obervei neste post uma vez que insulta os Tripeiros chamando-os de tacanhos e de mesquinhos e generalizando mesmo não utlizando o calão que desaprova. Isso sim é ser tacanho e mesquinho e de grande limitação uma vez que não conseguiu ainda perceber que este tipo de linguagem está intimamente ligado a questões culturais, históricas e sociais da zona referida. Se me vem dizer que o Português falado no Sul é que é o correcto bem que o posso mandar à merda (isto sim é ser malcriado) porque o Português correcto é aquele que é falado e escrito sem erros de concordância, de sintaxe, de gramática e de ortografia.
Um conselho: Cultive-se! E abre as pálas que tem à frente dos olhos, pode ser que tenha uma visão mais abrangente das coisas. Um abraço!
Ó concidadounhe, também não precisas de abiar o rapaz dessa maneira. Se lhe pagares um negus na Biuba ele até muda de opiniaounhe
tamem boue! Um néguinhos non se nega, caralho!
apoiado !
obrigada por ter defendido as ” gentes do Porto ” de forma tão simples , educada e inteligente….
ai que horroooor…dizer palavrões…!
Mas em que país viverás, triste ser…..?
Tenho muito orgulho de ser tripeira e de usar o calão.
Chama-me inculta e eu responder-te ei como se responde na minha terra caro Antonio Lopes
De certeza que quando vieres ao Porto ng te vai chamar filho da pu…, o mais certo é seres completamente ignorado e isso sim é o pior que te pode acontecer por aqui.
Fála-me pró cu, doutor e bai ber se estou ali na esquina a coçá-los…
Muito bem observado. É exactamente assim que as coisas se passam. Já nos anos sessenta, o meu professor de Língua Portuguesa, José de Sá Cambôa, nos advertia para este tipo de realidade linguística, embora haja certos ignorantes pretensamente doutos que, ainda hoje, se recusam a entender este curioso fenómeno.
Fantástico ! Como nortenha com orgulho amei ler isto, ta espetacular e vou partilhar no meu facebook , Parabéns
Adorei este artigo! Eu tripeiro desde que a minha mãe me conhece, revejo-me muito nesta semântica do verbo portuense, uso e por vezes abuso destes “excessos” verbais, e como diz o artigo, raramente se destina a ofender seja quem for. Parabéns pelo artigo, está excelente!
Do melhor! O Porto é mesmo uma Nação e não venham cá os sulistas, elitistas e centralistas apelidar o nosso linguarejar de calão ou de grosseiro que lhes enfiamos um … pela goela abaixo….
Um abraço
obs.: tomei a liberdade, com os créditos devidos, de copiar despuduradamente com’ó c. esta prosa nortenha para o meu blogue
Não concordo com a ultima expressão ““meu grande filho da p.”, porque esta é mesmo um insulto, com o significado de que nada vale como pessoa.
Quanto ao resto, sim os “gajos do norte” os Tripeiros do qual me orgulho, usam muitos palavrões mas normalmente são simples expressões não insultuosas.
Parabéns pelo desenvolvimento do texto.
Carlos Vieira
O texto está do melhor que pode haver! O Porto é claramente a melhor cidade de Portugal e senão do mundo. É sem duvida o amor da minha vida <3
Foda-se este texto é grande cumó caralho… num tibe pacência pró ler todo mas plo começo está do caralho sorsoubintes! Biba ó puorto! carago!
Essa parada é uma merda mesmo
Simplesmente fantástico…………sou da zona ribeirinha mais propriamente de MIRAGAIA…e sempre tive orgulho da forma como falo, agora cada vez mais…obrigado pelo texto.
Sou brasileira e vivo no Porto há 7 anos e
SÓ GOSTARIA DE DIZER: ADOREI!!
Pois é! Nasci em Coimbra e vim para o Porto com 13 anos. Não me foi fácil adaptar-me ao vernáculo “tripeiro”, mas hoje (que me sinto 200% portuense e… portista) estou completamente integrado e, embora ainda não me tenha habituado ao uso fácil de tais bordões de linguagem, compreendo-os e aceitou-os sem reserva e se alguém disser que sou um gajo porreiro como o cara.. eu sinto-me verdadeiramente lisonjeado. Felicidades aí por Madrid. Um abraço muito apertado para vós os quatro!
Essa da rádio regional foi quando o Boticas estava a jogar com uma outra equipa regional, e só tinha 9 jogadores em campo. O locutor disse:
“Faltam 15 minutos para acabar, estamos a jogar com nove e eles estãp a cair em cima de nós…vai ser o caralho, senhores ouvintes”
Como se diz na minha terra acima referida: grande texto caralh* !
Ainda há pouco disse a alguém
“há mais gente que conhece o termo – Filho da Puta – do que a palavra – Anticonstitucional”
O artigo é lindíssimo, mas porquê não escrever os termos correctamente?
O Politicamente correcto tem que funcionar aqui também??????
Obrigada pela explicação! já me tinha questionado muitas vezes sobre o significado delas. Embora percebesse a intenção da frase – porque se percebe pela entoação, geralmente, também muito abundante nas gentes do Porto – não percebia a relação com as palavras. Já pensou em fazer algo mais exaustivo? Não é que agora me lembre de nenhuma, mas devem faltar muitas expressões nesta lsta…
Hehehe…todo esse texto a defender a forma abrutalhada de falar do Porto, não vale de nada, quando não se tem coragem de escrever os palavrões…imagino que por respeito ao leitores, acabando por confirmar que até mesmo o Paulo os vê como ofensivos, uma vez que não os escreve por não querer ofender ninguém. Um bom exemplo da forma de falar à Porto, é a Espanha ( não uma cidade especifica, mas todo o país ) onde se diz “coño” ( cona ) “puta” ( advinharam…puta ) e muitas outras expressões bizarras como “me cago en la leche” ( cago no leite?) ou mesmo de cariz ofensivo religioso “me cago en Dios” ( sim sim … cago em Deus ).
Expressões estas, usadas em horario nobre, e até em noticiarios.
O seu texto, ainda que divertido, acaba por ser um tiro no pé, uma vez que é o proprio escritor a “censurar” os palavrões que se esforça simultaneamente em justificar. Ou estava simplesmente a ser sarcástico.
Eu sendo do Porto, e não sendo homosexual, tenho sempre um caralho na boca, seja para o bem ( “porra! ficou do caralho” ) ou para o mal ( “Caralhos me fodam” ).
PS- “Cú” não me parece ser suficiente ofensivo para estar sujeito a censura…mas, lá está, isso digo eu, que sou do Porto.
Paulo, adorei a sua reflexão sobre a “semiótica portuense”.Muito bem visto e bem analisado!!

Esta crítica ao falar brejeiro do portuense é bem o que vai na alma do povo tripeiro, não podemos esconder a nossa raça!
Eu que estou longe do Porto, bem digo muitas vezes “que saudades de dizer umas palavras à moda da minha terra!!!” e de vez em quando claro que tenho que soltar algo, pois é mais forte do que eu!!
O Porto é do cara***!
Deixei um comentário…e desapareceu?!:(
desapareceu com o caralho
Ahhah, adorei o texto. Não sou do Porto, mas gostaba de ser. Não vivo lá mas gostava de biber! Não falo como os do Porto mas o seu colorido linguístico não me incomoda nada e, como o Paulo, acho uma certa piada até, …depois do choque inicial nos primeiros tempos que lá passei!!!!!
Quem escreve assim não é gago Caralho! Os meus Parabéns por não criticar, ( que é tão fácil ) mas sim tentar perceber o porquê e o que realmente as palavras querem dizer, não o que significam.
Um Abraço*
A prova de que tudo isto é verdade e real é que o autor deste texto nao foi capaz de escrever “cona” e “puta”, ou seja, nao é do Porto.
Moro no Porto há 35 anos, morei na zona de Campanhã, Fontainhas (perto do campo 24 de agosto) que é uma das zonas mais típicas do Porto. Usa-se imensos palavrões, sim. Mas no entanto nenhuma das frases mencionadas no artigo.
f. que p. de filosofia… a ideia era boa mas tanta extrapolação e comparações forçadas acabaram com ela
Isto não tem lógica nenhuma! Mais pessoas malcriadas? Era o que faltava! Isto é uma desagrado a deus. A cidade do Porto ficou longe de deus. Veja este e tenham vergonha: http://jvcristaos.blogspot.pt/2011/01/falar-palavrao-e-pecado.html
Engraçado que a maioria da clientela da Igreja Católica e o garante do seu “dízimo” está no Norte, caro Carlos Viana. É uma hipocrisia “do caralho” o que você está para aí a escrevinhar. E quanto ao pecado? Fico mais chocado com a pedofília na Igreja, com pessoas que vão para a Missa sentar-se na primeira fila e se dizem “bons Cristãos” e chegam lá fora, vêm o degredo e perdir-lhes por esmola e… Adiante! É por essas e por outras que essa Instituição da Igreja Católica que corrompeu a verdadeira mensagem que Cristo queria que se pasasse vos mete pela goela abaixo, que me considero CRISTÃO e NÃO-CATÓLICO.
Fique bem!
Pecado é ser ignorante.
Ora saiba caro Carlos Viana, que o Padre da minha paróquia diz que dizer palavrões não é pecado mas sim uma força do hábito e uma questão cultural, obviamente quando ditos digamos de forma carinhosa como por exemplo eu posso estar a falar com um amigo sobre outro amigo e dizer-lhe “olha sabes que ontem mandei uma mensagem pra fulano e aquele grande filho da puta não respondeu? grande corno!” E acredite ou não isto não é de todo ofensivo! Admito que uma pessoa não criada neste meio não entenda que a subtileza de uma simples alteração no tom de voz pode alterar todo o sentido da frase, como alguém disse, no norte os ditos “palavrões” são usados como sinais de pontuação! Ou seja o último sinal de exclamação podia muito bem ser substituído por um belo “caralho” na boa… Para si só lhe digo que se é assim tãoooooo religioso deveria saber que apenas Deus tem o direito de julgar, nem os santos em vida se reservam esse direito a si mesmos. Agora pode reflectir sobre isto, ou simplesmente mandar-me ir dar o cu pra recta. Sinceramente? Cago pra gente tacanha! Bem haja
grande blog, caro paulo. assisti a uma palestra sua, anos atrás, no 1o. seminário de jornalismo literário de s. paulo, brasil. seu bom-humor e emoção cativou a gente. agora posso voltar a ler seus belos textos e indicar para meus alunos de escola. grande abraço, zé augusto
Aqui está algo que pouca gente se atreve a fazer. Dissertar positivamente sobre cultura popular. Tão popular que nem Andy Warhol se atreveria a abordar. Esta não é de supermercado, nem de latas de sopa. É de algo que ainda utilizamos com ainda mais frequência. A palavra, neste caso o jargão.Conta a lenda que num Domingo de futebol de escalão secundário, a propósito de um grande remate por parte de um jogador, um radialista nortenho de rádio regional proferiu tais palavras: “c’a puta seus ouvintes!”
Não foi lenda, foi verdade! Rádio Voz Santo Tirso.
Mítico!
Mais uma achega sobre o bem falar da cidade do Porto.
Chamar por uma pessoa conhecida por “…’h meu Caralho” é sinal de carinho e respeito pelo amigo em questão. Já agora chamar “…oh meu Caralhinho” é utilizado a alguém de não tem estatuto de amigo do peito é do tipo de pessoa que não inspira confiança, já agora chamar uma pessoa de “…oh meu Caralhão” é alguém que deixou de ter a nossa confiança por ter abusado da confiança ou por ter “passado a perna ao amigo”. Outro termo carinhoso é “Oh meu Cabrão” ou o então já proferido meu “Filhos da P—-”
Abraço,
CE
Verdade, mas foi num jogo de hóquei em patins. O jogo teve um lance polémico e os jogadores começaram a dar porrada uns nos outros. O comentador continuou o seu relato sobre os golpes que os jogadores infligiam noutros e há um que manda com o stick noutro individuo (creio eu) e saiu ao comentador um ‘mas que puta senhores ouvintes’! O delírio.
Gostei muito do texto e dos acréscimos nos comentários. A cultura popular é um grande manancial a desenvolver. Há tantos “biotopos” envergonhados!
Acho graça o tabu de, em vez de se escrever puta ou merda, se ter de recorrer à sua abreviatura!