As sondagens e os votos

As sondagens e os votos
As sondagens ganharam. Com leves diferenças entre as várias empresas, quase todas acertaram em cheio nos resultados finais. Muito especialmente aquelas realizadas com o recurso a urnas simuladas. A novidade deste ano eleitoral – as sondagens diárias – lançou em certas camadas da opinião pública alguma suspeita e reacção crítica, inclusive, com acusações ao PÚBLICO de que “como jornal sério” não lhes deveria ter dado abrigo. Ninguém ignora que as sondagens produzem informação, indicam tendências. Mas, obviamente, também inculcam em muitos eleitores a decisão do seu voto. Por ser dia de votos, conforme avisei, no passado domingo, deixei em branco alguns comentários de leitores. Aliás, os pontos concretos que apontavam à discutibilidade das sondagens estão agora ultrapassados pelos resultados dos votos que as confirmaram. Evidentemente que não se fecha aqui a discussão do papel das sondagens na influência do sentido dos votos. Mas, por agora, interessa, sobretudo, tirar ilações sobre os resultados das eleições.
O novo quadro da composição do Parlamento e, sobretudo, a indicação dada pelo BE e PCP/CDU de manifestarem predisposição em deixarem de ser apenas partidos de protesto, contestação, (como sempre eram etiquetados) e poderem concorrer para uma maioria inédita virou do avesso o sossego que os partidos do dito “arco do poder” tinham na sua habitual “zona de conforto” para exercer governo. E não deixa de ser interessante os arrepios que no espaço dos “fabricadores de opinião” se vão sentindo, também eles “molestados” no seu tradicional raciocínio de que na Assembleia, uns estão para exercer o poder, outros para contestar. É impressionante o argumento de falência intelectual que alguns comentadores estão a utilizar: “o que os portugueses, com esta votação, disseram a Passos Coelho foi: queremos que o senhor governe, mas sem maioria absoluta”. E os outros portugueses que não votaram na coligação o que disseram?
O grande derrotado destas eleições, António Costa, de repente vê-se entre a responsabilidade de escolher a Esquerda para “somar” uma maioria ou dar a mão à Coligação minoritária, para lhe garantir um andamento condicionado na AR. Depois dos disparates que fez para perder as eleições, provavelmente, António Costa, dentro e fora do partido, sente-se agora numa dilaceração terrível: ou concorre para fazer do PS um Pasok ou faz história colocando Cavaco Silva, a Direita e os apaniguados do PS que só reconhecem o partido como uma secção ogival do “arco do poder” num susto inquietante de verem Portugal com um governo de Esquerda. É verdade que a Europa e os credores, cujos valores supremos da democracia se confinam nas regras da “Comunidade Económica Monetária” esmagarão depressa esta situação. Seja como for, as sondagens acertaram. Só não previam esta encruzilhada de um país que quer ser uma democracia, mas é um “pobretana” nas mãos dos credores. E isto a poucas horas depois de no Parlamento europeu, Merkel e Hollande terem clamado que “podemos estar a assistir ao fim da Europa” e que “ a guerra pode chegar à Europa”. Portugal é um ponto muito pequenino neste universo de tanto alarme a tocar.

Um comentário a As sondagens e os votos

  1. Prezado Provedor, Boa Tarde,
    Ha meses registei me no publico para receber os destaques, porem, de uns tempos a minha entidade empregadora por motivos meramente profissionais esta a banir a recepcao de jornais com email de empresa.

    Ja enviei mais de 5 emails a solicitar o cancelamento mas debalde. A vossa teimosia podera por em causa a minha integridade profissional.

    Peco encarecidamente a desvinculacao nos servicos de recepcao de emails com efeitos imediatos.

    Grato pela atencao.

    Felizardo Fijamo

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