Joaquim Guerreiro, editor de Infografia
Muitas vezes, um gráfico é quanto basta para o leitor se situar no espaço, ter a noção de valores e proporções, ter uma visão em perspectiva e tornar-se sensível à informação que é difícil de entender apenas lendo um texto. Uma boa infografia nem necessita de texto de suporte: fala por ela própria, ou então deve resumir o tema acrescentando informação sempre que possível.
Embora ilustre as páginas do PÚBLICO desde o seu início, na infografia quase tudo mudou nos últimos tempos. Saltou do papel – que se tornou pequeno – e começou a marcar presença nos tablets e nos telemóveis. É a pensar nas várias plataformas que tentamos adoptar uma linguagem cada vez mais simples, iconográfica e fácil de ler.
Esta nova filosofia de trabalho e conceito gráfico assentam como uma luva na evolução natural da nossa secção e do nosso estilo. O resultado tenderá a ser um grafismo cada vez mais bem pensado, para facilitar a vida aos nossos leitores, e cada vez mais rigoroso na informação, sem esquecer a nossa vertente conceptual. Acredito que os espaços no papel serão cada vez mais difíceis de negociar e que as escolhas terão de ser bem medidas. Por isso, cada gráfico terá de valer a pena.
O processo não se esgotou no dia 5, já que ainda estamos a resolver algumas questões. Ajustámos algumas cores da paleta, aumentámos o corpo da letra em algumas situações, criámos regras para tamanhos de mancha em função da informação e eliminámos os floreados desnecessários.
A nossa tarefa de optimização da infografia às necessidades do resto da redacção nunca pára. Ainda estamos a acertar detalhes no caderno principal e nos suplementos e já estamos a pensar nos próximos desafios, que passam por criar bases de trabalho especificamente a pensar no iPad e por uma nova abordagem para a infografia no online.
São tempos trabalhosos mas estimulantes. Um novo grafismo abre um leque de oportunidades que se pode tornar perigoso. Opções claras e decisões acertadas tornam-se imperativas para que o modelo do jornal redesenhado não se vá perdendo com o tempo.