REFLEXÃO e BALANÇO

REFLEXÃO E BALANÇO
A quadra natalícia é tempo de reflexão e balanço.Com quatro semanas apenas como provedor do Leitor do PÚBLICO parece-me inconsistente fazer qualquer balanço já tenho apontamentos para reflexão. Obviamente sugeridos pelos Leitores.
1 – Em primeiro lugar, e como questão de fundo, a interpretação do modelo adoptado na execução desta função. Sou partidário da classificação que os clássicos estilistas franceses faziam: «le style c´est l´homme». «O estilo é o homem». Ou seja a sua personalidade, maneira de ser, a mentalidade que o domina e o envolve na visão da vida e das coisas.
Alguns Leitores estranham que esteja a evitar indicar o nome daqueles que reclamam, enviam críticas, ou até se indispõem com a forma de notícias. Do simples título ao conteúdo. Outros elogiam ou concordam. Não garanto que não venha a mudar este procedimento ou que o siga sempre à risca. Por vezes, citar o nome do Leitor pode ser necessário. Pode favorecer tirar mais efeito nesta interface Leitor/Jornal que se pretende útil e contributivo para o nivelamento da qualidade do PÚBLICO. Num jornal que perfila nos seus Princípios e Normas de Conduta Profissional o princípio de que «o jornalista do PÚBLICO responsabiliza-se pela informação que veicula e, por isso, deve assinar todos os seus textos», talvez seja indicado, com alguma reciprocidade, designar o nome desses Leitores. É óbvio que quando estiverem em jogo a honra, a dignidade, a reputação das pessoas e dos direitos que lhe são devidos, não poderei ignorar os nomes.
2 – Não concordo que, nesta correspondência entre Leitores e Jornalistas, através do provedor, haja o recurso a palavras ou juízos ofensivos. Creio que, em nada contribuem para um válido entendimento dos factos, das opiniões, duma relação estimável e propiciadora da procura dos objectivos que presidem à existência de um provedor do Leitor. Por isso, quanto possível, pedirei aos interlocutores para eliminar essas referências. E não julgo estar a praticar qualquer censura.
3 – Alguns Leitores têm-me enviado textos para publicação. Efectivamente, o Estatuto do Provedor prevê que, nas suas competências, este pode «propor à Direcção a publicação de quaisquer outros textos». Mas, sinceramente, em princípio, julgo não dever fazê-lo a torto e a direito. Sem qualquer dúvida, interpreto que cabe à Direcção a orientação do PÚBLICO e, por isso, a decisão de publicar ou não os artigos recebidos. As minhas sugestões terão de obedecer a outros critérios, tais como, textos com um superior interesse público, ou complementares a assuntos referentes ao papel do provedor. Igualmente, vejo fins distintos nas «Cartas à Directora» e naquelas dirigidas ao Provedor. Alguns Leitores opinam que estas deveriam ser sempre conjuntas. Considero as «Cartas à Directora» uma rubrica uma mais valia para a auto-definição do projecto PÚBLICO. muito importante, principalmente, de um jornal que privilegia o primado do leitor como destinatário especial da informação que produz. Jornais de referência mundiais têm sido objecto de estudo na sociologia dos media a partir desta secção de «Cartas à Direcção». A publicação de as «Cartas à Directora» do PÚBLICO obedece a normas específicas e constituem, na minha opinião,
As mensagens enviadas para o provedor têm outra especificidade. A sua finalidade está estabelecida no «Estatuto do Provedor do PÚBLICO», mas tem sido, sobretudo, explicitada na prática do exercício de funções dos seis Provedores que desde 1997 têm exercido este cargo no PÚBLICO. Como refere esse Estatuto, com a criação do Provedor, o PÚBLICO quer «oferecer aos Leitores um interlocutor permanente, independente e responsável pela defesa dos seus direitos». E talvez, aqui, em homenagem ao legado que me deixaram, seja de nomear os seus nomes: Jorge Wemans, Joaquim Fidalgo, Joaquim Furtado, Rui Araújo, Joaquim Vieira, José Queirós.
4 – Há um ponto que já notei sobre o qual alguns Leitores são implacáveis: as gralhas. Num sentido amplo, a correcção da escrita, pois não se referem apenas a evidentes gralhas gráficas. Neste ponto, eu próprio já fui alvo de amáveis reparos. Um antigo profissional de revisão, hoje reformado, escreveu-me a lamentar que não obstante o desenvolvimento técnico extraordinário na produção de um jornal, este campo da revisão esteja menos considerado. Efectivamente, o «Livro de Estilo» do PÚBLICO assume: «O processo de produção do PÚBLICO não consagra o revisor, nem permite fazer «passar» todos os textos pelos copydesks». Normalmente, os computadores dispõem de corrector ortográfico. Mas, só resta a quem escreve no PUBLICO o alerta de que a este propósito «todo o cuidado é pouco».
Vai cair a última folha do calendário de 2013. Na continuidade deste diálogo com os Leitores do PÚBLICO, em 2014,espero que eles me ajudem a contribuir para um PÚBLICO sempre melhor. Eu entendo que o fim último de todas as formas de regulação exercidas sobre os media e sobre os jornalistas deve ser promover a auto-regulação.

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