CORREIOLEITORES/PROVEDOR
«Silêncio violador»
Escreve o leitor Agostinho Pereira:
«Sou assinante do Público – Público digital – pela simples razão de acreditar no trabalho que é feito no jornal. A isenção ou a ausência de interesses, no meu entendimento, é fundamental num órgão de informação na medida em que trata todos os leitores num plano de igualdade. Isso me moveu a ser assinante do jornal.
Mas tenho verificado que, em determinadas áreas o jornal perdeu esse importante valor. E se o perdeu em determinadas áreas, naturalmente, com o tempo pode vir a perder em outras ou, se houver acontecimentos relacionados com as áreas em que manifesta desprezo pelos leitores e assinantes e acentuada parcialidade por interesses, então tenho mesmo que rever a minha posição como assinante porque não tenho feitio para contribuir para situações de natureza censória. Vem isto a propósito de um acontecimento que passarei a relatar.
Desde já ressalvo que apenas o relato por achar que é violada a imparcialidade e que, com isso, se fere os leitores e assinantes, como é o meu caso, e pelo receio se tornar norma dentro do jornal para outras situações.
No dia 8 do corrente (14:51), apareceu on-line uma notícia com o título “Desportivo de Chaves regressa à I Liga 17 anos depois”.
A notícia tinha origem na Lusa e nela nada se referia sobre quem ganhou a Liga B. Todavia, solicitei, em comentário, ao Jornal, que me informassem sobre quem ganhou a respetiva Liga: – “Notícia interessante. Parabéns ao Chaves. Por favor, podem dizer-me quem é o campeão?”
No dia 9, quer on-line quer na edição impressa o jornal volta ao mesmo facto com o título “Desp. Chaves regressa à I Liga 17 anos depois” e, de novo, não somos informados sobre quem ganhou o campeonato da Liga B.
Ora, acabei por saber, por outros órgãos, que o vencedor foi o Futebol Clube do Porto B, que tal facto apenas tem um outro semelhante na Europa que é do Real Madrid e que há dias o troféu, que havia sido entregue no dia do jogo do Porto B com o Benfica B, creio que em 8 do corrente, já está no museu do Futebol Clube do Porto.
Não vi qualquer referência no jornal sobre tudo isto. Melhor, o jornal foi silêncio absoluto. Silêncio violador!
É certo que é futebol, mas de futebol fala o jornal também. Por isso, mesmo sendo futebol, não justifica a falta de imparcialidade e de respeito para com todos os leitores e assinantes. E a mim me preocupa porque, não sendo um “doente” pelo futebol, sou leitor/assinante do jornal e penso que, se assim é, qualquer facto relacionado com este clube ou não será tratado ou será parcialmente abordado. E temo, como disse, que esta forma de agir se estenda a outros temas.
E porque sou daqui e simpatizante do Futebol Clube do Porto, sinto-me discriminado e maltratado como assinante/leitor. E mesmo que fosse simpatizante de outro clube, continuaria a ser espoliado de um direito. Um silêncio violador
COMENTÁRIO do Editor de Desporto, o jornalista, Jorge Miguel Matias:
«Ao contrário do que o leitor refere, no texto que saiu no jornal sobre o assunto é referido que o FC Porto B se sagrou campeão nacional da II Liga. Diz-se até que o foi ainda antes de disputar o seu jogo. Essa referência não surge no título, pois não é possível incluir tudo num título e porque, editorialmente, foi considerado mais relevante o regresso do Desp. Chaves à I Liga. Mas a conquista do título surge, quer na entrada do texto, quer no lead que, aliás, começa, precisamente, dando conta disso mesmo. No que diz respeito ao online, o que se passou foi que o texto inicialmente colocado no site, e que dava conta da promoção do Desp. Chaves, acabou por não ser substituído pelo que foi publicado pelo papel. Um lapso já recuperado.»
Da leitora Carolina Salteiro recebi a seguinte reclamação:
«Venho por este meio mostrar a minha indignação a uma notícia, publicada no vosso jornal online, sobre os estudantes de Medicina. O título é o seguinte: “Entram 1800 alunos por ano em medicina e 200 são licenciados noutras áreas”. (subtítulo de artigo publicado a 16.05.20169. E, após começar a leitura do mesmo artigo, fiquei impressionada: “Uma parte, cerca de 200, é um grupo à margem dos brilhantes estudantes que concluem o ensino secundário com médias superiores a 18 valores “Sempre dei valor ao Jornal “Público”, mas hoje, fiquei desagradavelmente surpreendida. (…)
É engraçado como, quando convém, todos se esquecem de como esses “brilhantes” conseguiram as suas médias de secundário.»
Comentário: A ex-coordenadora da secção Portugal, «, a jornalista Andreia Cunha de Freitas fez o favor de me dar conhecimento de que a Maria João Gala não é autora deste texto. Fez um estágio de fotojornalista no PÚBLICO, mas neste momento já nem pertence a estes quadros. A verdadeira autora do texto é a jornalista Alexandra Campos. Por ter recebido esta informação tardiamente não pedi à jornalista Alexandra Campos. Mas vou pedir-lhe para esclarecer a leitora reclamante ou até os leitores em geral, no caso dos números citados terem causado um certo equívoco. De resto, este artigo parece-me um artigo bem concretizado e a tratar de um dos problemas, neste momento, muito actuais e dos mais preocupantes para a situação profissional dos médicos portugueses e do sistema nacional de saúde em Portugal.
Nota: Quanto aos epítetos menos abonatórios para os jornalistas, desculpe a leitora, mas eu corto sempre. Não vejo necessidade. Bastam os factos.
Expressões a evitar pelo PÚBLICO
Pede o leitor Pedro Múrias: «Fiquei muito surpreendido pelo uso da expressão «pato-bravo» num artigo do Público de 13 de Maio, 2016, na p. 17 (Local). A expressão aparece inclusive no título do artigo! Esta é uma expressão insultuosa, ofensiva dos construtores civis «…» Seria bom que o Público não voltasse a usar tal expressão e se retractasse deste uso.
É verdade que, no caso, o Público está a citar um indivíduo que é objecto da notícia. Mas o Público adere à expressão não só ao usá-la no título, mas também ao construir a notícia aceitando que essa expressão seja um modo adequado de transmitir a informação.»
Sou assinante do Público, mas infelizmemte a cobertura internacional, o que se passa no mundo é confrangedor. Há mais mundo além de Portugal.